Em
uma nova atualização semanal para a pv magazine, a Solcast, uma empresa da DNV,
relata que o sul do Brasil e o norte dos Andes foram focos de irradiância
durante o mês de março, registrando anomalias até 30% acima da média
climatológica. O aumento ocorreu apesar das chuvas intensas que causaram
inundações em outras partes da América do Sul.
Março
na América do Sul entregou irradiância bem acima da média para produtores de
energia solar nos estados do sudeste do Brasil. A maioria do Brasil, ao lado do
norte da América do Sul, se beneficiou do aumento da irradiância, apesar dos
persistentes sistemas de chuva convectiva despejarem chuvas acima da média na
Amazônia. Enquanto isso, os Andes, na Argentina, e o deserto do Atacama, no
Chile, tiveram uma diminuição da irradiância, de acordo com análises usando o
Solcast API, já que a alta pressão sobre o Atlântico Sul puxou o ar úmido do
leste do continente.

O
sul do Brasil e o norte dos Andes se destacaram como hotspots de irradiância
durante o mês de março, registrando anomalias até 30% acima da média
climatológica. Esse aumento ocorreu apesar das chuvas intensas acima da média,
levando a inundações na Bolívia, Argentina e Brasil. Chuvas altas normalmente
significam irradiância reduzida, mas neste caso, uma crista pronunciada de alta
pressão se estabeleceu sobre o leste do Brasil, suprimindo a cobertura de
nuvens prolongadas, apesar da atividade recorrente de tempestades de chuva
convectiva. Essa configuração suportou chuvas esporádicas, mas intensas,
intercaladas com longos períodos de sol. Embora seja anormal ver irradiância
positiva e anomalias de chuva ao mesmo tempo, o gráfico abaixo mostra um
exemplo de semana detalhando manhãs ensolaradas e nuvens à tarde, levando a
chuva no final do dia ou durante a noite.

Mais
ao norte, os estados caribenhos também se beneficiaram da mesma influência, com
massas de ar estáveis limitando o desenvolvimento de nuvens e elevando a
irradiância acima das médias de março. Temperaturas amenas e aumento semelhante
da precipitação foram observados nessas áreas, embora a falta de nuvens
persistentes tenha aumentado a geração solar.
Em
contraste, as condições solares eram desfavoráveis nos Andes e nas planícies
adjacentes. As temperaturas elevadas da superfície do mar no Atlântico Sul
aumentaram o transporte de umidade para o oeste sobre o continente, canalizando
as nuvens em direção às montanhas. Esta massa de ar encontrou um cavado de
médios a altos níveis sobre os Andes, que desestabilizou a atmosfera e promoveu
uma cobertura de nuvens convectivas profundas e persistentes ao longo do mês.

O
impacto resultante na irradiância foi significativo. Do norte da Argentina ao
Paraguai, Bolívia e ao centro do Peru, prevaleceram condições densas de nuvens.
A irradiância nesta zona caiu, com anomalias tão baixas quanto 30% abaixo das
médias climatológicas. Essa persistente falta de exposição solar representa um
desvio importante das expectativas sazonais para essas regiões solares
tipicamente de alto desempenho.
A
Solcast produz esses números rastreando nuvens e aerossóis com resolução de 1 a
2 km globalmente, usando dados de satélite e algoritmos proprietários de IA/ML.
Esses dados são usados para conduzir modelos de irradiância, permitindo que a
Solcast calcule a irradiância em alta resolução, com viés típico de menos de
2%, e também previsões de rastreamento de nuvens. Esses dados são usados por
mais de 350 empresas que gerenciam mais de 300 GW de ativos solares em todo o
mundo.

Aonde
há muito sol, a chuva pode chegar a qualquer momento. (pv-magazine-brasil)
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