sexta-feira, 14 de novembro de 2025

52% das empresas desejam soluções limpas e sustentáveis de energia

52% das empresas desejam soluções limpas e sustentáveis de energia, aponta EY.

Soluções limpas e sustentáveis, fornecimento consistente e custo acessível são as 3 prioridades das empresas em energia, de acordo com o estudo "How can soaring energy demand drive lasting prosperity?", produzido pela EY.

Por meio de entrevistas com 2.500 empresas, o estudo global da consultoria indica o interesse de empresas em investir no próprio suprimento confiável de energia e com custo acessível, incluindo baterias para armazenamento. Além disso, 41% desejam gerar receita com a venda da energia excedente.
LUNA2000 215-2S10, nova solução de armazenamento BESS de larga escala para aplicações C&I da Huawei.

De acordo com o estudo “How can soaring energy demand drive lasting prosperity?”, produzido pela EY, soluções limpas e sustentáveis, fornecimento consistente e custo acessível são as 3 prioridades das empresas em energia. Mais de 6 em cada 10 (63%) entrevistados consideram o fornecimento consistente ou confiável como o principal tópico na lista de necessidades e valores ligados ao suprimento energético.

Outros 56% dos respondentes apontaram o custo acessível como driver, já que o preço pago pela energia pode onerar bastante a atividade produtiva, com setores econômicos mais sensíveis do que outros. Em terceiro lugar, o destaque é a preocupação com a sustentabilidade, por meio do desejo por soluções de energia limpas e sustentáveis que possam contribuir para o atingimento das metas de sustentabilidade das organizações.

No total, foram entrevistados quase 2.500 líderes de energia de empresas médias e grandes provenientes de 8 países (Austrália, Alemanha, Malásia, Canadá, Irlanda, Suécia, Reino Unido e EUA) dos seguintes setores: construção civil, governo, educação e saúde, TI, manufatura, recursos naturais e mineração, varejo e transporte, além de serviços diversos, como financeiros, imobiliários e voltados para entretenimento.

“Esse mesmo movimento de busca por soluções sustentáveis de energia tem sido observado no Brasil, com a principal diferença de que o país já conta com uma matriz baseada em fontes limpas ou renováveis, o que facilita a adequação das empresas a essa realidade”, destaca Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO (Chief Sustainability Officer) da EY para América Latina. “O Brasil poderá compartilhar diversos exemplos de sucesso na COP deste ano, cujo desafio será criar o caminho para que os compromissos globais assumidos pelos países sejam de fato concretizados nos próximos anos”, completa.

Produção própria de energia

Ainda segundo o estudo consultoria, as empresas estão interessadas em investir no próprio suprimento de energia, incluindo baterias para armazenamento do excedente. 2 em cada 10 (20%) já estão investindo nessas soluções, e planejam fazer isso nos próximos 3 anos. 4 fatores explicam isso: autossuficiência; redução das emissões de carbono; diminuição de custos; e criação de oportunidades de negócio. Em relação a esse último aspecto, 41% desejam fazer receita com a venda da energia excedente que geram.

A tecnologia será, ainda de acordo com o estudo da EY, fundamental nesse processo, com praticamente todos os líderes corporativos ouvidos (99%) dizendo que esperam que seus fornecedores de energia disponibilizem ferramentas digitais mais avançadas para controlar melhor e automatizar o uso de energia. Mais de 7 em cada 10 (71%) desejam que a IA entregue recomendações de energia, incluindo novas possibilidades de produção e de otimização voltadas para a sustentabilidade. (pv-magazine-brasil)

EDP e McDonald’s firmam parceria de autoprodução de 7 MWm de energia solar

Por meio de usina Novo Oriente, em Ilha Solteira (SP), o objetivo é produzir energia para atender a mais de 150 restaurantes franqueados no Sul e Sudeste do país. O parque conta com capacidade instalada de 254 MWac e conta com mais de 558 mil módulos e 82 inversores.
Usina Novo Oriente, maior complexo solar fotovoltaico do estado de São Paulo, localizado em Ilha Solteira.

