quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Equilibrando perdas elétricas e custo benefício na recarga de VEs

Equilibrando perdas elétricas e custo benefício na recarga de VEs abastecida por solar e BESS.

Cientistas na Índia desenvolveram um método inovador para otimizar a localização de uma estação de carregamento de veículos elétricos na rede elétrica, juntamente com o tamanho de sua geração fotovoltaica e armazenamento de baterias. Eles também criaram uma estrutura para uma oferta inovadora de slots.
Um grupo de cientistas da Índia desenvolveu um método inovador para o agendamento do carregamento de veículos elétricos (VEs) em estações de carregamento que incluem geração fotovoltaica e sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS).

O método proposto combina dois componentes: otimização e hierarquização. O primeiro componente otimiza a localização das estações de carregamento de veículos elétricos (EVCS) dentro de um sistema de distribuição radial padrão IEEE de 33 barras, juntamente com o dimensionamento do sistema fotovoltaico e do sistema de armazenamento de energia em baterias (BESS). O segundo componente determina a ordem em que os veículos elétricos são carregados.

“Esta pesquisa aborda o caos otimizando a localização e a operação das estações nas redes de distribuição, garantindo um fluxo de energia eficiente e, ao mesmo tempo, reduzindo as emissões e os custos”, afirmou a equipe em comunicado. “Ao superar esses obstáculos, ela abre caminho para um transporte sustentável que não sobrecarrega nossas redes elétricas antigas, tornando os veículos elétricos uma opção viável para todos, desde quem usa transporte público na cidade até quem faz viagens de longa distância”.

Otimização

A parte de otimização do método baseia-se no algoritmo de otimização multiobjetivo da rêmora (MOROA), que se inspira na forma como o peixe rêmora se move e se fixa a animais marinhos maiores. Para determinar o tamanho ideal do sistema fotovoltaico (PV) e do sistema de armazenamento de energia em baterias (BESS), o modelo primeiro inicia uma “busca livre”, que representa uma busca global com saltos significativos. Em seguida, realiza pequenos ataques, assim como o animal, localizando melhor a área da solução. Finalmente, o modelo passa para o estado de “exploração”, refinando a melhor solução encontrada.

Hierarquização de pedidos de recarga

Quanto à parte de hierarquização do método, o sistema utiliza o processo de hierarquia analítica (AHP) para verificar se pode oferecer uma vaga de carregamento a um veículo elétrico. Inicialmente, é necessário fazer uma solicitação por meio de um aplicativo para celular. Em seguida, o sistema considera diversos parâmetros para determinar a alocação, incluindo o horário de chegada ao ponto de recarga, o horário de partida (considerando um tempo de carregamento de cinco horas), o estado de carga, o estado de carga desejado, a distância do veículo elétrico até o ponto de recarga e a disponibilidade de vagas. Um algoritmo atribui uma pontuação normalizada a cada parâmetro, com base na qual a decisão é tomada para o motorista.

“O mecanismo de classificação por peso significa menos sobrecarga na rede elétrica, o que se traduz em menos apagões e tarifas de eletricidade mais baixas para as comunidades”, explicou a equipe. “Os proprietários de veículos elétricos desfrutam de carregamentos mais rápidos e baratos, enquanto os operadores de estações aumentam seus lucros por meio da integração otimizada de sistemas fotovoltaicos e de armazenamento de energia em baterias. Do ponto de vista ambiental, a minimização das emissões apoia as metas globais de neutralidade de carbono, evitando potencialmente toneladas de CO2 anualmente em áreas com alta adoção de veículos elétricos”.

Testando a metodologia

Para testar seu método, os pesquisadores realizaram uma simulação em MATLAB de um sistema IEEE de 33 barras. Eles posicionaram dois EVCSs — EVCS 1 e EVCS 2 — na rede, cada um com sistemas BESS e PV dimensionados de forma otimizada. O EVCS 1 foi projetado para acomodar 40 veículos elétricos e o EVCS 2, 80. No entanto, eles receberam solicitações de carregamento simultâneas de 80 e 150 veículos elétricos, respectivamente. A simulação considerou 3 tipos de veículos: um MG Comet com bateria de 17,3 kWh, um Tata Tiago com bateria de 19,2 kWh e um Citroën eC3 com bateria de 29,2 kWh.

