quinta-feira, 12 de junho de 2025

Governo propõe reforma no setor elétrico com maior tarifa social e abertura do mercado a todos

Governo propõe reforma no setor elétrico com tarifa social ampliada e abertura do mercado a todos os consumidores.

Entre os destaques está a criação de uma nova Tarifa Social, que prevê gratuidade na tarifa em casos de consumo de até 80 kWh por mês para famílias de baixa renda. A medida pode beneficiar cerca de 17 milhões de famílias, sendo que 4,5 milhões teriam a conta de luz integralmente zerada.

MME apresentou uma minuta da proposta legislativa que pode reduzir conta de energia para famílias de baixa renda ao custo de R$ 3,6 bilhões que, diluídos na tarifa dos demais consumidores teria um efeito de 0,9% nas tarifas.
O Ministério de Minas e Energia (MME) apresentou nesta semana uma proposta legislativa para reformar o setor elétrico brasileiro. A proposta está centrada em 3 eixos: a justiça tarifária, a liberdade de escolha para os consumidores e o reequilíbrio da estrutura de custos entre os diferentes perfis de usuários. A proposta deve ser enviada ao Congresso nos próximos meses.

Tarifa Social mais ampla

Entre os destaques está a criação de uma nova Tarifa Social, que prevê gratuidade na tarifa em casos de consumo de até 80 kWh por mês para famílias de baixa renda. A medida pode beneficiar cerca de 17 milhões de famílias, sendo que 4,5 milhões teriam a conta de luz integralmente zerada. Para famílias com renda um pouco superior — entre meio e um salário mínimo per capita — seria concedido um desconto social, com isenção da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no consumo de até 120 kWh por mês.

Segundo o MME, o objetivo é simplificar as regras atuais, consideradas complexas e defasadas, e garantir o acesso à energia elétrica como um direito básico. O custo estimado das medidas é de R$ 3,6 bilhões por ano, que será diluído entre os demais consumidores regulados, gerando um impacto médio de 0,9% na conta de luz.

Proposta de ampliar a gratuidade na conta de luz e criar abertura no setor elétrico

Ideia é a de oferecer ao consumidor liberdade de escolha semelhante ao que ele tem hoje em serviços de telefonia, internet e bancos; isenção de pagamento pode chegar a 60 milhões de pessoas.

Abertura total de mercado

Outra frente importante da proposta é a abertura total do mercado de energia elétrica, prevista para ocorrer em duas etapas: a partir de março de 2027 para indústrias e comércios, e de março de 2028 para os demais consumidores. A medida permitirá que qualquer cidadão escolha seu fornecedor de energia, em um modelo semelhante ao adotado nas telecomunicações.

Para viabilizar a mudança, o governo propõe a criação de novos mecanismos, como tarifas flexíveis (pré-pagas, binomiais ou horárias), um Supridor de Última Instância para garantir fornecimento em caso de falência de comercializadoras, e encargos para cobrir eventuais custos operacionais das distribuidoras.

Distribuição de encargos

O terceiro eixo da reforma busca corrigir distorções na distribuição de encargos entre consumidores do mercado livre e regulado. Entre as medidas propostas estão o rateio igualitário da energia gerada pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2, a cobrança proporcional da CDE com base no consumo total (e não no nível de tensão), e o fim de subsídios cruzados entre classes de consumidores.

A proposta também propõe restringir o uso indevido do modelo de autoprodução de energia, que vem sendo utilizado por grandes empresas para reduzir encargos, muitas vezes sem cumprir os requisitos originais da legislação.

O texto ainda prevê medidas para destravar o pagamento de débitos no Mercado de Curto Prazo (MCP) e a manutenção de descontos para irrigação e aquicultura em horários específicos. (pv-magazine-brasil)

MME quer zerar consumo de energia em prédios públicos

MME prorroga CP para zerar consumo de energia em prédios públicos.

Propostas técnicas poderão ser enviadas até 11/07/2025 pelo site do PROCEL e irá disponibilizar R$ 100 milhões.
Procel: prorrogada chamada pública de R$ 100 milhões para zerar consumo de energia em prédios públicos. O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), prorrogou por mais 2 meses a Chamada Pública Procel Energia Zero em Prédios Públicos

Propostas técnicas poderão ser enviadas até 11/07/2025 pelo site do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).

Governo prorroga chamada pública de R$ 100 milhões para transformar prédios públicos em modelos de eficiência energética.

Programa Procel Energia Zero estende prazo de inscrição até 11/07/2025 e abre oportunidade para que gestores de todo o Brasil acessem recursos destinados à modernização energética de edifícios públicos

Prédios públicos, como o Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, também são elegíveis para concorrer a Chamada Pública do Procel - Guilherme Cunha/SMTUR

O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), prorrogou por mais dois meses a Chamada Pública Procel Energia Zero em Prédios Públicos. Segundo a instituição vinculada ao ministério, as propostas técnicas poderão ser enviadas até 11/07/2025 pelo site oficial para que gestores federais, estaduais, municipais e distritais possam ter acesso aos R$ 100 milhões disponíveis para a eficientização de edificações existentes por meio de reformas e da instalação de geração distribuída renovável.

Para o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento, Thiago Barral, a ampliação do prazo da consulta pública contribui para a atração de mais e melhores projetos para essa chamada. “Nosso objetivo é avançar no desenvolvimento de edificações altamente eficientes e que, em certas condições, combinam também geração distribuída. O Brasil tem a oportunidade de usar edifícios públicos para liderar a consolidação de expertise e experiência em aplicação do conceito de edifícios ‘energia zero’, servindo de exemplo e beneficiando todo o setor da construção civil e, principalmente, gerando economia ao longo da vida útil da edificação para os seus usuários”, afirmou.