A EDP e 38 franqueados da rede McDonald’s firmaram contrato para a autoprodução de 7 MWm de energia solar, durante 12 anos, para atender à demanda de 156 unidades da marca no Sudeste e Sul do país. O projeto inclui restaurantes, cafés e quiosques de sobremesa localizados em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

A energia é gerada na Usina Novo Oriente, maior complexo solar fotovoltaico do estado de São Paulo. Localizado em Ilha Solteira (SP), o parque tem capacidade instalada de 254 MWac e conta com 82 inversores e mais de 558 mil módulos. Mensalmente, gera energia suficiente para abastecer a cerca de 375 mil residências. Além da produção de energia solar, o contrato também inclui a emissão de mais de 61 mil certificados de energia renovável (I-RECs) ao ano, que asseguram a origem da energia e evitam a emissão de cerca de 3 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) anualmente. O fornecimento teve início em janeiro deste ano.

Além do contrato de autoprodução, a EDP havia atuado junto ao McDonald’s para migrar as unidades dos 38 franqueados ao mercado livre de energia, entre 2021 e 2024, e, também, em 2022, na construção de três usinas de geração solar distribuída – uma em Cotia (SP) e duas em Rio Paranaíba (MG) – com capacidade instalada total de 6,6 MWp, para abastecer 35 unidades próprias da rede.

“A energia é fundamental para a descarbonização da economia. No Brasil, o portfólio da EDP já é 100% renovável, mas, para liderarmos a transição energética, precisamos ir além. Queremos contribuir para que outras empresas, de diversos setores, passem a utilizar energia limpa em suas operações e, assim, avancem em suas estratégias de sustentabilidade e descarbonização”, destacou o diretor de Soluções para Clientes em Geração Centralizada da EDP da América do Sul, Alexandre Cera.

A Arcos Dorados, operadora da marca McDonald’s em 20 países da América Latina, segue avançando em sua plataforma ESG, a Receita do Futuro, com uma série de iniciativas voltadas à sustentabilidade, pautando sua atuação na corresponsabilidade e engajando parceiros na agenda. Entre elas, destaca-se a migração para o uso de energia renovável, que acaba de dar mais um passo importante. A companhia atingiu 96% de uso de fontes renováveis no consumo de energia em seus restaurantes próprios, um marco em sua estratégia de transição energética. Atualmente, mais de 600 unidades operadas diretamente pela Arcos Dorados no Brasil já estão abastecidas por meio do Mercado Livre de Energia e Geração Distribuída.

“A parceria firmada com a EDP reforça o compromisso da Arcos Dorados com ações concretas no presente que moldam um futuro mais sustentável. Temos buscado trabalhar lado a lado com parceiros que compartilham do mesmo propósito: reduzir os impactos ambientais de nossos processos e operações. Mais do que uma decisão estratégica alinhada aos objetivos sustentáveis da companhia, essa iniciativa também gera valor para nossos franqueados, ao oferecer soluções mais eficientes e que fortalecem a reputação nos locais onde atuam”, afirmou o Presidente da Divisão Brasil da Arcos Dorados, Rogério Barreira. (pv-magazine-brasil)

Estudantes da Paraíba criam aquecedor solar acessível e sustentável

O grupo utilizou materiais reaproveitados, como um barril térmico revestido com isopor para manter a temperatura, além de tubos pintados de preto para absorver o calor do sol. A água circula por mangueiras, aquecendo-se dentro do coletor solar. Para garantir mais segurança e eficiência, foram instalados disjuntores e sensores de temperatura.
Um grupo de estudantes do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) desenvolveu um projeto de pesquisa que mostra como a energia solar pode ser usada de forma prática e acessível. O projeto nasceu durante a disciplina de Eletricidade Básica, quando o professor lançou o desafio de criar um protótipo que utilizasse energia renovável. A equipe escolheu trabalhar com energia solar, por ser uma alternativa limpa e sustentável. A ideia foi construir um aquecedor solar de água, que pudesse servir como opção de baixo custo para famílias de baixa renda.