Os cientistas testaram 4 cenários no barramento IEEE 33: um caso base sem nenhuma adição ao barramento (caso 1); o barramento IEEE 33 com 2 EVCS (caso 2); o barramento IEEE 33 com 2 EVCS e painéis fotovoltaicos (caso 3); e, finalmente, o barramento IEEE 33 com 2 EVCS, painéis fotovoltaicos e sistemas de armazenamento de energia em baterias (caso 4). Em todos os casos que exigiam EVCS, o projeto MOROA instalou um EVCS no barramento 29 e o EVCS 2 no barramento 11. Em todos os casos que exigiam painéis fotovoltaicos, a instalação consistia em 514 módulos de 5 kW cada na primeira estação e 318 módulos da mesma capacidade na segunda estação. O EVCS 1 exigia 90 sistemas de armazenamento de energia em baterias com capacidade de 18 kWh cada, e o EVCS 2 exigia 92 sistemas de armazenamento de energia em baterias.

No Caso 1, a perda total de energia foi de 2.206,88 kW. Nos demais casos, os valores foram de 2.417,97 kW, 1.604,01 kW e 1.591,52 kW para os Casos 2, 3 e 4, respectivamente. As emissões da rede a montante foram de 34.055,24 kg, 35.543,88 kg, 24.926,55 kg e 25.056,24 kg, respectivamente. Os custos correspondentes para cada configuração foram de 92.629.901,34 INR (US$ 1.045.566,50), 96.952.067,57 INR, 161.078.952,90 INR e 164.542.048,50 INR, respectivamente.

“Essa abordagem baseada no MOROA pode revolucionar o planejamento urbano, integrando sistemas inteligentes de armazenamento de energia elétrica (EVCS) em cidades inteligentes, onde combinações de sistemas fotovoltaicos e de armazenamento de energia em baterias (PV-BESS) atendem às demandas em tempo real de grandes frotas de veículos elétricos”, concluíram os cientistas. “Pesquisas futuras podem incorporar inteligência artificial para modelagem preditiva do tráfego de veículos elétricos ou energias renováveis híbridas, como a eólica, aumentando a resiliência contra a variabilidade climática. Ao refinar as incertezas nos comportamentos dos veículos elétricos — como chegadas aleatórias —, iterações futuras poderiam otimizar redes maiores, como os sistemas de 69 ônibus do IEEE, reduzindo ainda mais os custos e as emissões para uma transição perfeita para o transporte eletrificado em todo o mundo”.

Pontos de recarga com painéis fotovoltaicos e a presença de carregadores para carros elétricos tem se espalhado pelas cidades e rodovias Brasil a fora. Muitos deles permitem um carregamento rápido de 30 minutos, podendo abastecer dois veículos de uma vez. (pv-magazine-brasil)

Vale realiza testes com maior mistura de biodiesel

Vale realiza testes com maior mistura de biodiesel em caminhões e veículos elétricos.
A mineradora Vale avançou em iniciativas que visam reduzir emissões em seus caminhões fora de estrada, com testes desses veículos abastecidos com misturas maiores de biodiesel no diesel, além de outros movidos a bateria, informou a companhia.

Dentre as avaliações em curso, a companhia iniciou neste mês testes de campo com caminhões fora de estrada de 190 toneladas de capacidade, utilizando misturas de 30% e 50% de biodiesel no diesel, contra os 15% estabelecidos pela legislação brasileira, no Complexo de Mariana, em Minas Gerais.

O consumo médio de combustível desses veículos é de cerca de 130 litros por hora ou de aproximadamente 2 mil litros por dia.

O objetivo dos testes, segundo a empresa, é monitorar a performance dos caminhões por pelo menos seis meses e avaliar quais adaptações serão necessárias no veículo ou no combustível para que eles possam rodar com a mistura de biodiesel mais elevada mantendo desempenho próximo ao atual.

Vale testa biodiesel B30 e B50 em caminhões fora de estrada

A mineradora reiterou que testes em bancada para o aumento do uso do biocombustível realizados desde 2023 demonstraram que a alternativa é "promissora" e que a medida poderia levar a uma redução de emissões de até 35% em relação ao diesel consumido hoje pela Vale no Brasil.

"Para mitigar o consumo de diesel fóssil na frota de caminhões fora de estrada, estão sendo priorizados investimentos em biocombustíveis e etanol, além da adoção de sistemas de eletrificação em aplicações específicas, onde a análise de viabilidade técnica e econômica demonstra maior eficiência operacional", disse Carlos Medeiros, vice-presidente executivo de Operações da Vale.

