sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Combustíveis fósseis batem recorde em 2024 e ameaçam clima global

Emissões de metano de combustíveis fósseis estão perto de recorde

Emissões de combustíveis fósseis atingiram um recorde histórico em 2024, enquanto a concentração de CO2 na atmosfera também alcançou um novo patamar. Este aumento agrava a crise climática, que foi marcada por recordes de temperatura global em 2024, intensos incêndios florestais (como no Pantanal) e eventos climáticos extremos. A situação ameaça pontos de inflexão climáticos, como o colapso de ecossistemas e o derretimento de calotas de gelo.

Emissões de combustíveis fósseis e CO2

Recorde de emissões: Um estudo internacional mostrou que as emissões globais de carbono de petróleo, gás e carvão alcançaram um novo máximo histórico em 2024.Concentração de CO2: A Organização Meteorológica Mundial (OMM) e outras agências alertaram para o aumento recorde na concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.

Impactos e ameaças

Aquecimento global: 2024 foi o ano mais quente já registrado, com a temperatura média global superando o limite de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

Eventos extremos: As altas temperaturas e a maior concentração de gases de efeito estufa exacerbaram ondas de calor, chuvas intensas e inundações.

Incêndios florestais: O aumento das emissões contribuiu para incêndios florestais de grande escala, com o Pantanal e a Bolívia enfrentando perdas significativas.

Pontos de inflexão: Os cientistas alertam que o ritmo de aquecimento aumenta o risco de atingir "pontos de não retorno", onde o aquecimento se torna irreversível, como o derretimento do permafrost e o colapso do ecossistema da Amazônia.

Fatores que contribuem

Dependência de combustíveis fósseis: Apesar dos avanços nas energias renováveis, o ritmo de corte das emissões é insuficiente para reduzir a dependência mundial de petróleo e gás.

El Niño: O fenômeno natural El Niño contribuiu para um aumento nas secas e nos incêndios florestais na América do Sul e em outras regiões, agravando a situação.

Aumento do calor oceânico: Os oceanos atingiram o maior nível de calor já registrado, o que intensifica tempestades e eleva o nível do mar.
Emissões de gases de efeito estufa atingem pico histórico com aumento de 1,5% no consumo de energia fóssil, segundo relatório internacional

Grupo de mais de 15.800 cientistas divulga sexto alerta sobre emergência climática; relatório aponta que 10% mais ricos são responsáveis por  do aquecimento desde 1990.

Indústrias e consumidores ao redor do mundo queimaram quantidades recordes de petróleo, gás e carvão no último ano, liberando mais gases de efeito estufa do que nunca, segundo novo relatório divulgado por um grupo de renomados cientistas. O documento alerta que a humanidade está caminhando rapidamente em direção ao “caos climático”.

O aumento no uso global de combustíveis fósseis em 2024 contribuiu para eventos climáticos extremos e desastres devastadores, incluindo ondas de calor, tempestades, enchentes e incêndios florestais que marcaram o ano.

Sinais vitais da Terra em alerta máximo

Entre os indicadores mais alarmantes dos “sinais vitais” do planeta, os pesquisadores destacam o calor recorde nos oceanos, que estão devastando recifes de corais, o encolhimento acelerado das camadas de gelo e o aumento das perdas florestais por incêndios ao redor do mundo. A intensidade extrema do furacão Melissa nesta semana foi citada como mais um exemplo de como as alterações climáticas estão ameaçando vidas e comunidades em escala sem precedentes.

Apesar do cenário preocupante, o cientista Ripple, um dos autores do estudo, afirma que ainda há tempo para limitar os danos. As soluções passam por transição para energia elétrica limpa, transporte sustentável, redução da criação de gado bovino e outras fontes de gases nocivos. Embora essas mudanças estejam ocorrendo em alguns lugares, o ritmo está longe do necessário.

Exemplos de progresso em meio ao retrocesso global

Há sinais positivos em regiões específicas. Na China, por exemplo, o uso de combustíveis fósseis caiu no primeiro semestre deste ano – uma mudança notável para o país que segue como o maior emissor de poluentes climáticos do mundo. A energia renovável está sendo expandida em ritmo acelerado no país asiático, superando a instalação no resto do mundo. Na Califórnia, a energia limpa forneceu  da eletricidade em 2023.

Contudo, o uso total de combustíveis fósseis cresceu 1,5% em 2024, segundo os pesquisadores, citando dados do Energy Institute. As emissões de dióxido de carbono e outros gases que aquecem o planeta relacionadas à energia também atingiram um recorde histórico – exatamente o oposto do que precisa acontecer para enfrentar as mudanças climáticas.

O relatório observa que temperaturas mais altas estão contribuindo para o aumento da demanda por eletricidade, criando um ciclo vicioso.

Sexto alerta consecutivo

O estudo, publicado na revista científica BioScience, é a sexta avaliação anual que Ripple e seus colegas compilam desde que escreveram um artigo em 2020 declarando uma emergência climática – declaração que recebeu o apoio de mais de 15.800 cientistas de todo o mundo.

Os cientistas alertam que o ritmo atual do aquecimento aumenta drasticamente os riscos de ultrapassar pontos de inflexão climáticos perigosos, incluindo ciclos destrutivos como o colapso das camadas de gelo, o derretimento do permafrost rico em carbono e a morte generalizada de florestas.

Ripple e seus colegas enfatizam que adotar soluções agora para reduzir emissões pode trazer benefícios rapidamente e que essas medidas serão muito menos custosas do que lidar com as consequências de mudanças climáticas descontroladas.

Desafios políticos e a conferência da ONU

Os esforços do presidente Donald Trump e de sua administração para aumentar a produção de petróleo, gás e carvão ameaçam seriamente desacelerar a transição para energia limpa, afirma Michael Mann, cientista climático e professor da Universidade da Pensilvânia.

Mann e o coautor Peter Hotez argumentam no livro recente “Science Under Siege” (“Ciência Sob Cerco”, em tradução livre) que outras nações precisam assumir maior liderança agora que os Estados Unidos e outros governos promotores de petróleo trabalham para bloquear ações contra as mudanças climáticas.

Outros cientistas que ajudaram a elaborar o relatório afirmam que o governo Trump está ignorando ameaças como a elevação do nível do mar, o agravamento de secas e incêndios florestais, e a redução da produção agrícola.

A próxima conferência climática das Nações Unidas no Brasil, em novembro, pode ser um ponto de virada se os países se comprometerem com mudanças ousadas e transformadoras, disse Ripple.

Desigualdade no consumo e responsabilidade climática

As soluções devem envolver não apenas a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, afirmam os cientistas, mas também o enfrentamento do fato de que as pessoas estão consumindo recursos mais rapidamente do que a natureza consegue repô-los. Pesquisadores estimam que do aquecimento desde 1990 são atribuíveis aos 10% mais ricos da população mundial devido a “estilos de vida de alto consumo, uso elevado de combustíveis fósseis per capita e investimentos”.

Os cientistas pedem mudanças que incluem “redução do consumo excessivo” entre os mais ricos, proteção e restauração de ecossistemas, e transição de dietas baseadas em carne para alimentação mais rica em vegetais.

A concentração média global de CO2 (a) e sua taxa de crescimento (b) de 1984 a 2024. Aumentos em meios anuais sucessivos são mostrados como as colunas sombreadas em (b). A linha vermelha em (a) é a média mensal com a variação sazonal removida; os pontos azuis e a linha azul em (a) retratam as médias mensais. Observações de 179 estações foram utilizadas para esta análise. (ecodebate)

Nenhum comentário:

Postar um comentário