terça-feira, 2 de dezembro de 2025

O impacto da poeira em sistemas fotovoltaicos em ambientes costeiros áridos

A poeira em ambientes costeiros áridos reduz significativamente a eficiência de sistemas fotovoltaicos, podendo causar perdas de energia de até 48%. O acúmulo de poeira bloqueia a luz solar, aumenta a temperatura dos painéis e pode levar à corrosão e degradação do material ao longo do tempo, exigindo limpeza periódica para manter a performance.

Impactos da poeira

Redução da eficiência: A poeira age como um "escudo", impedindo que a luz solar chegue às células fotovoltaicas e reduza a conversão de energia.

Aumento da temperatura: O acúmulo de sujeira pode alterar a forma como o calor é transferido, criando pontos quentes e elevando a temperatura do painel, o que também diminui a eficiência.

Danos e corrosão: Em ambientes costeiros, a poeira pode conter sais e outras partículas que aceleram a corrosão dos elos metálicos e causam danos às células, degradando o sistema e reduzindo sua vida útil.

Soluções e manutenção

Limpeza regular: A limpeza periódica dos painéis é essencial para restaurar a capacidade de geração de energia.

Métodos de limpeza: Existem diversas abordagens, desde a limpeza manual e automatizada até o uso de ar comprimido para remover a sujeira e ajudar no resfriamento.

Tecnologias: A automação da limpeza é uma tendência para reduzir os custos operacionais e garantir a eficiência.

Design do sistema: Um ângulo de inclinação adequado pode ajudar no "auto-limpeza", facilitando o escoamento da água da chuva e o deslizamento da poeira.

Uma equipe de pesquisa saudita-egípcia investigou os efeitos de quatro tipos de poeira em painéis fotovoltaicos em ambientes costeiros áridos, descobrindo que as perdas de energia podem chegar a 48%.

Uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade Imam Abdulrahman Bin Faisal, na Arábia Saudita, conduziu um estudo experimental sobre como diferentes composições de poeira afetam o desempenho fotovoltaico. O estudo examinou 4 tipos de poeira — montmorilonita, caulinita, bentonita e poeira natural — em painéis solares operando em ambientes costeiros áridos.

“As conclusões deste estudo têm implicações práticas para a otimização da manutenção de sistemas fotovoltaicos em regiões costeiras áridas”, explicou o grupo. “Ao relacionar a composição da poeira aos mecanismos de degradação, as partes interessadas podem priorizar os cronogramas de limpeza ou selecionar revestimentos adequados aos minerais predominantes. Por exemplo, revestimentos hidrofóbicos podem mitigar a adesão induzida pela umidade em ambientes ricos em cálcio, enquanto regiões ricas em ferro podem se beneficiar de materiais termorresistentes”.

Os experimentos foram realizados em Jubail, uma cidade na costa do Golfo Pérsico da Arábia Saudita, classificada como BWh (deserto quente) segundo o sistema climático de Köppen. Um painel fotovoltaico policristalino de 20 W foi utilizado para testes de desempenho ao ar livre entre 9 e 29/09/2025. Na potência máxima, o painel forneceu uma corrente de 1,14 A e uma tensão de 17,6 V, com uma tensão de circuito aberto de 21,1 V e uma corrente de curto-circuito de 1,29 A.

As argilas montmorilonita, caulinita e bentonita foram obtidas como pós minerais comerciais e peneiradas para tamanho inferior a 45 μm. Amostras de poeira natural foram coletadas manualmente de superfícies de vidro expostas às condições ambientais em Jubail. A deposição de poeira foi realizada em sete etapas, começando com uma densidade superficial de cerca de 1 g/m² e aumentando gradualmente até aproximadamente 7 g/m². As medições foram realizadas após cada etapa de deposição.

“A análise mineralógica via MEV-EDX revelou perfis composicionais distintos que se correlacionam diretamente com os padrões de degradação de desempenho”, afirmaram os pesquisadores. “A poeira natural, caracterizada por alto teor de sílica (25,37%) e óxido de cálcio (30,52%), emergiu como o contaminante mais prejudicial, induzindo uma perda de potência de 48% a uma densidade de deposição de 6 g/m² por meio da combinação de dispersão de luz e cimentação higroscópica”.

