sábado, 30 de outubro de 2010

Hidrogênio: um mercado comparável ao do petróleo

A corrida para a economia do hidrogênio já superou muitas etapas, como mostra a evolução desta tecnologia nos Estados Unidos, Japão e países da Europa. Apesar de ainda mais distante nesta caminhada, o Brasil vem, nos últimos anos, procurando fazer a lição de casa para ser um competidor de renome. Só que algumas barreiras precisam ficar para trás, segundo Paulo Fabrício Palhavam Ferreira, consultor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) na elaboração do estudo “Hidrogênio energético no Brasil – Subsídios para políticas de competitividade: 2010-2025″.
“Ainda necessitamos de grandes esforços em pesquisa e desenvolvimento, se desejamos nos tornar detentores desta tecnologia. O arcabouço regulatório ainda é muito pequeno e a indústria nacional necessita de incentivos para desenvolver esta tecnologia”, aponta ele nesta entrevista, exclusiva ao Portal Ambiente Energia. Para Paulo Palhavam, a economia do hidrogênio pode, no futuro, representar um mercado comparável ao do petróleo.
Agência Ambiente Energia – Na concepção do estudo, que fatores ou condicionantes foram levados em conta?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - O estudo levou em consideração os principais documentos brasileiros referentes à tecnologia do hidrogênio, isto é o Roteiro para a Estruturação da Economia do Hidrogênio no Brasil (MME, 2005) e o Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Economia do Hidrogênio (ProH2, MCT, 2002). O estudo manteve as principais conclusões obtidas nos documentos oficiais tais como tecnologias e aplicações prioritárias.
Além dos documentos oficiais, o estudo recebeu contribuições de diversos especialistas dos setores acadêmico, industrial e institucional (MME, MCT, MMA, MDIC, ABNT, INMETRO, ABDI, entro outros). As contribuições foram obtidas através de consulta realizada pela internet e em um workshop reunindo mais de 50 especialistas.
Agência Ambinte Energia- Quais são as principais conclusões do estudo?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - Dentre as principais conclusões do estudo pode-se citar: necessidade da realização de projetos de demonstração e compras governamentais; abertura de editais de subvenção econômica para empresas localizadas em todo o território nacional com a indicação de temas relacionados à tecnologia do hidrogênio como área de interesse e/ou abertura de linhas de financiamento do BNDES; realização, por intermédio da ABNT, Inmetro e CENEH e em colaboração com universidades, institutos tecnológicos e empresas, da tradução e adaptação das normas internacionais sobre utilização do hidrogênio energético; dar continuidade ao PROH2, Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Economia do Hidrogênio, do MCT; adicionar 1% a 10%m3/m3 de hidrogênio produzido a partir de energias renováveis ao gás natural utilizado no país; e diminuir significativamente a carga tributária nas tarifas da eletricidade e etanol quando utilizados na produção e hidrogênio por eletrólise da água e reforma.
Outras conclusões são o investimento no curto prazo, com recursos do CNPq, Finep e das fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs) nas áreas de eletrólise da água, reforma de hidrocarbonetos e gaseificação de biomassa; revisar a regulamentação nacional para construção de gasodutos visando diminuir algumas restrições desnecessárias; regulamentar o transporte de hidrogênio líquido no Brasil nos moldes da Europa ou dos Estados Unidos ou ainda regular esta atividade adaptada à realidade brasileira; propostas para incentivo aos sistemas de utilização do hidrogênio; incentivo, no curto prazo, por meio da Anatel da aplicação de células a combustível em sistemas de backup da rede de telecomunicações; incentivo a projetos de demonstração de sistemas de CaC do tipo PEMFC e SOFC. A possibilidade da utilização de uma pequena frota de ônibus a hidrogênio com parcela significativa da tecnologia embarcada desenvolvida no Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014 e/ou Olimpíadas Rio 2016, promoverá grande visibilidade em âmbito nacional e internacional.
Agência Ambiente Energia – A que distância estamos, realmente, da economia do hidrogênio na área de energia?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira – No cenário mundial, grande parte dos gargalos técnicos envolvendo tecnologias do hidrogênio já foram solucionados. Em muitos casos a aplicação mais ampla destas tecnologias depende apenas de redução de custos, sendo que já existem nichos de mercado economicamente viáveis para algumas aplicações. As necessidades de regulação e certificação estão sendo sanadas. Veículos a hidrogênio, tanto particulares quanto para transporte coletivo, ultrapassaram a etapa de testes e estão sendo colocados à venda sob condições especiais.
O Brasil está consideravelmente mais distante da economia do hidrogênio. Ainda necessitamos de grandes esforços em pesquisa e desenvolvimento, se desejamos nos tornar detentores desta tecnologia. O arcabouço regulatório ainda é muito pequeno e a indústria nacional necessita de incentivos para desenvolver esta tecnologia.
Agência Ambiente Energia – Como o Brasil tem se posicionado em relação a esta alternativa energética?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - O Brasil considera que o hidrogênio será parte da matriz energética nacional nas próximas décadas. Diferentemente dos EUA, o Brasil prioriza a aplicações do hidrogênio no transporte coletivo, geração distribuída de energia e utilização do hidrogênio em conjunto com fontes renováveis de energia, tais como o etanol, energia eólica e solar fotovoltaica.
Agência Ambiente Energia – E no mundo como esta questão está sendo considerada?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - A Economia do Hidrogênio destaca-se por possibilitar a obtenção deste energético através de insumos e processos variados. Neste ponto, pode-se destacar a existência de três blocos: EUA, Comunidade Europeia e Japão. Os EUA privilegiam a produção de hidrogênio em grandes centrais, utilizando gás natural, carvão e energia nuclear como insumos e aplicação em veículos particulares. A Comunidade Europeia visa a produção de hidrogênio com uma combinação de fontes renováveis e não renováveis com aplicação principal em transporte coletivo e geração distribuída de energia. O Japão visa a produção de hidrogênio com uma combinação de fontes renováveis e não renováveis com aplicação principal em veículos particulares e geração distribuída de energia.
Na década de 1990, o principal responsável pelo desenvolvimento das tecnologias do hidrogênio foram os EUA. Nos últimos anos a liderança no desenvolvimento dessas tecnologias migrou para a Ásia, principalmente devido a uma desaceleração dos investimentos realizados pelos EUA e aumento dos investimentos de Japão e Coreia. Embora tenham sido reduzidos, os investimentos feitos pelo governo americano ainda são muito altos (US$ 256 milhões em 2010). Além dos recursos públicos, aumentaram os investimentos das empresas do setor automotivo com destaque para Honda e Toyota.
Agência Ambiente Energia – Em termos de tecnologias, o que ainda é preciso para que o hidrogênio energético ganhe escala?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - Atualmente, os esforços tecnológicos vêm se concentrando na ampliação da vida útil das células a combustível e na redução de seus custos. Consideráveis avanços foram realizados nessas áreas com o cumprimento de diversas metas estabelecidas tanto pelo Departamento de Energia dos EUA quanto pelas próprias empresas. Nos últimos cinco anos, o custo das células a combustível foi reduzido de 15.000 US$/kW para 4000 US$/kW e a vida útil ampliada de 5.000 para 20.000 horas. A aplicação de células a combustível em alguns nichos de mercado como backup elétrico de alta confiabilidade (estações retransmissoras de telefonia) e veículos de carga para ambientes restritivos (empilhadeiras elétricas) já é economicamente viável em diversos países.
Agência Ambiente Energia – Do ponto de vista de regulação, o que é preciso ser feito?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - O estabelecimento de normas e regulamentação internacional está sendo conduzido nos ambientes ISO e IEC e encontra-se em estágio bastante avançado. No Brasil, a ABNT, em conjunto com indústrias e instituições de pesquisa, vem trabalhando na tradução e adaptação das normas internacionais em ritmo bem mais lento. É necessária a aceleração dos trabalhos do Brasil, assim como uma participação constante de representantes brasileiros nas reuniões.
Agência Ambiente Energia – Dá para projetar qual é o tamanho deste negócio em alguns anos?
Paulo Fabrício Palhavam Ferreira - Atualmente, o hidrogênio para aplicação como insumo químico já é um mercado de centenas de milhões de dólares no Brasil. O fato de o hidrogênio ser um denominador comum para várias tecnologias de produção de energia e a aplicação do hidrogênio no setor automotivo poderá abrir um mercado comparável ao do petróleo. (ambienteenergia)

