domingo, 14 de dezembro de 2025

Energia solar substitui o diesel em escolas públicas às margens do Rio Tapajós (PA)

Energia solar off grid e armazenamento substituem o diesel em escolas públicas às margens do Rio Tapajós (PA).

Os sistemas fotovoltaicos com baterias chegam para fornecer energia 24 horas e possibilitam a substituição de alimentos enlatados por alimentos frescos para melhorar a qualidade da alimentação dos estudantes, além de economia de aproximadamente R$ 20.000 por mês em combustível.
Escola São Benedito, na Comunidade Surucuá, no rio Tapajós, Pará.

Cinco escolas das comunidades extrativistas no Rio Tapajós, em Santarém, no Pará, receberam sistemas fotovoltaicos para substituir geradores a diesel por uma fonte de energia renovável, silenciosa e confiável, reduzindo custos com manutenção e combustível e garantindo um ambiente de aprendizado mais adequado e a conservação de alimentos frescos para os alunos, além de economia de aproximadamente R$ 20.000 por mês em combustível.

O projeto, coordenado pela Prefeitura de Santarém em conjunto com a Secretaria de Educação do município, foi comissionado pela empresa integradora de soluções fotovoltaicas Photonex. O sistema conta com 86 módulos fotovoltaicos, com potência de 700 W, além de inversores com capacidade de 30 kW e 40 kW/h de armazenamento por baterias.

Essa configuração garante energia 24 horas por dia para alimentar o básico da escola, como geladeiras, freezers, iluminação e laboratórios de informática com ar-condicionado. As escolas beneficiadas estão nas comunidades de Aldeia Indígena Muratuba (Escola Santa Luzia), Surucuá (Escola São Benedito), Parauá (Escola Frei Marcos) e Suruacá (Escola Santo Inácio de Loyola e Escola João Franco Sarmento).  Ao final do cronograma, serão 103 unidades com sistema de energia off grid instalado apenas na Reservas Extrativistas (RESEX), Tapajós-Arapiuns, que dependem de atividades como coleta de castanhas, óleos vegetais, mel, entre outros.

Desafios e Soluções

Natália Maestá explica o funcionamento do sistema para o secretário municipal de Educação, Nilton Araújo, e para o prefeito de Santarém, Zé Maria Tapajós.

Antes da implementação dos sistemas fotovoltaicos, as escolas dependiam de geradores a diesel, que eram chamados de “motor de luz”. Esses geradores representavam desafios tais como, baixa qualidade da energia, que tendia a oscilar e ocasionava a queima dos aparelhos. Além disso, a falta de combustível era frequente, e a logística para transportá-lo até as comunidades era complexa e cara.

De acordo com Natália Maestá, diretora técnica de engenharia e armazenamento da Photonex e responsável pela instalação dos sistemas fotovoltaicos, “muitas vezes as merendeiras precisavam encher garrafas de água para fazer gelo em suas casas e levá-las para a escola para conservar os alimentos frescos nos freezers, e a pessoa responsável por buscar o combustível tinha que usar um carrinho de mão para transportar galões de 50 litros até as margens do rio”, explica.

Ela conta também que a manutenção dos geradores era constante, e quando eles paravam de funcionar, alimentos frescos como frango e carne apodreciam nos freezers, forçando as crianças a consumirem embutidos e enlatados.

Equipamentos levados “no muque” e por carro de boi

A instalação dos equipamentos foi um desafio logístico significativo. Todos os materiais foram transportados de barco, em três viagens, devido ao peso e à segurança de pessoas e equipamentos. A primeira levou os módulos fotovoltaicos, e a segunda, a estrutura, o inversor e as baterias. “A equipe de instalação, que esteve no local cerca de 30 dias antes da minha chegada, enfrentou dificuldades como a necessidade de descarregar os módulos na água e transportá-los “no muque” [com esforço físico] por barrancos, já que as embarcações maiores não conseguiam atracar devido à pouca profundidade. Em alguns locais, foram utilizados tratores e até carro de boi para o transporte dos equipamentos”, explica a engenheira.

As soluções inusitadas de transporte podem ser vistas nos vídeos a seguir:

Mais 3 escolas municipais na região do Tapajós recebem sistema de energia sustentável 24h.

Já na terceira etapa, Natália parametrizou e configurou os sistemas e finalmente pôde desligar os geradores a diesel. “Sem dúvida, o maior benefício foi ver a felicidade das crianças, que agora podem estudar sem o barulho constante dos geradores. “Temos a missão de levar energia de qualidade para regiões remotas, garantindo o futuro das próximas gerações e promovendo o desenvolvimento regional do Pará e do Brasil. Esse projeto demonstra que é possível gerar energia de forma limpa, sem destruir a natureza, mantendo as árvores em pé e protegendo a fauna e a flora”, explica.

O projeto de Santarém será apresentado na COP 30, com um documentário profissional em produção para o evento. (pv-magazine-brasil)

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