Os recursos disponibilizados pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), serão investidos prioritariamente em prédios administrativos e das áreas de educação e saúde nas três esferas de governo. “Ficamos felizes que esta chamada tem tido o interesse de muitos gestores que tiveram dúvidas e solicitaram esclarecimentos, assim decidimos prorrogar para que eles consigam realizar propostas técnicas mais consistentes e submeterem no site da chamada pública”, disse o gerente do Procel, George Soares.

Dos R$100 milhões, R$25 milhões serão destinados a municípios gaúchos em razão da tragédia ambiental vivida em maio/2024. Os R$75 milhões restantes serão distribuídos igualmente entre estados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul, considerando-se, para a última região, municípios do Paraná, de Santa Catarina e as cidades do Rio Grande do Sul não incluídas no decreto de calamidade pública.

Os projetos inscritos têm que estar voltados para a redução do consumo de energia de prédios existentes, com o uso de estratégias para a melhoria da eficiência energética do prédio e incentivos à geração de energia renovável, sem redução do conforto das pessoas que utilizam os espaços públicos.

Serão selecionados projetos com as melhores estratégias de aprimoramento de desempenho energético dos sistemas em uso de forma combinada com a inserção de tecnologias de geração de energia renovável local integrada à edificação. Pelas regras da chamada pública, um projeto de retrofit bem-sucedido será aquele que reduzir o consumo de energia original da edificação entre 90% e 110%. A partir de 100%, o imóvel reformado estaria gerando mais energia do que a necessária para o consumo de todo funcionamento.

Para concorrer aos recursos, os prédios deverão ter sido construídos há pelo menos 12 meses, ter área construída mínima de 500 m² e estarem ocupados ou operacionais. Edifícios onde funcionem serviços de saúde, educacionais e administrativos terão um acréscimo de 20% na nota final pelo caráter estratégico e pelo alto potencial de economia de energia. (gov.br)

SENAI e TotalEnergies inauguram usina fotovoltaica para estudar eventos extremos

Instituto SENAI e TotalEnergies inauguram usina fotovoltaica de 200 kWp para estudar eventos extremos.

Com R$ 5,4 milhões de investimentos, o projeto P&D foi financiado pela ANP em Natal, Rio Grande do Norte, e conta com 380 módulos monofaciais e bifaciais de diferentes modelos para estudar fenômenos como a irradiância extrema e seus impactos em grandes usinas de geração em todo o país.
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a TotalEnergies inauguram uma usina fotovoltaica piloto para realizar estudos sobre o impacto de eventos extremos na geração de energia solar. Com investimentos de R$ 5.4 milhões e o envolvimento de 17 pesquisadores, o projeto de Pesquisa & Desenvolvimento é financiado através da cláusula da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), cujo objetivo é promover o desenvolvimento de pesquisa e novas tecnologias para o setor.

As pesquisas serão conduzidas em Natal, no Rio Grande do Norte, onde 380 módulos solares, de diferentes tecnologias, foram instalados em uma área de 4.400 m2, equivalente a mais da metade de um campo de futebol. A capacidade de geração de energia instalada é de 200 kWp. O início da operação está previsto para o segundo semestre deste ano.

A usina fotovoltaica piloto está inserida no projeto “Desenvolvimento de Plataforma para Estudos Operacionais e Análise da Ocorrência e Impactos de Eventos de Irradiância Extrema no Desempenho de Usinas Fotovoltaicas em diferentes climas”, fruto do acordo de cooperação firmado entre a TotalEnergies e o ISI-ER, em fevereiro/2024.

“Nosso propósito é fornecer energia mais acessível, mais confiável e mais sustentável para o maior número possível de pessoas: este projeto-piloto está totalmente alinhado com esse compromisso para a transição energética e a ambição tecnológica que a sustenta”, afirmou o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da TotalEnergies EP Brasil, Samuel Cunha.

Um dos fenômenos que serão investigados na usina-piloto, a “sobre irradiância” ou “irradiância extrema”, tem afetado grandes usinas de geração em todo o país, causando danos aos equipamentos devido ao seu superaquecimento e comprometendo a confiabilidade na geração de energia.

Tal fenômeno ocorre quando, após a passagem de nuvens, os raios solares se concentram em uma área específica da usina fotovoltaica, com efeito semelhante ao de uma lente de aumento. Para melhor lidar com esse problema, são necessários mais dados sobre a sua natureza e efeitos, que serão adquiridos por meio dessa planta piloto.

“Quando o fenômeno ocorre, os raios incidem sobre os módulos fotovoltaicos com uma potência superior à que eles podem suportar, o que, na prática, pode gerar ‘pontos quentes’ e danificar os equipamentos”, explica Antonio Medeiros, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER.

O projeto pretende responder a questões sobre a frequência do evento, em que época do ano é mais comum e que consequências traz ao setor. “A usina piloto está completamente configurada para trazer informações a respeito”, diz a pesquisadora líder do Laboratório de Energia Solar do Instituto e coordenadora do projeto, Samira Azevedo.

Ela explica que o fenômeno pode superaquecer os equipamentos, danificá-los e comprometer a geração de energia. Com o impacto sofrido, os módulos podem queimar ou apresentar falhas, reduzindo a produção de energia esperada nos empreendimentos.

