quarta-feira, 30 de abril de 2014

IPCC mudou de opinião sobre biocombustíveis

IPCC mudou de opinião sobre biocombustíveis desde 2007
A opinião do IPCC (o painel do clima da ONU) sobre o uso dos biocombustíveis como uma forma de lidar com as mudanças climáticas parece ter mudado entre um relatório e outro. Na versão atual aparece uma menção negativa ao seu uso – o que se tornou o ponto mais sensível para o Brasil na discussão do sumário da segunda parte do relatório, que fala de impactos, vulnerabilidades e adaptação.
O relatório anterior (AR4), de 2007, no entanto, tratava a alternativa aos combustíveis fósseis como bem-vinda. O tema havia sido tratado naquela ocasião dentro do terceiro grupo de trabalho, que trata de medidas de mitigação, ou seja, ações que podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O texto dizia que os biocombustíveis poderiam “desempenhar um papel importante no combate às emissões de gases de efeito estufa” e chegava a identificá-los como “estratégia chave de mitigação” para o setor de transportes, “dependendo de seu modo de produção.”
A segunda parte do relatório atual (AR5), que está em fase final de discussão – representantes dos governos definem os termos do sumário para formuladores de políticas – vem com um tom bem menos positivo.
“Aumentar o cultivo de plantações para bioenergia coloca riscos para ecossistemas e a biodiversidade, apesar de a contribuição da energia de biomassa para a mitigação reduIr os risos relacionados ao clima”, aponta, com “alto grau de confiança”, a versão preliminar do sumário.
No sumário para formuladores de políticas do relatório de 2007, o IPCC chegava a alertar que um “uso disseminado” de terras agriculturáveis para a produção de biomassa para energia “pode competir com outros usos da terra e pode ter impactos positivos e negativos e implicações para a segurança alimentar”.
Além disso, dizia que “plantações de bioenergia podem levar a recuperação de terrenos degradados, gerenciar o escoamento da água, reter carbono no solo e beneficiar as economias rurais, mas poderia competir com terra para produção de alimentos e pode ser negativo para a biodiversidade, se não for devidamente projetado”.
Há uma diferença visível de tom. Enquanto no AR5 o risco aparece categórico, no AR4 ficava mais nas possibilidades: pode, poderia.
Passaram-se sete anos de um relatório para o outro e muitas pesquisas foram publicadas nesse período levantando questionamentos sobre o avanço da produção de biocombustíveis. Ganhou peso uma área que investiga os chamados danos indiretos, ou seja, a plantação de uma cultura em uma região acabaria empurrando outra para áreas de floresta, que seriam desmatadas.
“Reduções de gases de efeito estufa a partir da produção de biocombustível e seu uso (comparado com o de combustíveis fósseis) pode compensada parcialmente ou inteiramente por décadas ou séculos por emissões de CO2 induzidas de desmatamento”, escrevem os autores do capítulo que fala de Riscos Emergentes e Vulnerabilidades-Chave.
E continuam, citando um cenário brasileiro: “No Brasil, é esperado que a expansão dos biocombustíveis incida sobre o Cerrado, a Amazônia e a Mata Atlântica – todos os três têm altos níveis de biodiversidade e de endemismo”.
Incompreensão. Esse dado vem de um estudo de 2010 feito pelo ecólogo da Unesp David Lapola, que disse achar que seu trabalho não foi muito bem compreendido pelo IPCC.
Ele trabalhou com modelagens explorando um cenário extremo de expansão da cana para produção de etanol e de soja para biocombustíveis. A cana no Sudeste e a soja no Mato Grosso.
“Para a cana consideramos que até 2020 ela se expandiria sobre áreas de pastagem, que é o que vem acontecendo. Aí imaginamos que a demanda de pecuária que estava alocada ali seria realocada para outra outras áreas, de Cerrado e Amazônia”, explica.
Até aí a menção do IPCC faz sentido, “mas para a Mata Atlantica não”, diz. “A cana não está ameaçando o bioma, que, pelo contrário, está começando a se recuperar. Os produtores têm feito projetos de reflorestamento.”
No caso do deslocamento para o Norte e Centro-Oeste, Lapola explica que considerou duas possibilidades: uma em que todo o gado paulista de fato fosse para lá num sistema de pecuária extensiva, com menos de um animal por hectare, pressionado por mais pastagem; e outra em que esse gado seria todo realocado em pastagens já existentes, com intensificação, não resultaria em desmatamento indireto.
“Acho que a verdade ficou entre esses dois extremos. De lá para cá de fato a produção de cana vem aumentando, mas o desmatamento está caindo”, diz ele, que publicou neste ano um estudo na revista Nature Climate Change mostrando a redução do desmatamento em todo o Brasil.
Lapola lembra que essa pressão dos biocombustíveis existe em outros países, como na Indonésia, de modo que a relação varia de caso a caso. “Sendo assim, na sentença que fala do meu estudo, deveriam ter usado um poderia, ou pode. De fato pode haver problema, mas a situação atual no Brasil tem mostrado o contrário.”
Para a delegação brasileira, esse ponto é crucial na discussão. Os negociadores entendem que se uma menção dessas passar pode acabar comprometendo o País em outras negociações internacionais – quando, para eles, o Brasil não está fazendo nada de errado. Amanhã deve ter briga em diplomatiquês. (OESP)

Energia da cana fica abaixo do potencial

Projetos de cogeração nas usinas de açúcar e álcool poderiam jogar hoje 3,4 mil MW no sistema elétrico, mas colocam apenas metade disso.
Cogeração
Bagaço de cana em usina no interior paulista: em crise, produtores poderiam usá-lo para gerar mais energia.
Difundidos como alternativa às constantes ameaças de apagão, os projetos de cogeração de energia com bagaço de cana, que receberam bilionários investimentos entre 2003 e 2008, ficaram muito abaixo do potencial que poderia ser jogado na rede para aliviar o risco de falta de energia nas principais regiões do Centro-Sul do País.
Com as usinas de cana atoladas em uma crise desde 2008, desencadeada pela turbulência global e agravada pela falta de competitividade do setor, poucos projetos de cogeração de energia saíram do papel nos últimos seis anos. Especialistas do setor estimam que, entre 2003 e 2008, as indústrias sucroalcooleiras investiram cerca de R$ 15 bilhões para comercializar energia de biomassa excedente para a rede.
“A política do governo de subsidiar o preço da gasolina não só agravou a crise das usinas, como também travou os projetos em cogeração”, afirmou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Segundo Pires, a falta de políticas públicas para o setor deixou para trás diversos projetos, incluindo os de cogeração. “O bagaço tem um grande potencial como gerador de energia, mas a decisão do governo de misturar diversas fontes de energia, como eólicas, por exemplo, tira a competitividade das usinas de cana.”
Procurado, o Ministério de Minas e Energia não sinalizou mudanças no curto prazo para estímulos ao setor em leilões.
Os preços oferecidos nos leilões de energia de biomassa desestimularam os negócios, afirmam consultores e usinas. Hoje, se contam nos dedos de uma mão quantas usinas se beneficiaram da atual cotação, em torno de R$ 822 para a energia negociada no mercado livre. Uma boa parte dos contratos firmados gira em torno de R$ 120 a R$ 150 MW/h.
“Se incentivadas, várias usinas de biomassa do Sudeste e Centro-Oeste do País poderiam suprir parte dessa demanda. Não haveria a necessidade de trazer blocos de energia da Região Norte”, disse Pires.
Autossuficientes em cogeração de energia limpa, hoje cerca de 170 das 400 usinas de açúcar e etanol em operação no Centro-Sul do Brasil comercializam seu excedente no mercado, um total de 1.720 megawatts médios, ou 3,3% do consumo nacional de energia. “É o suficiente para abastecer até nove cidades do porte de Ribeirão Preto (com 650 mil habitantes)”, disse Zilmar José de Souza, consultor de bioeletricidade da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica).
“O potencial com os investimentos já feitos poderia atingir 3.400 MW/médios”, afirmou Souza. A capacidade instalada das usinas é de 9.339 MW, incluindo consumo próprio, o equivalente a cerca de 70% da Usina de Itaipu. Vale lembrar que a energia produzida com o bagaço é sazonal, de abril a dezembro, período de colheita da cana e também de estiagem no País. Até 2021, a capacidade instalada das usinas poderia atingir 22 mil MW.
Investimentos
“Bastariam pequenos investimentos em turbinas nas caldeiras já instaladas hoje para dobrar a capacidade atual”, afirmou José Luiz Olivério, vice-presidente de negócios da Dedini, com sede em Piracicaba (SP), uma das maiores indústrias de base voltadas para o setor.
Desde 2003, foram instaladas 117 novas usinas de açúcar e etanol no Centro-Sul, das quais 80% delas foram projetadas para produzir energia, não somente para consumo próprio. “Desses projetos novos, apenas 35% deles foram implementados”, afirmou Olivério.
Segundo ele, cerca de 180 usinas instaladas em São Paulo teriam condições de negociar energia excedente no mercado. “Hoje, apenas 20% fazem isso.”
Os primeiros projetos de cogeração tiveram início no fim dos anos 80. “Os projetos ganharam fôlego a partir de 2005, com os leilões do governo federal para a venda de energia de longo prazo”, disse Souza.
Demanda em queda
Desembolsos do BNDES para projetos de cogeração
149 milhões de toneladas foi o volume total do bagaço de cana utilizado para cogerar energia na safra 2013/14. (r7)