Hidrogênio: corrida pela liderança

A disputa pela liderança da tecnologia de hidrogênio para geração de energia ou para uma série de outras aplicações ficou acirrada nos últimos anos. Com a redução dos investimentos públicos nos Estados Unidos, o eixo se deslocou para a Ásia, com Japão e Coreia na dianteira. No Japão, por exemplo, o orçamento do METI (Ministério da Economia, Comércio e Indústria) saltou de US$ 79,66 milhões, em 2000, para US$ 288,18, em 2006, totalizando, no período, investimento de US$ 1,558 bilhão.
Nos Estados Unidos, em 2010, o investimento chega a US$ 256 milhões. Paulo Palhavam, consultor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no estudo “Hidrogênio energético no Brasil – Subsídios para políticas de competitividade: 2010 -2025″, relata as principais ações e projetos na Comunidade Europeia, Estados Unidos e Ásia.
Principais ações e projetos da Comunidade Europeia
CUTE: Clean Urban Transport for Europe – O CUTE foi um projeto iniciado em novembro de 2001 e concluído em maio de 2006. Neste período, 27 ônibus a hidrogênio operaram em nove grandes cidades europeias em linhas convencionais de passageiros. Além dos ônibus foram construídas nove estações de abastecimento de hidrogênio com a produção deste gás realizada através de diferentes tecnologias. O objetivo deste projeto foi desenvolver e demonstrar um sistema de transporte livre de emissões sonoras e de poluentes. HyFLEET: CUTE - Projeto desenvolvido como continuação do CUTE. Prevê a operação de 47 ônibus a hidrogênio em 10 cidades de três continentes. Este projeto conta com o envolvimento de 31 parceiros da indústria, governos e academia.
Principais ações e projetos EUA
Hydrogen Fuel Initiative (HFI) – Em janeiro de 2003, através da iniciativa do presidente George W. Bush para Economia do Hidrogênio foi feito o anúncio sobre o investimento de 1,2 bilhão de dólares em pesquisas relacionadas às tecnologias do hidrogênio, no período de 2004 a 2008, com destaque para aplicação veicular. Ele afirmou que os “cientistas superarão obstáculos para levar estes veículos dos laboratórios para as revendas para que o primeiro veículo dirigido por uma criança nascida hoje possa ser movido a hidrogênio e livre de poluição”. A liberação desse orçamento ficou conhecida como Hydrogen Fuel Initiative (HFI).
FreedomCar and Fuel Partnership - O FreedomCAR and Fuel Partnership é uma parceria do governo e da indústria americanos, incluindo o Departamento de Energia, o U.S. Council for Automotive Research (os membros incluem as empresas Ford Motors, General Motors Corporation, e DaimlerChrysler Corporation), e cinco grandes empresas energéticas (BP America, Chevron Corporation, ConocoPhillips, ExxonMobil Corporation, e Shell) (U.S. DOE, 2006).
O principal objetivo da parceria é identificar e desenvolver tecnologias necessárias para permitir um volume elevado de produção de veículos, com preço acessível, equipados com células a combustível e abastecidos a hidrogênio, bem como uma infraestrutura nacional adequada para a frota. Além disso, a parceria também precisa ativar a penetração de híbridos elétricos e veículos de combustão avançados, que também ofereçam a possibilidade de reduzir significativamente a dependência de petróleo importado (U.S. DOE, 2006).
Principais ações e projetos Japão
O Japão foi o primeiro país a ter um grande programa de P&D em tecnologias relacionadas ao hidrogênio e às células a combustível, 18 bilhões de ienes (153,34 milhões de dólares americanos) de 1992 a 2002. Em 2003, foi lançado o projeto New Hydrogen que tinha foco na comercialização. Em 2005, o orçamento foi de 3,5 bilhões de ienes (33,7 milhões de dólares americanos) em atividades de pesquisas em hidrogênio (Fuel Cells 2000, 2008).
A New Energy and Industrial Technology Development Organization (NEDO) e o Ministry of Economy, Trade and Industry (METI) são as instituições que possuem a maior parte dos projetos relevantes na área de tecnologias relacionadas ao hidrogênio e às células a combustível. (ambienteenergia)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eficiência energética em edifícios em discussão

O workshop Acreditação de Organismos de Inspeção para Etiquetagem de Edifícios, promovido pela Eletrobrás e Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), mostrou em 27/04/2010, para laboratórios de universidades e instituições ligadas à construção civil os critérios que orientarão a acreditação dos organismos que realizarão a avaliação da eficiência energética das edificações.
Segundo a assessoria de comunicação da estatal de energia, O diretor de Tecnologia da Eletrobrás, Ubirajara Rocha Meira, destacou a importância estratégica do Procel Edifica.
“O programa é coerente com a visão de futuro da Eletrobras, que é o desenvolvimento sustentável, com base na matriz limpa de energia elétrica”.
O ambiente reservado à etiquetagem de edifícios encontra-se no site do Procel Info (www.procelinfo.com.br). (ambienteenergia)

Eficiência energética: novo manual

O Manual de Instruções para Financiamento via Reserva Global de Reversão (RGR) tem uma nova versão, elaborada pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), executado pela Eletrobrás.
O documento estabelece os critérios e os procedimentos destinados a orientar as concessionárias de energia elétrica para apresentação de projetos de eficiência energética em sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, no âmbito do Procel Sanear.
A Reserva Global de Reversão, administrada pela Eletrobrás, é um fundo federal setorial, constituído com recursos provenientes de quotas incidentes sobre os investimentos em instalações e serviços da concessionária de energia elétrica, de acordo com as leis nº. 10.438, de 26/04/2002, e nº. 5.655, de 20/05/1971. (ambienteenergia)

Eficiência energética para todos

O governo prepara, já algum tempo, um Plano Nacional de Eficiência Energética (Pnef) com medidas para que o país atinja a meta de reduzir em 10% o consumo de energia elétrica em 2030.
Enquanto o plano não sai, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) coloca em marcha mais uma medida para conscientizar o brasileiro a usar a energia de forma racional.
Trata-se do primeiro curso a distância sobre o tema eficiência energética voltado para leigos, cujo programa pode ser baixado no site do Procel Info.
O curso conta com quatro módulos, que abordam conceitos de energia e eficiência energética; tecnologias e equipamentos; hábitos para a redução do desperdício de energia; e uma avaliação sobre o aprendizado na última etapa. (ambienteenergia)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Barcos movidos à energia solar

Uma solução energética para o transporte pelos rios da Amazônia. Trata-se do projeto Voadeira Solar, desenvolvido pela consultoria K2C Serviço de Consultoria como alternativa para a movimentação de pequenas embarcações.
A solução utiliza energia solar como combustível, por meio de painéis fotovoltaicos (dispositivos utilizados para converter a energia da luz do Sol em energia elétrica) localizados na cobertura do barco.
O projeto, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT), conta com financiamento da ordem de R$ 128,5 mil.
O modelo utiliza as ferramentas de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), de Estudos para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e Redução de Emissão de Poluentes por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD).
O engenheiro florestal da empresa, Carlos Gabriel Koury, diz que numa primeira etapa a ideia é atender atividades cotidianas, como o deslocamento de agentes de saúde, professores, agentes de defesa ambiental, agentes de praia que preservam a desova de quelônios.
“Todos passariam a se movimentar sem o consumo de combustível e, consequentemente, sem emissão de poluentes”, diz o engenheiro, acrescentando que também será avaliado o uso do modelo para passeios turísticos.
O projeto também tem o apoio do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), da empresa de embarcações Alegra e do Instituto de Soluções Energéticas Sustentáveis (Ises). (ambienteenergia)

Energia solar: sistema mais eficiente

A Faculdade de Engenharia (FEB), campus de Bauru, desenvolveu um sistema mais eficiente de geração de energia solar. O projeto modifica a estrutura mecânica que segura as placas que captam os raios solares, os chamados painéis fotovoltaicos. Com a mudança, o dispositivo se movimenta para aproveitar ao máximo a incidência de luz, gerando 53% mais eletricidade. A invenção é adequada para atender comunidades isoladas em regiões montanhosas ou de reservas florestais.
“O projeto propõe que as placas que retêm a radiação se movimentem para aproveitar o máximo de luz solar diária”, explica o autor do estudo, o professor Alceu Ferreira Alves, da FEB. Esse deslocamento faz com que a captação de luz acompanhe o movimento aparente do sol (chamado assim porque, na verdade, é a terra que gira). A ação é realizada por um microcontrolador de baixo consumo e baixo custo que processa pequenos volumes de informação.
Os modelos convencionais utilizam um suporte fixo para os painéis fotovoltaicos, o que não permite ajustes. As placas são direcionadas para o norte geográfico, numa inclinação constante que depende da latitude do local onde estão instaladas. Há outros sistemas que trabalham com movimentação semelhante à do projeto da Unesp, mas esses dependem de sensores para verificar a posição do sol e que podem falhar na presença de nuvens. No sistema da FEB, a rotação da terra é calculada previamente e acionada pelo microcontrolador.
A pesquisa, que teve origem na tese de doutorado do pesquisador, contou com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Fundunesp (Fundação para o Desenvolvimento da Unesp). A orientação foi do professor José Angelo Cagnon, também da FEB.
Retorno do investimento – Outros protótipos que movimentam as placas têm problemas quanto aos motores, apresentam dificuldade técnicas de implantação e gastam muito da energia que é produzida, como explica Ives. No novo modelo, apenas 0,095% da eletricidade gerada é consumida por sua movimentação. Ela é feita por dois motores, que agem independentemente, em tempos diferentes, em um revezamento que ajuda a economizar.
Comparando os custos dos sistemas móvel e fixo, o gasto do primeiro é 35,7% superior, o que é compensado pela obtenção de energia 53% maior. “O retorno do investimento realizado para a implantação desse sistema fotovoltaico com posicionamento automático é mais rápido e ocorre em um tempo 11,23% inferior ao do protótipo fixo”, afirma o pesquisador. O equipamento conta também com baterias, que guardam força para usar à noite, quando é ainda mais necessária.
No modelo apresentado, quatro painéis fotovoltaicos com duas baterias são suficientes para prover uma residência com no máximo 70 m², por quatro horas diárias. Essa habitação poderia ter, por exemplo, oito lâmpadas fluorescentes compactas, um aparelho de TV, um telefone via rádio e uma bomba d’água para irrigar uma plantação e alimentar uma criação de animais. Essa é uma previsão estimada, já que a energia solar depende do nível médio de insolação. Em localidades isoladas, com poucas casas, uso comunitário de aparelhos elétricos e dificuldade de acesso à energia convencional, espera-se que o novo sistema atenda às necessidades da população.
Alternativa limpa
As principais formas de geração elétrica atuais apresentam problemas ecológicos incompatíveis com a necessidade mundial de diminuir a degradação da natureza. As hidroelétricas, das quais o Brasil depende, utilizam a força da água, mas causam impactos ambientais, em razão dos desvios nos cursos dos rios. As usinas nucleares geram lixo de difícil descarte e apresentam riscos de acidentes catastróficos, como o desastre em Chernobil, na Ucrânia, em 1986. As termoelétricas, muito utilizadas na Europa e nos EUA são as que mais contribuem para a liberação de gases causadores do efeito-estufa, já que queimam matéria-prima derivada do petróleo.
O estudo deve ajudar a desenvolver a energia solar, que é apontada como uma das mais promissoras fontes alternativas. Por enquanto, essa tecnologia ainda tem um custo alto de implantação, por causa do alto preço do silício, material utilizado para fabricar os painéis que captam a luz. Ela também não gera força suficiente para grandes concentrações populacionais.
O sistema pode ser usado para atender comunidades isoladas em regiões montanhosas ou de reservas florestais. Baseada na tese de doutorado do pesquisador, a pesquisa teve apoio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Fundunesp (Fundação para o Desenvolvimento da Unesp). (ambienteenergia)

