quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Parque de energia eólica em Morro do Chapéu

Parque de energia eólica em Morro do Chapéu/BA até 2013
A região de Morro do Chapéu (BA) receberá empreendimento, denominado Projeto Cristal, para produção de energia eólica pelo grupo italiano Enel, ganhador do segundo leilão para o setor realizado na Bahia. No final do ano passado, o grupo mostrou detalhes do projeto e recebeu garantia da Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra) do apoio logístico necessário, inclusive para a interligação com a rede do sistema elétrico nacional. A previsão de funcionamento é para 2013.
A Enel é líder no setor de energia renovável, o quarto maior em geração de energia eólica e presente em 28 países, com capacidade instalada de 95 GW e geração renovável de 34 GW. O grupo trabalha na geração de energia hidroelétrica, eólica, geotérmica, solar fotovoltaica, biomassa, térmica e nuclear.
Na Bahia, a Enel foi vencedora de três parques eólicos: o Cristal, com 30 MW, o Primavera, com 30 MW e o São Judas, também com 30 MW, totalizando 90 MW, todos localizados no município de Morro do Chapéu. Além disso, tem estudos comprovados na Bahia para uma capacidade de geração de mais de 1000 MW, destinada a futuros leilões. (professorjuniorpaiva)

Agricultores e as fazendas de vento

Agricultores ganham com as fazendas de vento
Além dos produtores de energia e dos fabricantes de aerogeradores, agricultores começam a se beneficiar com a iminente produção de energia eólica na Bahia.
Os proprietários dos terrenos onde estão sendo instalados os geradores, em geral pequenos produtores da agricultura familiar, vão receber entre R$ 5 mil e R$ 8 mil por ano por gerador e valor semelhante por hectare de terra utilizado. "É o pré-sal do sertão", comemora o vice-governador baiano e secretário de Infraestrutura, Otto Alencar.
De acordo com ele, estão no semiárido baiano 258 dos 417 municípios do Estado - e a maior parte deles tem potencial de produção de energia eólica. "A chegada dessa tecnologia representa uma revolução na vida dessas pessoas. Estamos criando fazendas de vento", diz Alencar. Em Brotas de Macaúbas, município da Chapada Diamantina onde será inaugurado, no início do próximo ano, o primeiro parque eólico da Bahia, por exemplo, a principal atividade nas áreas onde foram instaladas as torres é o cultivo de mandioca.
"Os agricultores ganham de várias formas: o governo fornece infraestrutura para a chegada dos investimentos, há a criação de postos de trabalho durante a implantação do parque e, com o início da operação, tem o pagamento dos royalties. Tudo muda com a chegada de um empreendimento como esse", diz Alencar. (OESP)

Energia eólica vira ‘pré-sal do sertão’

Energia eólica vira ‘pré-sal do sertão’ e atrai fabricantes para o polo baiano
Francesa Alstom inicia nesta semana produção de aerogeradores; GE, Vestas e Torrebras devem ser as próximas a chegar ao Estado.
Em 30/11/11 a francesa Alstom inicia a produção de aerogeradores no Polo Industrial de Camaçari, região metropolitana de Salvador. Com a entrada em atividade, após investimentos de R$ 50 milhões, a empresa será a segunda no Estado a produzir maquinário para transformar vento em energia elétrica - a espanhola Gamesa está instalada desde julho no polo, após investimento semelhante.
Além delas, a americana GE Energy já assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para se tornar a terceira a fabricar aerogeradores na Bahia, com investimento inicial projetado de R$ 45 milhões. A dinamarquesa Vestas, a maior do mundo no setor, também negocia com o governo. E a Torrebras, subsidiária brasileira da espanhola Windar Renovables, quer ser a primeira fábrica de torres eólicas no Estado.
Em comum, as empresas tentam aproveitar o grande potencial eólico brasileiro - em especial o baiano - e o momento propício. A energia eólica virou uma espécie de queridinha entre administradores públicos do País.
"Nosso objetivo é transformar a Bahia em um polo de construção de equipamentos aerogeradores para suprir toda a demanda não só da Bahia, mas do Brasil e até de toda a América Latina", diz o governador Jaques Wagner.
Diversificação. O fenômeno foi iniciado na metade da década passada, quando o governo federal decidiu apostar na diversificação da matriz energética do País.
Considerada uma das formas ambientalmente menos agressivas de geração de energia elétrica e de mais rápida instalação, a eólica rapidamente passou a ter posição de destaque nas discussões.
Na Bahia, o grande potencial para extração de energia elétrica a partir dos ventos foi facilmente identificado. "Os ventos baianos são considerados um dos melhores do mundo, por serem unidirecionais e constantes", afirma o diretor de Operações da Renova Energia, o principal investidor brasileiro do setor, Renato Amaral.
Outra característica que diferencia o Estado dos demais, em especial dos vizinhos nordestinos, é que os melhores ventos para a produção de energia não são registrados no litoral, mas exatamente na área mais pobre do território, o semiárido. A frequência dos ventos, que ficam mais fortes nas épocas de seca - registrada entre oito e dez meses por ano na região - também é tratada como benéfica entre os produtores.
Por causa dessas características, a produção de energia eólica na Bahia ganhou o apelido de "pré-sal do sertão" entre os mais entusiasmados (leia mais na reportagem abaixo). O fato de estar longe do litoral também facilita alguns trâmites burocráticos.
"Construções desse tipo perto do litoral são mais complexas do ponto de vista ambiental e logístico", diz o diretor-presidente da Desenvix, José Antunes Sobrinho. A empresa será a responsável pela inauguração do primeiro parque eólico baiano, no início do ano que vem.
O principal entrave para a disseminação da tecnologia pela Bahia era o custo de produção desse tipo de energia. Não mais. O volume de contratos e a oferta, cada vez maior, de componentes para torres eólicas derrubaram os custos, tornando a alternativa eólica uma das mais baratas para o Estado.
Leilões. O governo federal realizou três leilões para exploração de áreas entre 2009 e 2011. Desse total de áreas leiloadas, 52 estão localizadas na Bahia, Estado que concentra 20% do total de potencial energético comercializado no País - 1,4 mil megawatts (MW) dos 7 mil MW envolvidos nos leilões. O montante corresponde a mais de 10% do total de energia produzida nas hidrelétricas e termelétricas no Estado hoje, cerca de 11 mil MW.
Os investimentos já confirmados pelas empresas no Estado chegam a R$ 6 bilhões, mas a projeção é que alcancem dez vezes esse montante nos próximos anos, fazendo com que a Bahia seja o principal produtor desse tipo de energia no País.
O potencial energético, considerando a tecnologia disponível - com o uso de torres de 100 metros de altura no lugar das de 60 metros, as mais comuns hoje -, por exemplo, chega a 29 mil MW. Algo como mais de duas usinas de Itaipu, operando na capacidade máxima, ou 20% do potencial total de produção de energia eólica do País. (OESP)

Primeiro parque eólico da Bahia

Primeiro parque eólico da Bahia entra em operação em janeiro
Instalada pela Desenvix na Chapada Diamantina, usina dos ventos teve investimento de R$ 400 milhões.
O primeiro parque eólico baiano, instalado pela Desenvix em Brotas de Macaúbas, 590 quilômetros a oeste de Salvador, na Chapada Diamantina, deve entrar em operação no início do ano que vem. São três áreas licitadas, cada uma com capacidade de 30 megawatts (MW), onde foram instaladas 57 torres eólicas.
O investimento é de R$ 400 milhões, incluindo a aquisição de 40% da área onde está instalado o parque. Os 60% restantes pertencem a pequenos produtores rurais, que vão receber royalties pela operação.
Até o fim de 2012, é esperada a inauguração de 18 parques no Estado, responsáveis pela produção de 413,6 MW, que vão fazer da Bahia o principal polo de energia eólica no País. Até 2014, espera-se que o montante produzido alcance pelo menos 1 mil MW.
O maior parque eólico brasileiro, da Renova Energia, será distribuído entre os municípios vizinhos de Caetité, Guanambi e Igaporã, no centro-sul baiano, tem previsão de inauguração para julho do próximo ano.
Inicialmente, o parque, fruto da compra de 14 áreas pela empresa no primeiro leilão do governo federal, em 2009, terá 184 aerogeradores, com capacidade de produção de 294,4 MW.
O investimento para o início da operação é de R$ 1,17 bilhão - e será acrescido de R$ 800 milhões para a ampliação do parque, com as aquisições das seis áreas adquiridas no leilão de 2010, que vão anexar mais 153 MW à produção a partir do fim de 2013.
No leilão deste ano, realizado em agosto, a empresa adquiriu mais nove áreas na região, para exploração de 212,8 MW. (OESP)

