terça-feira, 30 de novembro de 2010

A energia eólica e os impactos ambientais

Processos judiciais e reclamações quanto aos impactos ambientais provocados pela energia eólica levanta a polêmica: afinal, este tipo de energia é a favor ou contra o meio ambiente?
Em tempos de preocupação com o meio ambiente – que em verdade é muito mais um caso de sobrevivência do que mera consciência ecológica – as questões de desenvolvimento sustentável e de matriz energética renovável ganha destaque mundial.
O Brasil, que já foi apontado por um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente como maior mercado mundial de energia renovável – apresenta-se como grande expoente no mercado de energias renováveis, tendo atraído a atenção de investidores estrangeiros e encontrado respaldo governamental por meio da realização de leilões em que se comercializa energia oriunda de fontes renováveis, a exemplo das eólicas, da biomassa e das PCHs (pequenas centrais hidrelétricas).
A grande estrela das fontes renováveis no Brasil tem sido inquestionavelmente a energia eólica. Nos dois leilões realizados em agosto de 2010 (leilão de energia de reserva e leilão de fontes renováveis), 70% da energia negociada provém dos ventos. Uma das grandes vantagens alardeadas da energia eólica – e são muitas – é o fato de ser uma fonte eminentemente limpa e “sem impacto” ao meio ambiente.
Contudo, já começam a circular notícias de problemas advindos dos impactos ambientais provocados pela energia eólica. Mas, afinal… a energia eólica causa ou não impacto ambiental?
Recentemente estão circulando notícias, principalmente pela internet, de ações judiciais e queixas sobre poluição sonora e visual, sobre desvalorização imobiliária das propriedades vizinhas dos gigantes cataventos, alteração nos componentes geoambientais (água, solo, morfologia, topografia e paisagem), alteração dos fluxos das marés e até alegações mais extremas como a que atribui aos sons e vibrações dos aerogeradores impactos fisiológicos como taquicardia, náuseas e visão turva.
O objetivo aqui não é analisar a veracidade ou não de tão drásticas alegações (até mesmo porque para isso são necessários dados técnicos e científicos válidos, até agora inexistentes), mas alertar para os extremismos das expressões e afirmações. A energia eólica causa impacto ambiental? Sim, causa, como eu causo, você causa, os animais causam, toda a humanidade e a modernidade causam (com certeza o meio ambiente era muito melhor quando os portugueses aproximaram suas naus da costa brasileira). Viver causa impacto ambiental. Enfim, tudo causa impacto ambiental. Portanto, condenar a energia eólica por causar impacto ambiental é condenar tudo o mais que existe no mundo.

Energia eólica terá banco de dados

O mercado de energia eólica ganhará uma boa referência. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) informou que receberá, a partir de fevereiro de 2011, as primeiras informações do banco de dados de geração eólica. Segundo a entidade, a solução será montada a partir da implementação dos parques eólicos negociados nos leilões de energia de dezembro de 2009 e agosto de 2010.
O banco de dados permitirá um inventário do potencial brasileiro de produção de energia dos ventos, permitindo, entre outros benefícios, a análise integrada do comportamento comum entre a geração eólica e a geração hidrelétrica. Via internet, os investidores repassarão, quinzenalmente, médias de medição efetuadas a cada 10 minutos. As informações que farão parte desse monitoramento agregam os seguintes dados: velocidade e direção dos ventos, temperatura local, umidade relativa do ar e pressão atmosférica.
O primeiro dos 71 parques negociados no Leilão de Reserva de 2009 fará o envio dos dados à EPE a partir de 16 de fevereiro de 2011 – cada parque começará a enviar as informações seis meses antes da entrada em operação. A EPE se reuniu em 8 de novembro de 2010, com os responsáveis técnicos dos parques eólicos vencedores do leilão de 2009. (ambienteenergia)

Prêmio a uma solução de baixo custo

Energia eólica: prêmio a uma solução de baixo custo
O estudante Eduardo Façanha de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará, recebeu em 18 de novembro de 2010, o prêmio Jovem Cientistica, que teve como tema “Energia e Meio Ambiente – Soluções para o Futuro”, na categoria Estudante do Ensino Superior. Ele venceu a premiação com a pesquisa “Conversor estático de baixo custo e alto rendimento para sistemas eólicos de pequeno porte”. A solução, que pode carregar baterias ou ser interligada à rede elétrica, é apropriada para residências e estabelecimentos de pequeno porte, garantindo a redução no uso de eletricidade.
O conversor projetado por Eduardo é destinado a sistemas de pequeno porte. Para carregar baterias, oferece uma potência de 350 watts, semelhante à de alguns aparelhos de som. O sistema interligado à rede elétrica de um quilowatt permite zerar a conta de energia elétrica de uma residência típica de classe média, durante a maior parte do ano. Nas duas formas de uso, o conversor procurar extrair a máxima energia disponível no vento e a torna compatível com o uso de aparelhos domésticos.
O aspecto econômico do aparelho elaborado pelo estudante se observa nas duas versões: ao ser usado na recarga de baterias, o conversor dispensa o uso de energia elétrica e, quanto interligado à rede elétrica, as turbinas movidas pelo vento geram parte da eletricidade, o que reduz o consumo de energia da rede.
Eduardo, que cursa o último ano de Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Ceará, explica que em centros urbanos, a existência de edifícios cria corredores de vento com velocidades variadas. Por isso, nesses locais, os aerogeradores mais adequados são os de eixo vertical, que são independentes da direção e intensidade dos ventos, operam em alturas reduzidas e produzem menos ruído.
Ainda pouco utilizada em meio urbano, a energia eólica tem nas cidades um mercado promissor. Para atender a essa demanda, Eduardo já está expandindo seu projeto, em parceria com um fabricante nacional de turbinas eólicas, para desenvolver sistemas aplicáveis a ambientes urbanos.
Os vencedores da XXIV edição do Prêmio Jovem Cientista receberam a premiação das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia no Palácio do Planalto. Este ano, os vencedores são dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará, Tocantins, Maranhão e Distrito Federal. (ambienteenergia)

domingo, 28 de novembro de 2010

Energia solar: uma solução para milhões

As primeiras obrigações solares térmicas no mundo já estão em vigor há mais de 30 anos. Estas obrigações em geral se constituem de disposições e normativas legais que impõe a instalação de sistemas de aquecimento solar nas edificações urbanas.
A obrigação está geralmente ligada à construção de novas construções ou de obras de reforma e, portanto, é de responsabilidade dos construtores e dos usuários assegurar e garantir que o sistema de aquecimento solar seja instalado de acordo com os requisitos técnicos específicos que costumam variar de legislação para legislação. Encontram-se a;inda muitas obrigações solares térmicas que estão relacionadas com a regulamentação térmica ou de eficiência energética de edificações.
O número de cidades, regiões e países que estão lançando mão das obrigações solares térmicas vem crescendo a cada ano e hoje mais de 150 milhões de pessoas na Europa vivem em regiões onde o aquecedor solar é um item obrigatório nas novas edificações. Fora da Europa, as obrigações solares também vem se disseminado como por exemplo no Uruguai, México, cidades da China, etc.
No Brasil, a obrigação legal é realidade na maior cidade do país, São Paulo e em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e dezenas de municípios vem trabalhando em prol desta diretiva. Em nosso inconsciente, o termo obrigação nem sempre é benvindo, mas é importante lembrar que hoje como se projetam nossas casas e edifícios nós somos literalmente obrigados a utilizar a energia elétrica ou o gás, dois energéticos muito importantes, mas que não deveriam ser destinados ao aquecimento integral de água em nosso país, onde o Sol é tão abundante e disponível. O Sol no Brasil, com a tecnologia já disponível, pode prover mais de 70% das necessidade anuais de água quente das edificações.
O aquecimento solar pode desempenhar um papel chave na redução das emissões, na maior disponibilização da matriz de energia elétrica brasileira e principalmente na melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos. Cabe lembrar que a energia solar térmica tem uma relação custo-benefício comprovada, sendo amplamente utilizada no mundo, onde mais de 280 milhões de metros quadrados de coletores solares já estão instalados.
Alguns outros argumentos convincentes para que nenhum edifício seja construído sem a energia solar térmica:
- a energia solar é inesgotável e facilmente disponível;
- o calor é produzido livre de emissões e no local de sua utilização (geração distribuída);
- os coletores solares podem ser esteticamente integrados à edificação e facilitam o conceito de planejamento urbano sustentável;
- a energia solar gera segurança no abastecimento de energia, novos empregos verdes e crescimento econômico.
A priori, a energia solar só não está mais disseminada porque nenhum grupo econômico descobriu como ser dono do Sol e, portanto, a energia solar é taxada inclusive com pretensões científicas de inviável e cara. Pergunte-se o que você quer para o futuro de sua cidade e tente enxergar os benefícios que o amplo uso do Sol nos traria. (ambienteenergia)