Uma aposta no poder da energia solar

O projeto Megawatt Solar, parceria entre Eletrobrás, Eletrosul, Universidade de Santa Catarina, a agência alemã GTZ, o Instituto Ideal e o banco alemão KfW, começa a sair do papel.
Em 5 de março de 2010, o Sistema Eletrobrás e a instituição financeira da Alemanha KfW assinaram termo de compromisso para financiar o projeto que dotará o prédio-sede e os estacionamentos da Eletrosul de placas para geração de energia elétrica a partir do sol.
Segundo a Eletrobrás, o acordo prevê repasse de cerca de R$ 7 milhões a fundo perdido, além da cooperação técnica entre as entidades.
O investimento total no projeto está estimado em R$ 13 milhões. Os sistemas serão instalados numa área de cerca de oito mil metros quadrados, tendo previsão de gerar, por ano, em média, 1,2 GWh; ou seja, energia equivalente ao consumo de 400 residências.
Com o projeto, a sede da Eletrosul será o primeiro prédio público do país abastecido por energia fotovoltaica em grande escala. (ambienteenergia)

Energia solar: solução para baixa renda

A EDP Bandeirante investirá mais de R$ 4,6 milhões no projeto de eficiência energética “Boa Energia Solar”, em Pindamonhangaba, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). O projeto, que beneficiará 798 moradias de famílias de baixa renda do município com a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas e a instalação de sistemas de aquecimento solar de água em substituição dos chuveiros elétricos, foi inaugurado no domingo, dia 26 de setembro. A iniciativa também envolve campanhas de conscientização sobre o uso racional e seguro de energia elétrica.
De acordo com informação da EDP, distribuidora de energia do Grupo EDP, o projeto prevê a instalação de chuveiros dotados de dispositivo controlador de potência, o que permite a economia de água e a eliminação de aquecimento auxiliar nos reservatórios, aumentando ainda mais os benefícios do projeto.
A meta é reduzir a demanda de ponta em 1.472 KW e diminuir o consumo em 414 MWh/ano. A expectativa da empresa é que os consumidores beneficiados tenham uma economia média de 25% a 30% na conta.
Com a assinatura desse convênio, a EDP Bandeirante atinge a marca de 2.478 unidades consumidoras do CDHU, beneficiadas pelo sistema de aquecimento solar. Um projeto semelhante está em atividade no município de Mogi das Cruzes, beneficiando 1.680 residências. (ambienteenergia)

Energia solar sobre rodas

Um autêntico show room ambulante em nome da sustentabilidade e das fontes alternativas de energia. Eis uma boa definição para a Unidade Móvel Solaris, uma van com projetos movidos por energia solar fruto da parceria entre o Ministério de Minas e Energia (MME), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel).
Por meio do projeto, especialistas em energia utilizam veículos para realizar demonstrações em feiras, escolas e eventos sobre tecnologia.
Segundo o MME, os projetos desenvolvidos para exposição rascunham métodos de captação de raios solares por meio de placas fotovoltaicas, convertendo-os em correntes de energia elétrica.
O modelo permite que a superfície da placa seja alimentada e, em seguida, direcione a energia para os eletrodomésticos.
Além da unidade móvel terrestre, vinda de Curitiba, o projeto conta com mais dois pontos de demonstração fixos, sendo que um deles se localiza no Senai de Taguatinga. (ambienteenergia)

domingo, 24 de outubro de 2010

Precaução ambiental de agrocombustíveis

Brasil quer afastar precaução ambiental de agrocombustíveis
Preocupado em consolidar liderança no setor, Itamaraty trabalha para evitar que precaução a possíveis impactos de agrocombustíveis na biodiversidade sejam debatidos na Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas.
Na 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas – de 18 a 29 de outubro, em Nagoya (Japão) -, o Brasil deve reforçar a disposição de evitar possíveis regulamentações ambientais para o setor de agrocombustíveis.
Segundo informações do Itamaraty, o governo deve dar prioridade aos interesses econômicos do país ante possíveis problemas ambientais envolvendo cultivos utilizados para a produção de agroenergia.
Durante a COP-9 em 2008, que foi realizada na Alemanha, o Brasil liderou manobras para postergar a decisão sobre a aplicação do principio da precaução – garantia contra os riscos potenciais à biodiversidade que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados em um determinado elemento ou evento – aos agrocombustíveis, o que rendeu uma inédita vaia pública aos diplomatas brasileiros. Por Verena Glass, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis, na Agência de Notícias Repórter Brasil.
O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à CDB da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja função é definir regras para a conservação da biodiversidade do planeta, seu uso sustentável e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos. A 8a Conferência das Partes (COP-8) teve inclusive Curitiba (PR) como sede.
Segundo o diretor do Departamento de Energia do Ministério de Relações Exteriores (MRE), ministro André Corrêa do Lago, os agrocombustíveis não deveriam ser discutidos na CDB, já que são tratados como tema prioritário em outros espaços, como a Convenção do Clima e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
“Não concordamos que um eventual impacto sobre a biodiversidade prejudique os agrocombustíveis, muito menos que se proponha uma moratória para o setor sob o princípio da precaução, como chegou a ser sugerido por países africanos. O que ocorre é que dá para produzir de forma boa ou de forma ruim. Vamos explicar como produzir de forma sustentável”, defende.
De acordo com ele, “nada seria aprovado, se examinado do ponto de vista exclusivo dos impactos sobre a biodiversidade”. “Temos que ter claro que, para o desenvolvimento de países pobres, as vantagens dos agrocombustíveis são mais importantes que as desvantagens”, completa.
Na mesma direção, Pedro Brancante, que é subchefe da Divisão de Recursos Energéticos Renováveis do Ministério de relações Exteriores (MRE), afirma que a delegação brasileira desconsidera as incertezas científicas quanto aos agrocombustíveis. Para ele, o pais já desenvolveu pesquisas e práticas suficientes para comprovar a segurança dessas culturas e defende que, “mesmo passando por uma abordagem precautória, os agrocombustíveis não merecem ser objeto [da CDB] quanto à sua incerteza científica”.
“A CDB só enxerga um pedaço da cadeia, que trata da agricultura, e as culturas agroenergéticas são utilizada também para a produção de alimentos. Por isso, é incoerência singularizar os agrocombustíveis”, prossegue.
Já Roberta Maria Lima Ferreira, da Divisão de Meio Ambiente do Itamaraty, explica que, na corrida pelos mercados agroenergéticos, o país tem feito investimentos altos e pretende garantir o retorno econômico. “O Brasil precisa se manter na liderança do setor [agroenergético]. Se não somos nós, outro país ocupa esta posição”, argumenta.
O posicionamento do governo brasileiro, que já causou preocupações entre movimentos e organizações socioambientalistas na COP-9 em 2008, vem gerando uma reação mais enfática neste ano.
Reunidas em Brasília nos dias 16 e 17 de setembro em plenária nacional para a elaboração de recomendações ao governo quanto à COP-10, as organizações exigiram que o posicionamento do Brasil “esteja voltado à conservação e uso sustentável da biodiversidade, pautando-se pelos princípios da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, principalmente o Princípio da Precaução”. E continuam: “É inaceitável que a posição do Brasil se paute por interesses de mercado, subordinando a Convenção da Diversidade Biológica às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.
De acordo com Gabriel Bianconi Fernandes, assessor técnico da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), a tendência implícita de defender interesses econômicos nas negociações da CDB (em detrimento de princípios balizadores já acordados) não apenas viola a legislação brasileira, como também ameaça a própria instituição.
“A Lei de Biossegurança do Brasil é baseada no princípio da precaução. Se o Brasil forçar um precedente com a exceção dos agrocombustíveis estará esvaziando a própria CDB. O Brasil é pioneiro nas pesquisas de cana transgênica, por exemplo, sendo que três pedidos de liberação planejada já tramitam na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)”, coloca o representante da AS-PTA, que participou da plenária nacional. “Os agrocombustíveis tem um enorme potencial de impacto sobre a biodiversidade, uma vez que são produzidos no modelo de monoculturas extensivas, com grande exposição, uso de produtos químicos e dificílima prevenção de impactos sobre o meio ambiente. A começar por isso, é imprescindível que os agrocombustíveis sejam tratados na CDB, e à luz do princípio da precaução”.
A pesquisadora da ONG Terra de Direitos, Camila Moreno, alerta, por sua vez, para estágios mais avançados da tecnologia genética na produção de agroenergia, como o uso da biologia sintética. Esse recurso já é aplicado pela empresa norte-americana Amyris no Brasil. “Eles fizeram modificações genéticas em uma levedura, pegaram um organismo vivo, esvaziaram seu DNA e implantaram um novo. E esses fungos são capazes de processar a cana em tempo recorde. Imagine o que pode ocorrer com o ambiente se esses organismos ‘fugirem’ do laboratório”, alerta Camila.
Entre as recomendações elaboradas ao governo, as organizações sociais e ambientais exigem o apoio à aplicação do principio da precaução à produção de agrocombustíveis e de suas matérias primas; a identificação dos biomas sensíveis e de alta biodiversidade como zonas de exclusão da produção de agrocombustíveis e de suas matérias primas (à exceção das atividades em pequena escala e de forma sustentável de agricultores familiares, comunidades locais e povos indígenas); e o veto ao desmatamento de vegetação primária e secundária para a produção de agrocombustíveis.
Pedem ainda que seja assegurado que a produção de agrocombustíveis não venha a ameaçar a segurança alimentar e nutricional, comprometendo o alcance global dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs); e que o governo dê apoio à recomendação de moratória da biologia sintética, assegurando que não seja permitida qualquer liberação destes organismos no ambiente, e que o seu uso comercial seja proibido (inclusive em ambientes confinados, como no setor de biorrefinaria), até que se entenda e avalie os impactos ambientais, culturais e socioeconômicos desta tecnologia. (EcoDebate)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Energia e transporte