A poeira rica em cálcio mostrou-se especialmente problemática em condições costeiras, onde a elevada umidade (40–65% de umidade relativa) transforma partículas soltas em camadas aderentes resistentes aos mecanismos naturais de limpeza. Em contrapartida, o elevado teor de ferro da montmorilonita (62,67%) contribuiu para a degradação térmica, elevando a temperatura da superfície do painel para 40,4°C e reduzindo a tensão de circuito aberto.

“A umidade emergiu como um fator crítico de amplificação, e não como um fator de estresse independente, reduzindo a eficiência em 15–30% quando a umidade relativa ultrapassou 60%. Esse limite marca uma transição da sujidade reversível para a adesão cimentada, onde as forças capilares prendem as partículas de poeira à superfície do painel fotovoltaico com força suficiente para resistir à remoção impulsionada pelo vento”, explicaram os pesquisadores. “A análise diurna revelou que a geração de energia ideal ocorre durante as horas da manhã com baixa umidade (8h00–11h30, eficiência de 12–13%), enquanto os períodos da tarde apresentam perdas de eficiência de 20–25%”.

A equipe também descobriu que a poluição por partículas influenciou significativamente a degradação do desempenho, com o Índice de Qualidade do Ar (AQI) mostrando uma correlação negativa mais forte com a eficiência do que a umidade isoladamente. “Em níveis de AQI superiores a 160, os efeitos combinados da dispersão da luz por aerossóis em suspensão e da sujidade da superfície reduziram a eficiência de conversão para menos de 10%, mesmo sob densidades moderadas de deposição de poeira (3–4 g/m²)”, concluíram.
Em locais com muita poeira e poluição, a limpeza é recomendada a cada seis meses.

Perda de receita devido à sujeira no módulo deve chegar a quase R$ 40 bi.

Relatório da IEA-PVPS estima ainda que a sujeira cause uma perda de 4% a 5% na produção global de energia solar. (pv-magazine-brasil)

De aterro sanitário a polo produtor de energia limpa

Solário Carioca: de aterro sanitário a polo produtor de energia limpa.

Solário Carioca: de aterro sanitário a polo produtor de energia limpa. A Prefeitura do Rio inaugurou em 02/11/25 o Solário Carioca – uma usina solar fotovoltaica de 5 megawatts (MW) de potência, que vai gerar uma enorme economia anual de cerca de R$ 2 milhões aos cofres públicos municipais.
Solário Carioca é inaugurado em Santa Cruz

A Prefeitura do Rio inaugurou em 02/11/25 o Solário Carioca – uma usina solar fotovoltaica de 5 megawatts (MW) de potência, que vai gerar uma economia anual de cerca de R$ 2 milhões aos cofres públicos municipais. A usina de Santa Cruz, estruturada em parceria com a rede C40 Cities e a agência alemã GIZ, pelo programa CFF – Cities Finance Facility, é considerada um marco na transição energética municipal, por transformar um antigo aterro sanitário em polo produtor de energia limpa.

– O lançamento de hoje representa um momento único para celebrar a participação municipal na implementação de soluções climáticas concretas, mostrando que é viável transformar uma ideia ousada e inovadora em um projeto tangível e eficiente. A inauguração de hoje é um marco. Transformamos um aterro sanitário subutilizado em um polo de geração de energia limpa. Essa transição para a energia renovável gera uma redução significativa na emissão de gases de efeito estufa e uma economia de mais de R$ 2 milhões por ano para a cidade. Além disso, também gera 234 empregos diretos e 60 empregos indiretos, priorizando a população local. Ou seja, é uma escolha acertada do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico, uma decisão que impulsiona nossa economia e reduz o uso de combustíveis fósseis – afirmou o prefeito Eduardo Paes.

