segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O que esperar de 2013?

O ano de 2012 pode até não ter realizado, em sua plenitude, todas as políticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Mas também é verdade que encaminhou e desenvolveu um pouco mais de cada uma dessas demandas (ou ao menos a maioria delas). Faltam poucas horas para o início de 2013, que marca o começo de um novo ciclo. O que podemos esperar?
2013 nasce sob a esperança de que os encaminhamentos feitos em 2012 venham a se tornar resultados concretos
O ano de 2012 pode até não ter realizado, em sua plenitude, todos os acordos e políticas relacionados ao desenvolvimento sustentável mundial. Contudo, também é verdade que encaminhou e desenvolveu um pouco mais cada uma dessas demandas (ou ao menos a maioria delas).
Faltam poucas horas para o início de 2013, que também pode marcar o começo de um novo ciclo. O que podemos esperar? O EcoD listou algumas das principais projeções na tentativa de projetar o que está por vir.
Fortalecimento do Pnuma
Considerado o maior evento da história sobre sustentabilidade, a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro, conseguiu avanços importantes, a exemplo do engajamento da sociedade civil organizada com a causa e outros acordos. Um deles foi o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que terá seu papel reforçado e ampliado.
A intenção é que a instituição consiga mais verba do organismo internacional, além de solicitar outros doadores para contribuições voluntárias.
A decisão também permite, a partir de 2013, a participação de todos os 193 países membros da ONU no Conselho do Pnuma, que atualmente é representado por 58 nações.
Desenvolvimento das energias renováveis deverá ser definido como uma das metas do desenvolvimento sustentável
Objetivos do desenvolvimnto sustentável
As metas a serem perseguidas pelos países para avançar nas áreas ambiental, política e social eram uma das grandes cartadas para a Rio+20. Os objetivos não foram definidos, mas ao menos o processo de elaboração foi anunciado. As metas deverão estar prontas até 2013, no intuito de entrarem em vigor em 2015, quando termina o prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Dessa forma, os governos teriam até 2018 para cumprirem os ODS.
Cumprimentos dos acordos da Rio+20
Durante a Rio+20, em junho, empresas, instituições financeiras, universidades e governos locais firmaram 692 acordos, que deverão mobilizar, segundo a ONU, US$ 513 bilhões de dólares para as causas do desenvolvimento sustentável. Portanto, nada mais natural que esses compromissos comecem a ser honrados a partir de 2013.
Entre eles estão políticas que desenvolvam o empoderamento da mulher e a inclusão do tema sustentabilidade nos currículos de todas as instituições de nível superior do Brasil.
COP-18, em Doha, definiu a prorrogação do Protocolo de Kyoto, mas um novo acordo deverá ser elaborado
Reuniões para definir novo acordo climático
Em 2020, quando o Protocolo de Kyoto perder sua validade, os países pretendem pôr em ação um novo acordo, que estabeleça metas para todas as nações. Essa será a pauta da próxima grande reunião, que será em 2015, em Paris (França).
Antes disso, reuniões preliminares serão realizadas em 2013 e 2014 - a primeira delas está marcada para abril de 2013, em Bonn (Alemanha). O maior desafio dos negociadores será incluir os dois maiores poluidores do planeta: a China e os Estados Unidos.
Lembrança importante: a 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-19) será realizada em Varsóvia, na Polônia, em novembro. O país-sede europeu, extremamente dependente do carvão, dificultou as negociações em Doha (COP-18) e conta com a desconfiança da comunidade internacional quanto a capacidade de liderar o evento.
Código Florestal: votação dos vetos
O Congresso aprovou a medida provisória do Código Florestal Brasileiro em setembro de 2012. Porém, a presidente Dilma Rousseff anunciou nove vetos ao texto no dia 18 de outubro.
As alterações presidenciais resgatam o teor do governo para o texto, pois suspende trechos que beneficiavam os grandes produtores rurais e cria regras diferentes de recomposição nas margens de rios.
Segundo a lei, tais vetos deveriam ser votados pelo Congresso Nacional em um prazo de 30 dias, o que deixou de acontecer, porque a Casa tinha mais de 2.000 vetos para apreciar na fila. A celeuma, portanto, fica para 2013, ainda sem data definida.
Nova lei estabelece o fim dos lixões até 2014, mas municípios podem ter o prazo prorrogado
Política Nacional dos Resíduos Sólidos
Sancionada em 2010 e cujas principais metas começam a valer a partir de 2014, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) registrou avanços e fracassos em 2012.
O lado ruim é que apenas 10% dos municípios brasileiros entregaram, em tempo hábil, o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos, uma exigência do governo federal para fazer os repasses de verba. Os prefeitos em falta alegaram falta de recursos e prazo curto para acabar com os lixões e implantar a coleta seletiva.
A tendência é de que o governo federal prorrogue as ações desses planos em 2013, a fim de oferecer mais tempo para os municípios de adequarem.
O lado positivo a se esperar, em relação a PNRS, é relacionado a logística reversa. A exemplo do que fez o setor de óleos lubrificantes em dezembro de 2012, os segmentos de embalagens (de forma geral), de lâmpadas, de medicamentos, de vidros e de resíduos eletroeletrônicos devem assinar acordo setorial com o governo federal e entidades representativas, a fim de os empresários se responsabilizem pela reciclagem.
Maracanã, que será inaugurado em 2013, terá usina de energia solar
Copa das confederações
Em junho de 2013 o Brasil sediará a Copa das Confederações, uma prévia da Copa do Mundo de 2014, que também será realizada aqui no país. Podemos esperar que o evento apresente uma série de iniciativas sustentáveis, como o "Passaporte Verde" para turistas que venham assistir aos jogos, desenvolvimento da mobilidade urbana nas cidades-sede, arenas que utilizarão energia solar (Mineirão, Maracanã, Mané Garrincha e Arena Pernambuco), entre outros fatores.
Mas, fica a dica: muito além de esperar é cada um de nós fazer a nossa própria parte por um mundo mais sustentável!
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar. (ibahia)


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Feliz Natal

Feliz Natal a todos
Saber não é tudo, mas, temos que procurar a sabedoria em tudo.
É necessário fazer, porém, com calma, tranquilidade e serenidade para sempre agregar novos valores aos conhecimentos.
E para bem fazer, homem algum dispensará a calma e a serenidade, imprescindíveis ao êxito, nem desdenhará a cooperação, que é a companheira dileta do amor.
Vamos juntos transformar esse NATAL em REFLEXÂO, AMOR e PAZ na alma.
Nunca me esqueço de vocês, esteja eu onde estiver.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Em 10 anos carvão superará petróleo