Energia solar: PE terá fábrica de placas

Pernambuco abrigará a primeira fábrica de painéis de geração de energia solar das Américas. Em 11 de novembro de 2010, o governador em exercício, João Lyra Neto, o presidente da Eco Solar do Brasil, Emerson Kapaz, e diretores da empresa suíça Oerlikon – que fornecerá a tecnologia e os equipamentos – , assinaram um protocolo de intenções para a construção de uma unidade no Parque Tecnológico de Pernambuco (Parqtel), no Recife.
Atualmente, existem apenas 13 fábricas desse gênero no mundo em países do leste europeu e da Ásia como China e Taiwan. O investimento é de R$ 500 milhões. Segundo Kapaz, o Banco do Nordeste do Brasil financiará 70% do valor, enquanto o fundo de investimentos europeu FXX Corporate aportará cerca de R$ 100 milhões. “Há ainda interesse de uma grande empresa brasileira e de um fundo de investimentos americano em participar do negócio”, garante.
A fábrica terá capacidade anual de produzir 850 mil painéis fotovoltaicos – responsáveis pela captação e armazenagem da energia solar. Um diferencial da nova tecnologia adotada pela Eco, chamada de “filme fino” é que as placas são feitas de material 100% limpo, mais eficiente e mais barato. “Pernambuco se sente muito feliz em sediar mais um investimento de vanguarda, com tecnologia de ponta, para produzir não só para o Nordeste e o Brasil, mas para o mercado mundial”, afirmou João Lyra Neto.
O número de empregos gerados é bastante significativo. Cerca de 400 postos de trabalho serão abertos durante as obras de construção da unidade, que começam em 60 dias. Outros 250 trabalhadores serão necessários para a sua operação, em 2012. Além desses, 1.300 homens irão atuar na instalação das placas.
Segundo Kapaz, além da logística, fez diferença para a escolha da empresa o forte desenvolvimento de Pernambuco, puxado pelo Complexo Portuário de Suape. “A estrutura e o potencial de Suape foram um diferencial. Mas esse é um pontapé inicial. A demanda vai ser muito grande, o Brasil ainda não descobriu sua força nesse setor”, disse, explicando que a produção pernambucana deverá ser exportada para os EUA, Chile, Peru e Argentina.
O uso dos painéis é abrangente. Vai de residências, estabelecimentos comerciais, bancos, supermercados, até grandes empresas. Uma placa – com tempo útil de vida de 25 anos – deve sair inicialmente em torno de R$ 320 e tem capacidade para armazenar até 150 watts. Para uma casa com quatro pessoas, por exemplo, seriam necessárias seis placas. A economia de energia ficaria em torno de 30%.
Também prestigiaram a cerimônia realizada no gabinete do governador no Palácio do Campo das Princesas, o secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Anderson Gomes, a secretária de Desenvolvimento Econômico em exercício, Danielle Duca, e o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Jenner Guimarães. (As informações são do governo de Pernambuco) (ambienteenergia)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Veículo elétrico: solução da academia

Da Secretaria de Comunicação da UnBJá imaginou chegar em casa e ligar o carro na tomada para “encher o tanque”? E dirigir pelas ruas sem aquela fumaça preta que contamina o ar e a poluição sonora vinda dos barulhentos motores? Pois essa é a realidade do carro elétrico, ideia que ganha cada vez mais espaço no mundo e no Brasil. O primeiro modelo genuinamente brasiliense deve ficar pronto em fevereiro. O veículo, batizado de BR 12v, é fruto da pesquisa de um grupo de estudantes da Faculdade UnB Gama.
A carcaça do modelo é de um Gurgel BR 800, primeiro carro criado e desenvolvido no Brasil, em 1988. Mas a tecnologia que vai dentro é de ponta. “Escolhemos adaptar o Gurgel por ter uma lataria mais leve, de fibra de vidro. Vamos retirar o motor antigo e inserir um novo, 100% elétrico”, explica o estudante Wagnei Lemes Martins, do 5º semestre de Engenharia Automotiva. Ele e outros nove alunos são orientados no projeto pelo professor Rudi Henri Van Els.
Cálculos e desenhos do BR 12v já estão prontos. O motor, que deve chegar até o fim do ano, será importado da Alemanha com recurso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Infelizmente, o motor ainda não é fabricado no Brasil”, explica o professor Rudi. A expectativa é que o Gurgel recapeado, e sem uma gota de gasolina, ganhe as ruas no início de fevereiro de 2011.
18 Baterias – O BR 12v contou com uma dose da improvisação tipicamente brasileira para sair do papel. A bateria usada nos carros elétricos que já circulam pela Europa, Estados Unidos, Índia e China, – de íons de lítio, semelhante às dos celulares – ainda não pode ser comercializada no Brasil por falta de legislação sobre o seu descarte. “O jeito foi usar as baterias convencionais para botar o carro em movimento”, diz Wagnei. Ao todo, nada mais nada menos que 18 baterias – pesando 4,2 kg cada – serão usadas no modelo da UnB.
Seis delas ficarão junto com o motor. As outras 12 serão acomodadas sob o banco de trás. “A bateria de lítio fornece até 15 vezes mais energia do que a convencional”, observa Wagnei. “Mas esse é só o primeiro passo. A ideia é que o carro seja um laboratório e que outros alunos possam aprimorar a tecnologia empregada ao longo dos anos”, incentiva. Por conta do peso das baterias, o motor com 15 cavalos de potência do guerreiro BR 12v só poderá carregar o motorista e um passageiro por vez.
Esqueça os postos de gasolina e o sobe desce do preço do combustível. O BR 12v será abastecido na tomada. “A cada 6h de carga o tanque está cheio e pronto para rodar até 45 km”, conta Wagnei. Segundo os pesquisadores, a vida útil das baterias é de aproximadamente quatro anos e a conversão de energia elétrica em mecânica no BR 12v chega aos 90% (na combustão é de 30%). “Estamos estudando num modo de realimentar a bateria quando o carro estiver na banguela”, adianta.
O possante, que chega aos 80 km/h, também é sinônimo de economia. Apesar de ainda não terem sido feitos cálculos precisos sobre os gastos para manter o modelo, a equipe garante que vale muito a pena para o bolso. “Calcula-se que ter um carro elétrico em casa eleve em cerca de 10% o consumo de energia por mês em uma residência comum”, diz Wagnei. Todo tipo de ruído também desaparece no modelo elétrico. “Teremos que fazer um sistema luminoso para indicar a troca de marcha”.
Na opinião do professor Rudi, a mudança é uma questão de tempo. “A tecnologia já não é um entrave, mas é preciso vontade política”, aponta. Segundo o especialista, o carro elétrico não se tornará uma realidade no Brasil enquanto não houver incentivos para a fabricação de peças no país. “As taxas de importação são altíssimas. Para ele se popularizar será preciso baratear o processo”, observa Rudi, destacando ainda a questão da sustentabilidade em torno da redução das emissões de gases poluentes.
Natureza – O apelo ambiental pela substituição dos carros convencionais pelos elétricos faz sentido. “Hoje estima-se que 23% das emissões de CO2, (gás causador do efeito estufa) venha dos carros a combustão”, conta o professor Carlos Gurgel. Especialista do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB, ele ainda destaca as melhorias na qualidade de vida das grandes cidades. “Boa parte dos problemas respiratórios, que geram altos gastos para o Estado, vem da péssima qualidade do ar”.
Por outro lado, o pesquisador alerta para a alta demanda de energia elétrica que seria necessária para “abastecer” os veículos. “Imagina todo brasileiro plugando o carro na tomada para recarregar as baterias. Seria necessário inaugurar várias hidrelétricas, o que acarretaria em um alto impacto ambiental”. Gurgel ainda alerta sobre o mito de que os carros elétricos não poluem. “O processo de fabricação, que também gera impacto e poluição, é praticamente o mesmo. Sem falar no descarte das baterias”.
Polêmicas à parte, o pesquisador da UnB Cristiano Vaz ressalta a importância do debate. “É uma ideia interessante diante da pressão pela quebra de paradigmas energéticos no século XXI”. No entanto, o engenheiro, que não acredita na consolidação do carro elétrico no Brasil nos próximos 10 anos, alerta para a necessidade de preparar o terreno para receber o modelo. “Podemos trocar seis por meia dúzia. É preciso planejamento para assegurar o acesso e evitar um colapso energético”.
Você sabia?
O Itaipu, primeiro carro elétrico brasileiro, foi produzido pela Gurgel Motores em 1974.