Com 15 hectares de área total, sendo 8,4 hectares efetivamente ocupados pelos painéis solares, o Solário Carioca conta com 9.240 placas solares de 700 watts cada, responsáveis por converter a luz do sol em eletricidade capaz de abastecer diversos prédios públicos municipais – o suficiente para fornecer energia para cerca de 100 escolas municipais por dia. Outras áreas ociosas na cidade já estão sendo mapeadas para a instalação de usinas fotovoltaicas similares ao Solário Carioca, com a meta de atingir 20 megawatts até 2028.

Antigo aterro sanitário no RJ receberá instalação de usina solar de 5 MW

A usina solar de Santa Cruz foi construída em apenas cinco meses, com obras iniciadas em junho/2025. O projeto foi viabilizado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), estruturada pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), em colaboração com as secretarias municipais de Fazenda e Planejamento e de Coordenação Governamental. Com investimento de R$ 45 milhões do consórcio privado vencedor da licitação, o Consórcio Rio Solar, a iniciativa não gerou custos financeiros para a Prefeitura, que cedeu o terreno para a instalação dos painéis solares. A energia adquirida pelo município, além de 100% limpa, será 20% mais barata. O contrato estabelece concessão de 25 anos para a implantação, operação e manutenção da usina.

– Tive a oportunidade de acompanhar este projeto de perto. A grandiosidade de sua escala é verdadeiramente impressionante. O Solário Carioca representa uma iniciativa cujos modelos estão sendo replicados em 30 cidades ao redor do mundo, totalizando 38 projetos distintos que beneficiam diretamente mais de 1,2 milhão de pessoas e, indiretamente, dezenas de milhões. Com mais de US$ 2 bilhões em investimentos direcionados a esses projetos, fortalecendo a liderança no setor público municipal e, consequentemente, fomentando parcerias privadas – ressaltou Mark Watt, diretor-executivo da C40 Cities, no discurso de lançamento do projeto.
Antigo aterro sanitário no Rio de Janeiro será revitalizado e transformado em usina solar de 5 MW

Projeto inovador revitaliza aterro sanitário e promove a geração de energia limpa com usina solar para abastecer imóveis públicos no RJ.

O lançamento simboliza o impacto global da ação local: o Solário Carioca nasceu com apoio do mecanismo de financiamento para cidades da C40 (CFF), lançado na COP21 por Eduardo Paes, então presidente da C40, para tirar do papel projetos sustentáveis e transformar planos climáticos em ação concreta.

– O Reino Unido foi um pioneiro no modelo de parceria público-privada no início da década de 1990. Por essa razão, temos orgulho em apoiar empreendimentos como este, que empregam estratégias financeiras inteligentes para mobilizar capital climático e recursos públicos. O Solário Carioca é um modelo inspirador e um exemplo prático de uma estratégia de transição justa. Seu impacto não se restringe à mitigação de emissões, mas abrange a criação de 3.500 oportunidades para jovens e o apoio a comunidades marginalizadas. Gostaria de expressar minha gratidão à cidade do Rio por sua ambição e pelo convite que tornou esta ideia uma realidade – disse Simon Stevens, representante do governo britânico, que também participou da inauguração.

O encontro contou ainda com a presença do representante do governo da Alemanha, Jan Freigang (cônsul-geral da Alemanha no Brasil), e do diretor para o Brasil da Giz, Jochen Quinten. A concretização do projeto é particularmente simbólica por ocorrer nas vésperas dos grandes encontros climáticos no Rio: o Fórum de Líderes Locais da COP30 e a Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, de 3 a 05/11/2025 no MAM.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) inaugurou a 1ª usina solar do Rio em antigo aterro sanitário na Zona Oeste.

Solário Carioca marca o início dos eventos pré-COP 30 e vai abastecer prédios públicos, com economia de R$ 2 milhões anuais e redução de emissões de carbono.

Solução de financiamento para ações climáticas na cidade

O modelo do mecanismo CFF, usado para planejar e desenvolver o Solário Carioca, poderá ser replicado em outros terrenos ociosos ou áreas degradadas da cidade, ampliando o impacto ambiental positivo e promovendo o uso inteligente do solo urbano.

