sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Sistema ventilado leve para telhados de baixa carga

Sistema BIPV ventilado leve para aplicações em telhados de baixa carga.

Cientistas na China projetaram um sistema fotovoltaico ventilado integrado à edificação que depende de módulos solares flexíveis com um peso de 6 kg/m2. O sistema também usa um canal de fluxo de ar sob os painéis fotovoltaicos para reduzir sua temperatura operacional e aumentar seu rendimento de energia.
Universidade de Ciência e Tecnologia de Nanjing

Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Nanjing, na China, projetaram um sistema fotovoltaico ventilado integrado à edificação (VL-BIPV) que, segundo eles, pode representar uma solução ideal para telhados com capacidade de carga limitada de menos de 15 kg/m2.

“O sistema VL-BIPV adiciona apenas 6 kg/m² de carga quando aplicado em telhados, abordando efetivamente os desafios enfrentados pelos módulos convencionais”, disse o autor correspondente da pesquisa, Chenglong Luo, à pv magazine. “Além disso, em comparação com os sistemas fotovoltaicos convencionais de telhado, o sistema VL-BIPV possui um canal de ventilação que reduz efetivamente a temperatura dos módulos fotovoltaicos em ambientes quentes, mitigando assim o impacto das altas temperaturas em sua operação normal”.

O sistema é baseado em um módulo BIPV de 460 W que usa uma camada frontal feita de polímero como alternativa ao vidro pesado.

“Devido ao seu processo de encapsulamento e materiais especiais, este módulo pesa apenas cerca de 3 kg/m² e tem uma espessura de aproximadamente 1,8 mm”, explicou Luo. “Este módulo fotovoltaico atinge uma eficiência de 21,04%, mantendo alta eficiência fotovoltaica e reduzindo o peso. Portanto, em comparação com outros tipos de módulos, apresenta vantagens significativas nos aspectos abrangentes de eficiência, estabilidade e custo, demonstrando um potencial significativo para aplicações práticas”.

No artigo “Performance prediction of ventilated building-integrated photovoltaic system with lightweight flexible crystalline silicon module based on experimental fitting method”, publicado na Renewable Energy, Luo e seus colegas também explicaram que sob os módulos usados para o sistema VL-BIPV existe um canal de fluxo de ar que reduz sua temperatura de operação.

O sistema proposto passou por uma série de testes experimentais e simulações e seu desempenho foi comparado ao de um sistema fotovoltaico convencional de telhado sem qualquer resfriamento. Ambos os sistemas estavam localizados em um prédio universitário em Nanjing e tinham um ângulo de inclinação de 26 graus.

“Durante o teste, a intensidade da radiação solar foi de 908,05 W/m2 e a temperatura ambiente foi de 33,73 °C”, disseram os pesquisadores. “Pode-se observar que a corrente de curto-circuito do sistema VL-BIPV foi ligeiramente maior em 0,08 A em comparação com a do sistema convencional, enquanto a tensão de circuito aberto do sistema VL-BIPV foi 0,98 V maior”.

O teste indicou que o sistema VL-BIPV alcançou um aumento de 6,52% na geração anual de energia em comparação com o sistema convencional, com uma eficiência fotovoltaica geral de aproximadamente 1,07 vezes maior. “O sistema VL-BIPV alcançou uma eficiência fotovoltaica variando de 18,91% a 19,29%, com média de 19,06%, enquanto o sistema convencional alcançou uma eficiência fotovoltaica variando de 17,19% a 17,59%, com média de 17,36%”, explicaram ainda os pesquisadores.

A análise também mostrou que, ao longo da vida operacional de 25 anos de ambos os sistemas, a geração de energia do sistema VL-BIPV é de 28,67 kWh/W, o que excede a do sistema convencional em cerca de 1,78 kWh/W. “Além disso, as temperaturas médias e máximas mais altas das células no sistema VL-BIPV durante o ano são 58,39 C e 64,74 C, respectivamente, ambos abaixo do pico do sistema convencional em 68,34 C”, disse o grupo.

Mais detalhes sobre os custos do sistema e a maturidade comercial não foram fornecidos no estudo. (pv-magazine-brasil)

Ciclus Ambiental captura 60% do biogás em aterro sanitário

Empresa gera biometano e energia a partir do tratamento do biogás.