Indonésia e Malásia apostam em biodiesel

Indonésia e Malásia apostam em biodiesel para conter cotação da palma
O óleo de palma, mais conhecido no Brasil como dendê.
Os dois maiores produtores de óleo de palma do mundo, a Indonésia e a Malásia, estudam aumentar o consumo de biodiesel em suas respectivas matrizes energéticas. O movimento vem como resposta à recente queda no preço internacional da commodity que, no mês passado, atingiu seu menor patamar em três anos.
O óleo de palma é o óleo vegetal mais consumido do mundo, mas nos últimos meses a demanda relativamente fraca fez que os estoques do produto atingissem níveis recordes. Segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, ao final da temporada agrícola 2013/14 os estoques atingiram o patamar de 9,7 milhões de toneladas - alta de 21% - enquanto o consumo deverá ter o pior desempenho em 12 anos crescendo módicos 4,6%.
Isso levou a cotação futura do óleo de palma na bolsa de Kuala Lumpur à menor cotação desde outubro de 2009. Na Bolsa da Malásia de Derivativos – referência para o produto – os contratos com entrega em novembro caíram para US$ 729 por tonelada.
Biodiesel
Em função dessa queda dos preços, os governos dos dois países asiáticos vêm discutindo estratégias para aumentar suas demandas internas pelo produto. Em 3001/14 os ministros da agricultura de ambos os países tiveram uma reunião sobre o assunto.
Desde o começo de setembro, a Indonésia tornou obrigatória a adição de 10% de biodiesel em todo o óleo diesel consumido – o patamar de mistura anterior era de 7,5%. O governo de Jacarta também estuda tornar obrigatório para as termoelétricas o consumo de combustível misturado com até 20% de biodiesel.
A medida, segundo o ministro da agricultura do país, Susilo Siswoutomo, também visa reduzir as importações de petróleo e derivados. A Indonésia consome cerca de 35 bilhões de litros de óleo diesel por ano e, segundo a consultoria Platts, importa aproximadamente 16% desse volume.
Na Malásia, o aumento será feito de forma gradual. Mas a ideia é sair de 5% para convergir também para 10% do total. (aboissa)

Países asiáticos aumentam apostas no biodiesel

Países do Sudeste Asiático redescobrem o mercado de biodiesel e se preparam para dar um salto histórico na demanda pelo biocombustível. (biodieselbr)

Diesel renovável de madeira tem boa performance

Diesel renovável de madeira tem boa performance em estes preliminares
Desde maio passado, a UPM, uma das maiores empresas do mundo do ramo de produtos de origem florestal – em especial papel e celulose –, vem testando a performance de um diesel renovável feito a partir de madeira. Os testes são realizados em parceria Centro Finlandês de Pesquisa Técnica (VTT) em automóveis abastecidos com esse novo produto.
Segundo a UPM, os testes têm mostrado que esse novo biocombustível – chamado BioVerno – funciona em carros tão bem como qualquer diesel convencional. (biodieselbr)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Combustível fóssil