O CFF, que faz 10 anos em 2025, apoia cidades na preparação e implementação de projetos de infraestrutura sustentável. Com aporte financeiro, o CFF transforma planos de ação climática resilientes e inclusivos em projetos concretos, que fazem uma diferença real na vida das pessoas.

Lançado na COP21 em Paris, em dezembro/2015, pelo prefeito Eduardo Paes em sua então posição de presidente da rede C40, o CFF é implementado conjuntamente pela C40 e pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e é financiado pelo Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) e pelo Ministério das Relações Exteriores, da Comunidade Britânica e do Desenvolvimento (FCDO) do Reino Unido.

Energia limpa onde antes havia resíduos

O terreno escolhido para a implantação da usina, em Santa Cruz, foi, por décadas, um dos principais pontos de destinação de resíduos da cidade. Desativado e sem função urbana desde o encerramento das atividades do antigo aterro sanitário, o espaço agora ganha novo propósito: gerar energia limpa, sustentável e renovável.

Do ponto de vista ambiental, o Solário Carioca deverá evitar a emissão de aproximadamente 40 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o que equivale à retirada de cerca de 25 mil veículos das ruas. O projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
Rio de Janeiro/RJ inaugurou usina solar onde era aterro sanitário

Impacto econômico e social

Além da economia direta na conta de energia, o projeto gera 234 empregos diretos e 60 empregos indiretos, além de estimular a economia local, já que o concessionário dá preferência à contratação de empresas e prestadores de serviços do entorno: para segurança, alimentação, compra de EPIs, concreto, aço, entre outros. (prefeitura.rio)

domingo, 30 de novembro de 2025

Brasil precisa de infraestrutura de energia mais resiliente às mudanças climáticas

Brasil precisa de infraestrutura de energia muito mais resiliente às mudanças climáticas, aponta EY.
Mudança climática fragiliza setor elétrico do Brasil

Brasil precisa de infraestrutura de energia mais resiliente às mudanças climáticas, pois eventos extremos como secas, chuvas intensas e ondas de calor já impactam a rede elétrica e o fornecimento de energia. É necessário investir em adaptação, como fortalecer a infraestrutura de transmissão e distribuição, diversificar a matriz energética para reduzir a dependência hídrica, e adotar tecnologias mais sustentáveis e que minimizem emissões de gases de efeito estufa.

Desafios e necessidades

Eventos climáticos extremos: Secas podem comprometer a operação de hidrelétricas, enquanto fortes chuvas podem danificar redes de distribuição, causando interrupções prolongadas no fornecimento de energia, como demonstra a média de horas de interrupção por usuário no país, que é significativamente maior que a de outros países.

Dependência hídrica: A grande dependência de energia hidrelétrica torna o sistema vulnerável a períodos de estiagem.

Necessidade de adaptação: A infraestrutura atual, incluindo as redes de transporte e distribuição, precisa ser adaptada para resistir aos efeitos das mudanças climáticas, como alagamentos e calor extremo.

Soluções e ações

Diversificação da matriz energética: Expandir fontes renováveis como solar e eólica, que já estão em crescimento no Brasil, pode reduzir a vulnerabilidade da geração hidrelétrica.

Fortalecimento da infraestrutura: Investir em tecnologias para tornar as redes de transmissão e distribuição mais robustas e capazes de suportar eventos climáticos extremos.

Transição energética: Promover uma transição energética justa e equitativa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e adotando novas formas de energia mais eficientes e limpas.

Adoção de tecnologias: Implementar novas tecnologias na construção pesada e no setor energético para garantir a adaptação às mudanças climáticas e minimizar emissões de gases de efeito estufa.

Planejamento e políticas: Desenvolver políticas públicas e programas de certificação para obras e infraestruturas que considerem a resiliência climática como um fator fundamental, como um projeto que visa certificar obras resilientes a eventos climáticos extremos.