Em 10 anos carvão, grande gerador de gases de efeito estufa, superará petróleo e será primeira fonte de energia
O carvão, grande gerador de gases de efeito estufa, se aproximará em cinco anos do petróleo como primeira fonte de energia mundial e pode superá-lo em dez anos, devido ao desenvolvimento acelerado dos países emergentes, considera a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório publicado em 18/12/12.
“Graças a sua abundância e a uma insaciável demanda de eletricidade nos mercados emergentes, o carvão já representou cerca da metade do aumento da demanda mundial de energia na primeira década do século XXI”, ressalta a Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris.
O consumo de carvão em 2017 será de 4,32 bilhões de toneladas equivalentes ao petróleo, contra 4,4 bilhões de toneladas de petróleo. E em 10 anos superará o petróleo devido ao crescimento de mercados emergentes gigantescos, como China e Índia, segundo a AIE.
“A cota de carvão nas fontes de energia mundial segue progredindo a cada ano”, afirma a diretora da organização, Maria van der Hoeven.
Como resume a AIE, “o carvão é a China” e “a China é o carvão”. A China, que não para de inaugurar centrais elétricas de carvão, representou no ano passado 46,2% do consumo mundial deste combustível. A barreira dos 50% será alcançada a partir de 2014, o que significa que a China consumirá a partir deste ano mais carvão que todos os demais países do mundo juntos.
A importação de carvão crescerá de forma importante na América Latina, em particular no Brasil, onde as compras de carvão de coque aumentarão 45%, chegando a 20 Mtce (toneladas métricas equivalentes de carvão) em 2017, indica o relatório.
Além dos Estados Unidos, as importações do Brasil provêm de Moçambique e Colômbia, onde várias empresas brasileiras – Vale, entre elas – desenvolvem importantes projetos mineradores.
A AIE, uma organização vinculada à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), “espera que a demanda de carvão aumente em todas as regiões do mundo”, com a exceção notável dos Estados Unidos, onde o desenvolvimento do gás de xisto provocou uma forte queda do preço do gás, que torna o carvão muito menos competitivo.
Mas o carvão é uma energia muito poluente. “Apenas uma concorrência feroz de um gás a baixo preço permite reduzir a demanda de carvão”, adverte a AIE. “Europa, China e outros países devem tomar nota disso”, acrescenta.
No entanto, o declive do carvão nos Estados Unidos gerou um “boom” das exportações americanas, especialmente em direção à Europa. Consequência: a tonelada de carvão na Europa passou de 130 dólares a tonelada em março de 2011 a 85 dólares em maio de 2012.
Por isso, embora o velho continente permaneça com objetivos ambientais ambiciosos, muitos países estão retomando o carvão como fonte de energia. No primeiro semestre de 2011, Espanha, Alemanha e Reino Unido produziram menos eletricidade a partir do gás – energia mais limpa – e mais a partir do carvão, destaca a AIE.
Hoje, o carvão já representa cerca de 28% de toda a energia consumida no mundo e é a primeira fonte de eletricidade, segundo a AIE.
A emergência desta energia também ocorre num momento em que os objetivos contra o aquecimento climático parecem ter passado para um segundo plano. “O resultado é que, sem restrição no consumo de carvão mediante políticas climáticas, a demanda e o CO2 seguirão aumentando”, adverte a organização. (EcoDebate)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Produção de Etanol: primeira ou segunda geração?

O etanol tem sido considerado uma alternativa para diminuir problemas ambientais e energéticos no mundo em razão da escassez e alta dos preços dos combustíveis fósseis e da poluição por eles causada. O Brasil encontra-se em uma posição privilegiada no que se refere à produção de etanol, por apresentar vantagens na tecnologia de produção, possibilidade de liderança na agricultura de energia e mercado de biocombustíveis sem ampliar a área desmatada ou reduzir a área destinada à produção de alimentos. Além disso, a matriz energética brasileira já é um exemplo de sustentabilidade, pois enquanto a média mundial é o uso de apenas 14% de fontes renováveis, o Brasil utiliza 46,8% dessas fontes.
Nesse cenário, tecnologias capazes de melhorar o desempenho da produção no setor agroenergético ganham importância fundamental no país. Esse aumento de produção, do ponto de vista de processamento industrial, pode se dar de duas formas: por aperfeiçoamentos das tecnologias para produção de etanol de primeira geração, a partir da sacarose da cana; ou pelo desenvolvimento científico e tecnológico de produção do, etanol lignocelulósico (chamado de segunda geração), produzido a partir da celulose e hemicelulose.
Apesar de a produção de etanol a partir da sacarose ser um processo bem estabelecido no Brasil, com os menores custos, a maior produtividade e o melhor balanço energético do mundo, ainda há espaço para crescimento e redução de custos. Existem ainda diversas possibilidades de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação para o aperfeiçoamento da produção de etanol a partir do caldo da cana, elevando-se os rendimentos de conversão e a produtividade global do processo.
Entretanto, para evitar que se atinja o limite da oferta ou venha a ocorrer a competição pelo uso da terra para a produção de biocombustíveis e de alimentos, é necessário investir no desenvolvimento de tecnologias de segunda geração para produção de etanol. A estimativa é de que o aproveitamento do bagaço e parte das palhas e pontas da cana-de-açúcar eleve a produção de álcool em 30 a 40%, para uma mesma área plantada. As demais matérias-primas para as quais se buscam tecnologias de processamento, tais como capim-elefante, braquiárias, panicuns e árvores de crescimento rápido podem representar alternativas competitivas e eficientes para locais onde não se cultiva ou cultivará cana-de-açúcar.
A combinação das rotas de primeira e segunda gerações na produção de etanol de cana-de-açúcar permitirá obter maior quantidade de combustível sem aumentar o volume de matéria-prima cultivada nem a área plantada, mas, em consequência, ter-se-á menor disponibilidade de bagaço para geração de energia elétrica. No momento em que a tecnologia de segunda geração estiver em escala comercial, as usinas seguirão a lógica do mercado, voltando sua produção para eletricidade ou etanol, de modo semelhante ao que ocorre com a destinação do caldo, que a depender das condições produz mais etanol ou mais açúcar.
Vários especialistas defendem a ideia de que, no momento, o Brasil precisa mais de energia elétrica do que de combustíveis líquidos, e que a utilização de bagaço para produção de etanol não seria benéfica, visto que o país sofreu, há pouco tempo, uma restrição no desenvolvimento econômico e social devido ao racionamento de energia elétrica. Entretanto, é imprescindível que o país mantenha sua liderança mundial no campo dos biocombustíveis e garanta produção suficiente para atendimento da demanda nacional e parte de demanda externa. Para isto, é necessário que se somem esforços de melhoria do processo atual e que se estabeleça e implante a produção de etanol lignocelulósico.
Se o objetivo for elevar os índices de produção de etanol, o país obteria mais benefícios, a curto prazo, investindo no melhoramento do processo de produção a partir do caldo da cana. Entretanto, para que o país continue a ter vanguarda nesta área, tanto em produção como disponibilização de tecnologias, é necessário que possa dominar também o conhecimento de novas rotas de produção e o emprego de novas matérias-primas. (embrapa)