Além do biodiesel, a Vale assinou acordos com dois de seus principais fornecedores de caminhões fora de estrada para desenvolver motores bicombustíveis movidos a etanol e diesel (dualfuel).

Motores elétricos

A Vale também iniciou uma nova fase dos testes de um caminhão fora de estrada elétrico movido à bateria, com capacidade de carga de 72 toneladas, que começou a ser avaliado em 2022, disse a companhia.

Com as lições aprendidas na primeira fase, o fabricante do veículo realizou ajustes e, neste mês de novembro, o caminhão retornou à empresa para uma nova rodada de testes.

O veículo será utilizado por pelo menos seis meses na mina de Capão Xavier, em Minas Gerais. Serão avaliados o desempenho e a eficiência na operação, disse a empresa. (biodieselbr)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Eletromobilidade avança no país

Eletromobilidade avança no país e PDE 2035 projeta expansão da eletrificação no transporte rodoviário.

O estudo publicado hoje mostra que esse setor vai evoluir no país, podendo desenvolver a indústria e o setor de minerais críticos do país”, afirmou Silveira. As vendas de eletrificados cresceram 89% em 2024, com um salto de 219% nos veículos 100% elétricos (BEVs).
Desafios ao desenvolvimento da eletromobilidade no Brasil

Políticas públicas de incentivo aos carros elétricos seriam fundamentais para acelerar mudanças.

Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicaram, em 18/11/25 o Caderno de Eletromobilidade do PDE 2035, que apresenta um panorama detalhado da evolução da eletrificação no transporte rodoviário brasileiro. O documento analisa a adoção de veículos eletrificados, sendo esse avanço impulsionado por maior oferta de modelos, queda de preços, avanço tecnológico e políticas públicas de renovação de frota que tem avançado no país.

O ministro Alexandre Silveira destacou a importância fundamental do estudo, que mostra o potencial do Brasil para continuar avançando na eletromobilidade. “A eletromobilidade é uma aliada na transição energética e na nova economia, que é a economia verde. O estudo publicado hoje mostra que esse setor vai evoluir no país, podendo desenvolver a indústria e o setor de minerais críticos do país”, afirmou Silveira.

As vendas de eletrificados cresceram 89% em 2024, com um salto de 219% nos veículos 100% elétricos (BEVs). A redução do diferencial de preços em relação aos veículos a combustão interna e a chegada de novos modelos importados ampliaram o acesso.

Crescimento lento da infraestrutura de recarga, associado ao alto custo e às limitações tecnológicas de armazenamento, são maiores entraves para o setor.

Seguindo tendência global, mercado automotivo brasileiro avança na eletrificação da frota.

Em 2035, as projeções indicam que 23% dos licenciamentos de veículos leves serão eletrificados, totalizando 784 mil unidades, e a frota eletrificada para este segmento atingirá 3,7 milhões de veículos, com a manutenção da tecnologia flex fuel como predominante no país. A eletrificação também avança em nichos como comerciais leves voltados ao last-mile delivery (etapa final de entrega), influenciada pelo comércio eletrônico e por estratégias corporativas de descarbonização.

No transporte público, o Novo PAC tem contribuído para acelerar a renovação da frota. Apenas na seleção de 2023, foram destinados R$ 7,3 bilhões para a aquisição de 2.296 ônibus elétricos, além de veículos Euro VI (R$ 2,6 bilhões) e sobre trilhos (R$ 0,7 bilhões). O PDE projeta que, em 2035, o Brasil terá 48,5 mil ônibus eletrificados, sendo 43,5 mil puramente elétricos.

Entre os caminhões, a eletrificação cresce principalmente em modelos semileves e leves, com 19% dos licenciamentos (elétricos a bateria - BEV) previstos para cada uma dessas categorias em 2035. Ao final desse período, a frota de caminhões (BEV e híbridos) deve alcançar 43 mil unidades, enquanto a tecnologia de caminhões a diesel permanece dominante entre pesados e semipesados.

A demanda de eletricidade associada à eletromobilidade deve aumentar de 627 GWh em 2025 para 7,8 TWh em 2035, reforçando a importância da consideração dessa carga no planejamento e no desenho tarifário do setor elétrico. O estudo também destaca desafios globais quanto à disponibilidade de minerais estratégicos para baterias, em razão da forte concentração geográfica da produção.
Por outro lado, o Brasil segue com uma vantagem estrutural relevante: a ampla disponibilidade de biocombustíveis sustentáveis, como o etanol, que permite ao país gerenciar a transição de forma equilibrada. A coexistência entre eletrificação, híbridos flex e biocombustíveis reduz pressões sobre o sistema e amplia a diversidade tecnológica, fortalecendo a rota nacional para um transporte de baixo carbono. (biodieselbr)

Angra 3, o lobby nuclear e manipulações retóricas

M
inistro Alexandre Silveira defende usinas na Amazônia e novo programa nuclear, enquanto setores do Planalto e estudo ‘fantasma’ do BNDES alimentam debate sobre custos bilionários e segurança energética.