A intenção, segundo as instituições envolvidas, é ter a usina piloto funcionando como um grande laboratório de testes a céu aberto para o setor elétrico. A infraestrutura foi instalada no Hub de Inovação e Tecnologia do SENAI-RN, em Natal, complexo que sedia o ISI-ER.

O Sistema de geração de energia é composto por módulos monofaciais e bifaciais, com diferentes tecnologias de células fotovoltaicas, possibilitando análises comparativas do desempenho em diversas condições. Estrutura de fixação e tipos de inversores também variam, abrindo perspectivas para diferentes tipos de avaliação sobre eficiência e adaptação de cada configuração, bem como para análises detalhadas do comportamento dos sistemas de conversão de energia.

A estação meteorológica presente na infraestrutura é equipada com sensores de medição e instrumentos para monitoramento da irradiância solar, temperatura, distribuição espectral e caracterização das nuvens.

Com essa instrumentação avançada, será possível correlacionar fatores ambientais com o desempenho das diferentes tecnologias de módulos fotovoltaicos, permitindo uma compreensão aprofundada dos impactos climáticos na geração de energia.

A infraestrutura está em fase final de execução para início da operação. A energia gerada vai abastecer os principais laboratórios do ISI-ER, contribuindo para a redução de custos operacionais e a sustentabilidade das atividades de pesquisa. (pv-magazine-brasil)

terça-feira, 10 de junho de 2025

Integração da energia solar com a mobilidade elétrica

A integração da energia solar com a mobilidade elétrica: tendências e perspectivas.

A integração entre energia solar e mobilidade elétrica já é realidade em diversas regiões do Brasil e do mundo. Mais do que uma tendência, ela representa uma resposta concreta e estruturante aos desafios do século XXI — como a emergência climática, os altos custos da energia e a desigualdade no acesso à mobilidade urbana.
A integração entre energia solar fotovoltaica e mobilidade elétrica representa uma das mais promissoras sinergias da transição energética global. De um lado, a energia solar avança como uma das fontes renováveis mais acessíveis e democráticas; de outro, os veículos elétricos (VEs) despontam como alternativa concreta à mobilidade baseada em combustíveis fósseis. A convergência dessas tecnologias potencializa os impactos positivos de cada uma delas — ambientais, econômicos e sociais — e aponta para um modelo mais sustentável de energia e transporte.

Com a eletrificação do transporte, a demanda por energia elétrica tende a crescer. Se essa energia for de origem limpa, os benefícios ambientais da mobilidade elétrica se ampliam consideravelmente. Nesse cenário, o uso de sistemas solares fotovoltaicos para abastecer veículos elétricos — seja em residências, comércios, rodovias ou infraestruturas públicas, surge como uma estratégia de descarbonização eficiente, econômica e descentralizada.

O avanço da mobilidade elétrica solar no Brasil

No Brasil, diversos projetos demonstram que a combinação entre mobilidade elétrica e energia solar não apenas é viável, como também estratégica. EDP desenvolveu no Ceará o primeiro ônibus elétrico movido 100% por energia solar. A iniciativa inclui uma estação de recarga fotovoltaica com baterias de lítio e gerou um modelo replicável para frotas públicas. Veículo possui autonomia de até 300 quilômetros e tem servido de referência para municípios que desejam eletrificar seu transporte coletivo com base em fontes renováveis.

Outro destaque é a Eletrovia Verde da Neoenergia, que conecta 6 capitais do Nordeste por meio de 18 estações de recarga elétrica, muitas alimentadas por fontes renováveis. Esse corredor sustentável é uma resposta concreta à falta de infraestrutura nas rodovias brasileiras para veículos elétricos e um marco importante para a eletromobilidade no país.
Corredor Verde de Mobilidade Elétrica no Nordeste: mais de 1.100 km ligando seis capitais.

Parceria entre a chinesa BYD e a Raízen prevê a instalação de mais de 600 eletropostos em 8 grandes cidades brasileiras. O projeto visa não apenas ampliar a infraestrutura, mas também integrar energia solar gerada em unidades da Raízen e de parceiros. Embora ainda sejam necessários ajustes regulatórios, iniciativas assim ajudam a democratizar o acesso à recarga elétrica com baixa pegada de carbono.

Em menor escala, mas com grande valor simbólico e técnico, destacam-se os projetos-piloto de boxes solares para recarga veicular em universidades e centros de pesquisa. Um exemplo é o da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), em SC, onde painéis solares e baterias alimentam um ponto de recarga veicular comunitário. A proposta reforça o conceito de microgeração local, associada à mobilidade elétrica de forma descentralizada e resiliente.

Tendências tecnológicas e desafios

O avanço das tecnologias associadas à integração solar-mobilidade abre caminhos antes impensáveis. Uma das principais tendências é o uso de sistemas de recarga bidirecional, especialmente os modelos Vehicle-to-Home (V2H) e Vehicle-to-Grid (V2G). Nesses sistemas, o veículo se transforma em uma espécie de bateria ambulante, podendo abastecer uma casa ou até devolver energia à rede elétrica em horários de pico, o que colabora para a estabilidade do sistema e reduz custos operacionais.

No Brasil, testes com o Nissan LEAF e sistemas V2H já ocorrem em parceria com universidades. Embora a aplicação ainda enfrente entraves regulatórios e logísticos, a perspectiva de popularização é real, especialmente se aliada à geração fotovoltaica residencial.

Mobilidade e Sustentabilidade: Nissan LEAF em Aplicação V2H (Vehicle to Home).

Outra frente importante é a digitalização da infraestrutura. Sensores, softwares de gestão energética e plataformas em nuvem têm sido usados para prever padrões de carregamento, otimizar o uso da energia solar gerada e evitar sobrecargas na rede. Com redes elétricas mais inteligentes (smart grids), a integração entre geração, armazenamento e consumo se torna mais dinâmica, segura e eficiente.