Carro elétrico percorre 26 mil km na América

Cinco estudantes da universidade britânica Imperial College chegaram à cidade argentina de Ushuaia usando um automóvel elétrico, depois de partir em julho de Fairbanks, no Alasca, e percorrer 26 mil quilômetros e 14 países.
O veículo, batizado de SRZero, foi resultado de um projeto da faculdade dos estudantes – três alemães, um britânico e um holandês.
Todos os membros envolvidos no projeto britânico posam atrás do SRZero
"O objetivo da viagem foi mostrar que o veículo elétrico funciona para longos trajetos e é parte da solução para o meio ambiente"
Foram dois anos de trabalho para amadurecer esse sonho”, explicou o alemão Toby Schulz.
Os estudantes transformaram um carro esportivo a gasolina em um modelo elétrico com 400 cavalos.

Carro elétrico: por uma estratégia brasileira

O país precisa acelerar sua trajetória para fazer o carro elétrico uma realidade. É o que prega a publicação Estratégia de implantação do carro elétrico no Brasil, do Fórum Nacional Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), entidade dirigida pelo economista João Paulo dos Reis Velloso. O documento reúne textos de uma série de especialistas que abordam temas como os veículos elétricos e as ações do Ministério da Ciência e Tecnologia; Veículo elétrico, políticas públicas e o BNDES: oportunidades e desafios; Mobilidade elétrica no Brasil, uma opção de futuro; e Carro elétrico: desafio e oportunidade para o Brasil.
“É chegado o momento de o Brasil acordar para o fato de que está atrasado na corrida para o Carro Elétrico, quando deveria estar na vanguarda – como fez em relação ao carro a etanol”, comenta João Paulo dos Reis Velloso, coordenador da publicação, citando dados do Ministério do Meio Ambiente que mostram que o caro e a motocicleta são os grandes responsáveis pela poluição nas cidades brasileiras.
Segundo estes dados, “a frota de carros e motocicletas emite 40 vezes mais CO (Monóxido de Carbono) do que a frota de ônibus urbano”. “Em 2009, as emissões de CO por parte de carros e motos corresponderam a 83% do total desse gás… Os ônibus responderam por 2%”. “E o número de usuários foi equivalente.” O coordenador da obra também destaca outra vantagem dos veículos elétricos: a eficiência energética. (ambienteenergia)

Brasil vê 1º carro movido a etanol e eletricidade

Montadora Obvio!, vendida ao fundo inglês Capadoccia, apresentou em 05/11/10 no seu País seu equipado com motor desenvolvido na Inglaterra.
"Protótipo. Motor do Obvio 828H foi desenvolvido com a ajuda de engenheiros brasileiros"
O governo Lula deve deixar para a equipe da presidente eleita Dilma Rousseff o programa de incentivo aos veículos elétricos e híbridos. Após idas e vindas, com direito até a evento de anúncio suspenso cinco minutos antes do horário previsto - em maio -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se posicionou sobre um projeto nacional.
Em visita na semana passada ao Salão do Automóvel em São Paulo, Lula entrou em alguns dos 20 modelos híbridos e elétricos expostos no evento e ainda ganhou, em regime de comodato, um Ford Fusion híbrido, movido a gasolina e eletricidade.
Mas, enquanto a definição do programa não vem, grupos empresariais antecipam anúncios de projetos por acreditarem que o Brasil precisa estar na rota da eletrificação veicular. Hoje à noite, em evento no Consulado Britânico, em São Paulo, o grupo inglês de investimento Capadoccia, que recentemente adquiriu a empresa brasileira Obvio!, apresenta o 828H, minicarro híbrido que terá eletricidade gerada por um motor a etanol.
É o primeiro motor com essa tecnologia no mundo. Até agora, os modelos disponíveis em diversos países operavam com gasolina ou diesel. O propulsor foi desenvolvido na Inglaterra, com ajuda de engenheiros brasileiros. É um motor de alta eficiência que vai gerar energia para carregar a bateria elétrica, que também pode ser carregada na tomada. Se fosse vendido hoje, o 828H custaria entre R$ 150 mil e R$ 200 mil.
O evento de hoje é dirigido a um grupo de 200 pessoas, a maioria empresários britânicos que atua no País e também pilotos e organizadores da Fórmula 1. É a primeira vez que o carro, já visto em salões nos EUA, será mostrado em um evento no País. 'Temos grande interesse no desenvolvimento de tecnologias para diminuir os níveis de emissão de carbono', diz John Doddrell, cônsul em São Paulo.
Será lançado durante o evento um sistema de geração de energia sem fio desenvolvido pelo grupo Halo. O Capadoccia anuncia ainda parceria com a Gevco, empresa pertencente ao grupo inglês Lotus, que está desenvolvendo uma família de carros elétricos, um deles compacto para quatro pessoas, chamado de e-City. Futuramente, o modelo também poderá ser fabricado no Brasil a preços bem mais competitivos que o 828H, diz Ricardo Machado, presidente da Obvio!.
'Aguardamos a decisão do governo sobre um programa de incentivos à eletrificação', informa Machado. Os governos de todos os países que estão lançando carros elétricos oferecem incentivos para a compra.
O Capadoccia tem planos de montar uma fábrica no Brasil, mas, sem medidas governamentais, poderá ir para o México.
Fábrica. Outra iniciativa é a do empresário Eike Batista, da EBX. Ele anunciou que vai construir uma fábrica de carros elétricos no Porto do Açu, no Rio de Janeiro. Disse que já existem negociações com fornecedores de tecnologia japoneses e europeus e que a ideia é iniciar a produção em até quatro anos. O investimento estimado é de US$ 1 bilhão.
Mais uma empresa a manifestar interesse foi a Oxxor Motors, que assinou acordo de intenções com a Prefeitura de Campo Largo (PR). A Mitsubishi do Brasil mostrou em várias eventos e também ao presidente Lula um compacto elétrico feito pela marca no Japão, o i-MiEV e não descarta a produção local no futuro.
No Consulado também serão expostos modelos de alto luxo das marcas inglesas Aston Martin, Mini, Jaguar e Land Rover. 