Energia Eólica: hora de capacitar

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) vai ampliar a formação de mão de obra para o setor de energia eólica. Até 2014, serão capacitadas 500 pessoas, entre técnicos de planejamento e análise de instalação de parques eólicos, profissionais para construção, operação e manutenção desses parques e instrutores do próprio SENAI. A meta é do projeto, que será executado em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento (GIZ).
O acordo foi assinado em 23/11/11 em Brasília, pelo diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, e o diretor da GIZ para o Brasil, Ulrich Krammenschneider.
Os cursos de formação serão oferecidos em nove estados – Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Além dos cursos, estão previstas visitas técnicas de profissionais do SENAI a parques eólicos da Alemanha e de outros países europeus referências na oferta de energia gerada pelos ventos. O SENAI e a GIZ investirão US$ 2 milhões no projeto.
De acordo com o Marcello Coelho, analista de Desenvolvimento Industrial do SENAI, a falta de mão de obra qualificada é um grande obstáculo para o crescimento do setor. Estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que a energia eólica representará 7% da energia gerada no Brasil em 2020. “Investidores e governos dos estados com grande potencial de geração de energia eólica têm procurado o SENAI para intensificar a formação de profissionais para o segmento. Com esse projeto, vamos atender a essa demanda”, explica Coelho.
Alta demanda – Até 2014 o Brasil deve gerar 7,2 gigawatts de energia eólica, o que representa 1% da energia gerada no aís por fontes renováveis. Para isso, está prevista a construção de mais de 200 parques eólicos em 10 estados.
Conforme Daniel Faro, supervisor técnico da área eólica do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis do SENAI no Rio Grande Norte, o setor vai demandar para os próximos três anos cerca de 40 mil profissionais, tanto para instalação quanto para operação e manutenção de parques eólicos.
“Serão necessários desde auxiliares de construção civil, mestres de obras até engenheiros”, destaca Faro. Segundo ele, os salários devem variar em torno de R$ 700 para profissionais de base, como auxiliares de construção civil, e podem chegar a R$ 12 mil para engenheiros.
Marcello Coelho explica que boa parte dos profissionais do setor é formada em cursos genéricos, como o de construção civil. Por isso, assinala, o SENAI quer ampliar a oferta de cursos e serviços específicos para o setor. “Esse projeto com a GIZ vai ser um pontapé inicial para os estados onde o SENAI não desenvolve ações em energia eólica e intensificará resultados naqueles em que já oferece cursos e serviços”, afirma. O SENAI dispõe de cursos e serviços específicos no Rio Grande do Norte, Ceará e Rio Grande do Sul.
Competências – No projeto em parceria com a GIZ, serão capacitados 72 instrutores do SENAI e 360 profissionais para o setor. De acordo com o SENAI, a mão de obra para implantação e montagem de parques eólicos deve planejar, acompanhar e executar a instalação dos aerogeradores, avaliar riscos, interpretar manuais e procedimentos, reparar sistemas e componentes dos equipamentos, controlar estoques de peças, elaborar relatórios de manutenção, entre outras atividades.
Os profissionais da fabricação de equipamentos e de operação e manutenção de parques eólicos devem desenvolver projetos de componentes, de materiais, de processos de confecção e de montagem de aerogeradores. Também têm a tarefa de fabricar e montar peças e controlar a conformidade dos processos e dos componentes desses equipamentos.
O SENAI também vai capacitar mais 45 profissionais para oferta de serviços de consultoria em análise de áreas para instalação de parques eólicos, elaboração de planos de negócios, acesso a banco de dados em energia eólica e consultoria para a instalação de laboratórios. Nos cursos e visitas técnicas, esses especialistas vão aprofundar conhecimentos em identificação e seleção de locais para exploração eólica, análise preliminar do potencial eólico, elaboração de projetos básicos de infraestrutura civil e elétrica e de processo de licenciamento ambiental, entre outros.
Parcerias – Há mais de 40 anos, o SENAI desenvolve parcerias com a GIZ. Desde 2009, as duas entidades realizam ações conjuntas na área de energia, considerada prioritária para o SENAI. Naquele ano, assinaram convênio para um projeto que, até 2013, capacitará 80 técnicos do SENAI para prestar serviços a empresas na área de eficiência energética.
Esse histórico bem-sucedido de parceria favoreceu a proximidade das instituições no projeto de energia eólica. “A cooperação com a Alemanha é fundamental para garantir a competitividade da indústria brasileira”, disse Rafael Lucchesi, na assinatura do acordo. Segundo Ulrich Krammenschneider, o projeto o projeto se insere na estratégia de cooperação da Alemanha com Brasil. (ambienteenergia)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Energia Solar: ações para estimular expansão

O governo fluminense encaminhou em 25/11/11, ao Fórum dos Secretários Estaduais de Energia um documento chamado Carta do Sol, que propõe medidas para estimular o aproveitamento da energia solar. Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento e Energia do Rio, Júlio Bueno, a expectativa é que os demais secretários também assinem o documento e que ele seja encaminhado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Entre as medidas propostas estão a concessão de estímulos financeiros e tributários, desenvolvimento tecnológico e fomento da cadeia produtiva de equipamentos fotovoltaicos, como células e geradores.
Com a Carta do Sol, o governo fluminense espera que a energia solar possa ter o mesmo tratamento dado à energia eólica que, nos últimos dois anos, teve grande desenvolvimento no país depois da divulgação de um documento semelhante, a Carta dos Ventos, de 2009.
“É um documento que tem por objetivo ajudar no debate da implantação da energia solar na matriz energética. Fala sobre a criação de um mercado, a questão da regulação, o desenvolvimento tecnológico, o parque fabril e a necessária desoneração”, disse Bueno.
Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a energia solar tem grandes chances de sucesso no Brasil, um país ensolarado e um dos maiores produtores mundiais de silício, matéria-prima para esse tipo de equipamento.
O secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o estado está se empenhando para estimular o aproveitamento de energias renováveis. O governo fluminense já publicou decreto desonerando equipamentos para produção de energia eólica e solar. Minc revelou que há, inclusive, um plano para criar dois distritos verdes no estado. Um voltado à produção de equipamentos, possivelmente em Itaguaí, na região metropolitana da capital, e outro para a pesquisa de novas tecnologias na área de energias alternativas.
Potencial - Ao ministrar a palestra “Do espaço para a Terra: a história da energia solar fotovoltaica”, que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) promoveu na semana passada, o esquisador norte-americano John Perlin, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, apresentou a energia solar como uma modalidade potencialmente vantajosa para o Brasil devido à intensa insolação. “É energia limpa, de baixo custo e cujos componentes têm um ciclo de vida longo.” Além disso, destacou a possibilidade de reciclagem do silício e os múltiplos empregos da tecnologia fotovoltaica, do setor aeroespacial à iluminação residencial, com impactos socioambientais importantes e destaque para a possibilidade de integração das comunidades isoladas. (ambienteenergia)