Do bagaço ao posto

No Brasil, Petrobrás, Raízen e GraalBio lideram a disputa pelo etanol de segunda geração, feito de resíduos da cana. A produção comercial do biocombustível no País deve começar no fim de 2013
É possível que neste momento esteja a caminho da Europa ou dos Estados Unidos um contêiner abarrotado de bagaço ou de palha de cana-de-açúcar. O envio desse tipo de material para o exterior se intensificou nos últimos meses num claro sinal de que a indústria do etanol está prestes a passar por uma revolução. Pelo menos 700 toneladas de bagaço e de palha deixaram o País no último ano para ser alvo de pesquisa e testes em laboratórios estrangeiros.
É a reta final de uma corrida tecnológica para tirar do papel a produção industrial do etanol celulósico, feito não com a parte comestível da cana-de-açúcar, mas com os resíduos dela. Esse combustível, chamado de segunda geração, pode ser produzido também com restos de madeira, sabugo de milho ou palha de trigo - e qualquer outra matéria-prima que tenha celulose na sua composição. Além de ser um combustível menos poluente, ele não compete com os alimentos - daí vem grande parte de seu prestígio.
Por mais de quatro décadas, cientistas do mundo inteiro se desdobraram para desenvolver em laboratório uma tecnologia que convertesse a celulose presente na fibra das plantas em açúcar que, por sua vez, pudesse ser fermentado e transformado em etanol. Já na década de 70, quando o governo federal criou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), falava-se na possibilidade de produzir o combustível com restos de madeira, o que já era estudado em países como a Austrália.
Em tubos de ensaio, esse processo já funciona há muito tempo, mas até agora nunca foi testado em escala comercial. Em 2013, tudo leva a crer que o cenário será outro. A estimativa é de que em um ano, três fábricas estejam em operação no mundo - uma delas na cidade de São Miguel dos Campos, a 60 quilômetros de Maceió.
No centro dessa movimentação estão gigantes farmacêuticas, bioquímicas e petroleiras, como a BP, a americana Dupont, a holandesa DSM, e a dinamarquesa Novozymes. No Brasil, Petrobrás, Raízen e a novata GraalBio, do empresário Bernardo Gradin, ex-sócio da família Odebrecht, também estão nessa corrida. "É um mercado que está borbulhando e que vai chamar a atenção nos próximos meses, com o anúncio de novas parcerias e o início da operação de novas unidades", diz Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de cana-de-açúcar (Unica).
No mês passado, a norte-americana Kior deu a largada para essa nova era na produção de biocombustível de segunda geração. Ela iniciou a produção comercial de gasolina e diesel feitos a partir de uma espécie de madeira comum no sul dos Estados Unidos. Com capacidade para produzir 40 milhões de litros por ano, a fábrica tem entre seus clientes a FedEex e a Chevron.
Mas a pioneira na produção de etanol de segunda geração deve ser uma italiana. A M&G, maior fabricante de PET do mundo, investiu US$ 200 milhões numa planta localizada na cidade de Crescentino, no norte da Itália, com capacidade para produzir até 76 milhões de litros por ano. Segundo a assessoria de imprensa da companhia, a operação deve começar ainda nesta semana, com a etapa de pré-tratamento de matéria-prima que, nesse caso, é a palha do trigo.
Até agora, já foram anunciados cerca de 60 plantas de biocombustível de segunda geração (2G) no mundo - apenas 17 são comerciais e o restante é para testes. No Brasil, estão quatro desses projetos de escala industrial. Por enquanto. Com apenas 2% da terra arável ocupada por plantações de cana-de-açúcar, clima favorável e matéria-prima abundante, o País é um dos lugares mais cobiçados quando o assunto é etanol de segunda geração. "O mundo está olhando para Brasil nesse momento", diz Szwarc. "Temos mais biomassa do que qualquer outro lugar do planeta." Há dois meses, ele visitou uma planta-piloto da suíça Clariant, na Alemanha, e descobriu que a empresa já faz testes com o bagaço de cana-de-açúcar. A maior produtora americana de etanol de milho, a Poet, também já sonda o mercado brasileiro. E a DSM, que é sócia da Poet no projeto de uma planta comercial de etanol de segunda geração nos Estados Unidos, e fornece leveduras para o processo de fermentação, também afirmou que pretende desenvolver uma planta no Brasil.
Na vanguarda. Embora tenha chegado por último nesse mercado, a GraalBio tem tudo para ser a pioneira por aqui. Com investimentos de R$ 300 milhões, dos quais 70% devem ser financiados pelo BNDES, a empresa espera iniciar a produção em dezembro do ano que vem na unidade de São Miguel dos Campos, em Alagoas. A planta terá capacidade para produzir 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano. "A meta é ter mais quatro plantas até 2017 e se consolidar como um dos maiores produtores do mundo", diz o presidente Bernardo Gradin.
Ex-presidente da Braskem, ele entrou nesse negócio depois de deixar a sociedade com a família Odebrecht em função de uma disputa societária em 2010. A ideia surgiu de uma conversa com o pesquisador da Unicamp Gonçalo Pereira e o amigo Alan Hiltner no restaurante da universidade. Gradin queria associar inovação à uma matéria-prima que o Brasil tem em abundância. Produzir etanol e bioquímicos usando como fonte a cana-de-açúcar acabou sendo um caminho óbvio. O esboço do plano foi desenhado pelos três num guardanapo manchado de café que Gradin guarda até hoje.
O modelo de negócio da Graal é baseado numa engenhosa estrutura de alianças, que integra toda a cadeia produtiva: desde as usinas de primeira geração de etanol, de onde virá a matéria-prima, até os fornecedores de tecnologia. Os contratos foram firmados de modo que cada um dos parceiros é responsável pelo sucesso do elo seguinte da cadeia.
A primeira parceria foi firmada com a M&G (aquela que está para começar a operação na Itália). É na planta-piloto dessa empresa, na Europa, que estão sendo realizados os testes para o início da produção em dezembro do ano que vem. A M&G forneceu o equipamento para a fase de pré-tratamento do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. Da Novozymes, vieram as enzimas que vão converter as fibras de celulose em açúcar e da DSM, a levedura geneticamente modificada que fará a fermentação.