Energia e transporte: emissões, dependência ou mobilidade? Qual é o problema?
Tal como mencionamos num artigo de março de 2010, as políticas energéticas em diferentes países e as estratégias das empresas de energia estão sendo progressivamente reorientadas, a fim de atingir, no longo prazo, padrões de produção e uso de energia que levem em consideração as novas condições de contorno do setor de energia. Surge como principal vetor deste processo de transição o componente tecnológico. Neste sentido, abre-se hoje um leque importante de novas possibilidades tecnológicas que envolvem novas fontes de energia e novos equipamentos. É possível citar como ilustrações exemplares dessa tendência na geração de energia elétrica com: i) o papel esperado de uma contribuição crescente de fontes renováveis; ii) a incorporação de novas tecnologias em programas de eficiência energética e iii) as transformações esperadas no setor de transporte automotivo.
Este texto está dedicado à análise deste último ponto. Depois de décadas sem transformações significativas, o setor de transportes se encontra, hoje, no centro dos debates acerca de estratégias factíveis que permitam alterar o binômio “motores a combustão-derivados de petróleo”. Não é por acaso que, dentre as grandes corporações internacionais se encontrem os fabricantes de automóveis e as empresas de petróleo. As vantagens inerentes deste binômio consolidaram um padrão de mobilidade do consumidor individual em torno dos automóveis com motores a combustão. O crescimento da demanda de carros de passeio e da gasolina e do diesel contribuiu, em grande medida, para o sucesso dessas corporações ao longo do século XX.
Ao longo da última década, tal como destacado em diferentes textos postados aqui, as políticas energéticas têm sido revistas buscando a compatibilização dos objetivos de segurança energética, redução da dependência externa de energia e a redução das emissões de CO2.
Neste sentido, o setor de transportes, ancorado fundamentalmente na demanda de gasolina e de diesel, tem se revelado como uma arena crucial para as mudanças necessárias para o alcance dos objetivos fixados acima.
Dessa forma, uma série bastante diversificada de alternativas emergem como potenciais soluções. No setor de transportes no qual predomina o uso de derivados de petróleo, a “grande e longa transição” aponta para uma corrida energética e tecnológica para abastecer o automóvel do futuro. Desde o início da última década, passamos pelos supostos benefícios da Economia do Hidrogênio, pelo pretenso papel dos biocombustíveis (etanol e biodiesel) de primeira e segunda geração, pelos automóveis com motores flex, chegando aos carros elétricos e aos carros híbridos, especialmente associados à tecnologia plug-in.
O transporte rodoviário ainda é o modal mais utilizado no mundo atualmente para movimentar tanto mercadorias, quanto pessoas (cerca de 80%), e, continua a crescer a cada dia não mostrando sinais de contenção (espera-se um crescimento médio de 2% a.a). Para atender esta crescente demanda, os derivados de petróleo, como o diesel e a gasolina, ainda se constituem nos principais recursos energéticos requeridos, representando cerca de 98% do total utilizado no mundo.
A figura 1 abaixo ilustra de maneira esquemática o leque de alternativas que se desenham hoje no setor de transporte.

Não obstante os avanços tecnológicos em curso associados a todas essas alternativas, parece que este cenário atual se caracteriza ainda por uma multiplicação de soluções em busca de um problema a ser equacionado.
Um pequeno exemplo pode ser útil para ilustrar o argumento acima. É possível destacar três candidatos ao posto de problema central:
1) redução das emissões;
2) redução da dependência energética e pico da produção do petróleo;
3) mobilidade urbana.
Tem se revelado muito difícil a adoção de instrumentos de política ou mesmo de acordos/convenções internacionais que possam atender simultaneamente esses três problemas. Por um lado, se o problema central for a redução dos efeitos globais das emissões, as políticas de substituição da gasolina e do diesel podem emergir como as mais adequadas. Para atingir tal objetivo, as soluções concorrentes seriam: a) os blends de combustíveis (gasolina + etanol e/ou biodiesel+diesel), ainda que persistam controvérsias sobre os seus reais benefícios ambientais e b) os veículos híbridos e elétricos.
No primeiro caso, o motor a combustão seguiria seu rumo, mantendo-se assim as barreiras à difusão de carros elétricos ou mesmo dos híbridos. No segundo, o papel dos biocombustíveis, de primeira e segunda geração, tenderia a se tornar marginal. Ademais, os instrumentos de política energética e as demais políticas públicas necessárias para a implementação desse processo de substituição são muito distintos no caso da adoção de uma ou de outra solução. Em particular, porque elas dependem sobremaneira de investimentos importantes em logística de distribuição e revenda para atender às necessidades de abastecimento dos consumidores. E vale observar que o perfil desses investimentos é bastante distinto em cada caso. Não é à toa que nos EUA, apesar do incremento da produção de etanol, em muitos estados ainda não foi criada uma logística de distribuição desse combustível.
O mesmo raciocínio e os mesmos candidatos podem ser utilizados caso seja privilegiada a questão ii), decorrente das preocupações de segurança do abastecimento energético e dos problemas levantados por aqueles que advogam pela proximidade do “peak oil” (pico de produção de petróleo). Porém, nesse caso, é de se esperar uma vasta gama de soluções nacionais, muito diferentes umas das outras, pois elas serão seguramente condicionadas pelas dotações de recursos energéticos de cada país. Consequentemente, o tema da estrutura e da capacidade de oferta passa a ser igualmente relevante.
No caso dos biocombustíveis a capacidade mundial de oferta tanto de etanol quanto do biodiesel está ainda muito aquém daquela necessária para atender, por exemplo, o mercado da União Europeia. E no caso dos carros elétricos, a demanda adicional de eletricidade não pode estar ancorada em combustíveis fósseis, em particular no carvão, pois isto anularia os efeitos esperados da redução das emissões.
Por outro lado, para atenuar os problemas de mobilidade e de poluição local, inerentes ao estrangulamento das vias urbanas, a mera substituição destes derivados de petróleo pode não se revelar suficiente. Se o problema central é o da mobilidade em grandes metrópoles, o ideal seria a adoção de políticas voltadas, por exemplo, ao desenvolvimento de outros modais, apoiada num regime de incentivos direcionados especialmente ao desenvolvimento transportes públicos de qualidade. Estas poderiam, em caso de sucesso, retirar os automóveis das cidades sem usar nenhuma das alternativas usadas acima na coluna Motor/Veículo da Figura 1.
O que importa notar é que as barreiras à substituição do padrão bem sucedido de mobilidade individual do século XX ainda são muito grandes. Para superá-las será indispensável o avanço tanto no campo tecnológico, bem como um processo de inovação no campo político-institucional. Isto reforça o argumento de que a transição para um novo padrão será muito longa. A retroalimentação entre as duas dimensões – político/institucional e tecnológica – surge como uma condição necessária à implementação efetiva de novos instrumentos de política energética que contribuam ao processo de substituição de derivados de petróleo.
As “incertezas sem precedentes” mencionadas pela Agência Internacional de Energia estão relacionadas tanto com a indefinição de diretrizes consistentes de política energética, quanto com a variedade das opções que se desenham. Nenhuma destas opções é capaz ainda de superar, com vantagens ambientais e econômicas, o padrão de transporte automotivo estabelecido pelo binômio motor a combustão-derivados de petróleo. Além dos preços do petróleo, as fontes de incerteza estão relacionadas a três fatores principais: i) custo e disponibilidade de matérias-primas; ii) economicidade das tecnologias de conversão e iii) regulamentação governamental.
Quais dessas alternativas tecnológico-energéticas serão viabilizadas a longo prazo?
É impossível aportar elementos de resposta hoje a essa pergunta. Tal situação é típica de momentos de transição. Mas em algum momento será necessário privilegiar o problema central a ser equacionado. (ambienteenergia)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ônibus híbrido: Itaipu busca parcerias

Itaipu Binacional apresentará durante a Reunião de Cúpula do Mercosul, de 13 a 17 de dezembro, o protótipo do primeiro ônibus hídrico brasileiro, movio . A ideia é que o veículo seja utilizado como principal meio de transporte da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. No dia 9 de outubro, comitiva da empresa viajou para apresentar o projeto nos Estados Unidos e discutir uma possível parceria com a Proterra, especializada na produção de ônibus híbridos e elétricos, que fica em Greenville, na Carolina do Sul. A missão terminou em 17 de outubro.
Os parceiros no projeto são a Mascarello, de Cascavel (PR), responsável pela carroceria; a Weg, fabricante catarinense de motores; a gaúcha Euroar, fabricante de aparelho de ar condicionado para ônibus; a Eletra Industrial, de São Bernardo do Campo (SP), que faz a integração e montagem do ônibus; além das montadoras Tutto Trasporti, também gaúcha; e a Mitsubishi, instalada em Catalão (GO). O ônibus terá capacidade para pelo menos 34 passageiros.
Nos Estados Unidos, o coordenador do projeto Veículo Elétrico (VE), engenheiro Celso Novais, da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável, representando a Eletrobras em uma reunião sobre veículo elétrico e smart gride do e-8, em 14 de outubro. “A ideia é apresentar no encontro as ações que estamos fazendo na área (do VE), as nossas motivações, e ouvir as experiências das outras empresas, inclusive abrindo a possibilidade de novas parcerias”, antecipou Novais.
O e-8 é um subgrupo do G-8 – que reúne as maiores economias do planeta – e é formado pelas dez maiores empresas de energia do mundo. Além da Eletrobras, integram o e-8 as empresas American Eletric Power (AAEP) e Duke Energy, dos Estados Unidos; a EDF Group, da França; a Enel, da Itália; a Hydro-Québec, do Canadá; a JSC RusHydro, da Rússia; a Kansai Eletric Power e a Tokyo Electric Power (Tepco), do Japão; e a RWE AG, da Alemanha. (ambienteenergia)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O aumento da renda e o consumo de energia