Agricultor familiar e a energia solar

Agricultor familiar faz cultivo protegido com energia solar
Com o filho, Clésio da Silva, o produtor Antônio Aroldo Muniz da Silva dá exemplo de como conviver com o semiárido nordestino
No pomar do agricultor familiar de Itatira estão plantadas, fora da estufa, verduras como tomate, pimentão, beterraba e cenoura.
Itatira
Um agricultor residente na zona rural deste Município, a 216 quilômetros de Fortaleza, localizado no semiárido Nordestino, está dando bom exemplo de como conviver com a falta de chuvas e preservar o meio ambiente. Antônio Aroldo Muniz da Silva, de 49 anos, conhecido no meio rural por "Chico Dôra", morador de Poço da Pedra, que fica a 30 quilômetros da sede do Município, ao lado da CE-366, não esconde a sua alegria de ser o único do Estado do Ceará a produzir alimentos orgânicos que estão sendo utilizados no cardápio da merenda escolar de Itatira.
Energia solar
Tudo começou depois que o Governo do Estado implantou uma estufa de 98 metros quadrados para o plantio de 867 pés de tomate e 40 pés de pimentão, para uma experiência. Segundo o agricultor familiar, o projeto faz parte do Fundo de Combate a Pobreza (Fecop) e funciona por meio de energia solar.
A instalação veio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). De início, o projeto atenderia 25 famílias, mas ninguém acreditou no sucesso e tudo ficou nas mãos de seu Chico Dôra, como é conhecido na região, e de seu filho, Antônio Clésio Sousa da Silva, de 23 anos. Foram investidos R$ 26 mil. Além da estufa, existem na horta um tanque de 50 mil litros de água, um cacimbão no leito do Rio São Joaquim e a produção de energia solar por meio de nove placas instaladas ao lado da área de produção.
No pomar do agricultor familiar estão plantados fora da estufa tomate, pimentão, beterraba, cenoura, alface, cheiro verde, goiaba, jerimum, melancia, pimenta de cheiro, quiabo, macaxeira, batata doce, melão verde, pepino, entre outros cultivares.
Permanente
A água permanente, que corre por gravidade, ajuda na produtividade. A renda de produção familiar de Chico Dôra gira em torno de R$ 1.542,34. Além de vender para a Prefeitura, a produção também é comercializada entre as famílias que moram na área. "Minha intenção é ampliar o programa de convivência com a seca. Estou vivendo uma experiência muito boa na minha vida, com essa modalidade de trabalho produtivo sem agrotóxicos", disse o agricultor familiar.
A horta oferece uma série de vantagens. Os produtos são orgânicos, sem veneno e, ainda, ajudam a preservar o meio ambiente. Chico Dôra cria galinhas que se alimentam dos restos de verduras que passam pelo processo de qualidade.
O próximo passo, segundo ele, é a implantação de colmeias para a criação de abelhas Jandaíra, porque elas aproveitariam a flora do maracujá, da goiaba e de outros cultivos naturais para a produção do mel.
Orgânico
Para os técnicos da Ematerce de Itatira, o objetivo é favorecer o plantio orgânico, protegendo as plantas de pragas e doenças, além de incrementar a produção sem agrotóxicos. "Sempre incentivamos a agricultura familiar. Esse projeto do Governo do Estado, graças à força do nosso sertanejo, está dando certo. Está gerando emprego e renda para esse produtor que sempre acreditou na agricultura familiar", observa o prefeito da cidade Zé Dival.
Os resultados positivos que estão sendo alcançados na localidade de Poço da Pedra, com o projeto do cultivo protegido e solar, é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), em parceria com a Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Instituto Agropolos.
Comunitária
Na visão do presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, o projeto de cultivo protegido e energia solar funciona com uma mão-de-obra totalmente comunitária, que busca aproveitar a energia solar para plantação de hortaliças orgânicas. "Essa produção é vendida facilmente, porque hoje a nova realidade do campo já traz a consciência de que se faz necessário o consumo de produtos sem a presença de produtos que tragam prejuízos a saúde humana", ressalta Celso Crisóstomo.
Ele defende e assegura que o cultivo protegido é uma das alternativas de maior viabilidade técnica e econômica para aumentar a produtividade de hortaliças e reduzir a aplicação de defensivos agrícolas.
"Os resultados do cultivo protegido e energia solar em Poço da Pedra em Itatira, onde apenas um agricultor cuida de tudo, mostram que é possível a instalação dessa modalidade em outras áreas dos Sertões de Canindé. Tudo passa pela geração de renda, preservação do meio ambiente e o consumo de alimentos saborosos na mesa da população", destaca Celso. (semiarido)

Usina solar de Tauá no Ceará

Usina solar de Tauá produz média mensal de 150 MWH de energia
A tendência da usina solar de Tauá é de ampliação
Durante os três primeiros meses de operação comercial da usina solar de Tauá, da MPX, empresa de energia do Grupo EBX, foi produzida uma média mensal de energia ativa – aquela que gera o funcionamento de equipamentos elétricos e eletrônicos – de 150 megawatts-hora, o que significa uma capacidade para acionar cinco mil geladeiras.
Em operação desde julho, a usina tem capacidade instalada inicial de 1 MW, o suficiente para abastecer 1,5 mil famílias, e conta com tecnologia no estado da arte em painéis fotovoltaicos.
Está localizada no município de Tauá, no sertão do Ceará, a 360 Km de Fortaleza.
A planta solar recebeu investimentos de cerca de R$ 10 milhões e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apoiou o projeto pioneiro no País com um aporte de R$ 1,2 milhão.
A MPX Tauá recebeu, em setembro, um time de especialistas em energia solar da GE, dando andamento aos trabalhos para ampliação da capacidade da usina.
O acordo com a empresa, firmado na ocasião da inauguração da Solar Tauá, prevê que a GE forneça todo o pacote de equipamentos e sistemas de tecnologia fotovoltaica para a duplicação do empreendimento, que chegará a 2 MW de capacidade instalada em 2012.
Com a expansão, mais 6,9 mil painéis serão instalados na usina solar. Ao todo, serão 11.580 módulos solares captando a luz e transformando-a em energia elétrica. (nossosemiarido)

Energia solar no sertão do Ceará

Ex-vilão, o sol vira esperança de crescimento no semiárido cearense.
Do céu que sempre castigou pela seca no Estado, espera-se agora que venha o desenvolvimento pela energia solar.
Um mito centenário prevê que o sertão viraria mar algum dia. No semiárido cearense, a principal expectativa que vem dos céus agora é outra, e muito melhor que o fim do mundo e inundação pregados por Antonio Conselheiro em Canudos no século 19. Agora é do sol incessante, que sempre esteve sobre as cabeças dos cearenses e parecia castigante durante os meses de seca brava, que vem uma grande esperança de desenvolvimento econômico.
Cidade de Tauá e região têm esperança de que usina solar traga desenvolvimento acelerado
Foi na cidade de Tauá (CE), na microrregião dos Inhamuns, que a MPX, do grupo EBX de Eike Batista, decidiu instalar a primeira usina de energia solar do País. Inaugurada a usina para gerar o primeiro megawatt ontem, espera-se agora que a construção (e os empregos por ela gerados) seja incessante até que se ocupe todo o parque disponível e sejam instalados 50 MW de geração.
Tanta energia disponível – embora a um preço ainda elevado para os padrões nacionais – coloca a cidade em polvorosa. Com frequência, o jatinho de Eike vem e vai à cidade – distante longos 400 quilômetros de Fortaleza por estrada - e prenuncia que aquele lugar encravado no semiárido não está esquecido do mundo desenvolvido.
Pela cidade, com quase 60 mil habitantes, muito se fala da usina e os benefícios que ela pode trazer. “As feiras de ciências nas escolas no último ano foram temáticas sobre a energia solar, sendo que antes a gente tratava mais de questões agrícolas”, diz Victor Cavalcante Motta, presidente da união municipal dos estudantes.
O iG esteve na cidade no ano passado e mostrou experiências de combate à degradação do solo e iniciativas isoladas de desenvolvimento, como o fornecimento de tecido de algodão para produção de tênis franceses por uma associação de moradores, a Adec. Porém, um ano depois, a expectativa é de que uma grande fábrica da gaúcha, a Aniger, se instale na cidade para produzir totalmente calçados para empresas estrangeiras como a Nike. Procurada. a Aniger não confirma, mas não nega a instalação da planta.
Segundo o prefeito da Tauá, Odilon Aguiar, serão construídos inicialmente dois galpões de 10 mil metros quadrados cada e poderão ser oferecidos até 1 mil novos empregos nessa indústria. “É um novo momento que floresce na cidade”, afirmou.
Sol como fonte de desenvolvimento
Como a produção de calçados é uma indústria manufatureira com relativamente baixo valor agregado, a expectativa do governo do Estado é de que empresas com produção mais complexa também cheguem à região para desfrutar da energia solar.
Francisco Zuza de Oliveira, presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), quer criar uma espécie de selo que indique que as empresas da região têm comprometimento ambiental, pelo uso da energia renovável. “Isso ajuda a vender os produtos”, afirmou.
Mas, como o preço da energia solar ainda é cara (até 50% mais do que a energia hidrelétrica), considera-se a possibilidade de se criar um fundo com incentivos para atrair novas empresas.
Além da usina da MPX em Tauá, a Adece firmou um acordo com a empresa Bom Sol Energia Renováveis, ligada ao grupo Sky Solar, da China, para instalar painéis de energia solar para suprir necessidades de irrigação de pequenos produtores no sertão. Neste caso, trata-se de experiências de tamanho muito menor do que a maior (e primeira) usina solar da América Latina, a da MPX.
Expectativa da grande virada
Mas, para políticos e moradores da região, o sertão vai crescer mesmo quando perceberem que logo ali abaixo daquele solo há uma imensidão de minerais com quartzo, matéria-prima fundamental para a construção de placas fotovoltaicas da energia solar.
A região espera que o acordo anunciado ontem entre MPX e GE – por enquanto de fornecimento de equipamentos importados e criação de um centro de pesquisa no local – resulte em uma indústria de placas para fornecer para toda a América Latina.
“Temos expectativa de que, no futuro, esse potencial possa ser explorado”, diz Edmilson Junior, presidente da vizinha Quixeramobim, onde já existe uma indústria de calçados.
“Queremos trazer toda a cadeia produtiva para construção dessas placas”, diz Zuza, da Adece, entidade ligada ao governo do Ceará. O presidente da GE para a América Latina diz, porém, que a construção de fábrica no sertão ainda está no radar, mas pode ocorrer se os trabalhos do centro de pesquisa tiverem sucesso. “Mas ainda temos muito a desenvolver antes.” (nossosemiarido)