Carvão, fóssil vegetal, cada vez menos usado.
Combustível fóssil ou, mais corretamente, Combustível mineral, é um grupo de substâncias formadas por meio de processos naturais, como a decomposição de organismos mortos soterrados. Os combustíveis fósseis contêm alta quantidade de carbono, usados para alimentar a combustão. São usados como combustíveis, o cravão mineral, o petróleo e o gás natural.
A Administração de Informação de Energia (EIA) estima que em 2007 as fontes primárias de energia se consistiam em petróleo (36,0%), carvão mineral (27,4%), gás natural (23,0%), acumulando um total de 86,4% como principais fontes de energia primária no mundo. Outras fontes de energia, em 2006, incluíram a energia hidrelétrica (6,3%) e energia nuclear (8,5%). O consumo de energia mundial foi e está crescendo 2,3% ao ano.
Os combustíveis fósseis são recursos não-renováveis, pois levam milhões de anos para se formarem, e as reservas desses combustíveis estão se esgotando, já que o consumo está sendo maior que a produção. Tanto a produção quando a utilização de combustíveis fósseis levantam preocupações ambientais.
A queima de combustíveis fósseis produz cerca de 21,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente, e metade dessa produção atinge a atmosfera, já que os processos naturais só conseguem absorver metade dessa quantidade. O dióxido de carbono é um dos gases que aumenta a força radiativa e agrava e acelera o aquecimento.
Origem
O petróleo e o gás natural são formados pela decomposição de organismos. A teoria biogênica do petróleo sugere que o petróleo extraído da crosta terrestre teria origem comum ao carvão mineral, já que o mesmo também é encontrado soterrado, tendo sido gerados em função do efeito de fossilização de animais e plantas, provocado pela ação de pressão e temperatura muito altas geradas há milhões de anos no processo de soterramento de material orgânico que por algum motivo não entrou na cadeia alimentar antes ou quando foi enterrado.
A teoria abiogênica (origem inorgânica do petróleo), por outro lado, defende que os hidrocarbonetos foram formados juntos com a Terra, no processo de acreção planetária.
Os combustíveis fósseis são recursos naturais não renováveis
Os combustíveis fósseis são possivelmente formados pela decomposição de matéria orgânica, através de um processo que leva milhares de anos. E por este motivo, não são renováveis ao longo da escala de tempo humana, ainda que ao longo de uma escala de tempo geológica esses combustíveis continuem a ser formados pela natureza. O carvão mineral, os derivados do petróleo (tais como a gasolina, óleo diesel, óleo combustível, o GLP - ou gás de cozinha -, entre outros) e ainda, o gás natural, são os combustíveis fósseis mais utilizados e mais conhecidos.
O carvão mineral pôs em movimento, durante décadas, veículos como as locomotivas, chamadas no Brasil de "Marias-fumaça" e navios a vapor. Atualmente, o carvão mineral garante o funcionamento de usinas termoelétricas.
Um grande problema desses combustíveis é o fato de ser finito, o que faz com que a dependência energética a partir deles seja um problema quando esses recursos acabarem, embora de acordo com as teorias abiogênicas os combustíveis minerais são muito abundantes. Por isso o interesse em energias renováveis é crescente. Outro problema é que, com a queima de combustíveis minerais, são produzidos gases que produzem o efeito estufa, como o gás carbônico e libertados metais pesados, como por exemplo, o mercúrio.
Importância
Uma refinaria petroquímica em Grangemouth, Escócia, Reino Unido.
Os combustíveis fósseis são de grande importância, pois eles podem ser queimados (oxidação para dióxido de carbono e água), produzindo quantidades significativas de energia por unidade de peso. O uso do carvão como combustível é anterior à história registrada. O carvão foi usado para alimentar fornos para a fusão de minério de metal. Hidrocarbonetos semissólidos encontrados em fendas também foram queimados nos tempos antigos, mas esses materiais foram usados principalmente para impermeabilização embalsamento.
A exploração comercial do petróleo, em grande parte como um substituto para os óleos de origem animal (particularmente óleo de baleia), para uso em lâmpadas de óleo, começou no século XIX. []
O gás natural, outrora queimado como um subproduto desnecessário na produção de petróleo, agora é considerado um recurso muito valioso.
O petróleo bruto pesado, que é muito mais viscoso do que o petróleo bruto convencional, e a areia betuminosa, onde o betume é encontrado misturado com areia e argila, são cada vez mais importantes como fontes de combustível fóssil. O xisto betuminoso e materiais semelhantes são rochas sedimentares que contêm querogênio, uma mistura complexa de compostos orgânicos de alto peso molecular, que produzem combustível sintético quando aquecidos (pirolisados). Estes materiais ainda deverão ser explorados comercialmente. Estes combustíveis podem ser empregados em motores de combustão interna, usinas de combustíveis fósseis e outros usos.
Antes da segunda metade do século XVIII, moinhos de vento e de água forneciam a energia necessária para indústrias tais como moer farinha, serrar madeira ou bombear água, e a queima de madeira ou turfa fornecia calor interno. O uso em larga escala de combustíveis fósseis, inicialmente o carvão e depois o petróleo, para fazer funcionar o motor a vapor permitiu a Revolução Industrial. Ao mesmo tempo, a iluminação a gás usando o gás natural ou gás de cidade começava a ter ampla utilização. A invenção do motor de combustão interna e seu uso em automóveis e caminhões aumentou muito a procura de gasolina e óleo diesel, ambos feitos a partir de combustíveis fósseis. Outras formas de transporte, por ferrovias e aeronaves,  também necessitam de combustíveis fósseis. O outro uso importante para os combustíveis fósseis está na geração de eletricidade e como matéria-prima para a indústria petroquímica. O alcatrão, uma sobra de extração de petróleo, é usado na construção de estradas.
Economia dos combustíveis fósseis
O preço dos combustíveis fósseis sobe em proporcionalidade inversa à sua quantidade disponível para venda, ou seja, quanto mais escasseiam, mais elevado é o seu preço.
A economia mundial está tão dependente deles que o simples aumento do preço do barril de petróleo (que é o mais explorado para fins energéticos) influencia fortemente as bolsas de valores.
O aumento do controle e do uso, por parte do Homem, da energia contida nesses combustíveis fósseis foi determinante para as transformações econômicas, sociais, tecnológicas - e infelizmente ambientais - que vêm ocorrendo desde a Revolução Industrial.
Pelo aumento do preço dos combustíveis fósseis e da poluição ambiental, o mundo está a procurar soluções energéticas alternativas (como os biocombustíveis, a eletricidade e o hidrogênio). Até 2020 a União Europeia prevê aumentar para 10% a percentagem de energias renováveis utilizadas nos transportes rodoviários.
Reservas
Níveis de fontes primárias de energia são as reservas abaixo do solo. A parte mais importante de fontes de energia primária são os combustíveis fósseis á base de carbono. Carvão, petróleo e gás natural promoveram 79,6% de energia primária no mundo em 2002.
Dados de reservas entre 2005-2006 no Brasil:
# Petróleo: 2.685,15 mil barris produzidos por dia entre 1980-2012. 2.721,62 mil barris consumidos por dia entre 1980-2012. -36.47 mil barris de petróleo líquido exportados por dia entre 1980-2012.
# Gás natural: 514,89 bilhões de pés cúbicos produzidos entre 1980-2012. 884.99 bilhões de pés cúbicos consumidos entre 1980-2012. -370.10 bilhões de pés cúbicos importados/exportados entre 1990-2012.
# Carvão: 6.005 milhões de toneladas curtas produzidas entre 1980-2012. 27.570 milhões de toneladas curtas consumidas entre 1980-2012. -19.522 milhões de toneladas curtas exportadas/importadas entre 1980-2011.
Consequências e danos ambientais[]
Os Estados Unidos detêm apenas 5% da população mundial, mas devido a grandes casas e da frota de automóveis, queima mais de um quarto da oferta mundial de combustíveis fósseis. Nos EUA, mais de 90% de sua poluição atmosférica é derivado da queima de combustíveis fósseis, que libera gases poluentes, como óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e metais pesados.
Dentre as consequências ambientais do processo de industrialização e do inerente e progressivo consumo de combustíveis fósseis - leia-se energia -, destaca-se o aumento da contaminação do ar por gases e material particulado, provenientes da queima destes combustíveis, gerando uma série de impactos locais sobre a saúde humana. Outros gases causam impactos em regiões diferentes dos pontos a partir dos quais são emitidos, como é o caso da chuva ácida.
A mudança global do clima é outro problema ambiental, porém bastante mais complexo e que traz consequências nefastas. Este problema vem sendo causado pela intensificação do efeito estufa que, por sua vez, está relacionada ao aumento da concentração, na atmosfera da Terra, de gases que possuem características específicas. Estes gases permitem a entrada da luz solar, mas impedem que parte do calor gerado durante a irradiação volte para o espaço. Este processo de aprisionamento do calor é análogo ao que ocorre em uma estufa - daí o nome atribuído a esse fenômeno e também aos gases que possuem essa propriedade de aprisionamento parcial de calor, chamados de gases do efeito estufa (GEE), dentre os quais se destaca o dióxido de carbono (CO2).
É importante notar que o dióxido de carbono, bem como os outros GEE em geral (vapor d'água, por exemplo), não causa, em absoluto, nenhum dano à saúde e não "sujam" o meio ambiente. Seria incorreto classificar estes gases como poluentes, já que os mesmos não possuem as duas características básicas de um poluente segundo a definição tradicional do termo (ideia de dano à saúde ou sujeira). Todavia, novas definições de poluição, mais técnicas e abrangentes, fizeram-se necessárias e surgiram ao longo da última década, fazendo com que os gases de efeito estufa fossem classificados como poluentes. (wikipedia)