SP terá ônibus movido a etanol a partir de maio

São Paulo vai implementar a primeira frota do país com ônibus movidos a etanol aditivado na tentativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e cumprir a meta de chegar a 2018 com toda a frota de transporte público movida a combustíveis renováveis.
O protocolo de intenção assinado em 23/11/2010 prevê que o município terá 50 veículos adaptados para rodar com este combustível, a partir de maio de 2011.
O convênio foi firmado entre prefeitura, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a fabricante dos ônibus Scania, a fornecedora de etanol Cosan e a operadora Viação Metropolitana.
O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab não informou o montante necessário para implementar o programa. Disse apenas que parte dos recursos para custear a adaptação dos ônibus virão das multas aplicadas aos veículos que foram reprovados na inspeção veicular.
"O recurso virá de um programa ambiental para outro programa ambiental", disse. Ele acrescentou que a iniciativa corrige falha grave na cidade que, apesar da grande frota movida a etanol, ainda não usa o combustível no transporte público.
Prefeitura e empresas não quiseram falar sobre o custo de implantação do projeto. O presidente da Unica Marcos Jank apenas ponderou que o compromisso firmado com a prefeitura prevê que o preço do etanol usado nestas 50 unidades não deve superar o do diesel.
Levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) indica que o preço médio do diesel em novembro em São Paulo é de R$ 1,99 por litro.
A prefeitura espera que 100% da frota de transporte público utilize combustíveis renováveis até 2018, de acordo com meta prevista em lei. "Mas nossa expectativa é que a maior parte destes veículos seja movida a etanol", disse Jank, acrescentando que a frota municipal de transporte público tem 15 mil ônibus.
Segundo Jank, a medida representa o ponta pé inicial da lei municipal de mudança do clima, porque este combustível permite reduzir em até 70 por cento as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, em relação ao diesel. Ele explicou que se tratam de veículos com motores a diesel que são adaptados para rodar com a mistura de etanol e aditivo.
A Cosan, maior grupo de açúcar e etanol do Brasil, ficará responsável pelo fornecimento e distribuição do combustível. "Nosso objetivo é viabilizar o projeto da prefeitura", disse Mark Lyra, diretor de novos negócios da companhia, sem especificar o custo da operação.
O diretor da Cosan estima que os 50 veículos consumirão mensalmente cerca de 300 mil litros do combustível, que será composto por 95 por cento de etanol e 5 por cento do aditivo promovedor de ignição, atualmente importado, mas que segundo ele, no futuro será produzido no país.
A Scania vai fabricar os ônibus na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo. A empresa já fornece veículos deste tipo para a Suécia, que conta com frota movida a etanol desde a década de 90. A capital sueca tem hoje mais de 700 ônibus que rodam com este combustível. A Suécia é o maior importador europeu do biocombustível brasileiro, segundo a Unica.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Soluções para pesquisa sobre etanol

Bioenergia: soluções para pesquisa sobre etanol de segunda geração
Da Agência Ambiente Energia - O segmento de etanol de segunda geração está na mira da Acatec, que representa no Brasil fornecedores dos Estados Unidos e do Canadá de soluções de análise científica para esta área. Com foco em centros de pesquisas e laboratórios de universidades brasileiras que estudam a produção de etanol celulósico, a empresa estima fechar este ano com um faturamento 30% maior. A empresa também fabrica instrumentos para análise de teor de sacarose da cana-de-açúcar, voltados para usinas de produção de açúcar e álcool.
“Hoje, muitas universidades estão fazendo pesquisas sobre combustível de segunda geração, produzido a partir de fibras de vegetais”, comenta Affonso Celso de Aquino, diretor da Acatec, empresa fundada em 1971, que acompanhou de perto a evolução do programa brasileiro Proalcool. Um dos principais clientes da Acatec é o Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), para o qual já negociou um conjunto de equipamentos, entre eles o chamado filtro semi-industrial voltado para pesquisa do etanol de segunda geração.
Fabricado pela Pope Scientific, dos Estados Unidos, o equipamento chamado de Nutsche permite reter partículas sólids nos processos de aprimoramento de novas tecnologias para a produção de etanol, como a hidrólise do bagaço e o uso da palha para a produção de energia. “O CTBE é um dos principais parceiros tecnológicos da Acatec. É um centro de referência para pesquisas sobre etanol de segunda geração, cujos resultados, certamente, chegarão depois para as indústrias”, comenta o executivo, de olho também nas oportunidades de negócios oferecidades pelos laboratórios de universidades federais.
Outro produto da Pope Scientific que a Acatec representa no Brasil é o reator piloto para produção semi-industrial, indicado para decomposição da estrutura celular da matéria orgânica, que trabalha com maiores volumes de materiais analisados. O catálogo de produtos da Pope conta ainda com evaporadores e destiladores utilizados após o processo de fermentação para separar as substâncias usadas para pesquisa e produção do biocombustível.
A empresa também representa a norte-americana Parr Instrument Company, fabricante de reator de laboratório, que desempenha função similar ao do produto da Pope, só que trabalhando com um menor volume de material orgânico analisado. Da Conviron, do Canadá, a Acatec forne no Brasil câmaras de crescimento de plantas, equipamentos que fazem testes de temperatura, luminosidade e umidade nas pesquisas para o desenvolvimento e avaliação da eficiência de novas cultivares. A empresa também fornece produtos da norte-americana Spex.
Além de representar fabricantes mundiais de vários setores como o de biocombustíveis, petroquímico, petrolífero, automobilístico, alimentício e farmacêutico, por exemplo, a Acatec fabrica sacarímetros e refratômetros, soluções utilizadas para a análise do teor de sacarose da cana-de-açúcar e da qualidade do açúcar após o processo industrial. A empresa tem uma base de mil equipamentos instalados em usinas de açúcar, etanol e destilarias do país. “São produtos que auxiliam na qualidade da cana”, diz o executivo. (ambienteenergia)

Biogás proveniente dos resíduos sólidos urbanos

Aproveitamento do Biogás proveniente dos resíduos sólidos urbanos para geração de energia elétrica: estudo de caso em São Paulo
O biogás, formado a partir da degradação da matéria orgânica, é composto por uma mistura de gases, sendo os principais componentes o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que é um gás de efeito estufa com potencial de aquecimento global cerca de 21 vezes maior se comparado ao CO2. A produção do biogás é possível a partir de uma grande variedade de resíduos orgânicos como resíduos sólidos urbanos, resíduos de atividades agrícolas e pecuárias, suinocultura, lodo de esgoto, entre outros. Os aterros sanitários podem dispor de técnicas de captação do biogás produzido e sua posterior queima em flare, onde o metano é transformado em dióxido de carbono, minimizando o impacto ambiental.
Além da oportunidade de reduzir os danos ambientais, o biogás pode ser utilizado como combustível na geração de energia elétrica, agregando desta maneira, ganho ambiental e redução de custos, devido à diminuição de compra da energia consumida da concessionária local. Neste contexto, este artigo apresenta o projeto de aproveitamento de biogás proveniente do tratamento de resíduos sólidos urbanos para geração de energia elétrica e iluminação a gás, desenvolvido pelo CENBIO. Este projeto encontra-se em desenvolvimento e os resultados obtidos fornecerão subsídios técnicos e econômicos para sua replicação. (matrizlimpa)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Indústria pode economizar 25% de energia

Responsável por quase 40% do consumo da energia produzida no País, a indústria poderia economizar 25% dessa conta com medidas de eficiência e inovação tecnológica, indica um estudo coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que será apresentado hoje em São Paulo.
O potencial de redução de emissão de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, apresentado pelo estudo para um período de 20 anos, até 2030, equivale a mais da quinta parte de todo o corte de emissões de carbono com o qual o Brasil se comprometeu nas metas do clima até 2020 - de cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono.
A indústria não teve especificada ainda a sua cota nas metas oficiais.
Um primeiro segmento, objeto de análise por um plano setorial, ainda em estágio preliminar de discussão, é o da siderurgia. A expectativa é de que a indústria contribua, sobretudo por meio de medidas de eficiência energética.
'Trata-se de um desafio possível de responder', disse a diretora de relações institucionais da CNI, Heloísa Menezes. 'Mas há mudanças a serem feitas, que vão precisar contar com incentivos', completou.
Potencial. A indústria siderúrgica aparece no estudo da confederação com o maior potencial absoluto de corte no consumo de energia. Em termos porcentuais, é a indústria cerâmica quem tem o maior potencial.
'Boa parte dos fabricantes de cerâmica vermelha é de empresas de pequeno e médio porte, que ainda utilizam fornos e processos ineficientes', afirma o estudo.
O potencial de eficiência energética levou em conta as tecnologias disponíveis e também o consumo mínimo e médio de energia elétrica e térmica pelos vários segmentos da indústria. Mas esse potencial de eficiência energética não considerou a disposição dos setores de bancar investimentos nem o custo das mudanças necessárias para reduzir o consumo de energia.
A indústria química, a de papel e celulose e a de cimento aparecem, respectivamente, em terceiro, quarto e quinto lugares no ranking dos setores que mais podem reduzir o consumo de energia. Consequentemente, são as naturais candidatas a reduzirem a emissão de gases-estufa. (OESP)