Solar: em busca de conhecimento

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) vai construir um usina experimental de geração solar fotovoltaica, com capacidade de 3 MW, que equivale ao fornecimento de energia de aproximadamente mil residências. A implantação da usina foi viabilizada por um amplo projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Cemig, que visa o estudo da tecnologia solar na geração de energia elétrica, em parceria com a empresa Solaria, fabricante espanhola de painéis fotovoltaicos, a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O projeto da usina solar, que será construída em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, contará com investimentos da ordem de R$ 40 milhões, sendo cerca de R$ 25 milhões para a viabilização da usina solar. “Essa será a primeira instalação de energia solar fotovoltaica conectada à rede distribuição no estado e a segunda, no Brasil, a produzir energia solar em caráter comercial”, destaca o gerente de Alternativas Energéticas da Cemig, Marco Aurélio Dumont Porto.
O objetivo do projeto é desenvolver na Cemig o conhecimento necessário para tornar, no futuro, a geração de energia solar viável e benéfica para a Empresa, o setor elétrico brasileiro e a sociedade. “A usina experimental de geração solar fotovoltaica é uma demonstração do empenho da Cemig em desenvolver tecnologias que prezem pela utilização de energia limpa”, reforça Marco Aurélio.
As obras para a construção da usina estão previstas para iniciarem em janeiro de 2012, e a conclusão, para abril de 2012. Assim que concluída a construção da planta, serão realizados estudos para analisar e diagnosticar o desempenho da usina e sua relação com o sistema de distribuição.
A usina será construída em um terreno de oito hectares, cedido pela Prefeitura de Sete Lagoas. O parque gerador contará com três unidades, uma de grande porte com capacidade de geração de 2,5 MW, a segunda de médio porte de 0,45 MW e a terceira equipada com modernas tecnologias para realização de estudos e pesquisas.
Segundo Marco Aurélio, Sete Lagoas foi escolhida por ter localização privilegiada próxima a Belo Horizonte e ao Aeroporto de Confins, além de apresentar um índice de radiação satisfatória e por concentrar ações do projeto Cidades do Futuro, por meio do qual a Cemig está testando a automação das redes de distribuição e modernização do sistema elétrico no âmbito da tecnologia smart grid (redes inteligentes). (ambienteenergia)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Prédios com consumo racional

O uso da etiqueta que indica o nível de eficiência no uso da energia elétrica das edificações começa a ganhar terreno no país. Segundo a Eletrobras/Procel, 80 etiquetas já foram emitidas, sendo 54 no segmento residencial e 26 no segmento comercial. De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estabelecimentos comerciais e residências representam 43% do consumo de energia elétrica no Brasil. A etiqueta é fruto da parceria entre o Procel Edifica, subprograma da Eletrobras/Procel, e o Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
A bem sucedida experiência de classificação e etiquetagem de eletrodomésticos, divididos em cinco faixas de consumo,
serviu de modelo para a etiqueta das edificações, que começou a ser emitida em 2009 para edifícios públicos e comerciais e em 2010 para residências. Uma construção certificada na faixa A, a mais eficiente, chega a proporcionar ao usuário uma economia de 30% a 50% na conta de luz. “Basta que o arquiteto e o engenheiro façam um projeto eficiente. Se isso não ocorrer, o custo acaba transferido para o usuário”, alerta Fernando Perrone, gerente do Departamento de Projetos de Eficiência Energética (DTP) da Eletrobras/Procel.
Bem de maior durabilidade que pode ser adquirido por uma pessoa física, a residência tem seus custos de manutenção cada vez mais levados em conta na hora da compra. Experiências do mercado imobiliário demonstram que o consumidor está, sim, disposto a desembolsar mais agora para economizar no futuro.
“Pesquisas no Guarulhos Flex apontaram que 62% dos clientes que conheciam a etiqueta Procel Edifica estavam dispostos a pagar mais pelo apartamento, ou seja, a perspectiva de aceitação é promissora”, avalia Mauricio Bernardes, gerente de Desenvolvimento Tecnológico da construtora Tecnisa. Com imóveis avaliados em mais de R$ 100 mil, o Guarulhos Flex foi o primeiro empreendimento do estado de São Paulo a receber a etiqueta Procel Edifica. O condomínio ficou classificado na faixa B de consumo, o que representa um aumento de 1% a 1,5% nos preços dos apartamentos.
A tendência, de acordo com o gerente da Tecnisa, é que os consumidores exijam cada vez mais imóveis sustentáveis, pois eles estão entendendo claramente – e valorizando – os benefícios de construções com alto padrão em termos de sustentabilidade. Assim, de acordo com Bernardes, “a aderência da sociedade e a credibilidade da etiqueta Procel para eletroeletrônicos foi vista pela Tecnisa como uma oportunidade de adotar o mesmo conceito para edificações”.
Ventilação, iluminação e água – A boa utilização da ventilação e iluminação naturais, a eficiência dos sistemas de aquecimento de água e o desempenho térmico de revestimentos em coberturas e fachadas são alguns dos requisitos técnicos considerados no processo de etiquetagem, segundo os padrões estabelecidos em conjunto pela Secretaria Técnica de Edificações, coordenada pelo Procel Edifica, e o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A ideia é integrar os conceitos de conforto ambiental da arquitetura aos de construção sustentável da engenharia civil.
Para que essa integração seja possível, porém, é essencial que os profissionais que planejam as edificações tenham consciência de que ela não só é possível como desejável. “Atuamos diretamente no processo de formação e capacitação de mão-de-obra qualificada”, informa Perrone. Nessa frente educacional, a Eletrobras/Procel trabalha em parceria com 14 universidades federais, espalhadas por todas as regiões brasileiras, e uma privada, a PUC do Paraná.
O trabalho do Procel Edifica começa a ser valorizado pela sociedade. Por atuar não só na elaboração de processos de certificação de eficiência energética para edificações, como também na pesquisa acadêmica, capacitação de profissionais, conscientização da população e disseminação de boas práticas no mercado, o programa foi indicado ao prêmio Green Building Brasil na categoria “Políticas públicas Sustentáveis”. (ambienteenergia)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Devastação da usina nuclear de Fukushima

