Emissões de combustíveis
fósseis atingiram um recorde histórico em 2024, enquanto a concentração de CO2
na atmosfera também alcançou um novo patamar. Este aumento agrava a crise
climática, que foi marcada por recordes de temperatura global em 2024, intensos
incêndios florestais (como no Pantanal) e eventos climáticos extremos. A
situação ameaça pontos de inflexão climáticos, como o colapso de ecossistemas e
o derretimento de calotas de gelo.
Emissões de combustíveis
fósseis e CO2
Recorde de emissões: Um
estudo internacional mostrou que as emissões globais de carbono de petróleo,
gás e carvão alcançaram um novo máximo histórico em 2024.Concentração de CO2:
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) e outras agências alertaram para o
aumento recorde na concentração de dióxido de carbono (CO2) na
atmosfera.
Impactos e ameaças
Aquecimento global: 2024 foi
o ano mais quente já registrado, com a temperatura média global superando o limite
de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
Eventos extremos: As altas
temperaturas e a maior concentração de gases de efeito estufa exacerbaram ondas
de calor, chuvas intensas e inundações.
Incêndios florestais: O
aumento das emissões contribuiu para incêndios florestais de grande escala, com
o Pantanal e a Bolívia enfrentando perdas significativas.
Pontos de inflexão: Os
cientistas alertam que o ritmo de aquecimento aumenta o risco de atingir
"pontos de não retorno", onde o aquecimento se torna irreversível,
como o derretimento do permafrost e o colapso do ecossistema da Amazônia.
Fatores que contribuem
Dependência de combustíveis
fósseis: Apesar dos avanços nas energias renováveis, o ritmo de corte das
emissões é insuficiente para reduzir a dependência mundial de petróleo e gás.
El Niño: O fenômeno natural
El Niño contribuiu para um aumento nas secas e nos incêndios florestais na
América do Sul e em outras regiões, agravando a situação.
Grupo de mais de 15.800 cientistas divulga sexto alerta sobre emergência climática; relatório aponta que 10% mais ricos são responsáveis por ⅔ do aquecimento desde 1990.
Indústrias e consumidores ao
redor do mundo queimaram quantidades recordes de petróleo, gás e carvão no
último ano, liberando mais gases de efeito estufa do que nunca, segundo novo
relatório divulgado por um grupo de renomados cientistas. O documento alerta
que a humanidade está caminhando rapidamente em direção ao “caos climático”.
O aumento no uso global de
combustíveis fósseis em 2024 contribuiu para eventos climáticos extremos e
desastres devastadores, incluindo ondas de calor, tempestades, enchentes e
incêndios florestais que marcaram o ano.
Sinais vitais da Terra em
alerta máximo
Entre os indicadores mais
alarmantes dos “sinais vitais” do planeta, os pesquisadores destacam o calor
recorde nos oceanos, que estão devastando recifes de corais, o encolhimento
acelerado das camadas de gelo e o aumento das perdas florestais por incêndios
ao redor do mundo. A intensidade extrema do furacão Melissa nesta semana foi
citada como mais um exemplo de como as alterações climáticas estão ameaçando
vidas e comunidades em escala sem precedentes.
Apesar do cenário preocupante, o cientista Ripple, um dos autores do estudo, afirma que ainda há tempo para limitar os danos. As soluções passam por transição para energia elétrica limpa, transporte sustentável, redução da criação de gado bovino e outras fontes de gases nocivos. Embora essas mudanças estejam ocorrendo em alguns lugares, o ritmo está longe do necessário.
Exemplos de progresso em meio ao retrocesso global
Há sinais positivos em regiões específicas. Na China, por exemplo, o uso de combustíveis fósseis caiu no primeiro semestre deste ano – uma mudança notável para o país que segue como o maior emissor de poluentes climáticos do mundo. A energia renovável está sendo expandida em ritmo acelerado no país asiático, superando a instalação no resto do mundo. Na Califórnia, a energia limpa forneceu ⅔ da eletricidade em 2023.
Contudo, o uso total de
combustíveis fósseis cresceu 1,5% em 2024, segundo os pesquisadores, citando
dados do Energy Institute. As emissões de dióxido de carbono e outros gases que
aquecem o planeta relacionadas à energia também atingiram um recorde histórico
– exatamente o oposto do que precisa acontecer para enfrentar as mudanças
climáticas.
O relatório observa que
temperaturas mais altas estão contribuindo para o aumento da demanda por
eletricidade, criando um ciclo vicioso.
Sexto alerta consecutivo
O estudo, publicado na
revista científica BioScience, é a sexta avaliação anual que Ripple e seus
colegas compilam desde que escreveram um artigo em 2020 declarando uma
emergência climática – declaração que recebeu o apoio de mais de 15.800
cientistas de todo o mundo.
Os cientistas alertam que o
ritmo atual do aquecimento aumenta drasticamente os riscos de ultrapassar
pontos de inflexão climáticos perigosos, incluindo ciclos destrutivos como o
colapso das camadas de gelo, o derretimento do permafrost rico em carbono e a
morte generalizada de florestas.
Ripple e seus colegas enfatizam que adotar soluções agora para reduzir emissões pode trazer benefícios rapidamente e que essas medidas serão muito menos custosas do que lidar com as consequências de mudanças climáticas descontroladas.
Desafios políticos e a conferência da ONU
Os esforços do presidente
Donald Trump e de sua administração para aumentar a produção de petróleo, gás e
carvão ameaçam seriamente desacelerar a transição para energia limpa, afirma
Michael Mann, cientista climático e professor da Universidade da Pensilvânia.
Mann e o coautor Peter Hotez
argumentam no livro recente “Science Under Siege” (“Ciência Sob Cerco”, em
tradução livre) que outras nações precisam assumir maior liderança agora que os
Estados Unidos e outros governos promotores de petróleo trabalham para bloquear
ações contra as mudanças climáticas.
Outros cientistas que
ajudaram a elaborar o relatório afirmam que o governo Trump está ignorando
ameaças como a elevação do nível do mar, o agravamento de secas e incêndios
florestais, e a redução da produção agrícola.
A próxima conferência
climática das Nações Unidas no Brasil, em novembro, pode ser um ponto de virada
se os países se comprometerem com mudanças ousadas e transformadoras, disse
Ripple.
Desigualdade no consumo e
responsabilidade climática
As soluções devem envolver
não apenas a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, afirmam os
cientistas, mas também o enfrentamento do fato de que as pessoas estão
consumindo recursos mais rapidamente do que a natureza consegue repô-los.
Pesquisadores estimam que ⅔ do aquecimento desde
1990 são atribuíveis aos 10% mais ricos da população mundial devido a “estilos
de vida de alto consumo, uso elevado de combustíveis fósseis per capita e
investimentos”.
Os cientistas pedem mudanças que incluem “redução do consumo excessivo” entre os mais ricos, proteção e restauração de ecossistemas, e transição de dietas baseadas em carne para alimentação mais rica em vegetais.
A concentração média global de CO2 (a) e sua taxa de crescimento (b) de 1984 a 2024. Aumentos em meios anuais sucessivos são mostrados como as colunas sombreadas em (b). A linha vermelha em (a) é a média mensal com a variação sazonal removida; os pontos azuis e a linha azul em (a) retratam as médias mensais. Observações de 179 estações foram utilizadas para esta análise. (ecodebate)





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