Publicação aponta alternativas energéticas

Aviação: publicação aponta alternativas energéticas
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) lançou a publicação “Biocombustíveis Aeronáuticos – progressos e desafios”, na busca de uma alternativa complementar em combustíveis para aviação. O documento aborda pontos como evolução, especificação, projetos e programas recentes no Brasil e no exterior, além de destacar as perspectivas e desafios tecnológicos e econômicos para o uso efetivo desse combustível alternativo.
Na busca por alternativas energéticas para aviação, a publicação aponta desafios como apresentar elevada densidade energética e atender a especificações rigorosas de qualidade; apresentar bons indicadores de sustentabilidade ambiental; alcançar níveis mínimos de competitividade econômica; e finalmente reduzir o elevado protecionismo existente no mercado de biocombustíveis. (ambienteenergia)
Biocombustíveis Aeronáuticos – Progressos e desafios
Este documento técnico, produzido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), trata dos biocombustíveis aeronáuticos, uma alternativa complementar em combustíveis de aviação. Nesse contexto, são aqui apresentados a sua evolução, especificação, projetos e programas recentes no Brasil e no exterior, bem como as perspectivas e desafios tecnológicos e econômicos para o uso efetivo desse combustível alternativo. (matrizlimpa)

sábado, 20 de novembro de 2010

Economia do hidrogênio: uma introdução

O conceito de um novo sistema de conversão de energia chamado Célula a Combustível começa a despertar interesse cada vez maior na população em geral, deixando de ser um tema restrito à comunidade técnico-científica e empresarial. Este conceito vem sempre associado à crescente preocupação de preservação ambiental, a automóveis elétricos não poluidores e à geração distribuída de energia com maior eficiência. Porém, o conceito de células a combustível é bem mais abrangente, e se insere na chamada “economia do hidrogênio”. O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo e foi identificado pela primeira vez pelo cientista britânico Henry Cavendish, em 1776, sendo denominado de “ar inflamável”.
O gás hidrogênio (H2) não está presente na natureza em quantidades significativas sendo, portanto, um vetor energético, ou seja, um armazenador de energia. Para sua utilização, energética ou não, deve ser extraído de uma fonte primária que o contenha. A energia contida em 1,0 kg de hidrogênio corresponde à energia de 2,75 kg de gasolina. Entretanto, devido à sua massa específica (0,0899 kgNm-3 a 0°C e 1 atm), a energia de um litro de hidrogênio equivale à energia de 0,27 litro de gasolina.
A obtenção do gás hidrogênio é bastante flexível, sendo esta uma de suas características mais interessantes. Pode ser obtido a partir de energia elétrica (via eletrólise da água), pelas fontes: hidroelétricas, geotérmicas; eólica e solar fotovoltaica, todas geológicas e também da eletricidade de usinas nucleares. Pode ainda ser obtido da energia da biomassa (via reforma catalítica ou gaseificação, seguido de purificação), como: etanol; lixo urbano; rejeitos da agricultura, etc.
As fontes de hidrogênio mais viáveis economicamente hoje são, entretanto, os combustíveis fósseis (via reforma catalítica ou gaseificação e purificação): petróleo; carvão e gás natural. Esta flexibilidade em relação à sua obtenção permite que cada país escolha a melhor maneira de produzir o hidrogênio segundo suas próprias disponibilidades. Assim, para citar alguns exemplos, a Rússia tem a opção de hidrogênio de origem nuclear; a Argentina, por sua vez, pelo hidrogênio de origem eólico e o Brasil direciona-se na produção de hidrogênio a partir do bioetanol.
Atualmente, as aplicações não energéticas do hidrogênio correspondem, aproximadamente, a 50%, o refino do petróleo a 40% e aplicações energéticas a 10%. Portanto, a utilização energética do hidrogênio não é uma novidade. Quando se ouve falar em hidrogênio vem à mente, de imediato, a ideia de uma fonte renovável e limpa de energia. Não é bem assim, esta ideia somente é verdadeira se o hidrogênio for obtido de fonte renovável e, neste caso, tem-se o chamado hidrogênio verde ou green hydrogen. Se a fonte é fóssil, tem-se o hidrogênio negro ou black hydrogen, que ainda é produzido com emissões nocivas ao meio ambiente.
A Economia do Hidrogênio – A história da humanidade mostra vários períodos de utilização de diferentes fontes primárias de energia. Assim, pode-se citar a madeira como a primeira utilizada pelo homem. Segue-se a este período a era do carvão que, associada a desenvolvimentos tecnológicos, possibilitou a revolução industrial na Inglaterra. Denomina-se de “economia do carvão” este período da história, em que grande parte da energia que alimentava a economia provinha, do carvão. Seguiu-se a “economia do petróleo”, que é a atual com a ascensão da “economia do gás natural”. Interessante notar que houve uma decarbonização progressiva das fontes primárias de energia, sendo o metano, hoje, o mais limpo ambientalmente.
Vive-se também uma crescente “economia nuclear”, que tem, entretanto, um crescimento lento devido a fatores de aceitação pública e de não-proliferação. Seu futuro é incerto, embora muitos estudiosos afirmem, com certa razão que, em grande escala, não será possível evitar esta forma de produção de energia num futuro próximo. Outra observação interessante diz respeito à geografia. Todos os recursos naturais de fontes de energia primárias estavam ou estão localizados em certas regiões do planeta, beneficiando, naturalmente, os países destas regiões. Este fato, inevitavelmente, gerou e gera conflitos político-econômicos e até guerras.
Considerando-se que as fontes fósseis são finitas e, portanto, os preços aumentam gradativa e seguramente, seu consumo é ineficiente sob o ponto de vista energético, a localização de suas reservas geram conflitos políticos e, por fim, mas não menos importante, que a queima destes combustíveis gera emissões nocivas ao meio ambiente (exceto a nuclear), pode-se sonhar com uma Economia do Hidrogênio. Projeta-se para a década de 2080 que 90% da energia provirá do hidrogênio. Seguramente, o gás natural fará, como fonte principal de hidrogênio hoje, uma ponte entre o hidrogênio negro e o verde, de origem não fóssil.
Por volta de 2080, então, as emissões poluidoras do meio ambiente seriam insignificantes; a eficiência de conversão energética química/elétrica seria pelo menos o dobro da atual e os conflitos geopolíticos seriam atenuados. Todos os fatores listados acima corroboram com a introdução da economia do hidrogênio na nossa sociedade. Quais seriam então os pontos críticos para este desenvolvimento? O primeiro é o fato de o hidrogênio ser um vetor energético, ou seja, não estar disponível na natureza, elevando o seu custo a valores não competitivos comercialmente para fins energéticos em grande escala. Outros pontos críticos seriam a segurança em seu manuseio, seu armazenamento e transporte assim como o desenvolvimento tecnológico e o preço das células a combustível, equipamento mais adequado para sua conversão em energia elétrica (e térmica). O debate é amplo, necessário, e às vezes controverso, não apenas da comunidade científica, como também dos políticos responsáveis pelas ações estratégicas e empresários do setor.
Entretanto, podem-se citar alguns consensos sobre a futura economia plena do hidrogênio. A primeira é que esta já começou, não se tratando, portanto, de assunto do futuro, como se ouve, frequentemente. As tecnologias de células a combustível, da produção, do armazenamento e transporte de hidrogênio já existem, embora ainda não maduras. A degradação do meio ambiente e suas consequências, como o aquecimento global é um fato insustentável a médios e longos prazos. Portanto, o que falta para acelerar a introdução desta nova economia no planeta? Resumidamente, redução de custos, tanto da produção de hidrogênio como de células a combustível; amadurecimento destas mesmas tecnologias para aplicações automotivas, estacionárias e portáteis, e instalação de infraestrutura adequada à sua utilização. Neste ponto uma comparação faz-se útil.