Jornalista do New York Times descreve a devastação da usina nuclear japonesa de Fukushima
Funcionários Da Companhia de Energia Elétrica de Tóquio e repórteres visitam usina nuclear danificada pelo último terremoto no Japão, no dia 12 de novembro.
A característica mais impressionante na Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, não eram os prédios dos reatores explodidos ou as paredes improvisadas contra o tsunami, mas a bagunça caótica.
O terreno em torno dos prédios dos quatro reatores estava cheio de caminhões destruídos, vigas de metal torcidas e estruturas de prédios quebradas. Todos quase da mesma forma como estavam logo depois que um dos maiores terremotos registrados deu início a uma reação em cadeia que devastou a região e, em certa medida, o Japão. Os danos atingiram o segundo andar, num testemunho do tamanho aterrador do tsunami que atingiu os prédios dos reatores, mesmo eles estando há dez metros do nível do mar.
Num país compulsivamente organizado como o Japão, o fato de o cenário ter mudado tão pouco desde o desastre de oito meses atrás é um sinal que demonstra a intimidadora tarefa que os trabalhadores enfrentaram para controlar os três reatores danificados da usina.
A visita da imprensa ao local, a primeira desde que o desastre aconteceu em 11 de março, pareceu uma forma de a Tokyo Electric Power Co. declarar que está confiante de que está quase estabilizando a usina.
A mensagem foi transmitida pelo ministro que supervisiona a resposta do governo ao acidente nuclear, Goshi Hosono, que visitou a usina junto com os jornalistas. Dirigindo-se a centenas de funcionários espremidos no centro de resposta a crises da usina, Hosono elogiou seu trabalho duro em condições difíceis e perigosas.
“Vocês conseguiram colocar um fim à situação extremamente excruciante que enfrentamos em março e abril”, disse Hosono, que usava o uniforme azul dos trabalhadores. “É por isso que conseguimos chegar onde estamos agora.”
A conversa esperançosa tratou superficialmente algumas verdades mais inquietantes. Há apenas duas semanas, a Tepco anunciou que havia encontrado sinais de que um dos núcleos dos reatores pode ter tido uma nova explosão de fissão, um sinal temeroso de que a companhia pode não estar tão perto de estabilizar a usina como diz. E mesmo quando este estágio for alcançado, o país enfrentará décadas de limpeza cara antes que a região em torno da usina possa se tornar habitável novamente.
Embora ninguém tenha morrido no acidente nuclear, os custos ambientais e humanos ficaram claros durante o trajeto de 20 quilômetros pela zona de evacuação até a usina.
As plantas descuidadas do lado de fora de uma floricultura abandonada estavam secas, e mortas. Corvos tomaram conta de um posto de gasolina. Os dosímetros dos jornalistas no ônibus apitavam constantemente, registrando níveis de radiação que aumentavam a cada quilômetro: 0,7 microsieverts em Naraha, na borda da zona de evacuação; 1,5 em Tomioka, onde casas em estilo da Bavária serviam como centro de recepção para Fukushima Daiichi. Era lá que os visitantes japoneses recebiam a informação de que a energia nuclear era segura.
Atualmente o nível é cerca de 13 vezes maior que a dose máxima anual recomendada para civis.
Na usina, os jornalistas, vestidos com macacões anticontaminação, foram mantidos no ônibus por causa dos níveis muito mais altos de radiação que havia ali.
Os funcionários da companhia que estavam no ônibus estavam ansiosos para mostrar uma das principais realizações da companhia até agora: a conclusão de uma imensa superestrutura construída sobre o reator 1, destinada a limitar ou impedir o vazamento. A companhia disse que uma tampa semelhante logo será construída sobre o reator 3, severamente danificado.
Os guias da visita também apontaram para um complexo de grandes tendas brancas reforçadas na base com sacos pretos de areia para proteger os funcionários da radiação, com bandeiras norte-americanas, francesas e japonesas sobre a entrada. As tendas abrigavam um massivo sistema construído por um grupo de companhias multinacionais para descontaminar a água.
A água faz parte de um novo sistema de resfriamento que a Tepco disse que finalmente conseguiu reduzir as temperaturas no núcleo dos reatores danificados abaixo dos 100ºC, um passo necessário para atingir o que é conhecido como “fechamento a frio”. O sistema substitui as medidas desesperadas de resfriamento tomadas depois que o sistema ordinário foi destruído pelo tsunami, quando caminhões de bombeiro jogaram água nos reatores em tentativas desesperadas de evitar o superaquecimento e um derretimento ainda maior.
Dezenas de caminhões de incêndio ainda estavam na usina, bem como um campo de tanques prateados de quatro andares recém-construídos para abrigar a maior parte das 90 mil toneladas de água contaminada que foi jogada nos reatores.
Esse número ajuda a explicar a magnitude do que aconteceu em Fukushima e os desafios pela frente. Outro número que conta a história: até agora, a Tepco guardou 480 mil conjuntos de roupas de proteção, descartadas a cada vez que eram usadas pelos trabalhadores.
A estrela da coletiva de imprensa foi Masao Yoshida, gerente da usina e um homem hoje reverenciado por sua resistência depois de meses de trabalho cansativo e com frequência desanimadora.
Durante a coletiva, ele, sobretudo, ateu-se à mensagem que a Tepco queria transmitir: “Não tenho dúvidas de que os reatores foram estabilizados”, disse ele. Mas num eco de sinceridade que ganhou a admiração do então-primeiro-ministro, Naoto Kan, no ápice da crise, ele acrescentou uma nota de precaução: “ainda há perigo”.
Esta visão é compartilhada por muitos especialistas nucleares, que dizem que ainda existem desafios sérios.
O maior é o fato de que a companhia não sabe a condição exata do combustível dentro dos reatores 1 e 3, cujos núcleos parecem ter derretido além dos recipientes internos de contenção.
“O fechamento a frio é uma indicação de que a fase de acidente terminou”, disse Akira Tokuhiro, professor de engenharia nuclear na Universidade de Idaho, “mas a próxima fase de limpeza levará mais de 20 anos.”
Outro desafio será limpar o prédio que abriga o reator 4, onde a piscina altamente radioativa para os tubos de combustível usados ficou muito danificada. Do ônibus, o guindaste verde sobre a piscina estava totalmente visível uma vez que todo o lado sul do prédio parece ter sido destruído por uma explosão de hidrogênio em março.
O prédio do reator 3 estava ainda mais danificado, reduzido a uma estrutura que desabou numa pilha de escombros.
O ônibus continuou andando até as áreas mais contaminadas na base dos reatores para limitar o tempo lá e, assim, a exposição à radiação. Quando ele se aproximou, um detector de radiação no ônibus saltou para 300 microsieverts por hora – alto o suficiente para atingir a dose máxima recomendada anualmente em apenas três horas.
Os únicos seres humanos visíveis na usina eram grupos de trabalhadores com roupas de proteção e capacetes amarelos ou vermelhos. Eles pareciam fora do lugar entre as florestas tranquilas de pinheiros que se espalham pela maior parte do terreno da usina, ainda povoadas por libélulas.
Um dia antes da visita, os jornalistas receberam instruções sobre como colocar suas roupas de proteção e fizeram uma visita às máquinas avançadas de detecção que monitoram a exposição dos trabalhadores à radiação. A detecção acontece no J-Village, um centro de treinamento da seleção nacional de futebol no limite da zona de evacuação que foi transformado em ponto de encontro para os funcionários da usina.
Um funcionário, Hiroyuki Shida, 57, disse que as condições na usina melhoraram muito com os novos confortos como uma sala para os funcionários e um refeitório. Mas ele disse que a batalha para estabilizar a usina ainda não terminou.
“O humor dentro de Fukushima Daiichi está bem diferente agora”, disse Shida, que monitora o lixo contaminado. “Agora, os níveis de radiação não estão tão altos do lado de fora dos prédios. Mas eles ainda estão altos dentro dos prédios dos reatores. E há lugares quentes, então precisamos ter cuidado.”
Essa precaução pode ser observada no único prédio dentro da fábrica onde as roupas de proteção não são necessárias. Os jornalistas visitantes passaram por uma série de salas onde equipes de trabalhadores cortavam sistematicamente as camadas de roupas protetoras com tesouras. O descarte é feito em estágios para limitar a contaminação; as botas ficavam numa sala, o macacão em outra.
Dentro do centro, as paredes estão cobertas de origamis de garça, o símbolo da realização dos desejos, nesse caso do desejo pela segurança dos corajosos funcionários e pela resolução da crise. Também há pôsteres cobertos com autógrafos e palavras de encorajamento.
“Fiquem firmes”, diz um. “Por Fukushima, pelo Japão e pelo mundo.” (EcoDebate)