Um suposto estudo do BNDES, não divulgado, é a nova arma do lobby nuclear para tentar viabilizar Angra 3 e a nuclearização do Brasil. Enquanto o ministro Alexandre Silveira defende a energia atômica e até a “bomba”, setores do governo e especialistas apontam custos altíssimos, riscos ambientais e a falta de transparência que cerca o setor. Será aprovada?

“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade” - Nise da Silveira (médica psiquiatra)

Tem se tornado lugar comum a participação ativa de grupos lobistas pró-energia nuclear na mídia, com campanhas publicitárias e esforços de relações públicas destinados a melhorar a imagem da fonte de energia e influenciar a opinião pública e decisões políticas. Manipulações retóricas, desinformações, falta de transparência, omissão de dados, negacionismo, táticas de intimidação e mesmo de ameaças, fazem parte desta agressiva atuação. Recusam intencionalmente em admitir fatos e evidências técnico-científicas comprovadas sobre a insegurança e a inviabilidade das usinas nucleares, frequentemente com o objetivo de distorcer a realidade para interesses específicos.

Estão convencidos que na última reunião de 2025 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento da presidência sobre questões energéticas, será aprovado a continuidade da construção da usina nuclear de Angra 3, obra iniciada a mais de 40 anos, e consequentemente “abrir a porteira” para nuclearização do país.
Angra 3 vai gerar quase 1,5 GW de energia quando estiver completamente concluída.

Cara e perigosa, energia nuclear pode ser a chave para transição energética

Foi criado uma grande expectativa nas 3 últimas reuniões do CNPE para que fosse pautado este tema, defendido arduamente pelo ministro das “boas ideias”, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. O mesmo defende usinas nucleares de pequeno porte na Amazônia, o uso do petróleo “até a última gota”, os combustíveis fósseis como carvão mineral e o gás natural em termelétricas, além do avanço da exploração do urânio, para reforçar a segurança nacional, a defesa (?) do país, ou seja, construir a bomba atômica.

Além da população ser contra usinas nucleares, setores do próprio governo federal, como o Ministério da Fazenda e Ministério de Meio Ambiente questionam esta insanidade. Pois além de neutralizar os esforços de barateamento dos custos da energia elétrica perseguido pelo governo federal, atenta gravemente o meio ambiente e as pessoas, com a possibilidade de vazamento e liberação de radioatividade na extração do urânio.

Os argumentos repetidos à exaustão pelos lobistas chega ao extremo da chantagem, ao afirmar que os minérios estratégicos (urânio incluído) e o petróleo é que garantirão os recursos financeiros para financiar a transição energética. Infelizmente entendem a transição, como mera transação, privilegiando o balcão de negócios bilionários em torno da expansão das desnecessárias usinas.

Os mais tresloucados colocam a energia nuclear como uma salvação do clima, como se fosse mais sustentável que as fontes renováveis (sol, vento, água, biomassa), cujo potencial no Brasil é extraordinário, chegando ao disparate de denominar a nucleoeletricidade de “energia limpa”.

Angra 3 custa mais de R$ 1 bilhão por ano sem gerar energia. Parada desde 2015, obra bilionária desafia governo e setor energético.

Angra 3: o elefante branco nuclear do Brasil que custa mais de R$ 1 bilhão por ano sem produzir energia. O que impede a conclusão dessa obra bilionária parada desde a Lava Jato? É dinheiro de suados impostos que escorre pelo ralo do desperdício.

Angra 3 parou, voltou e travou: tecnologia envelhecida, custo nas alturas e um país sem coragem de decidir entre terminar ou assumir o prejuízo.

Não existe nenhuma base científica na afirmação de que as usinas nucleares garantem a segurança energética, outro mote utilizado com frequência. Definida como “a capacidade de um país ou região garantir o fornecimento ininterrupto, confiável e a preços acessíveis de energia para atender às necessidades da população e da economia”. Nem em relação à capacidade instalada, nem a preços acessíveis vale esta afirmação em relação à energia nuclear. Muito menos a hilária afirmativa de que novas usinas nucleares evitarão os apagões.