Viciados em energia fóssil investem em tecnologia

Viciados em energia fóssil, países como EUA e Japão investem em tecnologia de extração de hidrato de metano
O metano hidratado fica abaixo de muitas camadas de gelo ou no fundo do mar
O mundo é viciado em combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), e é fácil entender o por que: baratos, abundantes e fácil de extrair, eles alimentam o desenvolvimento da indústria mundial.
Cada vez mais, porém, os governos vêm buscando alternativas aos hidrocarbonetos tradicionais – seja porque são altamente poluentes ou porque sua extração tem se tornado mais difícil, à medida que algumas reservas vão se esgotando.
Um substituto potencial – em enormes quantidades – foi encontrado e repousa profundamente sob permafrost (solo gelado do Ártico) ou os leitos dos oceanos: o hidrato de metano.
Apesar de potencialmente menos poluente que petróleo e carvão, porém, sua extração apresenta enormes riscos ambientais.
Reservas gigantes
Conhecido como “gelo que arde”, o hidrato de metano consiste em cristais de gelo com gás preso em seu interior. Eles são formados a partir de uma combinação de temperaturas baixas e pressão elevada e são encontrados no limite das plataformas continentais, onde o leito marinho entra em súbito declive até chegar ao fundo do oceano.
Acredita-se que as reservas dessa substância sejam gigantescas, observa Chris Rochelle, do Serviço Geológico Britânico. A estimativa é de que haja mais energia armazenada em hidrato de metano do que na soma de todo petróleo, gás e carvão do mundo.
Ao reduzir a pressão ou elevar a temperatura, a substância simplesmente se quebra em água e metano – muito metano.
Um m3 do composto libera cerca de 160 m3 de gás, o que o torna uma fonte de energia altamente intensiva. Por causa disso, da sua oferta abundante e da relativa facilidade para liberar o metano, um número grande de governos está cada vez mais animado com essa nova fonte de energia.
Desafios técnicos
O problema, porém, é extrair o hidrato de metano. Além do desafio de alcançá-lo no fundo do mar, operando sob altíssima pressão e baixa temperatura, há o risco grave de desestabilizar o leito marinho, provocando deslizamentos.
Uma ameaça ainda mais grave é o potencial escape de metano. Extrair o gás de uma área localizada não é tão complicado, mas prevenir que o hidratado se quebre e libere o metano no entorno é mais difícil.
E isso tem consequências sérias para o aquecimento global – estudos recentes sugerem que o metano é 30 vezes mais danoso que o CO2.
Por causa desses desafio técnicos, ainda não há escala comercial de produção de hidrato de metano em qualquer lugar do mundo. Mas alguns países estão chegando perto.
Os Estados Unidos, o Canadá e o Japão já investiram milhões de dólares em pesquisa e já realizam alguns testes, desde 1998. Os mais bem sucedidos ocorreram no Alasca em 2012 e na costa central do Japão em 2013, quando, pela primeira vez, houve uma exitosa extração de gás natural a partir de hidrato de metano no mar.
Os Estados Unidos lançaram um programa de pesquisa e desenvolvimento nacional já em 1982 e, em 1995, tinham terminado a sua avaliação dos recursos disponíveis do gás de hidratos no país. Desde então, têm realizado projetos-piloto na costa da Carolina do Sul, no norte do Alasca e no Golfo do México. Cinco ainda estão em execução.

Produção comercial do gás metano ainda deve demorar
Exploração comercial
O interesse do Japão é óbvio, assinala Stephen O’Rourke, da empresa de consultoria energética Wood Mackenzie: “Japão é o maior importador de gás do mundo”.
No entanto, ele ressalta que o orçamento anual do Japão para pesquisa na área é relativamente baixo – US$ 120 milhões (cerca de R$ 270 milhões). Os planos do país de produzir em escala comercial no fim desta década, portanto, parecem muito otimista. Mas mais à frente, o potencial é enorme.
“O gás metano pode mudar o jogo para o Japão”, diz Laszlo Varro, da Agência Internacional de Energia (IEA).
Em outros países, porém, os incentivos para explorar o gás comercialmente são menores por enquanto. Os Estados Unidos estão priorizando suas reservas de gás de xisto, recurso que também é abundante no Canadá. Já a Rússia ainda tem enormes reservas de gás natural.
A China e a Índia, com sua feroz demanda por energia, são uma história diferente. No entanto, eles estão muito atrás em seus esforços para explorar o recurso.
“Houve alguns progressos recentes, mas não prevemos produção comercial antes de 2030″, afirma O’Rourke.
De fato, a IEA não incluiu gás hidratado nas suas projeções globais de energia para os próximos 20 anos.
Riscos
Mas se essa fonte for explorada, o que parece provável no futuro, as implicações ambientais podem ser extensas.
Apesar de ser menos poluente que o carvão ou o petróleo, continua sendo um hidrocarboneto e, portanto, emite CO2. E há ainda o risco mais sério da liberação direta de metano na atmosfera.
Alguns argumentam, porém, que pode não haver alternativa, na medida em que o aumento da temperatura global pode provocar a liberação do gás “naturalmente”, devido ao aquecimento dos oceanos e ao derretimento das calotas polares.
“Se todo o metano for liberado, nós vamos ver um cenário de filme Mad Max”, diz Varro. “Mesmo usando estimativas conservadoras sobre as reservas de metano, isso faria todo o CO2 de recursos fósseis parecer uma piada”, destacou.
“Por quanto tempo o gradual aquecimento global pode prosseguir sem liberar o metano?
Ninguém sabe. Mas quanto mais ele avança, mais perto chegamos de jogar roleta russa”, acrescentou. (ecodebate)

ONU defende o abandono de combustíveis fósseis

ONU defende o abandono de combustíveis fósseis e a utilização de fontes mais limpas
ONU pede uma revolução energética contra o aquecimento climático – O mundo pode alcançar o objetivo de limitar a 2ºC o aquecimento antes de 2050 se reduzir entre 40% e 70% suas emissões de gases de efeito estufa, especialmente no setor energético, afirmou um grupo de especialistas das Nações Unidas.
Esta revolução energética requer o abandono de combustíveis fósseis poluentes e a utilização de fontes mais limpas para evitar o efeito estufa, que poderá provocar um aumento da temperatura do planeta entre 3,7ºC e 4,8ºC antes de 2100, um nível catastrófico, segundo os cientistas.
“Há uma clara mensagem da ciência: para evitar uma interferência perigosa com o sistema climático, temos que deixar de continuar operando igual”, explicou Ottmae Edenhofer, copresidente do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, que elaborou o documento.
“Reduzir o consumo de energia nos daria mais flexibilidade para escolher entre as tecnologias com pouca emissão de carbono, agora e no futuro”, indica o cientista Ramón Pichs-Madruga, um dos três co-presidentes do grupo.
Para chegar ao objetivo de limitar o aquecimento a 2ºC antes de 2050 “existem muitos caminhos”, mas “todos requerem investimentos substanciais”, explicaram os especialistas no relatório.
Centenas de cientistas trabalharam no projeto da ONU. O IPCC publicou seu primeiro relatório em 2007, provocando um grande debate mundial.
Em 2011 as emissões de gases do efeito estufa foram de 430 ppm (partículas de CO2 por milhão), uma concentração considerada muito elevada.
Para manter esse número em até 450 ppm, seria preciso reduzir entre 40% e 70% as emissões atuais entre 2010 e 2050, até zerá-las em 2100.
Mas, mesmo com esse nível, a probabilidade de limitar a 2ºC o aumento da temperatura seria de 66%. É necessário, além de diminuir as emissões, “triplicar ou quase quadruplicar” o uso de fontes energéticas limpas ou nucleares.
Mudança em grande escala
Todas essas medidas supõem uma “mudança mundial em grande escala no setor de abastecimento energético”, e implicariam diminuir em 0,06% o consumo energético global.
A queda no consumo e na emissão de gases ainda teria consequências positivas para a saúde e para o impacto humano na natureza.
Entretanto, se os níveis de CO2 ficarem em 550 ppm em 2100, a possibilidade de chegar ao objetivo de reduzir o aumento na temperatura seria inferior a 50%.
Além disso, se a temperatura subir entre 0,3ºC e 4,8ºC, o nível do mar poderia aumentar entre 26 e 82 centímetros, afetando diretamente a vida nas áreas costeiras.
O informe não apresenta recomendações, mas sim uma lista de opção possíveis, e recorda que na última década as emissões de gases do efeito estufa aumentaram em 1 bilhão de toneladas a cada ano, por causa do crescimento econômico.
“Todos os esforços realizados até agora (…) não reduziram realmente as emissões”, explicou Youba Sokona, o terceiro co-presidentes do IPCC.
“Os desafios são grandes, mas ainda não é tarde demais para agir”, acrescentou.
A comunidade internacional fracassou em 2009, em uma reunião em Copenhague, em fixar objetivos de autorregulação.
Reação internacional
Em uma primeira reação ao documento, a comissária europeia para o Clima, Connie Hedegaard, pediu para que os Estados Unidos e a China, os países mais poluentes do mundo, se comprometam com a contra o aquecimento global.
“O informe do IPCC é claro, não há plano B. Só há o plano A, o da ação coletiva para reduzir as emissões imediatamente”, afirmou Hedegaard em um comunicado.
Ao anunciar que a União Europeia adotará esse ano um ambicioso programa de redução de suas emissões até 2030, questionou, em referência aos EUA e a China: “quando vocês, os grandes emissores, vão fazer o mesmo? Quanto mais tarde, pior, mais difícil será fazê-lo”.
Já o secretário de Estado americano, John Kerry, reagiu ao documento declarando que o combate ao aquecimento é uma questão de vontade, e não de capacidade.
“O informe diz muito claramente estamos frente a uma questão de vontade mundial, e não de capacidade”, ressaltou Kery em um comunicado, destacando que as já existem as tecnologias necessárias para proporcionar uma mudança e pedindo por mais investimentos no setor.
O relatório tem 2.000 páginas, e o resumo divulgado neste domingo foi aprovado depois de ser analisado e revisado por representantes governamentais e científicos reunidos em Berlim. (ecodebate)