domingo, 20 de novembro de 2011

Energias Renováveis: aposta certa

Aconteceu, entre os dias 24 e 25 de outubro, a Conferência Por um Desenvolvimento Durável nas Zonas Áridas da África, organizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE/ Brasil) em parceria com Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD/ França) e Agência Pan-Africana da Grande Muralha Verde (APGMV/ África do Sahel) para o combate à desertificação.
A ICID+19 África, que aconteceu em Niamey, capital do Níger, contou com pesquisadores e formadores de políticas de diversos países africanos, da Argentina, do Brasil e da França, além de organizações internacionais do mundo inteiro. O evento teve como objetivo avaliar a situação das zonas áridas, semiáridas e secas da África de Sahel – faixa que se encontra logo abaixo do deserto do Saara e inclui países como Níger, Sudão, Etiópia, Mali e Senegal – e outras atingidas pela desertificação.
Durante o encontro foram analisadas políticas de desenvolvimento sustentável, luta contra degradação do solo, combate à seca e diminuição dos efeitos da desertificação. Quatro mesas temáticas integravam a conferência: mudança do clima, politica social e segurança alimentar; gestão dos recursos hídricos e dos solos; desertificação e dinâmica de comunidades vegetais; zona árida em sua dimensão regional.
A primeira mesa foi organizada pela consultora técnica do CGEE, Betina Ferraz. Nela, Mariza Luz, também consultora do Centro, palestrou sobre mudança climática e segurança alimentar. A mesa que avalia a as terras secas em sua dimensão regional contou com a presença de assessor técnico do CGEE e presidente do Comitê Científico da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), Antônio Magalhães.
Como resultado do evento, a Declaração de Niamey contém 22 recomendações que visam reforçar governança e desenvolvimento sustentável nas terras secas áridas, e apoiar políticas nacionais e locais. Também haverá uma promoção da cooperação internacional para otimizar programas de desenvolvimento nessas áreas. Entre as recomendações estão: reforçar o uso de energias renováveis como a solar, eólica e biomassa em zonas áridas, doadores e financiadores internacionais devem trabalhar em estreita colaboração com as agências de desenvolvimento regionais promovendo um intercâmbio de informações em ciência e tecnologia e assim impulsionar o desenvolvimento sustentável em terras secas.
Com o documento, será possível melhorar a cooperação científica dedicada à capacitação no combate à desertificação na região e aperfeiçoar, também, a transferência de tecnologia por meio de iniciativas de apoio e programas de pesquisa interdisciplinar. (ambienteenergia)

Energias Renováveis

As energias renováveis são as energias que vêm de recursos naturais como sol, vento, chuva, marés e calor e que nunca se esgotam, ou seja, são renováveis (naturalmente reabastecidos).
Quanto ao conhecimento das energias renováveis, 97% das pessoas conhecem o tipo de energia Eólica; a energia Solar é a mais conhecida por 100% das pessoas, e por sua vez, a mais utilizada; 71% das pessoas conhece a energia Geotérmica; 61% conhece a energia da Biomassa, classificando-se pela segunda menos conhecida; 89% das pessoas conhece a energia Hidráulica; e apensas 46% conhecem a energia das marés (Maremotriz), sendo esta a menos conhecida.
Como já referido, um dos objectivos do nosso site é não só promover o desenvolvimento sustentável, mas também as energias renováveis. (green.info)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Fissão na usina nuclear de Fukushima continua

Mesmo após oito meses da parada, reação de fissão na usina nuclear de Fukushima continua
O combustível da usina nuclear de Fukushima, no Japão, continua com sua reação de fissão. Pelo menos foi o que informou ontem a companhia elétrica que opera a central, Tepco, depois de detectar xenônio, um gás produto da reação atômica, no reator 2. Isso quer dizer que quase oito meses depois que o tsunami deixou a usina em ruínas, e apesar do anunciado, os reatores ainda não estão em parada fria. Como nos primeiros dias do acidente, ontem a Tepco derramou ácido bórico, que absorve nêutrons, para frear a reação no núcleo.
“Devido à presença de xenônio, podemos ter certeza de que alguma criticidade isolada aconteceu durante um período curto de tempo”, declarou Junichi Matsumoto numa coletiva de imprensa. A criticidade é o estado de uma central quando uma reação nuclear controlada está em andamento. “Acreditamos que isso não terá impacto no ambiente em torno da central, já que não há mudanças nos parâmetros da usina”, declarou um responsável da Agência Nuclear japonesa, NISA.
A Tepco já cobriu o reator número 1 e as temperaturas dos três reatores mais afetados estavam abaixo dos 100 graus, o que fazia supor que a usina estava controlada porque a água que refrigera o núcleo não ferve e garante o resfriamento. O professor de engenharia nuclear da Escola Politécnica de Madri Eduardo Gallego explica que, “se há xenônio é porque houve uma fissão recente. Não é possível que seja antiga, porque a vida do xenônio é relativamente curta”.
Os ecologistas viram o anúncio de forma crítica. Carlos Bravo, da campanha nuclear do Greenpeace, declarou: “implica que estão muito longe de alcançar a parada fria e que ainda resta muito trabalho. Seria imprudente deixar as pessoas voltarem a morar perto da usina”.
Embora Fukushima tenha desaparecido da imprensa em boa parte do mundo, isso não significa que o que acontece ali não tenha importância. No Japão, proliferam informações do surgimento de “pontos quentes” de radiação inclusive longe da usina. Os colégios de cidades como Koriyama (90 quilômetros a oeste) estão retirando uma camada de terra porque detectaram césio. A controvérsia chegou a tal ponto que na terça-feira o deputado e porta-voz do Executivo, Yasuhiro Sonoda, bebeu água descontaminada de Fukushima. Ele o fez diante da insistência dos jornalistas que o escutavam com ceticismo defender a descontaminação. A mão de Sonoda tremeu ligeiramente quando colocou água no copo.
O acidente de Fukushima continua e continuará durante muito tempo envolto em incertezas. Uma pergunta evidente é a de quanta radiação foi emitida, quanta radioatividade saiu dos quatro reatores danificados pelo tsunami. A resposta começa a ser vislumbrada agora. Um estudo internacional, do qual participaram dois especialistas da Universidade Politécnica da Catalunha, estimou que a emissão radioativa é de 42% do dispersado no acidente de Tchernobil. A pesquisa ainda precisa ser revisada, e tem incertezas, mas eleva significativamente o dado fornecido pelo Japão, que estimava a emissão em cerca de 10% do acidente na Ucrânia, em 1986.
A equipe, liderada pelo alemão Andreas Sothl, do Instituto Norueguês para a Investigação do Ar, realizou a primeira análise com dados da radiação registrada em todo o hemisfério norte. Não só utilizaram os do Japão, mas também acrescentaram dados das estações disseminadas por todo o mundo, de um tratado internacional contra os testes atômicos não autorizados. Entre os nove pesquisadores que assinam o estudo estão Carlos Tapia e Arturo Vargas, da Universidade Politécnica da Catalunha. O estudo ainda não foi publicado, apenas numa revisão online para a revista “Atmospheric chemistry and physics” e gerou debate entre os cientistas.
Seu resultado é que a emissão de césio-137 radioativo esteve entre 23.300 e 50.100 terabequeréis, quando os números dados pelo Japão falavam de 15 mil terabequeréis. “Pode parecer uma incerteza muito alta, mas neste tipo de estudo não é muito”, explicou Stohl por telefone, e admitiu que seu cálculo “é maior do que o do Japão”. O especialista adverte que demorarão “uns cinco anos” para que a comunidade científica concorde sobre qual foi a emissão de Fukushima: “de tempos em tempos ainda saem estudos sobre Tchernobil”.
Stohl explica que o Japão teve sorte que nos dois primeiros dias do acidente o vento estava soprando em direção ao oceano, embora alguns dias depois tenha voltado para o interior e a chuva tenha depositado quantidades relevantes de contaminação no país. Os cientistas reconstruíram como os picos de emissão coincidem com as explosões de hidrogênio dos reatores e apontaram que deve ter havido uma emissão da piscina de combustível do reator 4. “A emissão começou a baixar quando começaram a lançar água dos helicópteros, assim parece que fez efeito”, explica Stohl.
O normal é calcular qual pode ser a dispersão de um material quando se conhece o quanto foi emitido. Como neste caso não havia medição no local, utilizaram o modelo inverso: tomaram a radiação registrada e reconstituíram o foco pelo computador. A equipe tinha tudo em andamento porque estava preparada para estudar as cinzas do vulcão islandês Eyjafjallajökull.
Roberto San José, que dirige o Grupo de Modelos e Software para o Meio Ambiente da Universidade Politécnica de Madri, valoriza o trabalho mas insiste que há incertezas. “Ao aplicar o modelo o resultado é de mais do dobro do que o Japão disse e eu veria isso com cuidado, mas é maior, e não menor”.
O responsável de energia nuclear dos Ecologistas em Ação e físico nuclear, Francisco Castejón, destaca que todos esses estudos “não procedem do Japão, nem sequer de órgãos oficiais, que atuam sem transparência”. Castejón opina que já não faz sentido mudar a escala internacional de acidentes nucleares para diferenciar Fukushima e Tchernobil, porque ambos os vazamentos “estão na mesma ordem de magnitude”.
Não é a primeira vez que os dados da emissão de Fukushima vêm do estrangeiro. O IRSN (Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear), organismo público francês, acaba de calcular que se trata da maior emissão radioativa para o mar da história. Até metade de julho, a descarga no oceano havia sido de 27.1015 bequeréis, embora acrescente que “a localização de Fukushima permitiu uma dispersão excepcional dos radionúclidos”. O estudo afirma que pode ter césio depositado no fundo do mar o que levaria a ter de controlar a situação durante muito tempo. Gallego considera que o estudo é “tremendamente sério e é lógica a recomendação de que se vigie o ambiente marinho”. (EcoDebate)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Setor solar é o que mais cresce no mundo