Imagine os tempos iniciais da invenção do automóvel. Não havia infraestrutura para a rolagem dos automóveis, que acarretava, por sua vez, preços proibitivos. A gasolina não era nem abundante nem barata e tampouco se encontrava em cada esquina. Pois bem, aproximadamente cem anos depois, o automóvel tornou-se acessível, existem estradas para sua rolagem e pode-se abastecê-lo em qualquer lugar, ou seja, aprendemos a lidar com o combustível. Com a produção em massa dos equipamentos e o aumento do mercado, os preços caíram. Esta mesma curva de aprendizado aplica-se, obviamente, à nova economia do hidrogênio.
Uma outra grande mudança ocorrerá com a introdução da economia do hidrogênio. As células a combustível se prestam à geração distribuída de energia elétrica, com unidades de relativo pequeno porte (alguns Watts até alguns MW), se comparadas com as centrais elétricas atuais (de até milhares de MW). Entende-se por geração distribuída de energia elétrica a geração in loco, independente da rede, com a compra, então, de um combustível, hidrogênio, ou mais adequadamente, um combustível primário rico em hidrogênio, a ser reformado localmente, fato que evita dispendiosas linhas de transmissão, e que, consequentemente, aumenta a confiabilidade desta energia produzida localmente, evitando ou minimizando apagões. Outra observação leva à seguinte reflexão. Como o hidrogênio pode ser obtido de diversas maneiras, qualquer país ou região do planeta pode obtê-lo.
Neste caso, com a introdução da Economia do Hidrogênio tem-se, pela primeira vez na história da humanidade, uma democratização das fontes de energia, que seguramente vai gerar mais progresso e menos tensões políticas. Os obstáculos à introdução da economia do hidrogênio não se configuram como dificuldades intransponíveis. Ao Contrário, apontam um elenco de oportunidades para o surgimento de novas empresas de bens e serviços, como demonstrado pelas tecnologias emergentes do setor. O Brasil está elaborando seu roteiro para a economia do hidrogênio e possui um programa nacional de pesquisa e desenvolvimento para a tecnologia de célula a combustível e hidrogênio. Atualmente, várias instituições brasileiras estão atuando em áreas de pesquisa e desenvolvimento neste setor com vários projetos em andamento. Novas empresas brasileiras já apresenta.
O etanol no Brasil - A opção brasileira pelo hidrogênio obtido, principalmente, do etanol deveu-se a vários fatores, que tornam esta escolha interessante. O etanol é um combustível líquido, de fácil armazenamento e transporte, já havendo toda a infraestrutura para produção, armazenamento e distribuição em todo o território nacional. Além disso, o etanol possui outras características muito importantes, como ser pouco tóxico e ser um biocombustível, portanto, renovável. É um insumo rico em hidrogênio. A participação do etanol na matriz energética nacional tem crescido muito nos últimos anos (em 2006, correspondia a 14% e, em 2007, a 16%, tornando-se a segunda fonte de energia da matriz nacional), principalmente devido a dois fatores: a sua mistura à gasolina (de 20 a até 25%) e o grande desenvolvimento e sucesso comercial dos carros chamados flex ou bicombustíveis.
O etanol brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar, é o biocombustível mais produtivo do mundo hoje, com 6.000 litros/hectares-ano, a um custo de US$ 0,22 por litro (anidro). Esta produtividade pode crescer até 14.000 litros/hectares-ano, com o desenvolvimento de novas tecnologias. Apenas por comparação, o etanol do milho nos EUA tem uma produtividade de 3.000 litros/hectares-ano. Outro ponto interessante é o seu excelente balanço energético. Cada Joule não renovável, usado na produção de etanol, resulta em 9 Joules renováveis. Outra vez, a título de comparação, esta relação para o álcool dos EUA é de 1,5 e para o biodiesel na Alemanha é de 3,0.
A produção atual de etanol no Brasil é de aproximadamente vinte bilhões de litros por ano, o que corresponde a uma área ocupada para plantação de 5,4 milhões de hectares (0,6% do território nacional). A área apta a esta cultura é de 12% do território nacional. A cobertura vegetal do Brasil é de 851 milhões de hectares, dos quais 464 milhões de hectares (54%) são florestas; 297 milhões de hectares (35%) são para agricultura e pastagem; 73 milhões de hectares (9%) são campos e savanas e 17 milhões de hectares (2%) são cidades, rios e outros. Principalmente as áreas de pastagem degradadas são previstas para o aumento da demanda desta plantação, sem, então, prejudicar recursos naturais ou produção de alimentos. Podem-se salientar, ainda, outros motivos para a utilização do etanol como armazenador renovável de hidrogênio, além da grande produção e distribuição em todo o país. A experiência prévia em normas e comercialização; o fato de ser menos tóxico que o metanol; questões ambientais, (efeitos de emissões da queima do etanol ainda não estão bem estudados) e de eficiência em relação à sua combustão direta, e, finalmente, ser viável para distribuição em regiões isoladas.
As células a combustível - O desenvolvimento da tecnologia de células a combustível tem crescido nos últimos 40 anos devido a vários fatores, como o desenvolvimento na área de novos materiais e a crescente demanda por fontes de energias limpas e eficientes. Embora a tecnologia de células a combustível não esteja ainda completamente estabelecida, verifica-se que a sua implementação no mercado não deve tardar, pois já está assegurada em nichos onde o fator meio ambiente é preponderante. Além disso, este energético pode, num médio prazo, dependendo de seu desenvolvimento tecnológico, representar um papel importante no cenário mundial de energia.
Células a combustível são, em princípio, baterias, ou seja, conversores diretos de energia química em energias elétrica e térmica, produzindo corrente contínua pela combustão eletroquímica a frio de um combustível, geralmente hidrogênio. Entretanto, elas diferem das baterias por possuírem alimentação contínua externa de um combustível. Células unitárias apresentam um potencial aberto de 1 a 1,2 V e liberam, sob solicitação, de 0,5 a 0,7 V(CC). Estes valores de potencial são, sob o ponto de vista prático, muito baixos. A necessidade de empilhamento em série de várias unidades de células (200 a 300, também chamado módulo) torna-se óbvia, a fim de se obter potenciais práticos da ordem de 150 a 200 V.
Uma das vantagens inerentes às células a combustível é a sua eficiência relativa ao combustível. Geralmente, classificam-se os vários tipos de células a combustível pelo tipo de eletrólito utilizado e, consequentemente, pela temperatura de operação. Os principais tipos de células de baixa temperatura de operação (de temperatura ambiente até 200°C) são: as células alcalinas (alkaline fuel cell), ou simplesmente AFC; as células a membrana polimérica trocadora de prótons (proton exchange membrane fuel cell), ou PEMFC; as células a ácido fosfórico (phosphoric acid fuel cell), ou PAFC. Os principais tipos de células de alta temperatura de operação (de 200°C até 1000°C) são: as células a carbonato fundido (molten carbonate fuel cell), ou MCFC; as células de óxido sólido (solid oxide fuel cell), ou SOFC. Esses dois tipos de células, MCFC e SOFC, encontram-se, atualmente, em uma fase de desenvolvimento tecnológico e comprovação técnico-econômica. (ambienteenergia)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A eletricidade gerada por tração animal