sábado, 26 de abril de 2014

Carros (ou carroças) não vão ficar mais baratos

Lei do mercado: os carros (ou carroças) não vão ficar mais baratos
Não é fácil (nem barata) a vida do motorista que opta por um carro feito no Brasil.
Em 1994, voltei para o Brasil depois de passar alguns anos nos Estados Unidos como correspondente. Foi um choque. O país vivia a festa do real, a nova moeda, supervalorizada e, aparentemente, abundante. Os salários da classe média brasileira estavam mais altos do que os dos americanos com funções semelhantes e os preços daqui, absurdamente mais altos do que lá.
De forma menos intensa, estamos vivendo uma época semelhante. A disponibilidade, seja de dinheiro no bolso ou de crédito em longo prazo, ajuda as vendas a aumentarem. Vendem-se mais carros, imóveis, roupas, viagens e até comida. E, como há milênios todo mundo sabe, maior a procura, maiores os preços.
Quando retornei ao Brasil, a indústria automobilística não estava conseguindo atender à demanda. O ágio reinava. Os carros populares, ainda uma novidade, que eram tabelados por volta dos R$ 8 mil, eram vendidos por R$ 11 mil ou mais. E ninguém deixava de comprá-los. Quem tinha um pouco mais de dinheiro pagava preços absurdos por importados, muitas vezes de qualidade baixa, apenas pela novidade.
Hoje, as vendas de automóveis continuam crescendo, mesmo que num ritmo menor que há um ano. A maioria dos fabricantes no Brasil trabalha no máximo de sua capacidade e continua a investir em novas instalações e na ampliação das já existentes. Com os consumidores dispostos a comprar, não dá para enxergar razões para que eles, seus revendedores e financeiras pensem em reduzir suas plácidas margens de lucro.
Ninguém discorda que, no presente, o Brasil é um dos países mais caros no mundo para se viver. A carga de impostos e a infraestrutura oferecida em troca chegam a lembrar do tempo do Brasil colônia, quando a maioria da arrecadação ia para Lisboa e, por aqui, faltavam estradas, segurança, saneamento e educação. Quem viaja para os Estados Unidos e Europa deveria dar um tempo nas suas visitas aos shoppings centers para dar uma olhada nos supermercados -- neles, vai descobrir que pão, leite e outros alimentos básicos são mais baratos por lá do que aqui. Não é só o Big Mac.
O barato ficou caro
Além de pagar caro, nós, brasileiros, estamos condenados, pelo menos por algum tempo, a comprar veículos já superados tecnicamente. Nossos carros são menos confortáveis, consomem e poluem mais e são muito menos seguros do que os lançados no exterior nos últimos cinco ou dez anos. A razão é que os grandes grupos internacionais têm políticas globais e o Brasil foi escolhido para ser um grande fabricante de carros baratos, para serem vendidos por aqui mesmo ou para países de baixa renda.
O que está provocando reações da indústria é que o "Custo Brasil" disparou, inviabilizando a venda de nossas carroças motorizadas no exterior. Pelos preços que têm, os automóveis brasileiros competem com produtos muito mais modernos, econômicos, melhor equipados e mais seguros, fabricados em outros países. E a diferença já é tanta que, mesmo aqui, carros que pagam 35% de impostos de importação conseguem ser competitivos.
Economia é um campo muito complexo. Preços são regulados por vários fatores, além dos impostos e dos custos de produção. Concorrência é um fator que pesa muito: produtos melhores por menor preço ou produtos equivalentes por preço menor provocam redução nas margens de lucro e melhoria na qualidade dos automóveis. Pode ser que a chegada de novas marcas ao mercado brasileiro acabe ajudando nesse sentido.
O que interessa é vender
É bom lembrar, no entanto, que a maioria dos carros importados é trazida pelos grandes fabricantes, que aplicam a eles margens de lucro ainda maiores que as obtidas nos nacionais -- uma forma de manter os produtos locais competitivos. Há uns cinco ou seis anos, fiz uma matéria sobre o Volkswagen Jetta, fabricado no México, um carro que, na época, era um derivado do Golf duas gerações mais novo que o fabricado no Brasil, mas custava pouquíssima coisa mais que a versão mais cara do hatch nacional. Mais potente, mais equipado, mais confortável e mais seguro.
Alfred Sloan, que comandou a General Motors por muitas décadas, disse uma vez que a razão de ser da indústria automotiva não é fabricar carros, mas vendê-los. Uma obviedade, mas que muita gente esquece: empresas existem para ter lucro. Enquanto os consumidores tiverem condições e estiverem dispostos a pagar caro e os cidadãos não pressionarem efetivamente para que os impostos diminuam, os preços não vão cair. Nem os dos carros, nem os dos imóveis, eletrônicos, leite, pão, carne, feijão e arroz. (uol)