Chefe de energias alternativas do BNDES diz que o setor solar é o que mais cresce no mundo
Wikipedia – Parque Fotovoltaico de Lieberose, na Alemanha, que gera 71,8 MW
“Os europeus, o Japão, os asiáticos têm fomentado bastante essa fonte alternativa. No Brasil temos todas as condições de reproduzir esse crescimento da fonte solar” Com os custos dos painéis eletrovoltaicos, que convertem a luz do Sol em eletricidade, em queda no mercado internacional, a energia solar deve se tornar economicamente viável em poucos anos. Empresários interessados em abrir plantas de fabricação de painéis solares no Brasil têm chance de obter acesso às linhas de financiamento do BNDES dedicadas à inovação tecnológica, disse Antonio Carlos de Andrada Tovar, chefe do departamento de energias alternativas do banco.
Tovar fez essas afirmações durante seminário sobre a matriz energética brasileira, realizado no final de outubro pelo jornal Valor Econômico, em Brasília.
Participando de painel que discutiu a elevação da participação das fontes alternativas na matriz, Tovar chamou atenção para a necessidade de se criarem mecanismos de estímulo à energia solar no Brasil. “Ela tem um potencial de crescimento fantástico”, declarou ele, afirmando que o preço dos painéis caiu mais de 90% nos últimos 30 anos, ao mesmo tempo em que a tecnologia tornava-se mais eficiente.
“Já há mais de 35 GW instalados mundialmente”, disse. Em comparação, a energia eólica – considerada já uma fonte madura – tinha instalados no globo, em 2008, 120 GW. “O setor vem crescendo mais de 50% ao ano desde 2000. A rigor, é o setor que mais cresce no mundo”.
“Os europeus, o Japão, os asiáticos têm fomentado bastante essa fonte alternativa. No Brasil temos todas as condições de reproduzir esse crescimento da fonte solar, não só pelas características de localização do país, a irradiação solar no Brasil, mas também a nossa cadeia de fornecedores de quartzo, que é a matéria prima para o desenvolvimento do setor”, declarou.
Potencial inovador
Tovar afirmou que, a despeito dessas precondições favoráveis, o Brasil ainda não conseguiu se valer do potencial solar em sua matriz energética. “Isso seria importante para diversificar a matriz, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e reduzir os investimentos com transmissão, já que a energia solar está próxima dos centros de distribuição”.
A Comissão de Minas e Energia pretende convocar uma audiência pública para discutir as perspectivas da energia solar A adoção da energia solar também ajudaria no compromisso com a redução das emissões de gases do efeito estufa. Ele ainda chamou atenção para a queda significativa dos custos do equipamento de geração de energia solar ao longo dos anos. “Cada vez mais, essa energia ficará competitiva frente às outras”.
Tovar mencionou também – destacando que se trata de “um ponto a que damos muita atenção no banco” – o potencial inovador e agregador de tecnologia da energia solar. “Há um potencial grande de fomentar novos fornecedores, novas indústrias de alto valor agregado”, disse, lembrando que um eventual investimento em energia solar acabaria tendo impacto em outras áreas, como a dos semicondutores. Em termos do custo da geração, ele afirmou que o preço da energia gerada pelos painéis caiu de US$ 30 o watt, nos anos 80, para US$ 2 o watt, atualmente.
Eólica
Outros participantes do painel concordaram com a avaliação de Tovar sobre o futuro da energia solar. Miguel Saad, presidente da CPFL Renováveis, disse que essa modalidade de geração “está chegando no médio prazo”, e deve se tornar competitiva dentro de 5 a 10 anos.
Sérgio Marques, presidente a Bioenegry, companhia que vem implantando parques eólicos no nordeste brasileiro, disse que a energia solar, hoje, “é a eólica de quatro anos atrás”, numa referência às dificuldades que esse tipo de energia teve quando de sua implantação inicial no país, que requereu incentivos por parte do governo.
Atualmente, no consenso dos participantes do painel – que além de Tovar, Saad e Marques, contou também com a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Melo – o uso dos ventos para produção de eletricidade já está consolidado no Brasil. A ABEeólica congrega não apenas geradores de energia, mas também a indústria de bens de capital para o setor, e já conta com 94 associados.
“O Brasil tem a energia eólica mais barata do mundo”, disse Marques, lembrando que, num recente leilão realizado pelo governo, o preço do megawatt-hora (MWh) de eletricidade eólica caiu abaixo de US$ 100, mais barato que o da energia hidrelétrica oferecida no mesmo evento. “A eólica está consolidada, competindo com a hidrelétrica e a térmica”, acrescentou Saad.
“Há interesse de investidores internacionais no Brasil”, disse Elbia, que retornava de uma viagem à China. “Os chineses estão interessados em fazer investimento no Brasil e trazer indústrias de bens de capital”. O Brasil atualmente gera 1,2 GW a partir de fontes eólicas, com a previsão de chegar a 7 GW em 2014, e a uma capacidade instalada, até 2020, de 20 GW.
A presidente da ABEEólica destacou a importância da tecnologia para o avanço dessa fonte energética. “A tendência de competitividade da energia eólica está muito associada à questão tecnológica”, disse ela, referindo-se ao domínio tecnológico dos geradores. Atualmente há sete indústrias no Brasil dedicadas ao setor, número que deve chegar a 11 em breve.
Apoio
Para deslanchar, a energia eólica contou com um impulso do governo, como isenções fiscais e o Proinfa, ou Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, criado em 2004, além do apoio do BNDES.
“O Brasil tem a energia eólica mais barata do mundo” Tovar explicou que o banco, atualmente, tem dificuldades em apoiar projetos de energia solar do mesmo modo. “Um problema é como viabilizar uma planta energia solar, dado que não se tem contratos de longo prazo, o preço ainda não é competitivo. Se não há um contrato de vinte, trinta anos, que possa garantir a venda de energia a um preço determinado, você não consegue dimensionar o financiamento. O empreendedor não vai tomar a decisão de montar um parque solar se ele não sabe por quanto vai vender aquela energia. Hoje, se ele for concorrer num leilão, não vai sair vencedor, por conta do preço da energia solar”.
Para contornar essa questão seria possível, na opinião do representante do BNDES, a criação de leilões específicos. Outro impedimento é o fato de ainda não haver indústria de painéis solares instalada no Brasil. “Hoje você tem apenas uma empresa cadastrada no banco produzindo painéis solares com conteúdo nacional, que tende a chegar a 60%, que é o conteúdo nacional mínimo” para se obter boas condições de financiamento do BNDES. Tovar acredita que, se houver uma sinalização clara do governo em favor da energia solar, empresas internacionais virão produzir painéis no país, como já acontece com a indústria eólica.
“Como o banco não financia equipamentos importados em bases competitivas, você acaba não conseguindo financiar um parque solar em bases competitivas”, resumiu. Ele acredita que, se a indústria do setor puder ser estimulada no país, o Brasil poderá se tornar um polo exportador de tecnologia solar para a América Latina.
Tovar lembrou que o BNDES tem uma linha de apoio à inovação que poderia incentivar a implantação de uma indústria de equipamentos para parques fotovoltaicos no país. “Desde que se consiga caracterizar o projeto como inovação, e obviamente uma planta de solar no Brasil, fabricando painéis, tem características de inovação, obtém as melhores taxas hoje do banco”. A inovação, disse ele, é a maior prioridade do banco para os próximos anos.
Debate
No início de novembro, a Agência Câmara divulgou nota informando que a Comissão de Minas e Energia pretende convocar uma audiência pública para discutir as perspectivas da energia solar no Brasil. O evento ainda não tem data marcada, mas serão convidados representantes do governo e de entidades da sociedade civil ligadas ao tema. (EcoDebate)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Microalgas sequestram carbono