Com essas associações, a Graal pulou as etapas de laboratório, planta-piloto e planta-demonstração que costumam anteceder a produção comercial. No mercado, concorrentes e especialistas dizem que partir direto para a produção em escala pode comprometer o início da operação, já que qualquer ajuste pode exigir grandes intervenções. "Os riscos são maiores? Com certeza. Mas eles são inerentes ao pioneirismo. As vantagens de ser o primeiro também são muitas", diz Gradin.
Mais comedida, a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, deve iniciar a produção de 40 milhões de litros de etanol celulósico em Piracicaba em julho de 2014. A engenharia está sendo desenvolvida em conjunto com a Iogen, parceria que foi herdada da associação com a Shell. A meta da Raízen é integrar o processo de segunda geração a algumas das 24 usinas de primeira geração que já estão em operação. Juntas, elas têm capacidade de produzir 2 bilhões de litros de etanol e 4 bilhões de toneladas de açúcar por ano. "O que queremos é produzir mais etanol na mesma capacidade instalada", diz João Alberto Abreu, diretor de bioenergia e tecnologia da Raízen. "O objetivo é aumentar em 50% a produção."
A primeira planta, de Piracicaba, vai consumir R$ 206 milhões em investimentos. A missão de colocá-la em operação está com Eduardo Calichman, diretor de processos industriais da Raízen, de 39 anos. Em janeiro, ele se muda com a mulher e o filho para acompanhar os testes com o bagaço da cana na planta da Iogen, no Canadá. "Já mandamos 400 toneladas de biomassa para lá de navio", conta. "Os canadenses ainda estão se acostumando com as dimensões do nosso mercado." Daqui um ano e meio, Calichman volta ao Brasil para colocar a unidade de Piracicaba para funcionar.
Até lá, é provável que outras operações também já estejam em andamento, como a da Petrobrás. "Estamos confiantes em começar a produzir no primeiro semestre de 2015", diz Miguel Rossetto, presidente da Petrobrás Bionergia. Com nove usinas que produzem 1,3 bilhão de litros de etanol de primeira geração por ano, a estatal vem estudando novas tecnologias de produção desde 2004. Em oito anos, investiu R$ 20 milhões. E para os próximos quatro multiplicou por 15 o orçamento.
Em junho, a estatal chegou a produzir 80 mil litros de etanol 2G em parceria com uma empresa americana para abastecer 40 veículos que fizeram o transporte dos participantes da Conferência Rio+20. Rossetto não soube dizer quanto custou o litro desse combustível. "Ainda não chegamos ao preço ideal, mas estamos muito próximos disso", afirma. Ele não descarta novas parcerias com empresas do setor. "Tenho dialogado com todos os players desse mercado", diz Rossetto. "Nessa etapa, não há competidores, mas muita colaboração."
Com um modelo de negócio diferente dos demais, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) adotou uma saída para entrar no mercado de etanol de segunda geração que o coloca ao mesmo tempo como potencial parceiro e competidor. Ele está desenvolvendo uma tecnologia própria que é complementar à da usina de primeira geração e pretende licenciá-la aos usineiros ou a qualquer outra empresa que queira explorar esse negócio.
O CTC começou a estudar o etanol celulósico em 2007 quando ainda era um centro de pesquisa, sem fins lucrativos, ligado à Copersucar. Em 2011, o centro passou por uma reestruturação interna e se tornou uma S.A.. A partir de agora, seus serviços serão vendidos ao mercado e para as 150 usinas associadas - inclusive o etanol de segunda geração, que se tornou uma de suas principais apostas para se provar como empresa. A planta de demonstração, com capacidade para produzir até 4 milhões de litros por ano, começa a funcionar em meados de 2013. "Etanol celulósico é mais velho do que andar para frente", diz Gustavo Leite, presidente do CTC. "O desafio é produzir a um custo competitivo, porque o nome desse jogo é custo."
Competitividade. Os coquetéis de enzimas e os micro-organismos geneticamente modificados estão entre as variáveis que mais encarecem o etanol de segunda geração. Aqui no Brasil, o setor trabalha com um número mágico: para ser competitivo, o combustível precisa ter um custo inferior a R$ 1 por litro - que é o custo do etanol de primeira geração. Sem chegar nesse valor, a produção comercial não é economicamente viável. Por isso, a produção em escala comercial levou tanto tempo para se tornar realidade.
No Brasil, as condições são ainda mais difíceis. Embora o País tenha saído na frente no desenvolvimento do etanol de primeira geração, nos últimos anos a indústria da cana viu sua produtividade despencar por falta de investimento. "O milho americano está 15 anos à frente da cana brasileira", diz Gustavo Leite do CTC.
Em 2006, o País perdeu o posto de maior produtor de etanol para os Estados Unidos e, dois anos depois, a crise financeira mundial deu uma rasteira definitiva no setor. Projetos de ampliação foram cancelados e, com a escassez de cana, a produção de açúcar foi privilegiada. Soma-se a isso o fato de que o preço da gasolina na bomba está praticamente congelado há anos.
Já os Estados Unidos incentivam fortemente a produção de biocombustível de segunda geração com subsídios, empréstimos e uma série de outros programas, o que inclui o comprometimento do governo de comprar 136 bilhões de litros de biocombustível 2G até 2022. Só nos chamados "grants", um incentivo a fundo perdido, o governo americano aplicou em torno de US$ 2 bilhões em nove anos.
No Brasil, a carteira do BNDES até pouco tempo não passava de R$ 100 milhões para o desenvolvimento da indústria de etanol de segunda geração. Neste ano, o banco criou um programa para financiar projetos de inovação no setor sucroalcooleiro, o PAISS: 35 planos de negócios foram aprovados, num valor de R$ 3 bilhões. Por que demorou tanto? "Porque o Brasil passou muito tempo na confortável posição de ser o produtor de etanol mais barato do mundo", disse Artur Yabe, gerente do departamento de biocombustíveis do BNDES. "Agora, a produtividade está caindo e a gente precisa se mexer." (OESP)