Carros e carroças

Descoberto o defeito, basta enviar a cartinha do recall e tudo bem, não se recebe nenhuma punição.
“Os carros brasileiros são verdadeiras carroças...”
Quando ouvi está frase do sr. Fernando Collor fiquei surpreso: “Como assim? O cara apronta todas e ainda vem falar mal! É um Playboy mesmo...”
Mas agora que possuo um carro pude constatar que foi a frase mais sensata que ele falou!
Tudo começou com os famosos e “legais” recalls, que bonito, é inglês, é charmoso... é um crime! Comprei um Corsa Sedã Milenium em 2000, meu primeiro carro! Fiz seguro disso, seguro daquilo e, realmente, me sentia seguro em levar minha família passear. Quantas vezes desci/subi a serra para Caraguatatuba ou para Campos do Jordão. Quantas vezes fui para Atibaia, via Rod. Fernão Dias e suas curvas perigosas. Mas eu estava seguro! Meu carro possui estabilidade, possui cinto de segurança com trava não sei do que, fiz revisão de um ano, troquei pastilha disso, óleo daquilo tudo para ter s-e-g-u-r-a-n-ç-a!
Ainda ficava atento para as normas da Polícia Rodoviária: faróis ok, pneus ok, extintor de incêndio ok, taxas, impostos ok. Quando começaram os recalls... Recall de cinto de segurança... Ufa, o meu não está no meio. Recall da mangueira da refrigeração... Ufa, o meu não está no meio. Assim vai... É como AIDS, drogas, parece que nunca vai acontecer com você ou com algum parente próximo.
Até que recebi uma cartinha da GM, com os seguintes dizeres: “Não deixe de ler as informações contidas dentro desta carta, elas são importantes para o seu carro...” Abri e me deparei com o seguinte absurdo:
“...Compareça a uma concessionária para fazer a substituição do rolamento externo das rodas traseiras...”; “Isto se faz necessário por haver a possibilidade de desprendimento da roda traseira, decorrente de fragmentação do rolamento externo causada por eventual manuseio inadequado deste componente...”
Meu primeiro pensamento: “Onde foi que eu errei?“
Pega nota daqui, pega recibo dali, estava tudo certo: fiz todas as manutenções indicadas no manual. Caiu a ficha: não foi falha minha... Foi da GM!
“Desprendimento da roda traseira”, li em voz alta ao mesmo tempo que, em minha mente, passava um filme das curvas perigosas da descida da serra até Caraguatatuba, ou então da Fernão Dias... Quão perto estive da morte? Mesmo fazendo TUDO que é solicitado! Quantas vezes poderia ter matado alguém e depois ser julgado culpado, sendo inocente... Por Deus, e não graças à GM ou à Polícia Rodoviária, isso não aconteceu.
Indignado fui até o Procon atrás de meus direitos, todo cheio de razão:
“Bom dia, em que posso ajudá-lo?” – diz a atendente.
“Bom, eu comprei um Corsa há quase três anos, e agora eles estão dizendo que preciso fazer um recall” – respondi entregando a carta da GM.
Ela leu e disse: “Não podemos fazer nada, eles estão dentro da lei.”
“Como assim, comprei um carro, não paguei barato por isso e ele veio com defeito, que aliás não é uma mangueirinha aqui ou um fiozinho ali, trata-se de uma RODA que pode se DESPRENDER do carro!”
No que ela respondeu: “Veja bem, eles não estão dizendo que há um defeito, eles estão dizendo que há a possibilidade do desprendimento...”
Fiquei atônito: “Quer dizer que eles estão utilizando um jogo de palavras para burlar a lei?”
Ela deu de ombros...
“Tudo bem então, mas a GM tem que pagar de alguma forma, ela precisa ser punida!!!” – indaguei.
“Somente se você entrar na justiça com um advogado. Mas por quê? Eles estão dando a possibilidade de você fazer o recall!” – disse ela apática.
Após ouvir isso, pensei, “Nossa, agora eu preciso agradecer à GM por me dar a chance de fazer um recall de um defeito de fabricação deles! Como eles são bonzinhos e eu tão malvado...”
Vendo que não tinha muitas chances no Procon, tentei a última cartada:
“Bom, isso é um absurdo! Como eles podem fazer isso e nós não temos chance de reagir, temos que aceitar e pronto? E quanto ao dia de serviço que vou perder para levar o carro? Quem vai pagar? A GM?”
“Não!” – ela respondeu – “Eles dão a opção de você agendar o recall”.
“Estou cometendo uma heresia!” – pensei – “A GM é uma mãe para nós! Como pude pensar essas coisas dela!” – e fui embora derrotado pelo sistema...
Mas não perdi a esperança que alguém ou algum meio faça algo! Divulgue essa barbaridade! Faça os brasileiros abrirem os olhos a esse absurdo!
Como pode isso? Então a GM constrói um carro de qualquer jeito e lança no mercado. Se não for encontrado nenhum defeito, tudo bem; se for encontrado, mesmo após anos, basta mandar uma cartinha aos usuários utilizando jogo de palavras e tudo bem, não recebe nenhuma punição!
Agora eu pergunto:
- Quantos acidentes já ocorreram por causa desse DEFEITO?
- Eu preciso manter tudo em ordem: faróis, freios, pneus, cinto de segurança, extintor de incêndio, etc., senão sou multado pela Polícia Rodoviária. E a GM não é multada quando comete uma barbaridade dessas?
- Como eles ficaram sabendo desse defeito? Será que já aconteceu(ram) algum(ns) acidente(s)?
Esse defeito apareceu após alguns testes. Somente agora. Bom, quando se lança um medicamento é necessário fazer milhões de testes. Num carro não? Outra coisa, se fosse a mangueira de refrigeração, ou a lâmpada de iluminação do porta malas, mas não! Trata-se de uma RODA de pode se SOLTAR! É um defeito gravíssimo! Como não foi percebido antes? Que tipos de testes são esses que não conseguem detectar esse defeito? (bestcars.uol)

Saiba quais carros consomem menos combustível

Tabela do Inmetro informa quantos quilômetros por litro rodam 495 modelos ou versões de veículos.
Subcompactos fazem, em média, 13,5 km com um litro de gasolina.
O Inmetro divulgou a nova tabela da 6ª edição do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) 2014. Trinte e seis fabricantes participam do programa, cuja adesão é voluntária, com 495 modelos ou versões que poderão exibir a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, a Ence, afixada nos vidros. A adesão cresceu 10% em relação ao último ciclo. A etiqueta classifica os modelos quanto à eficiência energética por categoria, indica quantos quilômetros o carro roda com um litro de etanol e gasolina na cidade e na estrada, e a emissão de gás efeito estufa (CO2).
- Mais modelos aderiram ao programa, e muitos deles com tecnologias novas embarcadas, como injeção direta e até o start stop - sistema que desliga o motor de forma instantânea quando o carro encontra-se sem movimento - explica Alfredo Lobo, diretor de Avaliação da Conformidade do Inmetro.
A exemplo do que já ocorre para refrigeradores, aparelhos de ar condicionado, fogões e fornos a gás, televisores, lâmpadas e outros produtos, os veículos recebem etiqueta com faixas coloridas de ‘A’ (mais eficiente) até ‘E’ (menos eficiente).
Lobo diz que houve uma melhora de 3% na média do consumo dos veículos ‘A’ subcompactos em relação ao ciclo 2013. Hoje, 70% dos carros participantes do PBEV devem ter a etiqueta nos vidros. A expectativa é que, em 2017, 100% dos veículos declarados tenham a etiqueta.
Um carro subcompacto, que é um dos segmentos mais vendidos no Brasil, faz em média 13,5 km com um litro de gasolina, contra 10,3 km dos menos eficientes. Num percurso diário de 40 km, em um ano, a economia pode ultrapassar R$ 956, ao optar pelo veículo classe A. Em cinco anos, o valor é superior a R$ 4,8 mil, o que representa até 20% do valor do próprio veículo.
Consumidor pode optar pelo menos poluente
Este ano o consumidor também terá informações da emissão de gases poluentes desses veículos.
- Além das emissões de CO2 (gás de efeito estufa) de origem fóssil não renovável, estão disponíveis na tabela do PBEV os dados de emissão de gases poluentes (hidrocarbonetos, monóxido de carbono e óxido de nitrogênio) do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) do IBAMA, e as estrelas que classificam estas emissões, contemplando com até três estrelas os modelos que emitem menos e uma estrela para os que emitem mais. Agora, o consumidor poderá escolher o caro mais eficiente e o menos poluente ou mais limpo - explica Lobo.
Os veículos são avaliados nas categorias subcompactos, compactos, médios, grandes, extragrandes, carga derivado, comercial, utilitário esportivo compacto, utilitário esportivo grande, fora-de-estrada, minivan e esportivos. Automóveis que forem mais eficientes e obtiverem as melhores classificações no PBEV, tanto na comparação relativa dentro de suas categorias quanto na comparação absoluta geral com todos os demais modelos participantes, serão contemplados adicionalmente com o Selo Conpet de Eficiência Energética concedido pela Petrobras. (oglobo)