Combustível biometano é renovável e pode ainda ser usado no lugar da gasolina e do diesel em veículos leves e pesados. A associação do setor, a ABiogás, estima que o biometano chega ao consumidor cerca de 30% mais barato que o óleo diesel. Isso porque o biocombustível não está sujeito à cotação internacional ou à variação do dólar como os derivados de petróleo.
A Ciclus Ambiental, empresa do grupo Simpar, reduziu a emissão de cerca de 650 mil toneladas de CO2 na atmosfera em 2024 com a operação do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR Rio), localizado no município de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro (RJ).

Aterro sanitário opera desde 2012 é considerado o maior da América do Sul, recebe diariamente 10.000 toneladas de resíduos em um solo impermeabilizado com 4 camadas de proteção, inclusive com captação para o biogás e que são transformados em energia limpa.

Com um contrato de 30 anos com a prefeitura, são recolhidas cerca de 2,5 mil toneladas de lixo por dia. A previsão é que em 2025 a empresa tenha o aterro local licenciado para captura do biogás, com início da produção em 2026.

Usinas de Aterro Sanitário

Nada falta a quem não desperdiça — transforme seu lixo em energia.

Energia que vem do lixo

Dependendo do projeto do aterro sanitário e de seu gerenciamento, bem como da composição, compactação e umidade dos resíduos e de vários outros fatores, milhares de aterros sanitários estão disponíveis em todo o mundo para coletar e utilizar essa valiosa fonte para geração de energia.

Em nosso mundo cada vez mais populoso, o lixo é inevitável. Mas, em vez de simplesmente deixá-lo apodrecer, agora você pode colocá-lo para trabalhar de maneira que realmente ajude o meio ambiente e sirva de combustível para o seu negócio. Gere calor e energia com os motores a gás Jenbacher e Waukesha, que operam com gás de aterro sanitário e biogás de esgoto capturado, reduzindo o uso de combustível convencional e os poluentes ambientais — tudo isso com altos níveis de eficiência.

Urca Energia (holding de investimentos em energia inteligente e sustentável que atua nos mercados livre e regulado de energia), onde o biogás passa por tratamento para aumentar a concentração do metano até o nível determinado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O resultado é um combustível 100% renovável, capaz de substituir os combustíveis fósseis, reduzindo as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), e podendo ser utilizado em processos produtivos e no abastecimento de frotas.

Nesta planta são produzidos 160 mil m3 de biometano diariamente. A expectativa da empresa é produzir mais de 500 mim m3/dia até 2026. (canalenergia)

Light estuda ampliar geração hídrica

CEO da Light diz que empresa estuda ampliar geração hídrica.

Segundo Alexandre Nogueira, após resistir à tentação de vender a geração para fazer caixa, a empresa pensa agora em retomar seu DNA de investidora no segmento.
O CEO da Light S.A., holding do grupo Light, Alexandre Ferreira Nogueira, disse, após a solenidade comemorativa dos 100 anos da UHE Ilha dos Pombos, em Carmo (RJ), que a empresa, hoje concentrada em resolver seus problemas de endividamento e sair do processo de recuperação judicial em que se encontra, pretende no futuro investir em ampliar sua capacidade de geração hidrelétrica, característica que, segundo ele, está no DNA da empresa.

Em maio/23 quando pediu e teve aprovado pela Justiça seu processo de recuperação, o mercado especulou que a empresa iria vender a Light Energia, gestora do seu parque gerador de quase 900 MW, como forma de fazer caixa para enfrentar o pagamento das suas dívidas.

Nogueira explica por que a decisão não foi nesse caminho. “A forma mais simples de você resolver o problema seria vender um ativo e a Light tem um parque gerador que foi protagonista da hidroeletricidade no Brasil. A venda poderia resolver o problema momentaneamente, mas não estruturalmente e toda a negociação foi pautada em resolver o problema estruturalmente”, disse.

Concluído com sucesso o processo de renegociação dos débitos da empresa, cuja origem está na distribuidora de energia que atende a maior parte da população do estado do Rio de Janeiro, o executivo entende que, paralelamente aos esforços para cumprir o que foi acordado e para renovar a concessão da distribuidora que vence em 2026, cabe à Light planejar também seu futuro. E nele, Nogueira vê espaço para crescer na geração.

Empresas de água e energia conduzem ações para garantir abastecimento

Emae, Cesp e DAEE - concessão, administração direta e indireta a serviço do desenvolvimento.