Enquanto os japoneses ficam em média somente cinco minutos por ano sem energia, os brasileiros enfrentam 11 horas de interrupção da eletricidade. De acordo com a consultoria, é preciso incentivar a regulamentação para que as concessionárias de energia realizem investimentos para aumentar a resiliência das redes.
As redes de distribuição de energia elétrica, uma infraestrutura crucial para a sociedade, têm sido muito afetadas pelos eventos climáticos extremos, cujos danos causados nos cabos de energia, geradores e transformadores resultam na queda do fornecimento de eletricidade.

Os dias de tempestade, com o registro de chuvas que ultrapassam 50 milímetros, aumentaram bastante na região metropolitana de São Paulo. Até a década de 1950, de acordo com estudo do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), quase não houve registro dessas chuvas, mas nos últimos anos, essa realidade mudou, com a precipitação atingindo 80 milímetros ou, em alguns casos, passando dos 100 milímetros em temporais que podem durar horas.

A projeção para os próximos anos não é animadora, segundo estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que projeta, para o período entre 2025 e 2034, aumento de 20% a 30% na ocorrência de tempestades severas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

“Essa é uma realidade que precisa ser considerada por todas as partes relacionadas com a atividade de distribuição de energia elétrica, sobretudo os reguladores desse serviço público e as empresas concessionárias que operam as redes. O uso de tecnologia, por meio da automação da rede elétrica, é a solução adotada por países como Japão, o que tem permitido evitar o desligamento da energia e recompor rapidamente o fornecimento em caso de necessidade”, afirma o sócio de Governo & Infraestrutura da EY-Parthenon, Alexandre Vidal.

Crise hídrica e de energia — o que o Brasil pode fazer para evitar novos "choques" na era das Eras das Mudanças Climáticas.

Enquanto os japoneses ficam em média somente cinco minutos por ano sem energia, os brasileiros enfrentam 11 horas de interrupção da eletricidade. “Esse dado demonstra que há muito espaço para tornar nossa rede elétrica mais resiliente aos efeitos das mudanças climáticas. Temos observado em vários países uma adaptação da regulamentação do setor no sentido de incentivar as concessionárias do serviço de distribuição de energia a fazer os investimentos para aumentar a resiliência das redes”, completa o executivo.

Além disso, como forma de contribuir para o funcionamento eficaz da rede elétrica, o país incentivou a adoção pelos consumidores dos medidores inteligentes de energia, cita Vidal, com 30 milhões desses aparelhos instalados possibilitando ao consumidor mensurar em tempo real o uso do sistema de energia elétrica. “O propósito disso é incentivá-lo a consumir mais nas horas de energia sobrando no sistema, e não nos momentos de pico, recebendo incentivo de preço nesses horários de menor utilização. Esse movimento foi fundamental para viabilizar no Japão a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, mesmo os residenciais, movimento que se inicia também no Brasil”.

Mudanças climáticas são desafios para o setor elétrico

A exigência de Planos de Resiliência que passam pela análise e aprovação prévia do regulador, além de outros mecanismos de regulação baseada em performance, tem garantido que os consumidores de energia elétrica de países como Japão, EUA e Itália possam usufruir de uma infraestrutura mais resiliente.

Ainda segundo Vidal, o Brasil, na COP30, poderá mostrar ao mundo seu exemplo de sucesso na geração de energia a partir de fontes renováveis, mas terá muito a aprender em como melhorar os esforços de adaptação climática na rede elétrica. Os dados mais recentes do Balanço Energético Nacional (BEN) indicam que a participação das fontes renováveis é de 88,2% na geração de energia elétrica, o que coloca o Brasil em posição de destaque com uma porcentagem muito superior à média global e à média dos países que fazem parte da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Ainda segundo esse documento, publicado pelo Ministério de Minas e Energia e pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), as fontes eólica e solar detêm 23,7% de participação na geração total de eletricidade do país – quase um quarto de toda a energia gerada pelo Brasil. Essa eletricidade limpa reflete em outros índices de sustentabilidade, como o da emissão de dióxido de carbono por habitante. Em 2024, o brasileiro emitiu em média duas toneladas de dióxido de carbono equivalente – apenas 15% do total emitido por cada americano.