Apesar dos avanços, persistem desafios. O custo inicial de aquisição de veículos e sistemas solares, embora em queda, ainda é um obstáculo para muitas famílias e empresas. A infraestrutura de recarga ainda é incipiente fora dos grandes centros. E, mais importante, falta uma política nacional articulada que conecte os pilares da eletromobilidade à expansão da energia solar descentralizada.

Veículos elétricos: Impulsionados pela energia solar por assinatura

Exemplos internacionais e aprendizados

Fora do Brasil, experiências consolidadas mostram que é possível — e desejável — avançar nessa integração. Na Alemanha, a comunidade Solar Settlement, em Freiburg, reúne residências com painéis solares, veículos elétricos e uma rede de distribuição energética local. A energia excedente é injetada na rede, e os moradores usam os veículos também como suporte energético para emergências e consumo noturno.

No Japão, cidades como Kitakyushu transformaram edifícios públicos em hubs de recarga alimentados por energia solar. Durante desastres naturais, veículos elétricos equipados com V2H funcionam como fonte alternativa de energia para hospitais e escolas. Esse modelo já é previsto no planejamento urbano como parte da resiliência climática.

Nos Estados Unidos, a Tesla criou postos de recarga ultrarrápida (Superchargers) conectados a usinas solares e bancos de baterias Powerpack. Essas estações operam parcialmente fora da rede elétrica convencional, com grande eficiência. Em regiões rurais, como no estado de Nova York, as “comunidades solares móveis” estão surgindo como alternativa para populações de baixa renda.

A combinação entre políticas públicas estáveis, incentivos econômicos e modelos tecnológicos replicáveis explica o sucesso desses projetos. Esses casos ajudam a inspirar soluções tropicais, adaptadas às realidades regionais brasileiras.

Impactos ambientais, econômicos e sociais

A substituição progressiva de veículos a combustão por elétricos pode reduzir em até 70% as emissões do setor de transporte, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA, 2024). Se a energia utilizada na recarga for solar, esse número se aproxima de 100% em termos de emissões diretas.

Emissões de carbono ao longo do tempo: veículos elétricos se tornam mais limpos após dois anos de uso

A energia solar ainda agrega um componente econômico importante: a geração distribuída permite reduzir a conta de luz, especialmente para empresas com frotas elétricas. O retorno do investimento tende a ocorrer em prazos mais curtos quando há economia simultânea de combustível e energia. Cidades que apostam na eletrificação do transporte público e na geração fotovoltaica local relatam quedas nos gastos com manutenção, saúde pública (pela melhora na qualidade do ar) e energia.

Socialmente, a mobilidade solar tem impacto positivo ao democratizar o acesso à energia limpa. Comunidades rurais e urbanas com menor acesso à rede elétrica podem se beneficiar da instalação de estações solares de recarga compartilhadas. Com o modelo de comunidades solares — que vem ganhando força no Brasil — é possível que mesmo quem não pode instalar painéis tenha acesso a energia renovável para abastecer seu veículo.

Propostas e caminhos para o futuro

Para que essa integração avance, algumas medidas estratégicas são urgentes. Entre elas:

- Criação de um programa nacional de mobilidade elétrica solar, com incentivos fiscais para projetos integrados: Como referência internacional, a Alemanha possui o programa “KfW Umweltprogramm”, que financia simultaneamente sistemas solares e veículos elétricos. Já na Índia, o programa PM-KUSUM incentiva o uso de energia solar combinada com eletromobilidade em áreas rurais. No Brasil, essa proposta pode se apoiar em experiências anteriores como o Renovabio e o PROCONVE, sendo complementada por linhas verdes já operadas pelo BNDES, criando sinergia entre descarbonização da mobilidade e expansão das fontes renováveis.

- Revisão regulatória para viabilizar modelos V2G e V2H em pequena e grande escala: O Japão já adota amplamente o sistema V2H em cidades como Kitakyushu, utilizando veículos elétricos como fontes de energia em situações emergenciais. No Reino Unido, o projeto “Electric Nation” testa o V2G com distribuidoras locais, e na Califórnia, escolas públicas utilizam ônibus escolares elétricos para alimentar a rede nos horários de pico. No Brasil, o Marco Legal da Geração Distribuída (Lei 14.300/2022) e resoluções da ANEEL oferecem uma base que pode ser ajustada para incluir a bidirecionalidade da energia veicular, garantindo segurança técnica e jurídica para essas novas aplicações.

- Investimento público em infraestrutura de recarga solar descentralizada em cidades médias e pequenas: Na Austrália, empresas públicas como a Horizon Power operam microrredes solares com baterias em comunidades isoladas. Nos Estados Unidos, estados como Colorado e Nova York têm investido em “solar carports” e estações públicas de recarga em regiões com baixa densidade populacional. No Brasil, essa proposta tem grande potencial especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde já existem projetos-piloto em escolas, postos de saúde e assentamentos, que podem ser replicados e ampliados com apoio federal e estadual.

- Estímulo à capacitação técnica e ao empreendedorismo verde com foco em instalação, operação e manutenção: Coreia do Sul criou centros regionais de formação técnica para atender a demanda por mão de obra especializada em baterias, painéis solares e veículos elétricos. No Canadá e nos EUA, programas como o “Clean Energy Jobs Act” têm financiado cursos técnicos alinhados à transição energética. No Brasil, o sistema SENAI, os Institutos Federais e as universidades públicas já oferecem infraestrutura e conhecimento para formar profissionais nesse setor. A articulação com a indústria nacional e os startups pode impulsionar empregos verdes em escala regional.