“Preservando a geração dentro da Light, que é um vetor importante, o que a gente vislumbra pela frente é, não só continuar com esses ativos que temos aqui, mas também uma expansão, porque este é o DNA da Light, voltar a ser a protagonista que ela foi no passado”, avaliou.

Embora a hidroeletricidade seja a marca do parque gerador da empresa, Nogueira não descarta a expansão futura também por meio de outras fontes limpas, ressaltando que a demanda por energia e potência seguirá crescendo no país.

Sobre a prorrogação da concessão da distribuidora, Nogueira disse que o decreto 12.068, que trata do tema, foi amplamente discutido pelo MME com o setor e, do ponto de vista da Light, ele traz particularidades muito importantes, que são o tratamento das chamadas “áreas de risco” e a possibilidade de se ter uma tarifa especial para essas áreas.

“Você não ataca um problema desses se não tiver a reboque uma política pública bem estruturada”, disse. Nogueira não quis afirmar que o desenho proposto no decreto resolve o problema das perdas não técnicas, que é a maior fonte das dificuldades financeiras da empresa.

Debênture sustentável já é realidade no Brasil e energia limpa recebe investimentos

“Eu não posso dizer que resolva, mas eu digo que a sinalização de você ter política pública atrelada à regulação e à operação é o tripé necessário para que casos como este possam ter maior sustentabilidade”, concluiu. (brasilenergia)

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Sistema híbrido hidrelétrico-eólico-solar

Sistema híbrido eólico-solar com hidrelétrica bombeada na eletrificação rural.

Cientistas no Marrocos avaliaram como as usinas solares eólicas híbridas podem ser combinadas com o armazenamento hidrelétrico bombeado (ou reversível) para abastecer áreas rurais remotas. O sistema proposto teria um LCOE de US$ 0,03831/kWh e um fator de uso de 86%.
Proposta de instalação de armazenamento hidrelétrico bombeado.

Pesquisadores da Escola de Minas de Rabat, no Marrocos, propuseram a construção de uma usina híbrida fotovoltaica e eólica na província oriental de Zagorap, que usa armazenamento hidrelétrico bombeado (PHS). Sua proposta é baseada em um estudo de simulação que otimizou o tamanho do sistema em termos econômicos e técnicos.

“Propusemos essa tecnologia porque os proprietários da área não se beneficiam muito das águas subterrâneas sazonais que passam pelo vale, apesar da presença de uma barragem”, disse o grupo. “Assim, exploraremos essa água para gerar energia e alcançar a autossuficiência energética. Ao aproveitar esse recurso subutilizado, pretendemos fornecer soluções de energia sustentável e impulsionar o progresso econômico e social na região”.

A simulação do sistema foi realizada através do software HOMER e teve como foco a demanda de energia de três tribos na aldeia de Tazarine, a saber, Ait-Rebaa, Ait-Imnasef e Ait-Baha, com 90 pequenas casas, 30 grandes casas, seis mesquitas, um escritório da aldeia e duas escolas. No total, a demanda média de energia é de 1.050,92 kWh por dia.

A vila conta com 188,67 kWh/m2 de radiação solar em seu nível mais baixo, em novembro, e com 228,37 kWh/m2 no nível mais alto, em março. A temperatura média ao longo do ano é de 20,82°C e a velocidade do vento é a média de 5,02 m/s. O índice de apuramento está em seu nível mais baixo em junho e julho, quando marcou 0,63, e em seu nível mais alto em dezembro, em 1,15.

“Software deste sistema híbrido otimizou cada cenário gerado por meio das várias configurações de microrredes para satisfazer a carga de demanda da vila com o menor custo possível de energia”, disseram os acadêmicos. “Resultados dos procedimentos de simulação e otimização do HOMER indicam que, entre os 4 cenários, as configurações do sistema foram classificadas do mais para o menos economicamente lucrativo. Sistemas de energia híbridos são classificados como 1-PV / Wind / PHS, 2-PV / Wind, 3-PV / PHS e 4-PV”.

Configuração do sistema

Cada cenário combinou diferentes tamanhos de unidades fotovoltaicas, turbinas eólicas e PHS. Os módulos solares foram assumidos como painéis monocristalinos de 350 W, com uma eficiência de 18,04%, instalados em uma inclinação de 31 graus. Cada turbina eólica tinha uma potência nominal de 25 kW, e as unidades PHS foram assumidas como tendo uma capacidade de 245 kWh. Este sistema também podia importar ou exportar eletricidade da rede e tinha um conversor de energia de 20 kW.