Aposentado utilizou sucata para desenvolver gerador que pode alimentar rádio, TV, celular e bomba d'água.
Está nascendo, em Bauru (SP), a máquina que poderá levar às regiões distantes das redes de distribuição uma solução de baixo custo para a falta de eletricidade. Trata-se de um gerador construído com sucata e capaz de produzir até 80 ampères (o equivalente a 16 CV), movido por tração animal, como as antigas olarias e engenhos de açúcar e aguardente.
Seu inventor, o aposentado Sebastião Pereira da Silva, de 82 anos, conhecido na cidade como "professor Pardal", montou o aparelho utilizando o diferencial e a bateria de um caminhão, o alternador de um automóvel e um conjunto de engrenagens que ele próprio desenhou, para fazer a força animal chegar ao dínamo com 2.800 RPMs. Isso é suficiente para gerar a energia que alimenta rádio, TV, telefone celular, bomba d"água, casa de farinha, carrega baterias e ilumina até uma quadra inteira.
Escala comercial. O protótipo foi exibido para alguns possíveis interessados e a aceitação levou Silva a decidir pela produção das primeiras 25 unidades de série. "Estou retirando os exageros do projeto e dentro de um mês começarei a produzir os geradores em escala comercial, com peso reduzido, peças novas e garantia de bom funcionamento", diz o inventor, adiantando que cada unidade deverá custar aproximadamente R$ 8 mil. Já existem interessados até na África, mas seu objetivo é atender ao mercado brasileiro, especialmente o Nordeste e a região amazônica. Para isso, pretende enviar o projeto para a avaliação técnica e econômica do BNDES, na tentativa de incluí-lo entre os bens financiáveis por meio de suas linhas de crédito e fomento.
O engenho nasceu da necessidade do próprio inventor. Precisando fazer funcionar uma serra de metais, numa propriedade sem eletricidade, recorreu ao alternador de automóvel. Executado o serviço, ficou com o residual e concluiu o gerador, projetando-o para a tração animal. "Pensei, inicialmente, nos jegues do Nordeste, mas nada impede que a tração seja feita por cavalos, bois, cães de grande porte ou até por uma pequena motocicleta. O importante é girar as engrenagens e cada usuário o fará com a força que tiver disponível."
Mourões e dengue. Silva tem uma longa carreira de invenções. Nos anos 1990, concluiu pesquisas sobre a reciclagem e prensagem de plásticos e produziu mourões para cerca, cruzetas para postes de iluminação e dormentes ferroviários, todos de plástico reciclado e injetado e já patenteado. "Tudo isso é perene. Dura a vida toda e mais seis meses", diz, acrescentando que, produzidos em série, esses materiais têm preços compatíveis com o mercado e, como resultado ecológico, contribuem para retirar da natureza grande quantidade de peças plásticas que, sem reciclagem, constituem um grande problema ecológico.
Seu trabalho mais recente é uma arapuca para prender a larva do mosquito da dengue. Constituída por uma garrafa pet e um tubete daqueles utilizados para o plantio de mudas, a peça atrai os insetos, que põem os ovos no seu interior com água, e aprisiona os insetos ali nascidos, evitando a proliferação.
Engenhoca leva luz, TV e internet a regiões distantes
O principal propósito do gerador é levar a eletricidade àqueles que ainda não podem dela desfrutar. "Vamos tornar a vida mais fácil, com o auxílio de equipamentos elétricos e, além disso, proporcionaremos um ganho de qualidade muito grande para a população desses bolsões, facilitando-lhes o acesso à eletricidade", diz o inventor, que prevê a utilidade do seu invento para o abastecimento até dos carros elétricos do futuro.

Gerador desenvolvido no Brasil

Gerador desenvolvido no Brasil produz energia elétrica e torna a água do mar potável
Apesar de já terem acesso a alguns tipos de combustíveis limpos, como o gás natural e o etanol, diversas localidades no nordeste ainda padecem da falta de energia elétrica e de água potável. Uma tecnologia desenvolvida pela Vale Soluções e Energia (VSE) promete solucionar esses dois problemas sociais por meio de um gerador que produz energia elétrica suficiente para abastecer mais de mil casas e transforma qualquer tipo de água, como a do mar e de açudes, em água potável.
Denominada “central de poligeração de energia”, a tecnologia integra o principal projeto da empresa, chamado “Combcycle”, que visa criar centrais de produção de energia movidas a turbinas de gás à vapor com diversas aplicações. “Estamos fazendo, pela primeira vez no mundo, o casamento entre uma técnica de geração de energia com uma planta de processo químico que pode gerar água doce a partir da água salgada em uma única unidade”, disse o presidente da VSE, James Pessoa, na conferência que proferiu em 28/07/10, durante a 62ª Reunião Anual da SBPC – evento que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência realizou até 30 de julho de 2010 no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN).
Prevista para começar a ser comercializada no final de 2011 e para ser entregue em 2012, a central pode gerar até 50 Kw de energia elétrica de forma distribuída – ou seja, no próprio local, sem a necessidade de linhas de distribuição – e 40 mil litros de água potável. Para isso, basta ser abastecida por qualquer forma de combustível que gere calor, como gás natural, etanol e biodiesel, e qualquer tipo de água, a exemplo da salobra e a de rios e manguezais.
A máquina tem seis metros de cumprimento e possui um sistema de telemetria que possibilita que ela possa ser operada ao ar livre e remotamente por satélite, o que possibilita ver as condições de abastecimento, monitorar, fazer a manutenção e operar diversas unidades a partir de uma única unidade de operação. “Elas podem ser transportadas e instaladas de uma forma muito fácil e têm muito potencial de utilização no nordeste brasileiro e na África”, conta Pessoa.
Aplicações
– Outras aplicações da tecnologia é no tratamento de esgoto e efluentes industriais e na dessalinização da água do mar que, juntamente com os aquíferos salgados, concentra 97% do total da água disponível no planeta. Com a mini central de geração de energia, segundo Pessoa, é possível dessanilizar 50 mil litros de água potável por hora. “Ela representa um mecanismo efetivo para transformar a água do mar em água potável”, assegura.
Já no campo industrial, a tecnologia pode ser utilizada por companhias petrolíferas para aumentar a taxa de recuperação de petróleo em jazidas que apresentam produção decrescente. Segundo os especialistas na área, do total de óleo e gás encontrados nos poços de petróleo, as indústrias petrolíferas não conseguem extrair mais de 40% do volume por falta de tecnologias. E quanto mais pesado for o petróleo, como o encontrado no nordeste, principalmente em campos terrestres, mais difícil é sua recuperação.
Ao injetar continuamente vapor a 600º em um campo de exploração de petróleo, segundo Pessoa, a tecnologia permite que a temperatura média do campo aumente gradativamente e diminua a viscosidade do petróleo, possibilitando que ele seja extraído mais facilmente. “Essa tecnologia tem um enorme potencial de utilização pela Petrobras, que já está testando-a em uma mina de xisto – outra possível aplicação”, afirma. (EcoDebate)

Cooperação técnica em bioenergia

UNESP prepara cooperação técnica em bioenergia com Cuba
Desenvolver pesquisas para a produção sustentável de energia. Este é o objetivo do acordo de cooperação técnica que a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e o Instituto Cubano de Pesquisa dos Derivados da Cana-de-Açúcar (ICIDCA) estão negociando. A parceria vai envolver itens como biomassa para bioenergia; produção de bioenergia; aplicação de biocombustíveis em motores; biorrefinaria; alcoolquímica e oleoquímica; impactos ambientais, socioeconômicos e sustentabilidade.
“Buscamos parceiros no desenvolvimento de tecnologias limpas para a produção de energia”, salientou a pró-reitora de Pesquisa, Maria José Soares Mendes Giannini. “Nosso foco é trabalhar os resíduos de forma sustentável, unindo especialistas das duas instituições.”, acrescenta a pró-reitora, que fez o anúncio no dia 10 de maio, durante o Fórum Internacional de Pesquisa em Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade.
Para a cooperação, os temas foram propostos pelo professor Nelson Ramos Stradiotto, do Instituto de Química, no campus de Araraquara. “Os eixos correspondem às divisões do Centro, o que nos permite ter a troca de saberes em toda a cadeia produtiva”, afirmou. “Nossa intenção é fortalecer o núcleo, criando um centro internacional de referência na área”, diz o professor, que coordena o Centro de Pesquisa de Bioenergia da Unesp.
A entidade integra o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia, criado pelo governo estadual em dezembro de 2009, com participação das três universidades estaduais e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). (ambienteenergia.com.br)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Colombari comprova vantagens do biogás