Atualmente o pais dispõe de menos de 2% de eletricidade nuclear injetada na matriz elétrica, e mesmo com o término de Angra 3, e de mais 10.000 MW até 2050, como propõe o Plano Nacional de Energia, a contribuição nuclear não vai ultrapassar 4% da potência total instalada, valor extremamente irrisório de capacidade para garantir segurança do setor energético. E em relação aos custos da energia nuclear estes valores são comparáveis aos das termelétricas a combustíveis fósseis, em torno de 4 a 6 vezes maior que o das fontes solar e eólica.  Valores estes apresentados em recente estudo (mencionado na mídia, mas não disponibilizado publicamente) realizado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), sob encomenda do CNPE.

Este estudo, segundo fragmentos divulgados, indica que concluir a construção da usina nuclear Angra 3 é a opção mais econômica (?) e benéfica (?) para o Brasil, em comparação com o abandono do empreendimento. O estudo oculto conclui que o custo do cancelamento da obra seria de R$ 22 bilhões a R$ 25,97 bilhões, enquanto o valor estimado para finalizar seria de R$ 23,9 bilhões, levando a mídia, em particular da extrema direita, a antecipar que é mais vantajoso terminar Angra 3, do que abandonar o projeto. Estes números carecem de uma análise técnico-econômica isenta, onde as premissas, as hipóteses são apresentadas claramente. Da forma apresentada é mais uma estratégia propagandista, utilizando para tal a credibilidade dos técnicos do BNDES.
É apontado também pelo estudo-fantasma que a energia gerada para cobrir os custos e garantir retorno ao investimento deve variar entre R$ 778 a R$ 817 por MWh. Valores inverossímeis, que devem passar pelo crivo da isenção, para que estes valores sejam realmente verificados, e como se chegou a estes números.

A falta de transparência é utilizada como arma para credibilizar os negócios nucleares no Brasil, como solução ao aquecimento global e para atender a demanda crescente por energia elétrica, em particular dos “data centers” que processam informações para a inteligência artificial. São os mesmos países que causaram a crise climática que agora expandem suas infraestruturas destrutivas nos territórios do Sul Global, transferindo os custos socioambientais.

Não se deve esquecer dos episódios controverso que atestam a falta de credibilidade do setor nuclear brasileiro (https://www.congressoemfoco.com.br/artigo/108097/programa-nuclear-brasileiro–pau-que-nasce-torto-morre-torto). Recentemente o desgaste da Eletronuclear, responsável pelas usinas, ficou bem evidenciado, diante de uma crise financeira. Com um rombo em suas contas no final de outubro de 2025, a Eletronuclear (sempre ela sumidouro do dinheiro público) solicitou um aporte de R$ 1,4 bilhão ao governo federal para cobrir suas contas. Neste mesmo mês a Eletrobras (atual, Axia Energia) concordou em vender sua participação de 68% na Eletronuclear para a Âmbar Energia, empresa do grupo J&F, por R$ 535 milhões, em uma operação ainda não esclarecida totalmente, que levou a participação de um grupo econômico que não tem nada a ver com energia, a entrar em um negócio de tamanho risco econômico-financeiro. O passado e presente das empresas dos irmãos bilionários donos da J&F holding estão repletos de notícias nas páginas policiais.

Esses e outros episódios aprofundaram perante a opinião pública o crescente descrédito sobre o desempenho da indústria nuclear, e de seus gestores, privilegiados com supersalários. O desgaste da Eletronuclear (responsável pelas usinas) fica mais evidenciado, diante de sua crise financeira com uma política de demissões em massa, que acabou levando à greve trabalhadores das usinas e da parte administrativa.
Obra está parada há 40 anos, usina nuclear de Angra 3 custará R$ 23 bilhões para terminar ou R$ 21 bilhões para abandonar.

Com 2/3 das obras concluídas, usina depende de reavaliação técnica, econômica e jurídica para avançar ou ser definitivamente cancelada.