Enquanto no cenário 1-PV/Wind/PHS, o sistema inclui 101 kW de PV, quatro turbinas eólicas e uma unidade PHS, o cenário 2-PV/Wind tem 244 kW de PV, quatro turbinas eólicas e nenhum armazenamento. No caso do 3-PV/PHS, o sistema possui um PV de 207 kW, sem turbinas eólicas, mas com três unidades de PHS. O cenário de 4 PV inclui apenas 1.478 kW de PV, sem turbinas eólicas ou armazenamento.

A análise mostrou que o sistema no primeiro cenário poderia atingir o menor custo nivelado de energia (LCOE) de US$ 0,03831/kWh, enquanto o segundo, terceiro e quarto cenários alcançaram US$ 0,058/kWh, US$ 0,130/kWh e US$ 0,289/kWh, respectivamente.

“Em relação ao Custo Presente Líquido (NPC), o primeiro cenário se destaca como a escolha ideal, com um NPC atingindo aproximadamente US$ 262.596,2. Seguindo de perto está o segundo cenário, com um NPC médio de aproximadamente US$ 408.232,00. Enquanto o terceiro cenário fica para trás com um NPC médio de aproximadamente US$ 648.911,00. O quarto cenário se destaca com um NPC significativo, chegando a aproximadamente 1,47 milhão de dólares”, disseram os pesquisadores.

Os custos operacionais e de manutenção (O&M) para os cenários 1 a 4 foram de US$ 3.064, US$ 4.448, US$ 18.391 e US$ 26.817, respectivamente. Os custos de capital foram de US$ 212.393, US$ 329.647, US$ 398.361 e US$ 1,08 milhão, respectivamente. “Os custos operacionais e de manutenção também são minimizados, enquanto o sistema atinge uma eficiência impressionante de 86% no consumo de energia em relação à produção”, acrescentou a equipe.

“No cenário 1, a geração combinada de energia, o excesso de produção e o consumo elétrico são de 613.145 kWh/ano, 67.781 kWh/ano e 530.193 kWh/ano, respectivamente”, explicou ainda. “O cenário 2 segue com cerca de 883.247 kWh/ano, 323.454 kWh/ano e 548.557 kWh/ano. Avançando para o cenário 3, os valores são 503.794 kWh/ano, 77.549 kWh/ano e 3.387.112 kWh/ano. Por fim, o cenário 4 registra um total de 2.859,21 kWh/ano, 2.460.626 kWh/ano e 393.016 kWh/ano, dependendo do modelo de precificação”.

Usinas hibridas – Presente e Futuro da Geração de Energia Elétrica

Cientistas apresentaram suas descobertas no artigo “Optimization and design to catalyze sustainable energy in Morocco’s Eastern Sahara: A hybrid energy system of PV/Wind/PHS for rural electrification“, publicado na Cleaner Energy Systems. (pv-magazine-brasil)

Elétricos e híbridos serão 50% dos carros vendidos no Brasil até 2030

Venda de veículos híbridos e elétricos representará 50% das vendas do segmento até 2030, segundo um estudo divulgado em 05/09/24 pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em parceria com o Boston Consulting Group (BCG).
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgou em 05/09/24, um estudo que aponta que cerca de 50% dos veículos vendidos na virada da década serão híbridos ou elétricos.

O estudo, realizado em parceria com a Boston Consulting Group (BCG), é intitulado “Avançando nos Caminhos da Descarbonização Automotiva no Brasil”, e tem por objetivo dar uma contribuição da entidade e do setor para a COP, que será realizada este ano no Azerbaijão e no ano que vem em Belém, no Pará.

O estudo foi entregue ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), em evento em Brasília.

Atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do Brasil. Se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.

No entanto, o estudo Anfavea/BCG demonstra que, ao se intensificar o uso das novas tecnologias de propulsão desenvolvidas pelos fabricantes de veículos nacionais, combinadas com a maior utilização de biocombustíveis, pode-se obter uma redução de até 280 milhões de toneladas de CO2 nos próximos 15 anos.