- Criação de linhas de crédito verdes para aquisição simultânea de veículos elétricos e sistemas fotovoltaicos. Na França, o Banque Publique d’Investissement (BPI) já disponibiliza crédito integrado para a compra de veículos elétricos e infraestrutura de recarga alimentada por energia solar. A Alemanha, por meio do KfW Bank, também opera linhas semelhantes. No Brasil, o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil já oferecem produtos voltados a energias renováveis e mobilidade sustentável. A criação de uma linha específica e integrada pode estimular consumidores residenciais, cooperativas e pequenas empresas a adotarem soluções combinadas.

Além disso, é fundamental que universidades, empresas e o poder público atuem de forma articulada para formar redes locais de inovação em energia e transporte. Projetos-piloto bem-sucedidos devem ser documentados, replicados e ampliados, com mecanismos de monitoramento e avaliação de impacto. A construção de uma política pública integrada, com metas, financiamento e acompanhamento, será essencial para que o Brasil lidere essa transformação na América Latina.

Considerações finais

Integração entre energia solar e mobilidade elétrica já é realidade em diversas regiões do Brasil e do mundo. Mais do que uma tendência, ela representa uma resposta concreta e estruturante aos desafios do século XXI, como a emergência climática, os altos custos da energia e a desigualdade no acesso à mobilidade urbana.

Com sol abundante, um parque tecnológico fotovoltaico em rápida expansão e crescente interesse pela eletromobilidade, o Brasil tem todas as condições para liderar esse processo. Futuro da energia e da mobilidade será descentralizado, inteligente, compartilhado e renovável. E esse futuro já está sendo construído. (pv-magazine-brasil)

Chamada pública do Procel prá zerar consumo em prédios públicos

 Prorrogada chamada pública do Procel para zerar consumo de energia em prédios públicos.

O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), prorrogou por mais 2 meses a Chamada Pública Procel Energia Zero em Prédios Públicos.

Propostas técnicas poderão ser enviadas até 11/07/2025 pelo site do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Projetos devem ser voltados para a redução do consumo de energia, além de promover uso de materiais sustentáveis e incentivos de geração de energia renovável. Um projeto de retrofit deve reduzir o consumo do edifício em pelo menos 90%.

Usina fotovoltaica de 282 kWp da prefeitura de Volta Redonda (RJ).

O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), prorrogou por mais dois meses a Chamada Pública Procel Energia Zero em Prédios Públicos. Segundo a instituição vinculada ao ministério, as propostas técnicas poderão ser enviadas até 11/07/2025 pelo site oficial para que gestores federais, estaduais, municipais e distritais possam ter acesso aos R$ 100 milhões disponíveis para a eficientização de edificações existentes por meio de reformas e da instalação de geração distribuída renovável.

“Nosso objetivo é avançar no desenvolvimento de edificações altamente eficientes e que, em certas condições, combinam também geração distribuída. O Brasil tem a oportunidade de usar edifícios públicos para liderar a consolidação de expertise e experiência em aplicação do conceito de edifícios ‘energia zero’, servindo de exemplo e beneficiando todo o setor da construção civil e, principalmente, gerando economia ao longo da vida útil da edificação para os seus usuários”, afirmou o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento, Thiago Barral.

Os recursos disponibilizados pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), serão investidos prioritariamente em prédios administrativos e das áreas de educação e saúde nas 3 esferas de governo. “Ficamos felizes que esta chamada tem tido o interesse de muitos gestores que tiveram dúvidas e solicitaram esclarecimentos, assim decidimos prorrogar para que eles consigam realizar propostas técnicas mais consistentes e submeterem no site da chamada pública”, disse o gerente do Procel, George Soares.

MME e ENBPar detalham chamada pública de R$ 100 milhões para “zerar” consumo de energia em prédios públicos.

Projetos devem ser voltados para a redução do consumo de energia, além de promover uso de materiais sustentáveis e incentivos de geração de energia renovável.

Dos R$100 milhões, R$25 milhões serão destinados a municípios gaúchos em razão da tragédia ambiental vivida em maio/2024. Os R$75 milhões restantes serão distribuídos igualmente entre estados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul, considerando-se, para a última região, municípios do Paraná, de Santa Catarina e as cidades do Rio Grande do Sul não incluídas no decreto de calamidade pública.

Os projetos inscritos têm que estar voltados para a redução do consumo de energia de prédios existentes, com o uso de estratégias para a melhoria da eficiência energética do prédio e incentivos à geração de energia renovável, sem redução do conforto das pessoas que utilizam os espaços públicos.

Serão selecionados projetos com as melhores estratégias de aprimoramento de desempenho energético dos sistemas em uso de forma combinada com a inserção de tecnologias de geração de energia renovável local integrada à edificação. Pelas regras da chamada pública, um projeto de retrofit bem-sucedido será aquele que reduzir o consumo de energia original da edificação entre 90% e 110%. A partir de 100%, o imóvel reformado estaria gerando mais energia do que a necessária para o consumo de todo funcionamento.

Para concorrer aos recursos, os prédios deverão ter sido construídos há pelo menos 12 meses, ter área construída mínima de 500 m² e estarem ocupados ou operacionais. Edifícios onde funcionem serviços de saúde, educacionais e administrativos terão um acréscimo de 20% na nota final pelo caráter estratégico e pelo alto potencial de economia de energia.