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou que a carga de energia atingiu 57,3 mil MW médios, em setembro, 7,5% mais do que no mesmo mês de 2009 e 1,2% acima de agosto. A demanda é forte e revela a mudança de comportamento das famílias, sem que se possa assegurar que a oferta cresça no mesmo ritmo.
A indústria lidera o consumo de energia, mas o clima seco influenciou a demanda das famílias, que utilizam mais o refrigerador e o ar-condicionado. Como analisou o departamento econômico do Bradesco, nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por mais de 60% da carga total de energia no País e onde se concentra o parque industrial, o consumo anual aumentou 8,4%, mais do que no Nordeste (3,1%), no Sul (8,1%) e no Norte (8%).
Nos últimos cinco anos, segundo o IBGE e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo por habitante cresceu 22%. Entre 2008 e 2009, aumentou 5,5%. Entre 2004 e 2009, o consumo médio por residência passou de 140 kWh/mês para 150 kWh/mês e, segundo a Pnad do IBGE, o porcentual de famílias que possuem lavadora de roupas aumentou de 34,3% para 44,3%; geladeiras, de 87,3% para 93,4%; e computadores, de 16,3% para 34,7%. Mas consome-se menos do que no Chile e na Argentina.
Com o aumento do consumo, a relação entre as despesas com eletricidade das famílias de menor renda e a renda familiar passou de 2,2%, no biênio 200/2003, para 2,3%, em 2008/2009. Nas famílias com renda de até dois salários mínimos, esses porcentuais foram, respectivamente, de 3% e 3,5%.
Famílias que consomem menos de 80 kWh/mês têm desconto de até 65% nas contas, mas, se passarem daquele teto, perdem o benefício.
Para atender ao número crescente de consumidores, sobretudo dos que saíram das faixas D e E para a classe média (C), o governo terá de licitar mais usinas - hidrelétricas, a gás natural, térmicas baseadas na bioenergia e eólicas. Mas, no leilão de hidrelétricas marcado para dezembro, serão licitadas apenas cinco das dez listadas inicialmente, adiando a geração de 1,6 mil MW. Haverá, de fato, aumento da oferta de energia renovável com o aproveitamento do potencial da Amazônia, sobretudo das Usinas de Santo Antônio e Jirau. Mas até lá será preciso contar com a sorte de um regime pluviométrico favorável, capaz de evitar o uso das usinas de reserva, como as térmicas movidas a carvão e a óleo combustível, em geral mais poluentes, além de gerarem energia a custos mais elevados. (OESP)

sábado, 16 de outubro de 2010

Energias renováveis

Num período de mudanças climáticas e restrições a emissões cada vez maiores, é importante focarmos nosso desenvolvimento na direção de uma economia de baixo carbono. Nesse sentido, é essencial valorizar as fontes alternativas de geração de energia elétrica que não adicionam emissões e explorá-las de forma crescente e em harmonia com a construção de hidrelétricas com reservatórios para equilibrar a sazonalidade e as oscilações dessas fontes alternativas. Tudo com responsabilidade e critérios técnicos e sem nos deixarmos levar por modismos ou por ações "politicamente corretas". Essa harmonia é necessária porque as energias da biomassa e eólica, apesar de complementares às hidrelétricas, não atenderiam à "ponta" do consumo. Por isso a importância das térmicas a gás natural para firmar as hidrelétricas a fio de água da Amazônia.
Sabemos que o potencial do Brasil em energia eólica é hoje estimado em cerca de 300 GW a 400 GW, que são empreendimentos de rápida implantação e não têm impacto social de grande monta. Um dos benefícios da inserção da geração dessa energia no parque gerador brasileiro decorre do fato de ela complementar a geração hidrelétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN). Por exemplo, de junho a setembro, quando a vazão no Rio São Francisco diminui, ocorre maior incidência de ventos no vale do rio. Logo, a complementaridade poderá contribuir para aumentar a segurança do abastecimento energético, principalmente na Região Nordeste.
A capacidade instalada mundial de energia eólica alcançou em 2009 157,9 GW, um crescimento de 31% em relação a 2008. Em termos absolutos, os EUA têm a maior capacidade de geração eólica (35,1 GW); seguidos por Alemanha, 25,7 GW; China, 25,1 GW; Espanha, 19,1 GW; e Índia, 10,9 GW.
A energia da cana-de-açúcar, além do etanol, pode propiciar-nos nos próximos anos, por meio do bagaço da cana, 12 GW somente com as atuais usinas. Ou seja, uma nova Itaipu. No caso da biomassa de cana, a tecnologia já está dominada e seu contínuo desenvolvimento já se dá de forma natural. No caso das eólicas, há uma tendência de ampliação de sua competitividade na medida em que as indústrias se desenvolvam, tornando o Brasil uma plataforma de produção com domínio tecnológico dos aerogeradores e componentes.
No caso da biomassa, há problemas para o seu avanço como importante geradora de energia. Por exemplo, a conexão das usinas ao SIN, que poderia ser resolvida com a transmissão sendo levada até as usinas; e a não existência de leilões por fonte e por submercados. Em São Paulo a rede da CPFL, por exemplo, não está dimensionada para transportar produção, mas para suprimento da carga, uma realidade insustentável.
Está sendo elaborada uma regulamentação que permita estabelecer redes coletoras para interligar as usinas ao SIN. A solução seria planejar uma rede coletora de geração distribuída (GD) composta por ramais de rede básica (>230kV) e uma subestação coletora de GD localizada no centro de gravidade da GD (bioeletricidade, PCHs, UTEs) e "no pé de torre" da rede básica existente, com mínimo custo global.
O fato novo e que chamou a atenção no último leilão de energia foi o desempenho da energia eólica. A complementaridade com as UHE"s é biunívoca, seja eólica no Nordeste, seja biomassa no Sudeste. Necessita-se, com urgência, definir a energia assegurada dessas fontes por certificadora independente. Essa definição é fundamental, na medida em que teremos os preços dessas energias próximos à realidade de cada uma e, ao mesmo tempo, impediremos que produtores, no afã de ganhar leilões, forneçam fatores de carga que nunca serão alcançados. A atual assimetria da regulamentação da transmissão está fazendo com que as vantagens dessas fontes sejam transferidas ao preço de produção.
É necessário aplicar às fontes eólica e biomassa, o quanto antes, o mesmo conceito do Mecanismo de Realocação de Energia aplicável às hidrelétricas para ampliar o chamado "efeito portfólio". (OESP)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Aquecimento solar: base para capacitação

Um grupo de entidades ligadas às áreas de energia solar, eficiência energética, sustentabilidade e fontes alternativas de energia se uniu para criar uma série de materiais sobre projeto e qualidade nas instalações de aquecimento solar de água. Como resultado a parceria já produziu os recém lançados manual “Qualidade em Instalações de Aquecimento Solar” e a apostila “Projeto de Energia Solar”, que serão utilizados para treinamento e capacitação de instaladores e projetistas. As publicações, que devem ser usadas já a partir desse semestre, destinam-se a organizações interessadas na qualidade das instalações solares e na promoção de empregos verdes.
Segundo as entidades envolvidas na iniciativa, o aquecimento solar será uma das principais tecnologias renováveis no Brasil nos próximos anos, contribuindo assim com a Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), que estabelece meta de redução voluntária entre 36,1% e 38,9% na emissão brasileira de gases de efeito estufa até 2020. A iniciativa envolve o Procobre – Instituto Brasileiro do Cobre, a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), a Agência de Cooperação Técnica Alemã – Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH, a Renewable Energy and Energy Efficiency Partnership (REEEP) e o Instituto Ekos Brasil.
O especialista Andreas Nieters, da GTZ, comenta que os materiais contribuem para a criação de condições para que o Brasil possa cumprir as metas levadas a Copenhague, “porque buscam capacitar mão de obra especializada em aquecimento solar ao mesmo tempo em que contribui para elevar as condições de empregabilidade de muitos brasileiros”.
Segundo Délcio Rodrigues, diretor do Ekos Brasil, “a energia solar cria dezenas de vezes mais empregos por unidade de energia gerada do que fontes de energia capital-intensivas como a nuclear e o petróleo, de maneira que o crescimento de seu uso gera uma grande demanda de profis sionais de projeto e instalação”
Para saber como obter as publicações, entrar em contato como o Instituto Ekos Brasil, pelo telefone (11) 5505-6371.
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Da Agência Ambiente Energia - A Ekobrasil e a Studio Equinócio, em parceria com o Procobre e a GTZ, promovem neste mês de agosto duas edições do “Curso de Introdução ao Projeto de Sistemas de Aquecimento Solar. Destinado a capacitar.
Energia solar: solução para baixa renda
EDP Bandeirantes inaugura projeto "Boa Energia Solar", em Pindamonhanga (SP), em parceria CDHU. Investimento será superior a R$ 4,6 milhões e meta é reduzir a demanda de ponta em 1.472 KW e diminuir o consumo em 414 MWh/ano. (ambienteenergia)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Algas marinhas multiuso