domingo, 16 de dezembro de 2012

Brasileiros produzirão a própria energia elétrica

População brasileira poderá produzir a própria energia elétrica e fornecer o excedente às concessionárias
Resolução Normativa publicada pela ANEEL em junho que permite ao consumidor aderir ao sistema de compensação de energia elétrica começa a valer em dezembro.
O ano de 2012 foi marcado por muitas medidas do Governo Federal para o setor energético brasileiro. Além do anúncio feito em setembro pela Presidente Dilma Rousseff sobre a redução das taxas de energia para residências, comércios e indústrias que vão variar entre 16% e 28% a partir de 2013, já neste ano, o brasileiro contará com mais um incentivo para economizar em sua conta e ainda, contribuir para a manutenção dos recursos não renováveis geradores de energia no país.
A Resolução Normativa (RN) 482 de 17/04/12, publicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamenta a micro e mini produção de energia, ou seja, proprietários de residências, comércio e indústria poderão produzir sua própria energia e, a maior novidade, é que as concessionárias devem adequar seus medidores a um modelo que permita que a energia gerada e não consumida no local possa ser enviada à rede para consumo em outro ponto e gerar créditos para o consumidor na próxima fatura.
As distribuidoras de energia têm até 13/12/12 para se adequar e publicar as normas técnicas relacionadas ao novo sistema em seus endereços eletrônicos.
Entenda o Sistema de Compensação de Energia
O consumidor poderá instalar um sistema gerador de energia de fonte renovável com base em energia solar, por exemplo, com potência de até 100 kW – Microgeração Distribuída – ou central geradora com potência superior a 100 kW até 1 MW – Minigeração Distribuída – ambos conectados à rede elétrica.
Durante o mês, a unidade (casa, empresa ou indústria) é abastecida pela energia gerada por sua própria fonte sustentável de energia e a noite ou nos dias mais nublados a energia fornecida pela concessionária entra em funcionamento, complementando a energia solar. Neste período, toda energia produzida que não for consumida na unidade, entra no sistema de Compensação de Energia Elétrica, ou seja, o excedente é lançado à rede de distribuição e se torna um crédito que pode ser utilizado nas próximas faturas por até 36 meses.. Para isso, o consumidor deverá trocar o medidor de energia convencional por um medidor bidirecional, que registra a energia consumida e a energia injetada na rede.
Essa energia excedente também pode ser revertida em créditos para abater o consumo de outras unidades consumidoras previamente cadastradas do mesmo proprietário ou para unidades cujos proprietários se reúnam em uma associação.
No caso do crédito exceder o valor a pagar na conta de energia, ficará estabelecida uma cobrança mínima referente ao custo da disponibilidade do sistema de distribuição.
Regulamentação para Energia Solar no Brasil
Ter uma fonte de energia alternativa sempre foi considerado um investimento muito caro e acessível para poucos empreendimentos que incluíam esse sistema em seus projetos visando, não só a economia no consumo, como também o retorno positivo que a imagem sustentável de um projeto como este pode causar.
Com esta RN que entrará em vigor a partir de dezembro de 2012, o Ministério de Minas e Energia quer facilitar a viabilização dos projetos para Micro e Minigeração Distribuída facilitando o financiamento a partir de empréstimos concedidos pelo BNDES. Conforme previsto no programa PROESCO de apoio a projetos de eficiência energética, a prioridade será dada aos consumidores residenciais – já existe programa de financiamento para eficiência energética para empresas e indústrias – e estes proprietários poderiam financiar até 80% do valor total do projeto a uma taxa de juros de 9% ao ano.
“Este é um grande avanço tecnológico, econômico e ambiental para o Brasil.” Afirma Raphael Pintão, engenheiro e sócio-diretor da Neosolar Energia, empresa paulista especializada em soluções para energia solar. “O valor dos painéis fotovoltaicos vem diminuindo ano a ano e acredito que, com esta norma em vigor, o governo brasileiro ofereça incentivos fiscais para empresas importadoras dos equipamentos e também para o consumidor final, deixando o sistema ainda mais acessível.” A Neosolar Energia é hoje a única empresa da América Latina autorizada pela chinesa Jetion Solar, reconhecida mundialmente pela qualidade de seus painéis solares, a revender seus equipamentos.
Com este incentivo concedido pelo BNDES ao consumidor residencial, o Governo Federal, por meio de relatório da EPE, estima que, em regiões onde há paridade com as tarifas de distribuição, o retorno sobre o capital próprio investido é elevado para 6,7%, aumentando o interesse dos investidores. Segundo Raphael, “com a contínua redução do preço dos equipamentos, o mercado já trabalha com retornos acima de 10% e até 15% para algumas regiões”
Brasil tentando recuperar o atraso
O velho mundo já conhece este sistema de compensação de energia há muitos anos e existe a adesão de muitas residências, não só empresas. O governo brasileiro prevê incentivos fiscais para a importação, comercialização e instalação de sistemas fotovoltaicos e dedução no Imposto de Renda, como é praticado na França. Nos Estados Unidos, as residências que investem em geração local de energia a partir de fonte solar ou outras, recebe um desconto de até 30% no IR, segundo o departamento americano de Energia (DoE).
Havendo esta dedução no “Leão” do brasileiro, o retorno do capital investido poderia subir de 6,7% para 10,7%.
Um levantamento realizado pela ABINEE apontando a taxa tributária incidente sobre todos os componentes necessários para a instalação de um sistema fotovoltaico, mostrou que 25% do valor de venda e montagem dos equipamentos são impostos como: PIS, COFINS, IPI, ISS, ICMS e Imposto de Importação. A proposta apresentada pela EPE é dar isenção fiscal à todos os componentes e para os serviços prestados pelo setor.
Incentivos para Instalação de Usinas Solares
Além dos incentivos para a produção de energia renovável individual, o Governo Federal também vai incentivar por meio da RN 482 a grande produção de energia a partir de fonte solar. Para isso, os empreendimentos que entrarem em operação até 31/12/2017, receberão descontos nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição – TUST e TUSD – de 80% aplicáveis aos 10 primeiros anos de atividades da usina. Já os que começarem a funcionar após esta data, receberão desconto de 50%, impactando positivamente no preço final da energia repassada ao consumidor.
Vantagens geográficas e climáticas
Uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apontou o Brasil como um dos países onde há maior incidência de radiação solar – com uma média anual entre 1500 a 2300 kWh/m² – dando destaque para as regiões norte, nordeste e centro-oeste. Estas regiões seriam as mais indicadas para estabelecer usinas solares. A localização geográfica do Brasil favorece a geração de energia solar em grande escala em regiões onde o sol brilha o ano inteiro.
Entendendo o Sistema Solar Conectado ou Grid Tie
Para o consumidor que pretende instalar um sistema gerador de energia de micro ou minigeração distribuída a partir da energia solar, o sistema fotovoltaico Conectado ou Grid Tie precisa de alguns componentes básicos para garantir o funcionamento:
O Painel Solar é o componente responsável pela captação da luz solar e é formado por várias células fotovoltaicas que usam o silício como matéria-prima. A quantidade de painéis solares varia de acordo com o consumo de energia. Para uma residência com consumo de 200kWh/mês são necessários de 6 a 8 painéis de 1,7 m² cada.
Já os Inversores transformam a energia elétrica vinda dos painéis solares em corrente alternada para ser usada na rede doméstica. Além disso, os inversores fazem o sincronismo da energia solar com a rede elétrica e o balanço entre a fonte solar e energia da rede convencional.
Além destes componentes, uma estrutura de alumínio é responsável pela fixação dos painéis no telhado garantindo a inclinação no ângulo adequado para a melhor captação da luz solar.
Sobre a Neosolar Energia
A Neosolar Energia há dois anos especializou-se em soluções em energia solar e, por meio de consultorias customizadas, seja para uso doméstico, rural ou voltado para a agroindústria, consegue adequar seus produtos às mais variadas necessidades.
É a única distribuidora autorizada pela Jetion Solar – empresa chinesa com sedes nos EUA e Europa, reconhecida pela qualidade dos painéis fotovoltaicos que produz – para revenda na América do Sul e já possui kits de instalação de energia solar para micro ou minigeração distribuída a venda em seu site.
Saiba mais sobre a Neosolar Energia em: www.neosolar.com.br (EcoDebate)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prefeitura de São Paulo entrega 20 táxis híbridos