Mesmo diante da contradição entre o discurso e a ação quando o assunto é energia, se espera que o programa de construção de usinas nucleares e a expansão da mineração do urânio seja interrompido. Que se torne efetivo o que disse o presidente Lula na  Cúpula da Celac-EU (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e da União Europeia) realizada em Santa Marta, na Colômbia em 09/11/25 que “a América Latina é uma região de paz que quer permanecer desta maneira”. Neste contexto a não nuclearização do Brasil deve acontecer, e servir de exemplo para toda América Latina. Não prosseguir com a construção de usinas nucleares, e desenvolver a cadeia nuclear para construir a bomba atômica, como prega o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um ato concreto de que somos efetivamente pela paz. (ecodebate)

sábado, 20 de dezembro de 2025

Itaipu faz edital prá instalar sistemas fotovoltaicos em instituições

Itaipu lança edital para implementar sistemas fotovoltaicos em instituições de ensino superior.

Itaipu Binacional lançou em 13/11/2025, em videoconferência no canal da empresa no YouTube, um edital para implantação de sistemas de geração fotovoltaica em Instituições Públicas de Ensino Superior e Técnico (Ipes). O investimento previsto é de R$ 105 milhões.

Com investimento previsto de R$ 105 milhões, sendo R$ 90 milhões são para os sistemas de geração fotovoltaica e R$ 15 milhões destinados à aquisição de equipamentos e insumos para pesquisas em energias renováveis, com foco em armazenamento em baterias, hidrogênio verde, redes inteligentes, entre outros.
A Itaipu Binacional lançou em 13/10/2025 um edital para implantação de sistemas de geração fotovoltaica em Instituições Públicas de Ensino Superior e Técnico (Ipes). O investimento previsto é de R$ 105 milhões. Poderão ser contemplados 118 campi de 17 instituições federais, estaduais e municipais, dos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, alcançando um público estimado de 273,1 mil pessoas.

O projeto foi desenvolvido dentro do Programa Itaipu Mais que Energia e prevê a instalação de 116 mil m2 de placas fotovoltaicas, que equivalem a 11 campos de futebol, com potência total de 23,5 mil quilowatts-pico (kWp). Também haverá recursos para serviços/obras de infraestrutura e aquisição de equipamentos e insumos voltados à pesquisa em Energias Renováveis.

As instituições interessadas poderão cadastrar suas propostas de 08/12/2025 a 31/03/2026, com publicação do resultado até 17/05/2026.

O diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni, destacou que dos R$ 105 milhões previstos no edital, R$ 90 milhões são para os sistemas de geração fotovoltaica e R$ 15 milhões destinados à aquisição de equipamentos e insumos para pesquisas em Energias Renováveis. Ele lembrou que o Brasil tem ampliado a geração de energia limpa, e esse cenário apresenta contradições que reforçam a necessidade de novas pesquisas no setor.
Itaipu lança edital para instalação de energia solar em instituições de ensino superior

“Em alguns horários do dia, quando entra a [energia] solar, temos excesso de energia”, mencionou. “Então, com a liberação do recurso para o sistema fotovoltaico, que irá reduzir o custo das universidades, também queremos contribuir na pesquisa de como nós vamos armazenar essa energia [solar]. Esse é o ponto central”.

O gerente da Divisão de Estudos da Itaipu, Henrique Gazzola de Lima, esclareceu que, no caso das pesquisas, o foco é investir em laboratórios que já estão em operação. Esses laboratórios devem desenvolver pesquisas em Energias Renováveis, como, por exemplo, armazenamento em baterias, hidrogênio verde, redes inteligentes, produção de células orgânicas, bioenergia, sistemas flutuantes, entre outras. São vedadas reformas e/ou intervenções estruturais, bem como itens não relacionados com pesquisas em Energias Renováveis.

As instituições interessadas deverão cumprir alguns requisitos, como regularidade no MEC, cadastro vigente como fornecedor no Portal de Compras da Itaipu, acesso ao Sistema Bússola e regularidade financeira com a Binacional, entre outros.

A avaliação das propostas obedecerá a um fluxo contínuo, a partir de 08/12/2025, quando as inscrições serão abertas. “A nossa previsão é que, do início do cadastro até a formalização, em 90 dias teremos o recurso garantido para a instituição”, ressaltou o gerente do Departamento de Interação Regional, Haroldo Virgílio. Os repasses financeiros para execução dos projetos aprovados serão feitos pela Itaipu, com intermediação da Caixa Econômica Federal.
Itaipu amplia aposta em energia solar e lança edital milionário para transformar universidades públicas com sistemas fotovoltaicos
Itaipu anuncia edital de R$ 105 milhões para instalação de energia solar em universidades públicas do Paraná e Mato Grosso do Sul, impulsionando pesquisa, inovação e redução de custos nas instituições. (pv-magazine-brasil)