O Brasil guarda debaixo d’água um reservatório valioso para o fornecimento de produtos como medicamentos, combustíveis e até mesmo um filtro solar natural de ótimo desempenho.
São as algas marinhas, cujo potencial muito além dos sushis foi destacado pelo professor Pio Colepicolo Neto, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), no Workshop sobrebiodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado pelo Programa Biota-FAPESP e que terminou na sexta-feira, 10 de setembro, na sede da Fundação.
Colepicolo coordena o Projeto Temático “Estudos de bioprospecção de macroalgas marinhas, uso da biomassa algal como fonte de novos fármacos e bioativos economicamente viáveis e sua aplicação na remediação de áreas impactadas (biodiversidade marinha)”, que também integra o Biota-FAPESP.
“Por estarem expostas a ambientes e situações adversas, as algas desenvolvem, como metabólitos secundários, moléculas químicas extremamente sofisticadas e diferentes das estruturas produzidas por plantas terrestres”, disse à Agência FAPESP.
Segundo o cientista, já se sabe que as algas marinhas desempenham uma função fundamental no ambiente: elas respondem por cerca da metade do oxigênio liberado na atmosfera; delas saem o dimetil sulfeto, principal gás responsável pela formação de nuvens; são biorremediadoras de águas poluídas; e podem ser utilizadas como um biomarcador de poluição. Colepicolo também mostrou que as algas podem ser fornecedoras de compostos únicos e extremamente complexos.
“Essas moléculas encontram vasta aplicação na indústria farmacêutica ao servir de base para a fabricação de antiinflamatórios, antifúngicos, antivirais, bactericidas, antioxidantes e mais uma enorme gama de produtos que podem ser desenvolvidos de forma inovadora, estratégica e economicamente importante para o Brasil”, destacou.
As aplicações dessas substâncias vão além da medicina. Na agricultura, por exemplo, antifúngicos extraídos de macroalgas podem ser aplicados sobre frutas como mamão, morango e figo e, com isso, pode-se aumentar o tempo de vida útil da fruta na prateleira de três a quatro semanas.
“Podemos ganhar até um mês de viabilidade em produtos agrícolas que são exportados”, disse o professor da USP, ressaltando a importância econômica de aplicações como essa.
Outro grande potencial das micro e macroalgas marinhas é fornecer o princípio ativo para protetores solares naturais. Há cinco anos, em um outro projeto apoiado pela FAPESP sob a coordenação de Colepicolo, o grupo de pesquisa isolou de macroalgas da costa brasileira as micosporinas (MAA), substâncias químicas de baixo peso molecular, com alta capacidade de absorver radiação ultravioleta (UV).
Algumas micosporinas são também antioxidantes. Essas substâncias têm a finalidade de protegê-las contra os efeitos danosos de UV, função exercida pelos flavonoides nas plantas terrestres.
Por ficarem mais expostas ao sol, as algas tropicais são as que mais apresentam substâncias resistentes aos raios UV. Esses protetores solares naturais das algas são particularmente importantes para os biomas marinhos, pois também fornecem proteção solar a outros organismos como peixes, moluscos, zooplâncton e corais.
“As algas marinhas produzem essas substâncias e muitos peixes adquirem proteção solar ao se alimentar desses organismos fotossintetizantes”, explicou o pesquisador.
O fenômeno do branqueamento de corais é causado pela ausência desses protetores naturais fornecidos pelas algas. A ausência das algas que vivem em simbiose com os corais os deixam expostos à radiação. Com isso, eles acabam sofrendo a ação direta dos raios UV, perdem coloração e morrem. Ambientalmente, esse efeito é extremamente danoso, pois perdem-se componentes importantes do equilíbrio ecológico marinho.
O desempenho do protetor natural também chamou a atenção dos pesquisadores. Em testes, o absorvedor de UV das algas apresentou um espectro de absorção muito próximo ao mais eficiente produto sintético vendido no mercado.
“A indústria cosmética poderá se beneficiar de dois efeitos do produto – sua ação antioxidante e de proteção contra UV – e, com isso, oferecer produtos com ação sinérgica contra o estresse oxidativo, câncer de pele e envelhecimento precoce”, afirmou.
Colepicolo estima que, além de protetores para a pele, as micosporinas poderão ser usadas na base de tintas e vernizes para proteger materiais que ficam expostos à luz solar, como prédios e barcos.
Biocombustíveis - O pesquisador também abordou no workshop as perspectivas de produção de algas marinhas em regiões próximas à costa brasileira, um subprojeto integrante do Projeto Temático. “As fazendas de cultivo de macroalgas ajudariam a preservar as espécies, uma vez que evitam a extração e eventual predação dessas plantas em seu ambiente natural”, disse.
Em parceria com a professora Eliane Marinho-Soriano, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Colepicolo espera desenvolver sustentabilidade em cultivos integrados que envolvam a criação de organismos diferentes.
A primeira experiência é o cultivo de macroalgas e a criação de camarões em um único tanque do tamanho de um campo de futebol, em média, a 1,5 metros de profundidade.
A cada três meses, mesmo tempo de crescimento ideal das macroalgas, os camarões são coletados e as águas eutrofizadas dos tanques são devolvidas aos mangues da região. Com os cultivos integrados, as macroalgas colaboram para a purificação da água absorvendo o excesso de nitrogênio, fosfato e outros resíduos para seu desenvolvimento, servindo assim de biorremediadoras ambientais.
“A parceria com a professora Eliane da UFRN é muito importante. No Rio Grande do Norte há alta incidência de radiação solar, o que aumenta a produtividade das algas”, disse Colepicolo, explicando que a luz solar aumenta a velocidade de desenvolvimento e de reprodução das plantas aquáticas.
Para o professor da USP, as algas podem ainda ser uma boa fonte de biocombustíveis e suprir a demanda por biodiesel que não consegue ser atendida somente pelas fontes animais e vegetais terrestres atuais. Esse também é um dos braços de pesquisa contemplados pelo Projeto Temático.
Para esse objetivo, o pesquisador defende o melhoramento de cultivos e a aplicação de engenharia molecular, além de pesquisas em extração e refino do óleo de alga. Esses esforços poderiam tornar o combustível de alga competitivo em relação ao similar obtido do petróleo.
“A bioenergia de algas tem duas frentes diferentes de pesquisa. Primeiramente, as microalgas, ricas em lipídios, ou gorduras, são ideais para a fabricação de biodiesel”, disse Colepicolo, ressaltando que, diferentemente dos vegetais terrestres, o cultivo de algas não necessita de fertilizantes nem de pesticidas.
“Já as macroalgas possuem um alto teor de açúcar. Algumas espécies apresentam entre 50% e 60% de seu peso seco em polissacarídeos. São açúcares que, ao serem degradados por enzimas específicas, transformam-se em monômeros fermentáveis que dão origem ao etanol”, completou. As macroalgas podem participar das pesquisas do etanol de terceira geração provenientes de carboidratos. “Trata-se de uma alternativa sustentável e ecologicamente correta, pois só usa água salgada e luz solar para crescer e não é necessária a utilização de agrotóxicos e fertilizantes”, disse. (ambienteenergia)

domingo, 10 de outubro de 2010

Energias limpas: um mercado de R$ 40 bilhões

O planejamento setorial já cantou a pedra, pelo menos no discurso, de que as fontes renováveis e alternativas terão papel prioritário no futuro da matriz energética do país. A meta é ter uma participação de 20% nos próximos anos. Com o forte apelo de fontes como eólicas, usinas à biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, os investidores estão diante de boas perspectivas de negócios.
“Se conseguirmos equacionar as condições de competitividade e de incentivos, podemos falar em algo como R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos”, diz Charles Lenzi, presidente executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), a nova denominação da APMPE (Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores de Energia Elétrica).
Além da mudança de novo, a entidade passa a atuar a partir de agora com uma nova estrutura de gestão, criando um conselho de administração, composto por 18 conselheiros, que representam as empresas associadas e uma presidência executiva. O objetivo é atuar para refletir o posicionamento dos associados como investidores de fontes de energia limpa.
A agenda da Abragel para o biênio busca garantir a competitividade do setor, o que envolve aspectos tributários política industrial com custos de equipamentos e tecnologia, financiamento (prazos e custos), redução de prazos de tramitação dos projetos, atuação na regulação e legislação inclusive da área ambiental. “Todos os pontos são importantes e precisam ser tratados com muita atenção”, diz Lenzi nesta entrevista exclusiva à Agência Ambiente Energia.
Agência Ambiente Energia – No lugar de APMPE, Abragel. Quais as justificativas para a mudança de nome?
Charles Lenzi - A mudança de nome é parte de uma estratégia de modernização e de renovação. Queríamos que o nome da associação refletisse mais o espírito de seus associados, que são empreendedores engajados na geração sustentável de energia elétrica, cujas fontes são a PCH, a eólica, a biomassa e a solar, todas geradoras de energia elétrica limpa.
Agência Ambiente Energia – O que mudará na linha de atuação da entidade a partir de agora?
Charles Lenzi - Durante os seus 10 anos de existência, a APMPE prestou serviços aos seus associados e ao setor elétrico do país, participando ativamente de todos os debates que consolidaram o modelo do setor como ele é hoje. Queremos continuar esta ação buscando maior eficácia e por isso, mudamos nossa estrutura de gestão, criando um conselho de administração, composto por 18 Conselheiros, que representam as empresas associadas e uma presidência executiva.
Agência Ambiente Energia – Com o nome energia limpa, a entidade vai abordar também outras fontes como as eólicas e as usinas à biomassa. Estas fontes já têm suas associações específicas. Isso não pode gerar um choque e enfraquecer a atuação de todas?
Charles Lenzi - Uma grande parte dos associados da Abragel já atua em várias fontes de geração de energia elétrica limpa e, portanto, é natural também defendermos seus interesses nesses segmentos, buscando sempre a isonomia entre as fontes e a sua competitividade. Com relação às associações, trabalhamos em harmonia com cada uma delas e pretendemos manter essa parceria.
Agência Ambiente Energia – Por falar em outras fontes, hoje, como os últimos leilões mostraram, as eólicas se tornaram muito competitivas, tirando mercado das PCHs no Ambiente Regulado. Por que as pequenas usinas são hoje “os patinhos feios” do mercado?
Charles Lenzi - A competitividade das PCHs está profundamente afetada pelos altos custos de implantação quando comparadas com outras fontes que, em algumas circunstâncias e em determinadas regiões, contam com vantagens fiscais e tributárias, além de alternativas de financiamento.
Agência Ambiente Energia – O que as PCHs precisam para voltar a ser tão competitivas quanto às eólicas?
Charles Lenzi - O mais importante é garantir que haja isonomia e igualdade de condições em todos os aspectos. Entendemos que existe espaço para todas as fontes e os desafios para o futuro em termos de desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas passam, necessariamente, pela solidificação de um modelo que privilegia o uso de fontes limpas de geração de energia elétrica. Por isso, além de fazermos nosso dever de casa em busca de melhores alternativas de custo, precisamos contar também com políticas públicas de incentivo.
Agência Ambiente Energia – Um dos focos para 2010/2011 é a competitividade do setor, o que envolve aspectos tributários política industrial com custos de equipamentos e tecnologia, financiamento (prazos e custos), redução de prazos de tramitação dos projetos, atuação na regulação e legislação inclusive da área ambiental. Como será esta atuação da Abragel?
Charles Lenzi – Vamos participar ativamente de todas as discussões neste sentido e atuar diligentemente na busca da defesa dos interesses dos nossos associados.
Agência Ambiente Energia – Destes pontos citados acima, onde é que o “sapato” das energias limpas mais aperta?
Charles Lenzi - Todos os pontos são importantes e precisam ser tratados com muita atenção.
Agência Ambiente Energia – Se no Ambiente Regulado as PCHs não têm tido muito espaço nos últimos tempos, a saída é o Mercado Livre. Quais são as oportunidades de negócios neste ambiente de contratação?
Charles Lenzi - A retomada do crescimento do país e a sua manutenção de forma sustentável nos próximos anos vão propiciar muitas oportunidades de negócio para as fontes limpas.
Agência Ambiente Energia – O planejamento está com um forte discurso para as fontes renováveis e alternativas. Como o senhor avalia o potencial de crescimento da nossa matriz usando estas fontes?
Charles Lenzi - Em primeiro lugar é importante parabenizar a inclusão das fontes alternativas e renováveis no planejamento da expansão da geração de energia elétrica. Isto nos coloca um desafio significativo, mas factível, que é de chegar a 20% de representatividade da matriz elétrica brasileira num prazo de 20 anos.
Agência Ambiente Energia – Nos próximos 10 anos, dá para estimar o quanto de negócio será possível fazer com as energias limpas?
Charles Lenzi - Se conseguirmos equacionar as condições de competitividade e de incentivos, podemos falar em algo como R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos. (ambienteenergia)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Hidrogênio energético: no rumo da competitividade