Segundo os estudantes, o projeto tem dois focos principais: social e econômico. “Do ponto de vista social, queremos levar essa ideia para pessoas que não têm poder aquisitivo alto. E do ponto de vista econômico, o custo foi baixo — gastamos cerca R$ 1.000,000 no protótipo”, explicou o estudante Kauâ Valentim.

O sistema utiliza tubos pintados de preto, o que ajuda a absorver melhor o calor do sol. A água circula por mangueiras, aquecendo-se dentro do coletor solar. Para garantir mais segurança e eficiência, os alunos instalaram disjuntores e sensores de temperatura, programados para evitar superaquecimento. “Programamos o sistema para desligar automaticamente quando a água chega a 45 °C. Isso evita que o material derreta ou que o equipamento apresente riscos”, destacou.

Estudantes do IFPB (Instituto Federal da Paraíba) desenvolvem aquecedor solar acessível e sustentável para famílias de baixa renda: inovação, energia renovável e economia social

O grupo também usou materiais simples e reaproveitados, como um barril térmico revestido com isopor para manter a temperatura. Mesmo com recursos limitados, o sistema alcançou 46°C, mostrando bons resultados na fase de testes.

Entre as melhorias previstas, os alunos pretendem adicionar cobertura de vidro e tubos de cobre, que aumentam o rendimento térmico, além de aperfeiçoar o design do equipamento. O projeto inclui ainda um dispositivo DR, que protege contra os choques elétricos, reforçando a segurança do sistema.

Mais do que uma atividade técnica, o projeto reforça a importância da sustentabilidade e do uso consciente dos recursos naturais. “A maioria das pessoas usa chuveiro elétrico, que aumenta muito a conta de energia. Nosso projeto mostra que é possível ter conforto e economia usando uma fonte renovável e acessível”, concluiu o estudante.

Estudantes do IFPB apresentam solução inovadora de energia renovável com foco em inclusão social. O novo aquecedor solar sustentável promete reduzir custos e ampliar o acesso à tecnologia limpa no Brasil.

O trabalho, intitulado “Aplicações da Energia Solar Fotovoltaica e Térmica”, foi criado pelos alunos Kauã Valentim, Charles Andrade, Júlia Vitória, Gabriel Xavier, Fábio Emanuel e Gabriel Victor, do curso Técnico Integrado em Eletrotécnica, com orientação do professor Manoel Alves. (pv-magazine-brasil)

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Razões pelas quais a energia solar atrás do medidor é benéfica

Dez razões pelas quais a energia solar atrás do medidor é benéfica.

A BTM solar reduz a ocorrência de incêndios, disse Jacobson. A adição da BTM FV reduz a mineração, o processamento e a queima de combustíveis poluentes (combustíveis fósseis e bioenergia) para geração de eletricidade na rede, contribuindo assim para um meio ambiente muito mais limpo.

A energia solar atrás do medidor para residências, empresas e comunidades traz inúmeros benefícios, segundo um artigo do professor de engenharia de Stanford, Mark Jacobson.
Projetos solares geralmente podem ser classificados em duas categorias: são projetos de grande porte, montados no solo e conectados à rede elétrica, ou são projetos menores e distribuídos, normalmente com capacidade de 20 MW ou menos.

Na Califórnia e em muitos outros estados dos EUA, projetos menores e distribuídos, especialmente aqueles localizados atrás do medidor, estão sob ataque de concessionárias de serviços públicos e legislaturas estaduais, frequentemente sendo usados como bode expiatório para as altas tarifas de eletricidade.

Um artigo de 2024 de Mark Jacobson, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade Stanford, explica por que devemos apoiar instalações solares atrás do medidor em todo o país.

Projetos solares distribuídos de pequena escala são frequentemente classificados como atrás do medidor (BTM, na sigla em inglês) ou na frente do medidor (FOM), dependendo de como estão conectados à rede.