O suinocultor José Carlos Colombari, de São Miguel do Iguaçu, comprova como o investimento em energia renovável impulsiona os negócios no campo. Ele está praticamente dobrando sua produção, graças ao saneamento ambiental e à economia de energia proporcionada pelo aproveitamento do biogás para o abastecimento de eletricidade em sua granja.
Colombari é um dos pioneiros do autoabastecimento energético no país e sua propriedade – a Granja Colombari – faz parte da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis. Ele gera sua própria energia desde 2006 e, desde janeiro de 2009, está ligado à rede pública (Copel).
Agora, Colombari está aumentando seu plantel, que no início era de 3 mil cabeças de suínos, para 5 mil unidades, o que lhe permitirá aumentar a renda como produtor rural e como produtor de energia. Para dar conta desse incremento, ele já aposentou o antigo gerador, de 50 KVA, e adquiriu um novo, de 100 KVA. Também foi construído um novo biodigestor, para comportar o acréscimo na produção de dejetos. Essa infraestrutura (gerador + biodigestor) foi contemplada com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), num financiamento de R$ 150 mil.
“Tenho oito anos para pagar, mas com o retorno esperado para esse investimento seria possível liquidar tudo neste ano mesmo”, comemora o produtor. “Como a gente consegue fazer o tratamento ambiental dos dejetos, é possível aumentar a quantidade de animais e a produção de carne, além de ter mais biogás para a geração de energia e também para a geração de créditos de carbono”, resume.
Hoje, Colombari tem um plantel de 4.200 suínos. Chegará a 5 mil nos próximos 90 dias, com o término da construção do último barracão. A partir de então, o novo gerador (considerando uma média de funcionamento de 16 horas por dia e de 25 dias por mês) deverá produzir de 32 mil a 35 mil kilowatt-hora/mês. Como o consumo da propriedade é de 7 mil a 7,5 mil kilowatt-hora, a granja venderá cerca de 25 mil kW-h mensais.
A venda de energia vai proporcionar uma renda mensal de aproximadamente R$ 3.500,00. Mas esse não é o único benefício proporcionado pelo sistema adotado por Colombari. Além de se autoabastecer de energia e da renda com o comércio do excedente, ele economiza outros R$ 1 mil por mês com a produção de biofertilizante (subproduto do processo de geração do biogás).
O biofertilizante é aplicado sobre as pastagens, que crescem duas vezes mais rápido. Enquanto em um sistema normal de rotação de pastagem o boi retorna para o mesmo local após 35 dias, com a fertirrigação, isso ocorre a cada 18 dias. O sistema ainda incrementa a produtividade: enquanto a pecuária de corte registra uma média de 1 ou 2 animais/hectare (nacional) ou de 4 a 5 animais/hectare (regional), a Granja Colombari maneja 10 animais/hectare. No total, são 300 bois/ano na propriedade.
Biogás – Colombari faz parte de uma nova economia rural, que vem demonstrando o quanto a energia gerada através do biogás é estratégica para o Brasil. Ele se beneficiou do novo cenário proporcionado pelas normativas 390 e 395 de 2009 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que autorizam a Geração Distribuída a partir do biogás no Brasil. Com a resolução, qualquer distribuidora de energia elétrica de todo o país pode comprar eletricidade produzida por biodigestores.
Isso ocorreu a partir de quatro anos de estudos realizados no Oeste do Paraná, pela Itaipu e demais parceiros da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis com a implantação de unidades de demonstração de diversos portes, todas usando biogás de efluentes e resíduos orgânicos de suínos, bovinos de leite, frigorífico de aves, e uma estação de tratamento de esgotos urbanos. E foi na Granja Colombari que o programa mostrou sua viabilidade técnica, econômica e ambiental.
A Itaipu vem fomentando o desenvolvimento dessa cadeia em diversas frentes, tais como o estímulo à utilização de tecnologias desenvolvidas na região (como no caso do empreendedor Pedro Kohler, que criou um biodigestor que será empregado no Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar, em Marechal Cândido Rondon); através de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de projetos de Geração Distribuída na região Oeste do Paraná; e através do incentivo à capacitação, como o primeiro curso de Engenharia das Energias Renováveis, abrigado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e cujas aulas já começaram. (ambienteenergia)

Um combustível alternativo ao diesel

O Centro de Estudos da Consultoria do Senado publicou estudo sobre a “A utilização de óleo vegetal refinado como combustível – aspectos legais, técnicos, econômicos, ambientais e tributários”, desenvolvido pelos consultores Ivan Dutra Faria, Marcus Peixoto, Paulo de Morais e Rapahel Borges Leal de Souza. Além de reunir informações sobre o uso do óleo vegetal refinado como combustível, o trabalho aborda a viabilidade e conveniência de sua utilização, e defende a consolidação de um marco legal sobre o tema.
Ao traçar um cenário e perspectivas para o uso desta solução energética, o estudo aborda pontos como aspectos físico-químicos e ambientais dos combustíveis; as fontes de óleos vegetais e a produção de oleaginosas no Brasil e no mundo; as tecnologias disponíveis; aspectos econômicos do seu uso como combustível, destacando potencial de financiamento via mercado de créditos de carbono, por exemplo; aspectos ambientais; e aspectos tributários.
Apesar de já ser previsto em antigos programas governamentais e testado com sucesso no Brasil e no exterior, o estudo conclui que ainda existe uma lacuna na legislação brasileira, não abordando a possibilidade do uso do óleo vegetal refinado como combustível em relação ao diesel. Entre as vantagens, o trabalho destaca o menor custo em relação ao biodiesel e ao diesel; a redução das emissões de poluentes; não precisar de alta tecnologia para fabricação; e possibilitar a produção em comunidades isoladas. (ambienteenergia)

Pesquisa da USP testa catalisador ácido

Pesquisa da USP testa catalisador ácido reaproveitável para produzir biodiesel
Catalisador dispensa tratamento para matérias-primas do biodiesel
Pesquisa realizada no Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP testou com êxito a utilização de um novo tipo de catalisador para a produção de biodiesel, baseado em compostos ácidos. O catalisador testado pelo químico Guilherme Tremiliosi pode ser recuperado e reaproveitado em novos processos de produção de biodiesel. A substância também pode ser adicionada a um maior número de matérias-primas do que o catalisador básico, sem a necessidade de serem tratadas antes da reação.
O catalisador utilizado é o ácido fósfo-tungstíco, sob um suporte de ormosil (abreviação de “organically modified silicates”, silicatos organicamente modificados), um material híbrido, orgânico e inorgânico. “Ele foi testado em óleo de soja com alto índice de acidez, que apresenta grandes dificuldades para seu emprego na produção de biodiesel”, ressalta o químico. “O objetivo era obter um rendimento satisfatório na reação entre óleo, etanol e catalisador, que gera o combustível.”
Atualmente, a produção de biodiesel no Brasil utiliza catalisadores básicos e homogêneos, que não podem ser reaproveitados. “O catalisador ácido permite maior versatilidade no uso de matérias-primas, sem necessidade de tratamento prévio, como sobras de óleo de cozinha ou óleos de plantas oleaginosas não comestíveis, como o crambe”, conta o químico.
No experimento, o rendimento obtido chegou a 60% (ou seja, 60% do óleo utilizado se transformou em biodiesel), ainda abaixo do nível mínimo considerado ideal pelas indústrias, que é de 95%. “Além da reação ter sido realizada em laboratório, não houve ajustes nos parâmetros do processo reacional”, observa o químico.
Reaproveitamento
Segundo Tremiliosi, o catalisador ácido tem potencial para chegar a 99% de rendimento. “Para chegar a esse nível, serão necessárias novas pesquisas para aprimorar a interação entre o ácido e ormosil”, avalia. “Ao mesmo tempo, é preciso otimizar os procedimentos envolvidos na reação.”
Ele explica que devido ao fato de o catalisador ácido ser heterogêneo, ele pode ser regenerado. “Por filtração, ele é separado do biodiesel e reaproveitado em novos processos reacionais”, descreve. “O catalisador básico em contato com a água produz sabão, que é muito difícil de ser separado do combustível.”
O catalisador ácido também permite o uso de etanol que não seja totalmente anidro (sem moléculas de água). Tremiliosi afirma que a pesquisa não estimou os custos de produção do catalisador, mas que a possibilidade de reaproveitamento pode gerar uma redução. “Além disso, há a perspectiva de utilização com uma gama maior de matérias-primas”, acrescenta.
De acordo com o pesquisador, as matérias primas utilizadas no ormosil são produzidas no Brasil, mas não em grande escala. “Caso o catalisador ácido seja utilizado para a produção de biodiesel, existe a possibilidade de adaptar o volume de produção para atender o processo de produção do combustível”, afirma o químico. (EcoDebate)