Prefeitura de São Paulo entrega 20 táxis híbridos, parte de uma frota que terá 116 automóveis
Os 20 novos táxis híbridos fazem parte do primeiro lote de uma frota inédita no Brasil, que terá 116 automóveis. A tecnologia dos veículos reduz o consumo de combustível e diminuiu em até 40% a emissão de poluentes.
Na manhã de 11/12/12, o prefeito de São Paulo entregou à Cidade 20 novos táxis híbridos. Eles fazem parte do primeiro lote de uma frota inédita no Brasil, que terá 116 automóveis. A tecnologia dos veículos, que combinam dois motores, um elétrico e outro a combustão, reduz o consumo de combustível e diminuiu em até 40% a emissão de poluentes.
“É mais uma ação da Prefeitura de São Paulo, realizada através da Secretaria de Transportes, para reduzir o consumo de combustível e a emissão de poluentes. O objetivo é, ao longo dos anos, aumentar ainda mais a frota de carros híbridos”, disse o prefeito.
Os táxis híbridos foram incorporados em frotas de 10 empresas de táxis associadas à Associação das Empresas de Táxis do Município de São Paulo – Adetax. Cada veículo, modelo Toyota Prius, custou R$ 120 mil, mas a economia em combustível acaba compensando o valor do automóvel, pois o motor elétrico trabalha sozinho até o veículo atingir a velocidade de 50 km/h. A partir dessa velocidade, o próprio carro entende que é necessária mais força para movimentá-lo e, então, o motor à combustão é acionado automaticamente.
“Numa cidade como São Paulo, onde o trânsito é intenso e as velocidades das vias são baixas, acabamos utilizando pouquíssima gasolina com esse carro. A economia no bolso aumenta e o lucro no final do mês, consequentemente, também vai crescer. Além disso, o meio ambiente agradece”, disse o taxista Francisco Martins.
Com um tanque de combustível com capacidade para 45 litros, os veículos híbridos chegam a fazer 25,5 quilômetros por litro, e têm autonomia de até 1.150 quilômetros, consumindo 50% menos combustível, dependendo do modo de condução, se comparado a um veículo modelo 1.0. Além disso, a bateria do motor elétrico é carregada conforme o veículo roda, e não na tomada, o que não requer investimento em infraestrutura.
“Vários países do mundo criaram políticas de incentivo para veículos equipados com tecnologias que apresentem baixo consumo e redução nos índices de emissão de poluentes. No Brasil, o programa de Táxi Hibrido da Prefeitura de São Paulo, desponta certamente como a primeira política pública a incentivar a utilização desses veículos”, disse Luiz Carlos Andrade Junior, vice-presidente da Toyota MERCOSUL.
Desenvolvimento sustentável
Já o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente destacou que, desde 2005, a cidade de São Paulo incluiu o desenvolvimento sustentável dentro do seu planejamento. Segundo ele, o projeto Táxis Híbridos, soma-se a um conjunto de programas que beneficiam o meio-ambiente. “Temos apoiado as obras do metrô, trabalhamos na criação do Programa Ecofrota, na Inspeção Veicular Ambiental, na criação de ciclovias e de ciclofaixas, além de trabalhar em uma campanha de respeito ao pedestre”, citou. “Essas ações, somadas aos Táxis Híbridos, contribuirão significativamente para reduzir a emissão de poluentes na atmosfera”, completou.
Para o secretário de Transportes a implantação dos táxis híbridos só comprova a preocupação da atual gestão com a questão ambiental. “Chamamos as indústrias, que disseram que, havendo uma posição da Prefeitura de aquisição de um grande volume de táxis, anteciparíamos a entrega desses veículos no Brasil. E foi isso que aconteceu”, destacou.
Os táxis híbridos poderão ser identificados pelos passageiros pelo grafismo de cor verde implantado nas laterais e traseiras dos veículos. O valor da tarifa é idêntico ao cobrado pelos táxis comuns, com bandeirada inicial de R$ 4,50, mais R$ 2,50 por quilômetro rodado.
Elétricos e Ecofrota – São Paulo possui um projeto piloto de táxis elétricos inédito na América Latina. Dois veículos já estão em operação na cidade desde o início de junho. Outros oito veículos devem entrar em operação até o final do ano. Além de utilizar energia limpa, o consumo dos táxis elétricos a cada 100 quilômetros rodados é de apenas R$ 0,06 contra R$ 0,23 dos veículos movidos a álcool e de R$ 0,25 dos movidos a gasolina.
Em fevereiro de 2011 foi lançado o programa Ecofrota, que prevê a utilização progressiva de combustíveis limpos na frota de ônibus da cidade, em consonância com a Lei de Mudanças do Clima, que preconiza que todo o sistema de transporte público do município deverá operar com combustível renovável até 2018.
Atualmente, são 1.870 ônibus, de uma frota total com 15 mil veículos, com combustíveis mais limpos – elétricos, etanol, B20, e diesel de cana-de-açúcar. De fevereiro de 2011 a outubro de 2012, houve uma redução de 9,5% na emissão de poluentes em geral pelos ônibus e de 7% na de CO2 por conta do programa Ecofrota. (EcoDebate)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Energia maré abastecerá plataforma de petróleo

Energia das mares pode abastecer plataformas de exploração de petróleo no pré-sal
Turbina para geração de energia elétrica por corrente marinha. Projetado na Europa, este modelo pode ser adaptado para gerar energia por meio de correntezas do rio.
A instalação de dispositivos off shore geradores de energia a partir das marés para utilização pelas plataformas de petróleo ou em ilhas é uma das possibilidades apresentadas por Segen Estefen, professor titular de Estruturas Oceânicas da UFRJ e diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe. O professor fez a palestra “Energias renováveis e sustentabilidade nos oceanos”, durante o V Congresso Brasileiro de Oceanografia, que aconteceu até 16/11/12 no Centro de Convenções Sul América no Rio de Janeiro.
O Brasil, disse, está entre os principais players do setor de geração de energia a partir das ondas e marés marítimas: “Ao contrário do que aconteceu na eólica, neste caso estamos na linha de frente. Estamos entre os 30 países no desenvolvimento e entre os dez que já desenvolveram protótipos para testes.”
Apesar do estágio de pesquisa, Segen reconhece que há muito a fazer: “Estamos ainda no estágio da energia eólica de 20 anos atrás. A diferença é que o Brasil está dentro do processo como gerador da energia e não apenas como usuário.” Segundo afirmou, a energia dos mares ainda demanda estudos e aportes de tecnologia para se tornar competitiva. Sua aposta é na energia proveniente do mar como complementar às outras fontes de energia renováveis, com as quais deve trabalhar de forma integrada.
De acordo com Rafael Malheiro, pesquisador da Coppe, há estudos em andamento para definir as áreas apropriadas para instalação de unidades geradoras em todo o país. As características das regiões sul e sudeste permitem melhor utilização da energia a partir das ondas. Já no norte e nordeste o melhor aproveitamento vem das marés. Uma das ideias para auxiliar nas definições é a edição de um atlas, com mapeamento das condições da costa.
Outra necessidade é a identificação dos usuários, que podem ser, por exemplo, comunidades isoladas e carentes de energia, colônias de pescadores, unidades militares, portos, iluminação pública de praias, as plataformas de petróleo ou, ainda, o uso industrial que envolve até mesmo a dessalinização de água e seu uso na própria indústria ou na agricultura. “Com o pré-sal e a exploração em plataformas a até 200 km do litoral, a ideia de instalarmos fazendas geradoras de energia com as marés é extremamente apropriada”, defende Malheiro. (EcoDebate)

A energia que vem do balanço das ondas

Ainda de forma experimental, a primeira usina da América Latina a funcionar com a força das ondas do mar já começou a funcionar no Porto de Pecém, no litoral cearense, a cerca de 60 km da capital Fortaleza.
A produção de energia deve ter início no primeiro semestre do ano que vem. Por enquanto, a geração ainda está em fase de testes. O funcionamento é interrompido para verificações do sistema de geração, criado pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)e patenteado nos Estados Unidos. O sistema inédito tem apoio do governo do Ceará e foi financiado pela Tractebel Energia por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao custo de R$ 18 milhões em quatro anos.
Deverão ser gerados 100 quilowatts para o abastecimento energético do principal porto cearense. Com a mesma quantidade de quilowatts é garantido o abastecimento de eletricidade de 60 famílias. "Essa instalação é a ponta de um iceberg, o início de um processo complexo de incorporar a força do oceano na matriz energética mundial", explica o diretor de Tecnologia e Inovação do Coppe, Segen Estefen. "É algo extremamente estratégico para a visão de futuro do Brasil."
O protótipo criado pelo instituto, acrescenta o especialista, não tem a pretensão de ser definitivo nem de nortear sistemas de geração de energia a partir da força do mar. "Estamos disputando com outros sistemas e em processo de evolução, mas ninguém tem a pretensão de desenvolver um protótipo e querer que ele seja a solução", comenta Estefen. "Há um esforço grande de alguns países, Reino Unido à frente, de aproveitar os recursos do oceano na geração de eletricidade."
Além das ondas, o mar oferece a possibilidade de geração de energia impulsionada pela movimentação das marés, correntes marinhas, variação superior a 20 graus Celsius entre as temperaturas mínimas e máximas da água e até pelo teor de salinidade. O Brasil tem condições de explorar todas essas fontes.
Pelo menos dois desafios se apresentam para que o País possa aproveitar a potencialidade dos recursos marítimos, ambos vinculados à necessidade de desenvolvimento tecnológico: a criação de instrumentos que apurem com precisão os dados das fontes geradoras e de equipamentos de conversão dos recursos em eletricidade.
O sistema de captação da energia das ondas consiste em dois braços mecânicos com boias flutuadoras presas na ponta de cada um deles. A energia é gerada pela movimentação das boias, que ativa um sistema de bombas hidráulicas, reservatório interno de água doce e ambiente de alta pressão.
O plano da Tractebel é atrair, com base no protótipo do Ceará, fabricantes de equipamentos para usinas interessados em dar continuidade e melhorar o projeto. (OESP)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Eficiência energética em edificações dá samba