Os sistemas FOM são conectados às linhas de distribuição da rede e atendem diretamente aos edifícios, minimizando a necessidade de construção de linhas de transmissão adicionais. As linhas de distribuição são conectadas às linhas de transmissão, de modo que a energia solar FOM também pode alimentar o sistema de transmissão com sua eletricidade. Portanto, eles estão sujeitos às mesmas regras de mercado e de conexão à rede que os sistemas fotovoltaicos de concessionárias.

Os sistemas atrás do medidor são normalmente menores que os sistemas FOM e frequentemente são instalados em prédios, sobre estacionamentos, encostas, quintais e terrenos baldios que atendem diretamente aos prédios. Qualquer excesso de produção de eletricidade desses sistemas pode ser enviado de volta à rede e, se o sistema não atender 100% da demanda, pode extrair energia da rede.

“As operadoras de rede geralmente se opõem à energia fotovoltaica distribuída BTM porque seu primeiro impacto é a redução da demanda por eletricidade da rede”, disse Jacobson. “As concessionárias alegam que os clientes restantes devem pagar um custo maior pela demanda restante, principalmente porque o custo fixo do sistema de transmissão e distribuição agora está distribuído entre menos clientes”.
Jacobson apresentou 10 razões pelas quais a energia solar BTM ajuda a todos:

1. A alegação de que a energia solar BTM reduz a demanda por eletricidade e, portanto, aumenta os custos ao distribuir o custo fixo de transmissão e distribuição entre menos clientes, conhecido como “mudança de custo”, ignora a realidade da transição energética. Edifícios, transporte e indústria estão sendo eletrificados. Jacobson afirmou que as necessidades de eletricidade quase dobrarão.

“Mesmo que 25% da demanda total de eletricidade seja atendida por energia fotovoltaica de alta eficiência (BTM), as necessidades totais de eletricidade da rede ainda aumentarão em 50% em comparação com a situação atual. Portanto, a suposição das concessionárias de que um grande crescimento na energia fotovoltaica de alta eficiência reduz a demanda se aplica apenas a baixos níveis de eletrificação, não à eletrificação em larga escala, necessária para lidar com problemas climáticos, de poluição e de segurança energética”, afirmou Jacobson.

2. A energia solar de telhado de BTM não requer novos terrenos, enquanto a energia solar de grande escala requer. Portanto, a energia solar de BTM reduz a necessidade de terrenos e os danos ao habitat.

3. A energia solar de BTM reduz a necessidade de linhas de transmissão e distribuição. Os clientes da rede precisam de linhas de transmissão e distribuição para 100% do seu consumo de eletricidade, e a energia fotovoltaica de concessionárias precisa de linhas de transmissão e distribuição para 100% de sua geração. Os clientes de energia solar de BTM precisam apenas de linhas de transmissão que suportem a demanda extra não atendida por seus painéis solares.

4. Quando a BTM solar é instalada junto a uma bateria, ela produz mais do que o edifício consome, com o excesso de eletricidade sendo enviado de volta à rede. Isso é útil para evitar apagões, principalmente nos dias quentes de verão em regiões onde o ar condicionado é utilizado.

5. Faíscas em linhas de transmissão causaram incêndios florestais devastadores, como na Califórnia e no Havaí. O custo desses incêndios e da instalação subterrânea de linhas de transmissão foi repassado aos clientes na Califórnia. A BTM solar reduz a ocorrência de incêndios, disse Jacobson.

6. A adição da BTM FV reduz a mineração, o processamento e a queima de combustíveis poluentes (combustíveis fósseis e bioenergia) para geração de eletricidade na rede, contribuindo assim para um meio ambiente mais limpo.

7. Ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes de combustíveis poluentes, a BTM FV reduz os danos climáticos tanto para os clientes de energia fotovoltaica distribuída quanto para os clientes da rede.

8. Ao reduzir o uso de combustíveis fósseis, a BTM FV reduz os problemas de insegurança energética associados a combustíveis fósseis.