Microalgas sequestram carbono e desenvolvem biomoléculas para fins industriais
Pesquisadores da UFSCar cultivam microalgas em laboratório para sequestrar carbono da atmosfera e desenvolver biomoléculas para aplicação nas áreas de energia e agricultura
Microalgas polivalentes – Além de serem fontes de biomoléculas para o desenvolvimento de novos produtos, com aplicações nas indústrias alimentícia, cosmética, farmacêutica e petroquímica, entre outras, as microalgas também podem ser utilizadas para o sequestro biológico de carbono da atmosfera.
Entretanto, justamente em função do aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, causado pelo aquecimento global, esses microrganismos têm diminuído nos oceanos nos últimos cem anos. Uma perda que contribui ainda mais para o aumento de CO2 na atmosfera e para a diminuição das cadeias alimentares oceânicas e dos recursos pesqueiros, apontam estudos internacionais.
Para utilizar esses microrganismos marinhos tanto para o sequestro biológico de CO2 atmosférico em larga escala como para produzir biomoléculas para diversos fins, como em energia e na agricultura, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus de São Carlos, em parceria com a Braskem, estão cultivando células de microalgas em laboratório.
O projeto é financiado pela FAPESP e pela Braskem por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE).
Iniciado em 1995, o PITE tem apoiado projetos de pesquisa desenvolvidos em cooperação entre centros de pesquisa de empresas e instituições acadêmicas e institutos de pesquisa, em regime de cofinanciamento entre a Fundação e as empresas.
Os resultados alcançados por alguns projetos apoiados foram apresentados durante o Workshop FAPESP-ABC sobre Pesquisa Colaborativa Universidade-Empresa. Promovido pela FAPESP e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) nos dias 7 e 8 de novembro, o evento ocorreu paralelamente à Feira de Negócios em Inovação Tecnológica entre Empresas, Centros de Pesquisa e Universidades (Inovatec), realizada pela Confederação das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.
Por meio do projeto, iniciado há um ano, pesquisadores da UFSCar desenvolveram um fotobiorreator fechado contínuo de bancada, com capacidade de 200 litros de água, para cultivar células de microalga do gênero Chlorella vulgaris em casas de vegetação.
Na próxima etapa, em 2012, os pesquisadores pretendem aumentar a capacidade do equipamento para mil litros de água. E, no fim do projeto, em 2013, atingir a capacidade de produção controlada de uma cultura de microalga em 3,5 mil litros de água, em ambientes naturais.
“O fotobiorreator com capacidade de 200 litros de água é um híbrido do sistema de produção de microalgas em tanques abertos e de um biorreator fechado, reunindo as boas características de cada um deles”, explicou Ana Teresa Lombardi, professora da UFSCar e coordenadora do projeto, na palestra que apresentou no evento.
Apesar de apresentar menor custo e maior facilidade de manutenção, em comparação com fotobiorreatores fechados, os tanques abertos têm alto risco de contaminação e inviabilizam a manipulação bioquímica da composição das microalgas – o fator que possibilita originar biomoléculas para a produção de diversos compósitos.
Por meio de diversos experimentos de controle de fisiologia das microalgas e técnicas de análise térmica, que devem ser realizados em um laboratório de biotecnologia de algas a ser construído na UFSCar, os pesquisadores pretendem desenvolver biomoléculas energéticas para produção de biocombustível.
Já o resíduo final de todo o processo de cultivo no fotobiorreator, como o meio de cultivo e as próprias microalgas, também será testado para uso em cultivo de hortaliças e para recuperação de vegetação nativa e de solos degradados de cerrado.
“O projeto tem caminhado muito bem. O primeiro objetivo, que era o de aumentar a produtividade das microalgas e controlar a composição bioquímica delas, já foi praticamente atingido”, disse Lombardi.
O próximo objetivo a ser atingido pelos pesquisadores será o de aprimorar a tecnologia de cultivo contínuo, aumentando o controle do estado fisiológico das microalgas. (EcoDebate)

Biodiesel de Algas: Promessa ou Futuro?

A demanda crescente por combustíveis “verdes” para a substituição dos combustíveis fósseis levou, em todo o mundo, ao lançamento de programas para a produção de biocombustíveis. O governo brasileiro, ao lançar primeiro o programa do álcool e depois o do biodiesel, saiu na frente nessa corrida. Hoje, no Brasil, é obrigatória a adição de álcool à gasolina (em teor que varia de 20 a 25% de acordo com a oferta de etanol anidro no mercado) e de biodiesel ao diesel (com teor fixo de 5%). Para atender a demanda anual por mais de 40 bilhões de litros da mistura diesel/biodiesel, a produção desse biocombustível no Brasil já passou de 2 bilhões de litros ao ano, com uma forte tendência de aumento para conseguir acompanhar o crescente consumo da mistura diesel/biodiesel, que hoje cresce a uma taxa de quase 1% ao mês.
A vantagem dos biocombustíveis em relação aos combustíveis fósseis é a diminuição de emissão de CO2, SOx, fuligem e hidrocarbonetos. No entanto, se por um lado os biocombustíveis são menos poluidores, por outro a sua produção exige grandes áreas de terras agricultáveis. Como a demanda por combustíveis para transporte aumenta anualmente, a produção de biocombustíveis exigirá cada vez mais terras aráveis, e isso começa a ameaçar a segurança alimentar, porque produzir mais álcool significa produzir menos açúcar, e também porque, no Brasil, a maior parte do biodiesel é feita a partir do óleo de soja. Para que esse problema não se agrave, será necessário desenvolver novas tecnologias e, principalmente, passar a usar resíduos urbanos, industriais e agrícolas, além de novas fontes de biomassa como matéria-prima para a produção de biocombustíveis².
Entre as muitas alternativas de produção de biocombustíveis, o cultivo intensivo de algas e fungos vem recebendo especial atenção devido à possibilidade de se produzir até 200 vezes mais óleo ou açúcar por hectare, sem a necessidade do uso de terras férteis.
Tanto as algas como os fungos podem ser colhidos em poucos dias, o que não exige infraestrutura para armazenamento.
Esse fato levou pequenas e grandes empresas e muitos acadêmicos, em todo o mundo, a investirem recursos e muito tempo às pesquisas com algas como fonte de óleo e açúcar.
Os resultados alcançados, em pequena escala de laboratório, são animadores. Entretanto, todas as experiências com algas, em grande escala, para a produção de óleo visando a biocombustíveis falharam.
As principais razões dessas falhas foram:
1 – ataque de cepas selvagens não produtoras de óleo;
2 – preço alto dos nutrientes;
3 – o óleo obtido geralmente tem alto teor de ácidos graxos livres e elevado índice de iodo;
4 – dificuldades em se desidratar a alga para extração do óleo;
5 – controle difícil dos parâmetros acidez, temperatura e nutrientes para evitar quedas bruscas na produção e até mesmo a extinção dos cultivares das algas.
Como a tecnologia para a produção de biodiesel foi toda desenvolvida com base em catalisadores básicos o alto teor de ácidos graxos no óleo obtido de algas encarece o seu processo de produção, pois são necessárias onerosas etapas prévias de purificação. Esse problema é agravado pelo alto grau de insaturação do óleo que, por isso, é muito sensível à oxidação, sendo necessária a modificação do óleo antes de seu processamento ou o uso de aditivos antioxidantes. Em consequência, o custo de produção de óleo a partir de algas é hoje cerca de 20 vezes superior, por exemplo, ao do óleo de soja.
As algas têm grande potencial como futura fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel. Entretanto, para que esse futuro se torne realidade, é necessário que se encontre condições adequadas para seu crescimento em grande escala, para que a produção de óleo seja viável economicamente. Até que isso aconteça, a produção de biodiesel a partir de algas deve ser encarada como uma solução de longo prazo. É por essas e outras razões que grandes empresas anunciaram recentemente que vão interromper suas pesquisas neste campo.
Hoje, a produção de biodiesel a partir de algas depende fortemente da pesquisa fundamental e de desenvolvimento tecnológico. Se as agências de fomento tiverem linhas de financiamento para estudos com algas para a produção de óleo, o Brasil poderá ganhar mais essa corrida dos biocombustíveis e começar, talvez, o que se pode chamar de uma segunda “revolução verde”.
Os programas do álcool e do biodiesel, além dos dividendos econômicos que renderam ao País, serviram para mostrar que sempre que há financiamento, os pesquisadores brasileiros se destacam no cenário internacional. O melhor exemplo é a liderança brasileira no ranking mundial das publicações científicas envolvendo estudos sobre biodiesel. (EcoDebate)