Linha de transmissão: rede brasileira alcança quase 200 mil quilômetros de extensão.

O impacto das mudanças climáticas no sistema de transmissão do Brasil exige resiliência e inovação

Em tempos de certeza sobre os impactos das alterações climáticas as empresas de transporte de energia

A integração das energias renováveis ao sistema elétrico brasileiro é o pilar fundamental para atingir os objetivos de descarbonização e eletrificação da economia, uma vez que as fontes limpas representaram cerca de 91,4% das demandas de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Nesse contexto, as empresas de transporte de energia desempenham um papel crucial na transição energética, garantindo a máxima integração das energias renováveis, a eficiência e a segurança do abastecimento.

Investimento em infraestrutura resiliente: Uma urgência diante das mudanças climáticas

Sustentabilidade no fornecimento para grandes consumidores

Ainda no contexto da COP 30, o Brasil deve assegurar que o aumento esperado da demanda por energia na produção de hidrogênio verde, em grandes data centers e na eletrificação setores como o transporte seja atendido por fontes renováveis. “Não adianta eletrificar os veículos utilizando os combustíveis fósseis como matriz energética. É até uma contradição, já que o veículo elétrico substitui justamente o motor a combustão. O crescimento na produção de veículos elétricos no Brasil tem sido consistente. Em 2020, eram dois mil por ano, passando a 210 mil no ano passado – crescimento superior a cem vezes nesse período. Raciocínio semelhante se aplica à inteligência artificial, que precisa de enorme processamento de dados para funcionar, exigindo o investimento em data centers sustentáveis. A IA, que veio para elevar a produtividade das empresas, pode inclusive ser aplicada para trazer soluções sustentáveis para o setor de energia”.

Vidal cita a criação do Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center, também conhecido como Redata, que tem como objetivo impulsionar o investimento em data centers, ampliando a capacidade do país de armazenagem, processamento e gestão de dados. Para ter acesso ao Redata, é obrigatório que os projetos cumpram exigências de sustentabilidade, como energia renovável ou limpa e eficiência hídrica.

As crises de energia no Brasil e os caminhos da transição para uma economia de baixo carbono.

Somente uma ação conjunta e colaborativa terá o poder de mudar o clima da história, ressalta Rodolfo Gomes, diretor executivo da organização International Energy Initiative (IEI-Brasil). “É fundamental que a sociedade não apenas entenda que é possível fazer melhor uso dos recursos disponíveis, como também possa se beneficiar diretamente e indiretamente, como ter contas ou tarifas menores de energia, depender menos de importação de combustíveis, ter menos poluição nas cidades”. (pv-magazine-brasil)

Centro de eventos em Balneário Camboriú/SC ativa a maior usina solar em telhado

Centro de eventos em Balneário Camboriú (SC) ativa a maior usina solar em telhado do estado

Com investimento estimado em R$ 5 milhões, a usina fotovoltaica de 0,75 MW foi instalada no telhado do Expocentro Julio Tedesco. A expectativa é que a energia gerada pelo sistema atenda a demanda atual do centro de eventos do município.
Expocentro Julio Tedesco, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, inaugurou 29/10/2025, a maior usina solar em telhado do estado. Com investimento total de R$ 5 milhões, nesta primeira etapa, foram instalados 1.120 módulos fotovoltaicos, com capacidade de geração de 0,75 MW, volume suficiente para suprir toda a demanda atual do centro de eventos. Retorno do investimento é estimado em até 5 anos.
Expocentro Balneário Camboriú inaugura maior usina solar em telhado de Santa Catarina

Com investimento de R$ 5 milhões, empreendimento gera energia limpa suficiente para suprir demanda do centro de eventos.