O país ganhou uma referência na corrida para entrar de vez na economia do hidrogênio. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), publicou o estudo “Hidrogênio energético no Brasil – subsídios para políticas de competitividade 2010-2025″.
O objetivo do trabalho é oferecer elementos para definir ações e políticas públicas para o desenvolvimento e adoção de tecnologias do hidrogênio.
A elaboração do estudo envolveu o trabalho de uma série de especialistas.
Segundo o CGEE, o estudo tem como linhas principais propostas para o incentivo à economia do hidrogênio; à produção do hidrogênio; ao desenvolvimento da logística do hidrogênio; e aos sistemas de utilização do hidrogênio.
Com um horizonte de 15 anos, as propostas apresentadas pelo documento estabelecem ações para curto prazo (0 a 5 anos); médio prazo (5 a 10 anos); e longo prazo (10 a 15 anos).
O estudo apresenta ainda a percepção das oportunidades para o Brasil, sendo que o incentivo destas tecnologias por meio de instituições governamentais e empresariais deve propiciar ganhos consideráveis na forma de diminuição de impactos ambientais na geração e utilização de energia; aumento da segurança energética; melhoria do aproveitamento dos recursos naturais; desenvolvimento regional; desenvolvimento de parque industrial competitivo; geração de empregos. (ambienteenergia)

Hidrogênio energético no Brasil

Hidrogênio energético no Brasil – subsídios para políticas de competitividade 2010-2025
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), publica o estudo “Hidrogênio energético no Brasil – subsídios para políticas de competitividade 2010-2025″.
O objetivo do trabalho é oferecer elementos para definir ações e políticas públicas para o desenvolvimento e adoção de tecnologias do hidrogênio.
A elaboração do estudo envolveu o trabalho de uam série de especialistas.
O estudo tem como linhas principais propostas para o incentivo à economia do hidrogênio; à produção do hidrogênio; ao desenvolvimento da logística do hidrogênio; e aos sistemas de utilização do hidrogênio.
Com um horizonte de 15 anos, as propostas apresentadas pelo documento estabelecem ações para curto prazo (0 a 5 anos); médio prazo (5 a 10 anos); e longo prazo (10 a 15 anos).
O trabalho destaca ainda possíveis ganhos com o incentivo destas tecnologias, entre os quais estão a diminuição de impactos ambientais na geração e utilização de energia; aumento da segurança energética; melhoria do aproveitamento dos recursos naturais; desenvolvimento regional; desenvolvimento de parque industrial competitivo; geração de empregos. (ambienteenergia)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A complexidade da Política Energética Nacional

O Grupo de Economia da Energia (GEE) e o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) promoveram um debate em 30 de agosto de 2010, sob o título “Política Energética: da dependência à inserção internacional”. Esta postagem apresenta as principais questões abordadas durante esse debate.
A complexidade de uma política energética em transição
Todo país busca elaborar, em um processo contínuo, estratégias para assegurar seu abastecimento energético, pois é sabido que as sociedades modernas têm como imprescindível o acesso aos serviços de energia. De fato, o homem moderno tem a energia como ingrediente essencial para sua vida cotidiana, no consumo em residências, nas indústrias, no transporte e no lazer, permitindo um nível cada vez maior de bem-estar a sociedade. Mas prover energia exige um processo complexo, pois envolve interesses políticos, econômicos, sociais e geopolíticos. O Estado atua na organização desse intricado processo que envolve diversos agentes, elaborando instrumentos de política energética. Em suma, a política energética exige uma coordenação do Estado e tem como função básica garantir o suprimento de energia para a sociedade.
Mas cabe a pergunta: quem é o Estado? Em um contexto de liberdades democráticas, entende-se que o Estado é o conjunto de “forças políticas” apoiadas pela maioria da sociedade civil. Cada Estado tem um projeto, construído através de um leque de políticas públicas que interagem entre si, como as políticas econômica, ambiental, de segurança nacional, social, tecnológica, energética e etc. Dessa maneira a evolução da matriz energética, embora esteja sob a esfera da política energética, depende dos resultados de outras políticas. Logo, a agenda energética é conseqüência de tais políticas públicas e envolve uma ampla governança. Vários níveis de poder influenciam e/ou competem no processo decisório, aí participando representantes da União, dos estados e municípios, da academia (universidades e centros de pesquisas) e do setor privado (empresas e organizações).
O projeto de Estado estabelecido pelas citadas “forças políticas“ é o norte que orienta as políticas públicas e explica, muitas vezes, as intervenções regulatórias que o Estado realiza nos mercados, na busca de garantir que agentes privados e públicos trabalhem em prol do projeto definido. Certamente a estratégia para obter a garantia de suprimento depende de cada país. Em regimes democráticos a promoção de amplos debates entre os agentes é uma forma de esclarecer a sociedade e subsidiar as atividades voltadas às formulações das políticas públicas.
No caso específico do Brasil o momento é rico quando se trata do estabelecimento de uma agenda futura energética. Várias questões estão na mesa de discussões sobre o tema. Como exemplo pode-se citar o gerenciamento da demanda de energia, sob um cenário de crescimento do consumo energético nacional, incentivado por políticas sociais para a redução das desigualdades (QUEIROZ, 2010). Outra discussão em efervescência é a exploração das reservas do Pré-Sal e todos os seus desdobramentos. Além disso, o desenvolvimento de tecnologias avançadas para o uso dos biocombustíveis, as estratégias para redução de impactos ambientais no setor de transporte, o uso do gás natural nos diversos segmentos econômicos são itens relevantes em pauta. Esses exemplos mostram a complexidade das questões com que a agenda energética brasileira se depara. (ambienteenergia)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Uma aposta no poder da energia solar


O projeto Megawatt Solar, parceria entre Eletrobrás, Eletrosul, Universidade de Santa Catarina, a agência alemã GTZ, o Instituto Ideal e o banco alemão KfW, começa a sair do papel. Nesta sexta-feira, dia 5 de março, o Sistema Eletrobrás e a instituição financeira da Alemanha KfW assinam termo de compromisso para financiar o projeto que dotará o prédio-sede e os estacionamentos da Eletrosul de placas para geração de energia elétrica a partir do sol.
Segundo a Eletrobrás, o acordo prevê repasse de cerca de R$ 7 milhões a fundo perdido, além da cooperação técnica entre as entidades. O investimento total no projeto está estimado em R$ 13 milhões. Os sistemas serão instalados numa área de cerca de oito mil metros quadrados, tendo previsão de gerar, por ano, em média, 1,2 GWh; ou seja, energia equivalente ao consumo de 400 residências. Com o projeto, a sede da Eletrosul será o primeiro prédio público do país abastecido por energia fotovoltaica em grande escala.

Produção de coletores solares cresceu

Energia solar: produção de coletores cresce 18,9% em 2009

Uma pesquisa do Departamento de Aquecimento Solar (Dasol) revela que a produção brasileira de coletores solares cresceu 18,9%, em 2009, chegando a marca recorde nos últimos anos de 798 mil metros quadrados. Nos últimos cinco anos, o país registra um total de cinco milhões de metros instalados. O Brasil figura na lista dos maiores usuários do mundo, juntamento com China, Estados Unidos, Alemanha, Turquia, Japão e Austrália, como mostra relatório 2010 da Agência Internacional de Energia.
A expectativa dos fabricantes para os próximos anos é otimista. Segundo eles, a projeção de crescimento ficará entre 15%e 20%. As regiões que mais venderam a solução, no ano passado, de acordo com a pesquisa, foram o Sudeste, com 64%; o Sul, com 18%; o Centro-Oeste, com 12%; o Nordeste, com 5%; e o Norte, com 1%. (ambienteenergia)

sábado, 2 de outubro de 2010

Carro elétrico: por uma estratégia brasileira

O país precisa acelerar sua trajetória para fazer o carro elétrico uma realidade. É o que prega a publicação Estratégia de implantação do carro elétrico no Brasil, do Fórum Nacional Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), entidade dirigida pelo economista João Paulo dos Reis Velloso. O documento reúne textos de uma série de especialistas que abordam temas como os veículos elétricos e as ações do Ministério da Ciência e Tecnologia; Veículo elétrico, políticas públicas e o BNDES: oportunidades e desafios; Mobilidade elétrica no Brasil, uma opção de futuro; e Carro elétrico: desafio e oportunidade para o Brasil.
“É chegado o momento de o Brasil acordar para o fato de que está atrasado na corrida para o Carro Elétrico, quando deveria estar na vanguarda – como fez em relação ao carro a etanol”, comenta João Paulo dos Reis Velloso, coordenador da publicação, citando dados do Ministério do Meio Ambiente que mostram que o caro e a motocicleta são os grandes responsáveis pela poluição nas cidades brasileiras.
Segundo estes dados, “a frota de carros e motocicletas emite 40 vezes mais CO (Monóxido de Carbono) do que a frota de ônibus urbano”. “Em 2009, as emissões de CO por parte de carros e motos corresponderam a 83% do total desse gás… Os ônibus responderam por 2%”. “E o número de usuários foi equivalente.” O coordenador da obra também destaca outra vantagem dos veículos elétricos: a eficiência energética. (ambienteenergia)