Eficiência energética em edificações dá samba no Brasil?
A ideia de ter uma construção energeticamente eficiente e certificada não é nada nova, apesar de o assunto ter-se tornado constante nos últimos tempos. Mas qual o objetivo da eficiência energética na edificação? Um dos objetivos gerais da eficiência energética em edifícios é economizar no uso de energia sem comprometer os níveis de saúde, conforto e produtividade. Em outras palavras, utilizar menos energia no uso diário do edifício, mas tendo construções de igual ou melhor qualidade.
Historicamente se pode indicar a Europa como sendo uma pioneira na formalização de uma regulamentação com intuito de obter redução do uso da energia nas edificações. Para tal, desenvolveu regulamentos sobre a construção das envoltórias dos edifícios no final da década de 1970 para reduzir a transferência de calor através de elementos da envoltória (e.g. paredes e janelas) e de difusão de vapor e controle de permeabilidade ao ar, seguido por regulamentos e recomendações de melhores práticas sobre o cálculo, projeto e manutenção de conforto térmico (e.g. aquecimento, ventilação e ar condicionado – AVAC e água quente sanitária – AQS) (Pérez-Lombard et al., 2009).
Entretanto, o conceito de certificação das características energéticas dos edifícios só surgiu praticamente duas décadas depois (em 1993) com a promulgação da Diretiva Europeia 93/76/CEE. Esta considerava a importância da certificação como um instrumento para prestar uma informação objetiva sobre as características energéticas dos edifícios, contribuir para uma maior transparência do mercado imobiliário, incentivar o investimento na poupança da energia, ajudar a estabilizar as emissões totais de dióxido de carbono, dado que os setores residenciais e de serviços eram responsáveis por cerca de 40% do consumo final de energia da Comunidade na época (energia majoritariamente de origem fóssil), e considerando, finalmente, que os edifícios novos iriam ter repercussões no consumo de energia em longo prazo (dado que a vida útil de uma construção pode ultrapassar os 50 anos) e que, por conseguinte, importava dotá-los de isolamento térmico eficaz e adaptado às condições climáticas locais.
No mesmo ano de 1993, se formava o Green Building Council dos EUA (USGBC), um grupo diversificado formado por arquitetos, corretores de imóveis, proprietários de edifícios, advogados, ambientalistas, e representantes da construção civil, cujo objetivo principal era promover a sustentabilidade no setor de construção civil. Para tal, percebeu-se a necessidade de um sistema para definir e comparar os “edifícios verdes”. Mas o que significa “edifício verde”? Esse conceito americano de “edifício verde” seria igual ao conceito Europeu de eficiência energética na edificação? “Verde” tornou-se a designação abreviada de um conceito de desenvolvimento sustentável aplicado à construção civil. De acordo com o USGBC (U.S. Green Building Council, 2006), o conceito está relacionado com edificações ambientalmente responsáveis, economicamente rentáveis, e saudáveis para se viver e trabalhar, sendo ligeiramente mais amplo que o conceito Europeu.
Após anos de pesquisa, em 1998, o USGBC lança o Programa de Projeto Piloto LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), também conhecido como LEED versão 1.0, e após extensas modificações finalmente consegue lançar o LEED “Green Building Rating System” (sistema de certificação para construções verdes) versão 2.0 em 2000 (U.S. Green Building Council, 2006), atingindo o objetivo de se ter um sistema para definir e comparar os “edifícios verdes”. Este sistema avalia o desempenho ambiental a partir de uma perspectiva ao longo do ciclo de vida do edifício, fornecendo um padrão definitivo para o que constitui um “edifício verde”. A certificação LEED traz a promessa de um consumo de energia até 30% menor, uma redução de até 50% no consumo de água e de até 80% nos resíduos, além da redução em média de 9% nos custos de operação (GBC Brasil, 2012). Todas essas vantagens vêm de um custo inicial em torno de 1% a 7% maior para um empreendimento comercial, dependendo do nível de certificação, porém este custo inicial tende a ser pago rapidamente com a redução dos custos de operação.
O LEED é, até hoje, um sistema de classificação voluntária e consensual voltado para o mercado de construção. Este fato ia em linha com a certificação das características energéticas dos edifícios da Diretiva Europeia 93/76/CEE. Porém, na Europa, o fato da Diretiva 93/76/CEE não ser obrigatória resultou em uma baixa implementação dos seus requerimentos pelos Estados Membros (Pérez-Lombard et al., 2009), e em consequência, levando a uma baixa economia de energia.
Aprendendo com a história, após praticamente 10 anos da Diretiva 93/76/CEE, a União Europeia lança a Diretiva 2002/91/EC que agora integra, para além do isolamento térmico, outros fatores com influência no uso de energia, como as instalações de sistemas de aquecimento e arrefecimento, a iluminação, e a aplicação de fontes de energia renováveis. Além da maior abrangência dos fatores que influenciam o uso de energia, a certificação passou a ser obrigatória em todos os Estados Membros e os novos edifícios passaram a cumprir requisitos mínimos de desempenho energético, adaptados às condições climáticas locais.
Em 2010, a União Europeia lança a Diretiva 2010/31/EU em que reforça a aplicação dos requisitos mínimos de desempenho energético para os edifícios novos e existentes, assegura a certificação de desempenho energético dos edifícios e exige que os Estados Membros garantam que até 2021 todos os novos edifícios serão do tipo NZEB (“nearly zero-energy buildings” – edifícios com consumo de energia muito baixo e que podem balancear o consumo de energia com a produção de energia através de renováveis).
Além de história, o que isso tem a ver com o Brasil? No Brasil a noção de eficiência energética nas edificações surge com o Decreto Nº 34.979, de 23 de Novembro de 1993 com o Programa Estadual de Conservação de Energia nas Edificações do Rio Grande do Sul. Este com o intuito de promover o uso de fontes energéticas alternativas nas edificações e propor normas, padrões e outros instrumentos técnicos e legais a serem adotados para incentivar a melhoria da eficiência energética nas edificações, assim como sua conservação.
Em 1996, é feita uma tentativa de consolidar as informações referentes ao estado da arte de eficiência energética em edificações com o objetivo de definir ações do Procel (Procel Edifica) nesta área e criar referências para profissionais da área (Eletrobras; Procel, 2004). Porém, somente em 2010 (Portaria Inmetro nº 372, de 17 de Setembro de 2010) com revisão em 2012 (Portaria Inmetro nº 17, de 16 de Janeiro de 2012), os esforços do governo são efetivamente concretizados em um processo de etiquetagem de edificações para o Brasil (inicialmente para edifícios comerciais, de serviços e públicos), obtida através de avaliação dos requisitos contidos no Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C).
No ano de 2012, (Portaria Inmetro nº 18, de 16 de Janeiro de 2012) é publicado Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R) para a classificação dos edifícios residenciais. Assim como o RTQ-C, o documento é complementado pelo Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C), que apresenta o processo de avaliação das características do edifício para etiquetagem junto ao Laboratório de Inspeção acreditado pelo Inmetro.
Ambas as etiquetagens (RTQ-C e RTQ-R) seguem uma metodologia muito similar à encontrada nas transposições da Diretiva 2002/91/EC para os Estados Membros, como por exemplo, o Decreto-Lei nº 80/2006 de Portugal sobre o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), com o mesmo foco na parte energética relativa ao uso do edificado fruto do comportamento térmico da construção e de seus sistemas energéticos (e.g. arrefecimento ou aquecimento), mas com uma diferença crucial, a etiquetagem Brasileira não é obrigatória e também não tem requisitos mínimos de eficiência, nesse ponto mais próxima da Diretiva 93/76/CEE.
Segundo Marcos André Borges, coordenador do programa de etiquetagem do Inmetro, o objetivo do Procel Edifica é provocar um impacto no mercado imobiliário e na medida em que existam prédios etiquetados e outros não, as pessoas iriam dar preferência a esse instrumento (Globo News, 2012). Além disso, Marcos André Borges faz uma alusão ao Procel para eletrodomésticos, onde indica que 80% dos consumidores já usam esse tipo de informação os comprar. Porém, prédios e apartamentos não são eletrodomésticos, eles acabam por não ser tão similares entre si como os eletrodomésticos e não são encontrados um ao lado do outro em uma loja.
Muitos outros fatores são levados em conta na hora de adquirir imóveis, como a ordem de grandeza do investimento, a disponibilidade, localização, tamanho, oferta de serviços pelo condomínio etc. Além disso, a inércia do mercado imobiliário é muito maior que a dos eletrodomésticos, o que pode levar muito tempo para a adoção da etiquetagem e sua percepção pela sociedade. Nessa linha de raciocínio, é interessante ressaltar “o objetivo de impactar o mercado imobiliário” mencionado acima. Lembremos que o Procel Edifica é uma etiquetagem voluntária e sem requisitos mínimos de eficiência, assim como estabelecido na Europa em 1993.
Se lá se percebeu que a certificação voluntária não surtiu o efeito desejado, e com isso resolveram introduzir uma nova regulamentação em 2002 para tornar seu uso obrigatório, o que levaria a pensar que no Brasil isso funcionaria? Se o processo de etiquetagem brasileiro é tão parecido com o Europeu, por que não aprender com os erros deles e o tornar obrigatório e com requisitos mínimos de eficiência, como já é feito em alguns outros produtos certificados pelo Inmetro?
Paralelamente ao Procel Edifica surge no Brasil em 2007 o Green Building Council Brasil (GBCB), que traz consigo a certificação LEED que até hoje certificou 67 empreendimentos (Gbc Brasil, 2012). Entretanto, nenhum desses empreendimentos é residencial, dado que, até então, somente está disponível no Brasil o LEED para edificações comerciais. Mas isto está prestes a mudar, pois o GBCB está tentando criar referenciais brasileiros a serem adotados para as categorias residências (casas populares, de classe média e alta) e desenvolvimentos urbanos (conjuntos habitacionais, condomínios, loteamentos ou bairros novos). Estes referenciais têm como base o LEED for Homes desenvolvido pelo USGBC e os pré-requisitos descritos pelo Procel Edifica, não se esquecendo do uso racional da água, de materiais e recursos, qualidade ambiental interna, regras sociais e inovação (Gbc Brasil, 2012).
Não se pode negar a importância da introdução de certificação energética no Brasil para uma futura redução no uso de energia do país, dado que somente o setor residencial respondeu por 22% do consumo final de energia elétrica no ano de 2004 e este possui um potencial de conservação energética de 32%, somente considerando refrigeração, condicionamento ambiental (somente equipamentos), iluminação e aquecimento de água (MME; EPE, 2007). Levando-se em conta que o isolamento térmico não entrou nos ganhos do condicionamento ambiental e dado que com o aumento da renda, há um aumento de conforto (maior aquisição de ar-condicionado), este potencial ainda pode ser muito maior.
Portanto, atualmente, o brasileiro tem a opção de “escolher” residências ou edificações comerciais quem tenham dois tipos diferentes de certificação. Esse fato é muito importante, tanto pelo lado informativo quanto pela qualidade dos empreendimentos, mas pode trazer algumas complicações dado que as certificações LEED e Procel não são necessariamente comparáveis e o LEED segue uma vertente mais ampla, voltada mais para a sustentabilidade, enquanto o Procel, praticamente, só valoriza as consequências do uso de energia (com um maior foco para eletricidade). (ambienteenergia)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Distância das usinas deixa sistema vulnerável