Iniciativa busca selecionar projetos de retrofit que combinam eficiência energética e geração renovável, com foco na sustentabilidade e redução de custos operacionais.

Chamada Pública PROCEL investe R$ 100 milhões para transformar prédios públicos em “Energia Zero”. (pv-magazine-brasil)

Carrefour adota sistema para economizar energia nas lojas

Projeto de telemetria e automação em parceria com a Comerc Energia abrange 570 lojas, com mais de 2 mil pontos de medição, e visa reduzir o consumo de energia em 20% até 2026. O Grupo Carrefour Brasil está investindo em tecnologia para tornar o uso de energia mais inteligente e eficiente em suas lojas.

Carrefour Brasil adota sistema de gestão de consumo de energia

Projeto é realizado pela Comerc Energia, com previsão de conclusão até o 2º semestre/2025.

Em parceria com a Comerc Energia, a empresa está implantando um sistema que permite acompanhar, de forma automática e em tempo real, o consumo em todas as suas 570 lojas.

Carrefour pretende ter uma economia de aproximadamente 25% com o ambicioso projeto de eficiência energética.

Novidade está funcionando em quase todas as suas unidades e deve estar 100% concluídas até o 2º semestre/2025.

No Carrefour Property, sustentabilidade não é apenas uma meta, é um percurso que percorremos com planejamento, inovação e ações concretas. (canalenergia)

ABB Eletrificação e a usina solar de 444 kWp em Contagem/MG

ABB Eletrificação implementa usina solar com potência de 444 kWp em sua fábrica em Contagem/MG.

A empresa celebra 50 anos da planta com ampliação de produção e investimento em eficiência energética. Além da instalação do sistema fotovoltaico a ser realizada em duas fases em uma área de 1.200m2, a ABB também implementou aquecedores solares de água, lâmpadas e claraboias de LED e inversores de frequência.
Garagem solar instalada na fábrica da ABB Eletrificação em Contagem, Minas Gerais.

Ao celebrar os 50 anos de operações de sua fábrica em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, a ABB Eletrificação, especializada na produção de disjuntores, ampliou a produção com investimentos em torno de R$ 5,9 milhões em novas linhas produtivas e vem apostando em eficiência energética, incluindo uma usina fotovoltaica e eficiência energética.

A iniciativa contempla a instalação de uma usina solar em 2 fases. A primeira, já instalada, conta com uma potência de 208,48 kWp com 256 módulos solares com uma economia de 20% do consumo de energia elétrica da planta.

Na segunda fase, que está em fase de execução com previsão de término para setembro deste ano, com 235,72 kWp de potência e 332 painéis solares. Após a conclusão, o sistema fotovoltaico instalado na ABB Eletrificação, em Contagem, totalizará 444 kWp e 588 módulos estarão instalados em uma área de 1.200m2 cobrindo os telhados do refeitório, vestiário e carpot, com a geração solar representando entre 30% e 35% do consumo total da operação.

Fábrica da ABB Eletrificação em Contagem/MG aposta em eficiência energética como sucesso de suas operações.

Além do sistema fotovoltaico, a empresa também implementou aquecedores solares de água, lâmpadas e claraboias de LED e inversores de frequência. A unidade também implantou o ABB Ability Energy Manager para medição, controle e otimização do consumo de energia. Essas ações resultaram em uma economia anual de energia de 530 MWh e uma redução de 160 toneladas nas emissões de CO2 e em sua fábrica, em Minas Gerais.

“Nosso objetivo foi transformar a unidade de Contagem em um modelo global de eficiência e sustentabilidade. Melhorias implementadas demonstram como as tecnologias da ABB podem ajudar indústrias em todo o mundo a eletrificar e descarbonizar suas operações”, diz o plant manager da ABB Eletrificação Contagem, William Alves.

A unidade faz parte do programa ABB Mission to Zero, que apoia o compromisso da empresa de reduzir as emissões de GEE do Escopo 1 e do Escopo 2 em 100% até 2050. Conduzido por equipes locais, o site se concentra em melhorar a eficiência por meio da geração, gerenciamento e armazenamento de energia usando as tecnologias inovadoras da ABB e a integração de terceiros.

O ABB Ability Energy Manager fornece dados de insight para identificar novas oportunidades para reduzir ainda mais o consumo de energia e otimizar a eficiência energética no processo, considerando a demanda em diferentes pontos e momentos. A implementação contínua de um sistema de gerenciamento de energia de acordo com a ISO 50001 impulsionará ainda mais as ações de eficiência energética no local. (pv-magazine-brasil

domingo, 8 de junho de 2025

Até final de 2025 solar acumulará 63,7 GW em busca de novas demandas

Solar deve acumular 63,7 GW até o final de 2025 enquanto setor busca nova demanda.

De acordo com estimativa da Absolar, Brasil deve adicionar 11,8 GW da fonte neste ano. Em evento realizado pela associação em São Paulo, a criação de demanda e as restrições de conexão foram apresentadas como os principais desafios para a expansão futura da fonte. Setores como data centers e hidrogênio verde podem trazer novas demandas na casa dos GW e tendências como eletrificação e abertura do mercado livre também motivam novos negócios.
O Brasil deve adicionar 11,8 GW de capacidade de geração da fonte solar em 2025, chegando a 64,7 GW até o final do ano, segundo projeções da Absolar. O setor vem de mais um recorde de adições anuais consecutivo, após conectar 14,9 GW de capacidade em 2024. Com 55 GW atualmente em operação, a fonte solar já atraiu R$ 250 bilhões de investimentos e representa 22% da capacidade de geração instalada no país, mas enfrenta desafios para o crescimento, como a criação de nova demanda e restrições de rede. O cenário foi apresentado durante o evento Mercado Livre Absolar, realizado em 10/04/25, em São Paulo.
Para os próximos anos, a expansão da fonte solar será fortemente apoiada pelo Mercado Livre, que já representa mais de 43% da energia consumida no país, enquanto o mercado cativo, atendido pelas distribuidoras de energia, representa 57%.