Segundo a Anfavea, essa redução pode ser ainda mais expressiva, alcançando 400 milhões de toneladas de CO2 no mesmo período, caso sejam adotadas as seguintes medidas:

• Renovação da frota;

• Inspeção veicular;

• Aumento do poder calorífico dos biocombustíveis;

• Implementação de programas de reciclagem veicular. (biodieselbr)

Vendas de veículos elétricos entram com força no 2º semestre

Categoria plug-in completa um ano na liderança nas vendas.
Dados da Associação Brasileira de Veículos Elétrico (ABVE) mostram que o mercado brasileiro da eletromobilidade continua em expansão, com destaque para os veículos plug-in (com recarga externa), que lideram as vendas do segmento há 12 meses seguidos.

Em agosto, as vendas foram de 14.667 veículos eletrificados leves, o que representa um aumento de 57% em comparação com agosto de 2023 (9.351) e uma pequena queda de 4% sobre julho (15312). No acumulado de janeiro a agosto de 2024, o mercado

Venda de veículos aumentou 14,3% em agosto

Crescimento foi verificado na comparação com mesmo mês de 2023; já veículos plug-in entram com força no segundo semestre.

Automóveis

A venda de veículos no país em agosto apresentou uma alta de 14,3% em relação ao mesmo período do ano passado, com 237,4 mil unidades emplacadas, informou hoje a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O número representa o melhor mês no ano em média diária de vendas, com 10,8 mil unidades comercializadas. No período de janeiro a agosto, mais de 1,6 milhão de unidades foram emplacadas, melhor desempenho desde 2019.

No acumulado do ano, a produção de veículos até agosto ficou em 259.613 unidades, um crescimento de 5,2% em relação a julho e de 14,4% na comparação com agosto de 2023. Considerando o período acumulado, é o melhor resultado desde outubro de 2019.

Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a produção conseguiu manter um ritmo constante, mesmo sendo afetada pela paralisação de fornecedores em razão das enchentes no Rio Grande do Sul.

“É uma produção importante que nos coloca em um ritmo de crescimento consistente e isso é motivo de celebração”, disse Leite durante coletiva de imprensa para apresentar os números do mês passado.

Segundo a Anfavea, o maior ritmo de vendas e os lançamentos de novos modelos ajudaram a impulsionar as atividades das fábricas. “Não adianta vender muito sem ter uma produção equilibrada e isso é um termômetro importante para o setor”, continuou.

Em agosto, o setor manteve a recuperação em relação ao volume de exportações, registrando 38,2 mil unidades vendidas (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), ante 39 mil em julho. Leite explicou que o resultado se deve ao fato de agosto ter tido um dia útil a menos, o que impactou nas vendas. No mesmo mês do ano passado, o resultado ficou em 34,5 mil unidades.

Ele também destacou que, apesar da retração das exportações, em razão da diminuição do mercado interno de alguns países, os embarques em agosto tiveram o segundo maior volume do ano. O resultado se deve ao fato de que a Argentina, Chile, Colômbia e México registraram crescimento em seus respectivos mercados. Porém, no acumulado do ano, a queda nas vendas externas é de 17,9%.

Os números ainda mostram que foram importadas 41 mil unidades em agosto. A participação acumulada no ano dos veículos importados continua elevada, representando 17,2% do mercado interno. Essa participação é impulsionada sobretudo por produtos de origem chinesa, especialmente veículos elétricos.

A estimativa da associação é que há no país um estoque de cerca de 81 mil unidades chinesas. Na avaliação, da Anfavea, o crescimento do estoque começou a ocorrer após o governo anunciar, em novembro do ano passado, o retorno progressivo do Imposto de Importação de veículos elétricos, híbridos e híbridos plug-in comprados fora do país. A decisão estabelece uma retomada gradual das alíquotas até 35% em 2026 e cria cotas iniciais para importações com isenção até 2026.

Dados da Anfavea mostram que, em dezembro do ano passado, após o anúncio da retomada da tributação, o estoque era de em torno de 13,2 mil unidades. Em abril, já estava em 24 mil, unidades, chegando ao pico de 86,2 mil unidades em junho, enquanto a média de emplacamento ficou em 9,4 mil unidades no período.

“Está se criando um volume muito grande de estoque para se beneficiar dessa alíquota reduzida. É um excesso de produção na China, em razão do arrefecimento do mercado local. A China tem uma capacidade instalada de produção de 50 milhões de veículos e está produzindo 30 milhões. Essa demanda caiu e esse estoque tem vindo para o Brasil principalmente se beneficiando da alíquota mais baixa de imposto”, opinou Leite.