Carros mais ecológicos

Carros que consumam menos combustíveis e que emitam menos gases de efeito estufa – os principais agentes do aquecimento global. Até agora, porém, as montadoras continuam ignorando completamente a nossa reinvindicação.
Por enquanto, a Fiat foi a única empresa que emitiu uma resposta pouco conclusiva. A companhia, que detém cerca de 23% das vendas de automóveis no país, diz que já produz alguns modelos com eficiência energética acima da média. Isso só prova que as adaptações tecnológicas são possíveis. O que estamos pedindo é justamente que essas medidas não fiquem restritas a apenas alguns modelos, mas que todos os carros da empresa sejam produzidos com tecnologias que permitam menor consumo de combustível.
A empresa ainda menciona que a tecnologia flex, com motores abastecidos com etanol, resolveria o problema das emissões. Quanto à isso, não se pode ignorar dois elementos: isso não significa ganho de eficiência energética – desde que foi criada, a tecnologia flex avançou pouco nesse sentido. E há impactos socioambientais inegáveis da atual produção de biocombustíveis no Brasil, como o desmatamento, o avanço sobre outras culturas alimentares e a contaminação de água e solo por fertilizantes. O investimento em eletromobilidade também pode ser uma resposta a essas questões.
Produzir carros mais eficientes e desenvolver veículos elétricos é um caminho que já está sendo adotado pelas indústrias mundo afora. É uma ação tão importante quanto a promoção de melhorias na infraestrutura para os transportes públicos e não motorizados. (greenpeace)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Para economizar, Japão retoma energia nuclear

Para economizar, Japão retoma energia nuclear
Apesar de protestos, governo quer reduzir custo para empresas e consumidores.
A tragédia de Fukushima, em março de 2011, é revivida pelos japoneses desde o momento em que ligam um interruptor a cada manhã. O temor de um novo vazamento de material nuclear tornou-se viral e foi capturado pela oposição ao governo de Shinzo Abe. Quando a conta de eletricidade chega às residências e às empresas, o valor a ser pago causa outro tipo de assombro. Yusuke Suzuki, economista-chefe do Mitsui Global Strategic Studies Institute, paga US$ 300 mensais pelo consumo na casa que divide apenas com sua mulher, em Tóquio. No verão, com o ar condicionado ligado algumas horas ao dia, a conta vai a US$ 450.
Manifestação contra a retomada da energia nuclear.
O fechamento das 54 usinas nucleares do Japão depois da tragédia de 2011 criou um dos piores gargalos ao plano de Shinzo Abe para estimular o crescimento econômico. Etsuro Honda, assessor especial para assuntos econômicos do gabinete japonês e braço direito de Abe, afirmou ao Estado que o governo vai analisar cada usina e, a partir de meados deste ano, liberará as que sejam comprovadamente seguras. O alívio será quase imediato nos orçamentos de famílias e de empresas, nas contas externas e nos planos de investimento.
Segundo Suzuki, as 54 usinas respondiam pela geração de 25% a 30% da energia consumida no país. Essa parcela foi substituída por térmicas a petróleo, carvão e gás natural. A importação desses recursos – inclusive do Irã, com devida permissão internacional – reverteu o saldo comercial do país.
Se foi positivo em 8,7 trilhões de ienes na média de 2000 a 2011, passou para negativo em 5,8 trilhões de iene em 2012. Para 2013, o Bank of Tokyo-Mitsubishi estima déficit de 9,4 trilhões de ienes. O saldo em transações correntes deverá ser de 6,2 trilhões de ienes no período, graças à repatriação de 17,8 trilhões de ienes em lucros de subsidiárias de companhias japonesas no exterior.
Viés político
"Há uma vastidão de argumentos para religar a maioria das 54 usinas, mas essa questão assumiu um viés político", disse Suzuki, referindo-se à captura da controvérsia nuclear pela oposição e setores políticos aliados ao governo. "Se elas não forem reativadas, aumentará mais o custo da energia, e a indústria perderá competitividade. Será inevitável reativá-las."
A Federação Empresarial do Japão (Keidanren) espera o rápido retorno das usinas, desde que a segurança esteja comprovada e a população local aceite a decisão. Mas não vê possibilidade de isso acontecer em curto prazo por causa das pressões políticas. Um dos líderes contrários à reativação dessas plantas é o ex-primeiro-ministro Junishiro Koizumi, do mesmo Partido Liberal Democrata de Abe. Koizumi apoiou os candidatos de oposição contrários às usinas nucleares na eleição para o governo de Tóquio, em fevereiro. O vencedor, porém, foi o ex-ministro da Saúde Yoichi Masuzoe, apoiado por Shinzo Abe e favorável à retomada da energia nuclear.
Kiyoaki Fujiwara, diretor de Política Econômica do Keidanren, contou que o custo da energia elétrica é crescente no Japão desde 2007. Mas a tragédia de Fukushima acentuou a escalada. A tarifa industrial de energia no país é de US$ 200 por megawatt/hora, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nos EUA, fica em cerca de US$ 60, e na Alemanha, o segundo país com tarifas mais altas, de US$ 140 por mw/h. Por isso, setores que usam muita energia e mão de obra, como o automotivo e o eletrônico, foram para o exterior. "Só parte delas vai retornar. Aqui ficaram os segmentos de carros especiais e as indústrias voltadas ao mercado interno", disse.
O economista chefe do Bank Tokyo-Mitsubishi, Takahiro Sekido, tem outra visão sobre o tema energético. Para ele, não se trata de uma questão importante porque as grandes corporações aceleraram, nos últimos três anos, seus programas de transferência de fábricas para países onde a energia é mais barata. "Essas indústrias são independentes do impasse sobre religar ou não as usinas nucleares", afirmou Sekido. "Outros setores vão seguir o mesmo caminho nos próximos cinco anos. Ficarão aqui apenas as sedes das companhias e os centros de pesquisa e desenvolvimento."
Um problema adicional – não menos grave, na opinião do Keidanren – é o aumento da emissão de gases do efeito estufa por causa da substituição das plantas nucleares por térmicas a carvão ou petróleo. Em novembro, o Japão abandonou os compromissos registrados no Protocolo de Kyoto, de 1997. Em vez de reduzir em 25% suas emissões até 2020, com base nos níveis de 1990, o país vai aumentá-las em 3%. (OESP)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Eficiência energética