Distância das grandes usinas deixa sistema vulnerável a apagões
A fragilidade verificada no sistema brasileiro de transmissão nos últimos meses poderá piorar se o governo não planejar adequadamente a entrada em operação do novo mix de energia previsto para os próximos anos. A construção de mega hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio pode deixar o sistema mais vulnerável, alertam especialistas.
Um dos motivos é que essas usinas estão distantes dos principais centros de consumo e exigirão grandes linhas de transmissão para trazer a energia do Norte para o Sudeste. Se os mecanismos de proteção não funcionarem de forma eficiente, qualquer falha na linha poderá derrubar todo - ou boa parte - do sistema interligado. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, destaca que, quando essas linhas começarem a funcionar, será necessário fazer "esquemas especiais e dimensionar medidas de proteção, de forma que a perda não se propague".
Outro fator de instabilidade é que no período chuvoso essas hidrelétricas vão gerar muito mais energia do que durante a seca. Para ter uma ideia, a quantidade de água no mês mais úmido do Rio Xingu, onde está sendo construída Belo Monte, é 25 vezes maior do que no mês mais seco; e em Santo Antônio e Jirau, 11 vezes. Ou seja, a entrada e saída de energia do sistema será maior do que ocorre hoje.
Junta-se a isso uma série de pequenas e médias usinas em construção no País, como é o caso das usinas a biomassa, painéis solares e parques eólicos. Um estudo feito pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP) mostra que essas unidades entram e saem do sistema nacional com maior frequência. Isso exige manobras mais complexas e deixam o sistema exposto a falhas.
Mas especialistas alertam: além de melhor planejamento da operação, a rede de transmissão exige maior concentração de investimentos em manutenção e modernização das atuais instalações. Na avaliação do professor da Universidade de São Paulo (USP), Sidnei Martini, ex-presidente da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), o sistema brasileiro precisa passar por um check-up geral, fazer um diagnóstico aprofundado para detectar falhas e permitir a adoção de medidas preventivas. "É preciso ir além da manutenção rotineira."
Ele destaca que, com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, o consumo de energia vai crescer de forma excepcional. Se a rede não estiver preparada, poderemos ter problemas de apagões durante os eventos. O governo federal nega que os últimos desligamentos sejam resultado de falta de investimentos na rede. (ihu)