9. A instalação de energia fotovoltaica de alta eficiência (BTM) cria mais empregos do que a instalação e a operação de energia fotovoltaica de concessionárias e outras fontes de geração de eletricidade em escala de rede, e isso beneficia um estado ou país como um todo.

10. Como a energia fotovoltaica de telhado absorve de 20% a 26% da luz solar que incide sobre ela e a converte em eletricidade, menos luz é absorvida pelo edifício, resfriando-o durante o dia e reduzindo a demanda de eletricidade para ar-condicionado durante o dia. Esse trabalho de resfriamento é maior durante o verão e durante o dia, quando os preços da eletricidade são mais altos.
Jacobson apresentou mais alguns motivos pelos quais a energia solar atrás do medidor é um benefício para os contribuintes em geral, que podem ser lidos aqui. (pv-magazine-brasil)

Risco de apagão no Natal e Ano Novo aumenta urgência de armazenamento

Risco de apagão no Natal e Ano Novo aumenta urgência de armazenamento, alerta Volt Robotics.

A previsão é que o mercado brasileiro de baterias pode atrair até R$ 8 bilhões em investimentos até 2030, valor que pode triplicar, se houver políticas estruturadas de incentivo fiscal e instalação acelerada. A consultoria defende a redução progressiva de impostos de baterias – que hoje pode chegar a 70%.
O setor elétrico brasileiro enfrenta um dilema crítico: excesso de geração de energia nos períodos de baixa demanda, especialmente nos feriados como o Natal e Ano Novo, que podem colocar em risco a estabilidade da rede. Segundo o diretor-geral da Volt Robotics, Donalto Filho, “o sistema pode ficar incontrolável se houver muito sol e pouca carga. Por isso, medidas estruturais e liderança forte são essenciais para reunir agentes e criar soluções de longo prazo, evitando apagar incêndio com soluções pontuais”.

O executivo pontua que a solução estrutural passa pelas baterias, que funcionam como o maestro dessa orquestra elétrica: “A bateria é o maestro, e as fontes geradoras são os instrumentos. Quem consegue fazer essa orquestra tocar de forma coordenada é capaz de trazer estabilidade, reduzir custos e aproveitar melhor toda a energia disponível”, explica.

A instalação de sistemas de armazenamento não é apenas estratégica, mas urgente. Hoje, a tributação sobre baterias chega a 40% a 60%, tornando o investimento menos atraente e retardando a expansão do setor. Uma redução progressiva de impostos, combinada com incentivos para instalação residencial, industrial e em autoprodutores, é vista como fundamental para acelerar a adoção e resolver problemas sistêmicos, como o curtailment, que já gera prejuízos bilionários.
Donato Filho é o diretor-geral da consultoria Volt Robotics.

O potencial de investimento é expressivo. Até 2030, o mercado de baterias pode movimentar R$ 7 a 8 bilhões, valor que pode triplicar com políticas estruturadas de incentivo à produção local e importação de células. Grandes players internacionais já demonstram interesse, e empresas brasileiras como Livoltek, UCB, WEG e Moura também se posicionam para liderar o setor no país.

Com feriados em que é esperada alta geração e baixa demanda se aproximando, a urgência é clara: reduzir impostos, incentivar baterias e coordenar todos os agentes do setor para evitar apagões. O cenário é preocupante mesmo com a promessa do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de que o governo realizará um leilão para baterias ainda em 2025, em dezembro.

Baterias e a Segunda Onda do setor

O setor solar está presente em quase todos os projetos da Volt Robotics, tanto para autoprodução quanto para análise de compra de energia. Donato destaca que a energia solar é altamente modularizável: “A construção é rápida, o risco é menor e comparando com outras indústrias, como agricultura ou construção civil, a solar é a mais modularizável que existe hoje no mundo. A modularização permite que os processos evoluam rapidamente, repetindo etapas com segurança e aprendizado contínuo”.