Carro elétrico: tecnologias em questão

A indústria automobilística trabalha para oferecer tecnologias mais amigáveis do ponto de vista energético e ecológico e a eletrificação do carro é vista hoje como uma dassoluções neste sentido. As evoluções da engenharia na área e a aplicação da tecnologia no Brasil serão discutidas em painel sobre Veículos Leves, dia 5 de outubro, durante o Congresso SAE BRASIL 2010.
O painel – A evolução da Tecnologia para Eletrificação do Carro – reunirá especialistas de diferentes segmentos da engenharia para apresentações e debate de propostas tecnológicas sobre motores, eletrônica e baterias. “Também vamos discutir o impacto de uma demanda crescente de energia na infraestrutura energética dos diversos países”, adianta Fábio Ferreira, chairman do Comitê de Veículos Leves do Congresso SAE BRASIL.
Uma visão de montadora será dada pela Fiat Automóveis, com Leonardo Cavalieri, supervisor de Inovação, Acessórios e Veículos Especiais, que também falará sobre o carro conceito Palio Weekend Elétrico.
Gerenciamento e tecnologias de baterias será o tema de Alex Pacheco, diretor de Equipamentos da Johnson Controls. “Novas propostas para obtenção e armazenamento de energia elétrica saem dos laboratórios para o mercado, e a palestra mostrará como isso avança”, diz Fábio Ferreira.
Jörg Ohlsen, CEO da EDAG do Brasil, falará sobre o elétrico LightCar, desenvolvido pela EDAG, numa visão sistêmica sobre tecnologias. Quanto aos impactos no fornecimento de energia e os investimentos no país serão apresentados por Marcelo Rodrigues Soares, coordenador do Projeto de Veículos Elétricos da CPFL Energia, que já faz testes de pontos de recarga de veículos elétricos e plug-in na sua sede em Campinas, SP. A palestra também vai tratar sobre das ações da CPFL em veículos elétricos.
Emissões – Também no dia 5, será realizado o painel “Soluções para Reduzir o Consumo de Combustíveis e Emissões”. Fábio Ferreira conta que a indústria avança no desenvolvimento de veículos mais ‘verdes’. “Novas tecnologias voltadas ao aumento da eficiência dos motores e transmissões, além de materiais mais leves e melhorias aerodinâmicas são as apostas para redução do consumo e emissão de gases de efeito estufa”, diz.
Nesse painel, Augusto Dornelles Filho, gerente de Contas Estratégicas da DuPont, falará sobre novos materiais para redução do peso dos carros. “Hoje temos avanços no setor, como alumínio, fibra de carbono, resinas plásticas e outros elementos que resultam na queda do consumo de combustível e de emissões”, informa.
O painel contará, ainda, com palestra de Roberto Krenus, especialista de Engenharia da Delphi, que falará sobre tecnologias voltadas à eficiência de motores e transmissões; e também José Luiz Loureiro, gerente executivo da Volkswagen do Brasil, que abordará as novas tecnologias aplicadas em pneus e motor para reduzir o consumo e emissões. Serão abordados, ainda, impactos ambientais e tendências de legislação, por Ruy Quadros, coordenador de Extensão do Instituto de Geociência da Unicamp.
“Esse painel trará uma visão ampla da evolução dos veículos leves em trem-de-força, chassis e aerodinâmica para a diminuição do impacto no meio ambiente”, ressalta Fábio Ferreira.
O 19º Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL será realizado de 5 a 7 de outubro de 2010, no Expo-Center Norte, em São Paulo e contará com 136 trabalhos técnicos (“papers”) apresentados por engenheiros e profissionais de indústrias e universidades, sobre as diversas áreas da mobilidade, além de 20 painéis de debates, nas áreas de duas rodas, veículos leves, caminhões e ônibus, aeroespacial, ferroviário, tecnologia da informação, educação, internacional, gestão, máquinas agrícolas e construção e manufatura/qualidade.
Além dos “papers” e painéis, o Congresso SAE BRASIL 2010 reunirá em sua mostra tecnológica as principais marcas nacionais e estrangeiras da área da mobilidade, entre montadoras, sistemistas e demais empresas do setor, que irão apresentar tecnologias e serviços em seu estado de arte, em mais de 130 estandes.
O presidente do Congresso SAE BRASIL 2010, Egon Feichter, destaca que o maior objetivo do Congresso e Exposição SAE BRASIL é expor e debater as competências da engenharia brasileira e seus desafios visando soluções inovadoras para a mobilidade do futuro. Outro escopo é reunir as novidades tecnológicas desenvolvidas pelas principais empresas nacionais e internacionais do setor na exposição de tecnologias. “É no Congresso e Exposição SAE BRASIL que as montadoras, sistemistas e demais empresas do setor revelam os avanços tecnológicos que reservam para o futuro da mobilidade brasileira”, afirma. anos. (informações do SAE Brasil) (ambienteenergia)

Apoio aos veículos elétricos

Devem os governos apoiar a produção e a venda de veículos elétricos? Carlos Ghosn disse que sim, ao falar sobre a “Diversidade e o Futuro do Transporte Sustentável” em evento ocorrido em 6 de setembro de 2010, e publicado pelo Gulfnews.com.
Para Ghosh, presidente da Renault e da Nissan, os governos mundiais devem apoiar o desenvolvimento de carros elétricos através de incentivos para a compra desses veículos, apoiando assim a economia de escala a fim de permitir que os fabricantes reduzam os custos de produção ao nível de veículos a gasolina e diesel.
Ghosn revelou que em 2020 cerca de 80 milhões de carros deverão ser vendidos globalmente, dos quais 8 milhões (10%) serão carros elétricos. Disse ainda, que a tecnologia de produção dos veículos elétricos e das baterias está evoluindo rapidamente e os custos de produção caindo. “A Nissan tem mais de 60 parcerias em todo o mundo para vender seus carros elétricos”, revelou.
Hawaii formaliza parceria para uso do carro elétrico – Aliás, nesta última semana, o governo do Hawaii formalizou acordo de parceria com a Nissan, na América do Norte, para promover a utilização de veículos elétricos e infraestrutura para sua utilização.
A parceria foi anunciada em uma conferência de imprensa na Ásia-Pacífico Clean Energy Summit e Expo, que começou terça-feira, no Hawaii Convention Center e foi divulgado na sexta-feira, dia de setembro, pelo Pacific Business News.
Pelo acordo, a Nissan e o estado do Hawaii desenvolveram planos para promover a infra-estrutura de suporte, como por exemplo, a implantação e manutenção da rede de carregamento das baterias dos veículos elétricos. O governo haitiano deverá adotar o Leaf (modelo elétrico da Nissan) em sua frota.
E o Brasil se prepara para produzir mais energia limpa – Enquanto isso, usinas eólicas devem quintuplicar a capacidade instalada no Brasil até 2013, é o que prevê o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo de Maya Simões (publicado em 4/9/2010 em http://www.brasilalemanha.com.br).
Daí, mais um motivo para o governo brasileiro regulamentar e incentivar a venda de carros elétricos no país. Eventos de grandes envergaduras, como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, estão próximos e poderíamos dar bons exemplos ao mundo transportando, por exemplo, as delegações e autoridades em carros elétricos, não é mesmo? (ambienteenergia)

Salão do carro elétrico

O salão do Automóvel de Paris de 2010 será certamente um acontecimento histórico.
De fato, assinalará uma grande data na fascinante aventura do automóvel: a entrada do carro elétrico nas nossas cidades e zonas rurais. Há um século, ele já havia feito o seu ingresso pela primeira vez. Em 1899, foi apresentado em Paris o "Jamais Contente", um automóvel alimentado a eletricidade. Era um monstro, um foguete ao nível do chão, que viajava a 100 quilômetros por hora, e queria mais.
Indubitavelmente, o "Jamais Contente" não agradou. Foi abandonado, e o carro elétrico morreu. Soara a hora do petróleo. Para que as experiências elétricas fossem retomadas, foi preciso que o petróleo, maravilhoso produtor de energia, esbarrasse em seus dois limites: a ameaça de esgotamento das jazidas e uma poluição maciça.
Nos últimos dias, os jornais têm detalhado os modelos apresentados em Paris - i Miev da Mitsubishi, iOn da Peugeot, C-Zéro da Citroën e, daqui a um ano, o da Renault. Há também alguns modelos singulares: o californiano Tesla, que alcança 212 quilômetros por hora, a paixão das celebridades hollywoodianas. Mil e duzentos americanos já desembolsaram mais de US$ 140 mil para se exibirem a bordo de um Tesla, talvez em busca de aventuras.
Os modelos apresentados em Paris (Peugeot, etc.) são menos pretensiosos, mas estão fora do alcance de um bolso normal. Custam pouco mais de US$ 41.235 (apesar de um subsídio governamental de US$ 6.800). Evidentemente, os vendedores demonstrarão que esse exorbitante preço de lançamento logo será compensado porque a eletricidade é muito mais barata do que a gasolina.
No Salão de Paris, os visitantes têm direito a uma demonstração que exige uma capacidade matemática que ultrapassa em grande parte um cérebro comum, em todo caso o meu. Além disso, é mentira: a verdade é que, para amortizar o gasto inicial (US$ 41.235), será preciso rodar por muito tempo, talvez alguns milênios.
Fabricantes resolveram dotar os seus modelos de ruídos artificiais.
Outra singularidade: o carro elétrico é mudo, é totalmente silencioso. Os que o dirigem falam em sensações estranhas, dignas de um conto de fadas, um motor que se desloca a 120 quilômetros horários em um silêncio mágico. O carro desliza, move-se sem ruído, como as nuvens.
Para os amantes da música, é uma delícia: ouvindo Bach ou Monteverdi, ficarão livres das estáticas produzidas pelos aparelhos dos automóveis a gasolina.
Mas todo esse progresso tem um inconveniente. No pandemônio das nossas cidades, os pedestres se guiam pela visão, mas também pelo ruído. Muitos nem se dão ao trabalho de virar a cabeça para verificar se não há algum carro que os ameaça por perto. O barulho do motor, ao qual nossos ouvidos são tão sensíveis, serve de alarme.
Temendo, portanto, que os carros silenciosos se tornem um perigo público, os construtores resolveram dotar os seus modelos de ruídos artificiais, de modo a prevenir os pedestres. A japonesa Nissan prevê advertir os transeuntes por meio de um alto-falante ("Atenção! Atenção! Estou chegando. Cuidado, etc..."). Grotesco. Outros, sempre no Japão, fizeram uma escolha mais elegante, rústica: dotaram seus modelos de um dispositivo que produz um ruído semelhante ao dos cascos de cavalo sobre o calçamento.
Portanto, o círculo se fecha: com tanta modernidade e pós-modernidade, agora somos obrigados a pedir socorro ao fiacre, à diligência, ao percheron. Por que não acrescentar a estes habitáculos sem odores, que sequer cheiram à boa e velha gasolina, perfume de terra, de folhas mortas, e mesmo de cocô de cavalo ou de vaca? (OESP)