Eficiência energética é uma atividade que procura melhorar o uso das fontes de energia.
A utilização racional de energia, às vezes chamada simplesmente de eficiência energética, consiste em usar menos energia para fornecer a mesma quantidade de valor energético. Por definição, a eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização.
Os equipamentos em nossa casa, escritório, o nosso carro, a iluminação nas nossas ruas e até as centrais que produzem e distribuem a nossa energia, quer ela seja eletricidade, gás natural ou outra, consomem de alguma forma uma fonte de energia. A utilização abusiva das fontes de energia de origem de combustíveis fósseis, como o petróleo (que representa 37% do consumo), o carvão (27%), o gás natural e o urânio, contribuem exponencialmente para a libertação de dióxido de carbono para a atmosfera trazendo consequências desastrosas para o nosso Planeta, como as chuvas ácidas, o aquecimento global e a redução da camada de ozônio.
Edifícios energeticamente eficientes, processos industriais e de transporte poderiam reduzir as necessidades energéticas do mundo em 2050 por um terço, e será essencial no controlo das emissões globais de gases com efeito de estufa, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
A adoção de soluções ou medidas eficientemente energéticas em edifícios pode passar como, por exemplo, por colocar um isolamento térmico de modo a se consumir menos energia para aquecimento e arrefecimento mantendo a mesma temperatura, instalar lâmpadas econômicas, em vez de lâmpadas incandescentes para atingir o mesmo nível de iluminação.
Redes de sensores sem fio são muitas vezes utilizados para visualizar o uso de energia em cada ponto para melhorar a eficiência, como no exemplo do Japão.
A utilização das energias renováveis como fonte de energia para consumo das necessidades energéticas, quer de climatização como de aquecimento de águas quentes sanitárias e de piscinas é uma das formas mais eficientes de reduzir o consumo de energias de combustíveis fósseis. A instalação de painéis solares térmicos na cobertura dos edifícios pode representar uma redução de 60% no consumo de energia para aquecimento de águas sanitárias.
A eficiência energética e as energias renováveis são os "dois pilares" da política energética sustentável.
Como todo país em desenvolvimento, o Brasil tem uma grande demanda reprimida de energia - mas os índices nacionais de perda e desperdício de eletricidade também são altos. O total desperdiçado, segundo o Procel, chega a 40 milhões de kW, ou a US$ 2,8 bilhões, por ano. Os consumidores - indústrias, residências e comércio - desperdiçam 22 milhões de kW; as concessionárias de energia, por sua vez, com perdas técnicas e problemas na distribuição, são responsáveis pelos 18 milhões de kW restantes.
Portanto, além de promover a substituição de insumos esgotáveis (combustíveis fósseis) e a redução da intensidade do uso de energia, qualquer política energética deve estimular a eficiência e o combate ao desperdício por meio de instrumentos de regulação - como a especificação de códigos com consumo máximo de energia em construções ou padrão de desempenho e melhorias em equipamentos para garantir a incorporação de novas tecnologias, mais eficientes, pelos fabricantes. (wikipedia)

Redução do consumo de energia elétrica

Sobre a forma de redução do consumo de energia elétrica
A estiagem e o forte calor deixaram o solo da região muito seco.
O primeiro trimestre do ano, auge do período úmido, foi, neste ano, muito seco nas regiões Sudeste e Nordeste, onde estão situados os maiores reservatórios do Brasil. As afluências ficaram em torno da metade do habitual (respectivamente 52% e 43% da média de longo termo, calculada com base nas vazões desde 1931). O período hidrológico desfavorável, que começou na verdade em setembro de 2012, levou os reservatórios a níveis muito baixos.
Não se deve contar com afluências abundantes no período seco que se inicia em maio e vai até novembro de 2014. A estiagem e o forte calor deixaram o solo das regiões afetadas muito seco e provocaram a redução precoce na vazão das nascentes. As chuvas que caírem daqui para frente nas regiões com maior déficit hídrico serão em boa medida absorvidas pelo solo. Assim, ainda que as chuvas fiquem dentro da média histórica as afluências devem ficar significativamente abaixo da média.
Com reservatórios em níveis baixos e perspectivas de afluências modestas, o governo deve, necessariamente, adotar rapidamente medidas para reduzir o consumo. Além dos aspectos técnicos e operacionais da necessária política de redução do consumo, é imprescindível levar em conta também os impactos financeiros sobre o setor. Vejamos dois exemplos.
O primeiro refere-se às distribuidoras, que perdem receita com a redução do consumo. As tarifas para o consumidor destas empresas são calculadas pela Aneel com base no mercado projetado, ficando com elas o risco do consumo estimado não se materializar por qualquer razão. Como entre as distribuidoras há empresas com elevado grau de endividamento e margens apertadas, deve-se atentar para que a redução de consumo não implique em um comprometimento irreversível da capacidade de solvência de algumas distribuidoras.
O segundo exemplo é de geradores hídricos, que têm a obrigação contratual de entregar a energia vendida em contratos de longo prazo, vinculados aos leilões. Caso um gerador não produza energia suficiente para atender o contrato, ele terá que comprar a diferença no mercado spot, pagando o PLD, preço da energia de curto prazo, independente do seu valor.
Como o objetivo central do programa de redução de consumo é poupar a água dos reservatórios, as centrais hidrelétricas reduzirão a produção de energia elétrica, podendo ficar "a descoberto" em relação às obrigações contratuais assumidas. E a diferença terá que ser paga ao PLD teto de R$ 823/MWh criando débitos milionários.
A forma como o governo enquadrará legalmente a política de redução de consumo fará grande diferença. Pela legislação em vigor, se for decretado racionamento, o que até agora não foi ventilado, os contratos das hidrelétricas com as distribuidoras serão ajustados para baixo no mesmo montante da meta de racionamento. Essa redução acarretará perda de receita para os geradores hídricos, mas também reduzirá as compras de energia no spot. Caso se confirme a adoção de um programa de redução de consumo em vez de um racionamento formal, poderá se configurar o pior dos mundos para as hidrelétricas: diminuição da geração para poupar água acarretando a obrigação de pagar a diferença entre energia gerada e contratada ao PLD.
Cabe notar que com ou sem redução de consumo é muito provável que o PLD permaneça no teto de R$ 823/Mwh ao longo da maior parte do ano, provocando forte impacto em outros agentes do setor além dos já citados. A regra de fixação do PLD é, para os autores, inadequada e sem fundamentação econômica, como foi analisado no artigo "Preço versus custo da energia no setor elétrico brasileiro" publicado no Valor de 19/2/14. O PLD é fixado por modelos computacionais e em situações de escassez, atinge valores muito acima do custo médio da energia produzida. Isso faz com que o risco hidrológico, inerente ao sistema elétrico brasileiro, se transforme também em um risco financeiro de proporções exacerbadas, pois o volume de energia elétrica comercializada ao PLD é sempre muito grande em situações de escassez.
Atualmente com o PLD no teto, agentes que precisam comprar energia no spot, por qualquer razão, estão sujeitos a uma pressão financeira severa. Distribuidoras e hidrelétricas podem estar enfrentando essa situação. Mas os geradores térmicos que estão sendo obrigados a funcionar a plena capacidade durante meses também podem ser atingidos se não forem capazes de gerar, por problemas de operação ou manutenção, toda a energia a que se comprometeram. O mesmo pode ocorrer com geradores hídricos e térmicos que atrasem a entrada em operação comercial. Todos esses agentes terão que liquidar suas obrigações comprando energia no spot ao PLD máximo. Consumidores livres com contratos expirando em 2014 também serão obrigados a comprar energia a um preço que é cerca de sete vezes o preço médio usual. E comercializadoras que tenham parte de suas vendas de prazos maiores lastreadas em compras de curto prazo também podem sofrer perdas vultosas.
Em suma, o modelo atual de comercialização de energia não parece estar sendo capaz de lidar adequadamente com uma situação de seca prolongada. O uso intenso das termelétricas e a alta do PLD criam fluxos financeiros demasiado grandes e que tendem a impactar fortemente diversos agentes. No curto prazo deve-se recorrer ao diálogo e ao bom senso para lograr uma necessária redução do consumo de energia sem colocar em risco a saúde financeira do setor elétrico como um todo. No médio prazo há que revisitar as regras de comercialização de energia para torná-las mais adequadas a um sistema elétrico que sempre está sujeito ao risco hidrológico. (anacebrasil)