Ele acrescenta que o próximo passo do setor envolve baterias, fundamentais para resolver o curtailment, excesso de energia gerada no período da manhã. “A bateria é como uma máquina do tempo: guarda energia e permite injetá-la na rede em outro momento, como no horário de pico. Precisamos incentivar que o consumidor instale painéis e baterias, reduzindo impostos e acelerando a produção local para gerar empregos e riqueza”, defende Donato.

Donato pondera que justamente o avanço da geração distribuída no país cria essa necessidade. “O perfil dos cortes energéticos coincide com o da geração solar. A MMGD gera energia na hora do sol, contribuindo para o excesso de geração matinal. É justo que haja divisão de custos, mas não pode ser a única medida. O acesso à tecnologia de armazenamento deve ser incentivado: quem aderir, reduz desperdício; quem não aderir, arca com custos”.

Segundo ele, a primeira onda do solar no Brasil foi um sucesso, mas já atingiu seus limites. “O modelo de instalar painel e considerar a rede infinita se esgotou. A segunda onda precisa agregar valor adicional, combinando painéis e armazenamento, para equilibrar o sistema e reduzir o custo para todos os consumidores”.
Grandes consumidores, tarifa inteligente e flexibilização

Donato defende soluções que envolvam todos os agentes do sistema: grandes consumidores, transmissoras, distribuidoras e usinas. “Pega os grandes consumidores: podemos traçar uma curva de referência e oferecer energia barata se eles aumentarem consumo de manhã. Fazemos leilões, geradores vendem energia quando sobra. Funciona no atacado, trazendo grandes consumidores para colaborar com os transmissores”.

Além disso, ele propõe tarifas inteligentes. “Distribuidoras podem acelerar medição inteligente e tarifação diferenciada: preço mais baixo de manhã, mais alto no fim do dia. As pessoas podem adaptar suas rotinas, lavar roupa, passar roupa, e economizar, além de carregar veículos elétricos com incentivo tarifário. Outra oportunidade é o Vehicle to Grid (V2G) que ainda é pouco discutido, mas é uma grande oportunidade: carros podem ser carregador e injetar energia na rede em horários estratégicos”.

Donato também destaca a flexibilização das hidrelétricas e térmicas. Se houver incentivo econômico, hidrelétricas podem gerar menos de manhã e mais à tarde, aproveitando preços mais altos. Térmicas inflexíveis também podem se beneficiar de tecnologia e receita extra para serem mais flexíveis. A ideia é ajustar geração e consumo para reduzir cortes e desperdícios, e todos podem ganhar com isso”.

Benefícios sistêmicos da bateria

A bateria é apontada como instrumento central do sistema elétrico. “Ela permite carregar quando o preço está baixo e descarregar quando o preço está alto, respondendo à lei da oferta e da demanda. Ela também ajuda a reduzir picos de consumo e diminuir a demanda contratada, protegendo fábricas de desligamentos abruptos e economizando na rede”.

Segundo Donato, o benefício da bateria se aplica a todos os tipos de agentes, como geradores, autoprodutores e consumidores residenciais. “Cada modelo de negócio usa a bateria de forma diferente: usinas que vendem contratos de leilão querem volume, quem vende no mercado livre quer arbitragem de preço, e autoprodutores podem reduzir encargos ao modular consumo. A bateria é o maestro dessa orquestra elétrica, coordenando geração e consumo de forma eficiente”.
Indústria de baterias no Brasil

Donato projeta crescimento expressivo da indústria de baterias: “Atualmente temos players como Livoltek UCB, WEG e Moura. Internacionalmente, 56% do mercado é CATL, 16% BYD, 12% LG. No Brasil, podemos atrair ao menos 10 grandes players. Até 2030, estimamos 7 a 8 bilhões de reais de investimento. Com um plano estruturado, esse valor pode triplicar”.

Ele reforça que a bateria tem múltiplas aplicações: residencial, veículos elétricos, industriais, comerciais e portáteis. “É fundamental criar incentivos fiscais, acelerar instalação de sistemas de armazenamento e garantir segurança elétrica e flexibilidade para toda a rede”, pontua o executivo. (pv-magazine-brasil)