“É uma questão de tempo para que o mercado livre seja majoritário e, eventualmente, essa divisão nem deve mais existir, vai acontecer uma fusão desses dois ambientes”, diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia. “O crescimento do ACL não é uma ameaça à energia solar, mas representa uma transformação de negócio e da forma como o setor vai buscar novos consumidores”, acrescenta.

As oportunidades no mercado livre são distintas, envolvendo os grandes consumidores de energia, mas também consumidores de menor porte que foram liberados para migrar desde 2024, aqueles conectados em alta tensão e frequentemente representados por comercializadoras varejistas. Para empresas de geração distribuída que atuam com minigeração e usinas de maior porte, entre 1 MW e 3 MW, e miravam esses consumidores, ofertar a migração para o mercado livre ou sistemas no modelo de autoprodução pode ser um caminho para adaptar o negócio.

Sauaia destacou que o mercado livre tem representatividades diferentes nos estados brasileiros. Enquanto em São Paulo, por exemplo, mais de 60% dos consumidores ainda estão no mercado cativo, ou seja, com mais espaço para migrar, em Minas Gerais e Pará a participação do mercado livre no atendimento ao consumo já ultrapassa os 50%.

“A partir de 2029, toda a expansão prevista da capacidade de geração [centralizada] no Brasil está alocada ao mercado livre”, apontou Sauaia. A solar lidera essa expansão do mercado livre correspondendo a mais de 90% da capacidade nova adicionada para atender esse ambiente na maior parte dos próximos anos.

Apesar da perspectiva de crescimento, apoiada em contratos fechados nos últimos anos, novos investimentos no mercado livre estão ameaçados pelos cortes de geração centralizada. De acordo com o vice-presidente do Conselho de Administração da Absolar, Márcio Trannin, os investidores em solar centralizada já perderam aproximadamente R$ 2 bilhões com o curtailment. “Começamos a ver um cenário de retração de investimentos diante da incerteza sobre o tratamento do curtailment”, disse o executivo. Ele destacou que a Absolar tem buscado soluções de curto e longo prazo, para assegurar o ressarcimento dos prejuízos e diminuir os cortes no futuro.

O gerente executivo do Operador Nacional do Sistema, Arthur da Silva Santa Rosa, destacou o efeito “curva do pato” da geração solar, que é muito concentrada durante a tarde e tem levado o ONS a realizar os cortes de geração centralizada e também a demandar os leilões de reserva de capacidade (LRCAP) para garantir o atendimento à demanda. Como uma grande parte da capacidade instalada da fonte solar está na geração distribuída, o ONS vem estudando a figura dos operadores do sistema de distribuição (DSO), que poderiam ser as próprias distribuidoras de energia, dependendo de uma nova regulação da Aneel, para ter um controle maior sobre esses sistemas.

“Precisamos desse contato com o ONS porque isso vai apontar o futuro da expansão da geração no Brasil”, disse Trannin. “Mas é preciso buscar a sustentabilidade no setor para além desse tema. Como estimular novas demandas, trazer armazenamento. Precisamos dar condições para esses novos setores virem para o Brasil”, comentou.

Demanda prevista para data centers e hidrogênio verde

Energia solar é uma das alternativas em prol do clima e Brasil já apresenta bons resultados nessa área

Dois segmentos que vem sendo observados com interesse pelo setor solar em busca de novas oportunidades de venda de energia renovável são o de produção de hidrogênio verde e o de data centers.

A consultoria Clean Energy Latin America (CELA) mapeou 109 iniciativas de hidrogênio verde no Brasil, distribuídas em 16 estados. Dessas, 55 iniciativas divulgaram os investimentos planejados, somando R$ 441 bilhões. E 34 divulgaram a capacidade estimada dos eletrolisadores, somando 89 GW de demanda esperada de energia renovável. Cerca de 80% das iniciativas mapeadas estão em fase de memorando de entendimento. Globalmente, apenas 11% das iniciativas potenciais chegaram à fase de Decisão Final de Investimento (FID) e a expectativa é que o mesmo aconteça no Brasil.

No segmento de data centers, a consultoria identificou 777 MW médios de data centers em operação, 472 MW médios em construção e 468 MW médios planejados. São destacados 4 hubs de data centers nas cidades de Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Hubs de data centers em construção ou planejados.

Além desses grandes consumidores, a gradual abertura do mercado livre também está gerando novas oportunidades de negócios nesse ambiente de contratação. “Hoje praticamente tudo que acontece de contratação de renováveis no mercado livre é no modelo de autoprodução (30 de 31 no total). O número maior de contratos e volume menor de energia contratada reflete a abertura do mercado livre para consumidores menores”, disse a fundadora e sócia da CELA, Camila Ramos. “É um perfil novo de consumidor, que muitas vezes não tem uma área específica de contratação de energia”, diz a executiva. Isso demanda uma preparação por parte das empresas para abordar e vender para os potenciais novos clientes.

Adicionalmente, as tendências de descarbonização e eletrificação de indústrias que já estão no mercado livre são tendências que podem contribuir para aumentar a demanda por energia no segmento. (pv-magazine-brasil)

UEG inaugura usina fotovoltaica

Universidade Estadual de Goiás inaugura usina fotovoltaica com geração de 12.633 MWh/ano.