O presidente da Anfavea disse que o volume de estoque representa um desequilíbrio no mercado, já que o estoque total de veículos produzidos no Brasil (nas fábricas e concessionárias) fechou agosto em 268,9 mil unidades. A entidade defende a retomada da alíquota máxima do imposto, que atualmente gira entre 18% e 22% dependendo do tipo de eletrificação do veículo.

“Nós defendemos a recomposição imediata da alíquota, porque esse volume de importação começa a ser muito danoso para a nossa indústria, tanto no volume e estoque que vão ser colocados no mercado e não sabemos em quais condições ele vai ser colocado no mercado”, disse Leite, que informou que vai pedir esta semana à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a retomada imediata da alíquota máxima do Imposto de Importação.

Durante a coletiva, a Anfavea apresentou um estudo intitulado Avançando nos Caminhos da Descarbonização Automotiva no Brasil, com propostas para reduzir as emissões de CO2 do setor automotivo no país, que deve ser apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), a ser realizada este ano no Azerbaijão, e na COP30, que será ano que vem em Belém.

Atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do Brasil. Segundo a Anfavea, se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.

Para reverter esse quadro a entidade defende a intensificação do uso das novas tecnologias de propulsão desenvolvidas pelos fabricantes de veículos nacionais, combinadas com a maior utilização de biocombustíveis. A estimativa é que o uso combinado dessas tecnologias pode resultar em uma redução de até 280 milhões de toneladas de CO2 até 2040.

“É uma oportunidade de aproveitar novas tecnologias de propulsão e a aplicação de biocombustíveis como vetores para a descarbonização do setor automotivo”, pontuou Leite.

Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o mercado brasileiro de eletromobilidade continua em expansão, com destaque para os veículos plug-in (com recarga externa), que lideram as vendas do segmento há 12 meses seguidos. Em agosto, as vendas foram de 14.667 veículos eletrificados leves, o que representa um aumento de 57% em comparação com agosto de 2023 (9.351) e uma pequena queda de 4% sobre julho (15.312). No acumulado de janeiro a agosto de 2024, o mercado emplacou 109.283 eletrificados leves, com aumento de 123%, sobre o mesmo período de 2023 (49.052).

O crescimento das vendas tem aquecido toda a cadeia produtiva, principalmente a de infraestrutura de recarga. No Brasil, de acordo com dados da Tupi Mobilidade, empresa associada à ABVE, já estão disponíveis 10.622 pontos de recarga públicos e semipúblicos até agosto. Desse total, 89% são do tipo AC (9.506), de carga lenta, e 11% do tipo DC (1.109), de carga rápida.

Desde o início da série histórica da ABVE (2012) até agosto de 2024, o Brasil já contabiliza 329.714 eletrificados leves em circulação de todas as tecnologias (BEV, PHEV, HEV, HEV flex e MHEV). Desses, pelo menos 181.477 são elétricos plug-in (BEV e PHEV).

Participação dos eletrificados sobre o total de veículos leves vendidos no mercado doméstico brasileiro em agosto (automóveis e comerciais leves) foi de 6,6%. Esse percentual manteve a média de market share dos eletrificados, em torno de 7% ao longo ao ano.

Números de agosto indicam também que a eletromobilidade segue avançando nas diferentes regiões do país e se dirigindo para as cidades do interior. Os eletrificados, que antes eram vistos somente nas capitais, já são encontrados em outros municípios. Apesar de a liderança em vendas de eletrificados continuar no Sudeste (46%), houve uma retração de 3 pontos percentuais nessa região em relação a julho. Já o Nordeste cresceu 2 pontos (16%), enquanto as regiões Norte (4%) e Centro-Oeste (15%) aumentaram um ponto percentual cada uma.

Os 70 municípios que mais comercializaram eletrificados em agosto representaram 76% (11.125) das vendas totais (14.667), sendo 70% nas capitais (7.725) e 30% nas cidades do interior (3.400).

Além do aumento da infraestrutura de recarga, a maior oferta de modelos de eletrificados leves também contribui para a evolução do mercado. De janeiro a agosto de 2024, o mercado brasileiro de eletrificados disponibilizou 320 modelos de diferentes tecnologias (BEV, PHEV, HEV, HEV flex e MHEV), produzidos por 46 montadoras, com destaque para BYD, GWM, Toyota e Volvo. (monitormercantil)