Com a geração solar, o Expocentro evitará a emissão de 440 toneladas de CO2 por ano — o equivalente à preservação de 2.409 árvores anualmente. Desde sua concepção, as fachadas leste e oeste contam com panos de vidro e brises fixos de controle solar, garantindo iluminação natural aos ambientes internos.

O sistema de climatização aproveita o fluxo natural de ar, e toda a estrutura utiliza iluminação em LED, captação e reuso de águas pluviais e dispositivos que reduzem o consumo de água e energia.

Expocentro reuniu autoridades para a cerimônia de ligação da maior Usina Solar em telhado do estado de Santa Catarina.

Com investimento total de R$ 5 milhões, o projeto consolida o Expocentro como referência em energia limpa no Estado. (pv-magazine-brasil.com)

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Toyota desenvolve veículo elétrico de dois lugares e teto solar

A Toyota Manufacturing UK diz que está liderando um consórcio para investigar a viabilidade de um veículo elétrico leve de micro mobilidade com teto fotovoltaico, conectividade digital e componentes sustentáveis.
Veículo conceitual Toyota FT-Me.

Um consórcio liderado pela Toyota Manufacturing UK, uma subsidiária da Toyota Motor, está investigando a viabilidade de um veículo elétrico leve de dois lugares com energia solar fotovoltaica integrada, conectividade digital e componentes sustentáveis.

O estudo de viabilidade se concentrará em um veículo do tipo L6e de última milha modelado no conceito de micro mobilidade FT-Me da Toyota anunciado no início deste ano. Um tipo L6 é um veículo de 4 rodas ou quadriciclo com velocidade máxima de 45 km.

O projeto inclui um teto solar integrado ao veículo (VIPV) a ser projetado, desenvolvido e validado pelo parceiro do consórcio Savcor, uma empresa de tecnologia finlandesa. O VIPV destina-se a estender a autonomia em 20%, “criando uma solução que suporta o uso diário médio sem carregar”, disse a Toyota Manufacturing UK em um comunicado à imprensa.

ELM Mobility, com sede no Reino Unido, que possui seu próprio veículo de micro mobilidade, um tipo L7eCU maior com volume de carga de 4 m², de acordo com seu site, pesquisará o potencial para maximizar os componentes compartilhados. Esse trabalho tem o potencial de reduzir os custos de desenvolvimento duplo e, ao mesmo tempo, criar economias de escala, de acordo com a empresa.

Toyota FT-Me recarrega com energia solar e dispensa pedais e habilitação

Componentes de conectividade digital e o uso de materiais reciclados leves e sustentáveis também estão planejados.

Liderado por uma equipe da Toyota em Derby, Inglaterra, o projeto será apoiado por pesquisadores da Universidade de Derby, que fornecerão experiência em comportamento do usuário de micro mobilidade e viabilidade de energia solar.

Os parceiros do consórcio garantiram £ 15 milhões (US$ 20 milhões) em financiamento equivalente, de acordo com um anúncio separado do Departamento de Negócios e Comércio do Reino Unido, observando que o financiamento é do programa de Pesquisa e Desenvolvimento Colaborativo do Centro de Propulsão Avançada do Reino Unido (APC), visando tecnologias de emissão zero e novos conceitos de mobilidade.

Outro exemplo recente de energia solar fotovoltaica sendo usada com veículos leves de micro mobilidade é o consórcio European Giants, que está desenvolvendo protótipos integrados ao VIPV de veículos das classes L5, L6 e L7 fornecidos por vários fabricantes internacionais. E no ano passado, a equipe francesa Croisière Verte usou um Citroën Ami modificado para demonstrar o potencial de veículos elétricos portáteis solares e compactos e leves em uma jornada continental africana.

A principal característica da cabine é a ausência dos pedais, já que todo controle do carro é feito pelo volante multifuncional. Esta função, um tanto quanto diferente, permite que usuários de cadeira de rodas o utilizem sem nenhuma modificação. Além disso, o pequeno carro também tem conectividade, graças a um aplicativo próprio que transforma o celular do usuário em quadro de instrumentos. (pv-magazine-brasil)