Com investimento de R$ 30 milhões realizado pela CelgPar, o complexo da usina da Universidade Estadual de Goiás, em Anápolis, conta com a instalação de 11.760 módulos em uma área de 100.000 m² para gerar economia de até 64,5% nas contas de energia.
Reprodução Unidade universitária de Ceres, da Universidade Estadual de Goiás

Complexo da Usina Fotovoltaica Celgpar|UEG conta com 11.760 placas, em uma área de 100.000 m².

A Cia Celg de Participações (CelgPar) inaugurou uma usina fotovoltaica da Universidade Estadual de Goiás, na Fazenda Barreiro do Meio, município de Anápolis, Goiás. Com um investimento de mais de R$ 30 milhões, feito com recursos próprios da CelgPar, que é uma sociedade de economia mista e de capital autorizado, cujo acionista majoritário é o estado de Goiás, o complexo da Usina Fotovoltaica Celgpar|UEG conta com 11.760 placas, em uma área de 100.000 m².

A capacidade de geração é de 12.633 MWh/ano, o que projeta uma economia de até 64,5% nas contas de energia da UEG e da Secretaria de Educação do Estado. Para efeito de comparação, a usina é capaz de alimentar mais de 3 mil residências de padrão médio, com impacto ecológico equivalente ao plantio anual de mais de 7 mil árvores ou a retirada de 370 veículos das ruas.

O terreno foi disponibilizado pela UEG em convênio com o CelgPar como parte do Programa de Eficiência Energética do Governo de Goiás, sob a coordenação da Secretaria Geral de Governo (SGG).

Universidade de Goiás inaugura usina de energia solar com mais de 11 mil módulos e capacidade anual de 12.633 MWh, projetando economia de 64,5% na conta de luz.

“Para a UEG, a usina não é apenas uma fonte de energia. É também uma fonte de inspiração para nossos pesquisadores, nossos professores e nossos estudantes. Aqui, teremos um laboratório vivo para estudos e práticas em energias renováveis, ampliando ainda mais o papel da UEG como protagonista em inovação e sustentabilidade”, analisa o reitor da Universidade Estadual de Goiás, professor Antonio Cruvinel. “Trata-se de uma iniciativa que dialoga diretamente com os princípios que regem a universidade pública: o compromisso com o desenvolvimento sustentável, com a ciência aplicada à melhoria da qualidade de vida e com a formação cidadã dos nossos estudantes. Estamos mostrando que é possível, sim, aliar excelência acadêmica à responsabilidade ambiental”, completa.

O presidente da CelgPar, Fernando Navarrete, celebra o megainvestimento, ressaltando que esse é mais um de um conjunto de quatro empreendimentos voltados para a energia solar e que tem a companhia à frente, destacando que se alinha aos esforços do Governo de Goiás de valorização de energias limpas como parte de um plano maior de desenvolvimento sustentável e economia nas despesas fixas das instituições públicas.

Complexo conta com 11.760 placas em uma área de 100.000 m².

“Energia limpa e renovável é uma necessidade no mundo moderno e, desde seus primeiros dias de gestão, o governador Ronaldo Caiado soube traduzir esse entendimento em apoio às nossas frentes de trabalho, em especial com foco nas potencialidades de geração de energia solar que Goiás oferece. Esta inauguração é um marco importante em um projeto maior que se preocupa com a eficiência energética nos órgãos de administração de estado, e vai gerar uma grande economia à UEG e à Secretaria de Educação”, destaca Navarrete. (pv-magazine-brasil)

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Inaugurada 2ª usina fotovoltaica do Cluster Goiás pela Fictor e WTT

Inaugurada a segunda usina fotovoltaica do Cluster Goiás pela Fictor e WTT.

 UFV Futuro II tem capacidade superior a 11 mil MWh por ano. Com a conclusão total do projeto prevista para o primeiro semestre de 2026, o Cluster Goiás abrangerá 8 plantas e somará 44 MWp de capacidade instalada, com geração de 78 mil MWh de energia por ano.
Usina fotovoltaica Futuro II, em Águas Lindas de Goiás/GO.

A Fictor Energia, braço de energia da divisão de Infraestrutura da Fictor, grupo de participações nos segmentos de alimentos, infraestrutura e serviços financeiros, anuncia a operação da planta fotovoltaica Futuro II, segunda usina do Cluster Goiás. Localizada na cidade de Águas Lindas de Goiás, na região metropolitana do Distrito Federal, conta com capacidade de geração de 11.752,08 MWh por ano, potencial equivalente ao consumo anual de 6.434 residências.

A usina faz parte de um cluster que recebeu investimento de R$ 194 milhões da Fictor & WTT S. A joint venture firmada entre a Fictor Energia e o Grupo WTT foi criada para implantação de oito usinas de energia fotovoltaica no estado de Goiás, região estrategicamente escolhida pela alta probabilidade de irradiação solar ao longo do ano. Com a conclusão total do projeto prevista para o primeiro semestre de 2026, o cluster somará 44 MWp de capacidade instalada, capaz de gerar aproximadamente 78 mil MWh de energia anualmente.

Fictor Energia investe R$ 194 milhões em oito usinas fotovoltaicas em Goiás.

“Abriremos nova perspectiva para os consumidores goianos, como empresários do agronegócio, de que é viável e econômico trabalhar com energia limpa, sustentável, que beneficia o meio ambiente”, afirma o diretor de infraestrutura e energia da Fictor, Abelardo Sá.

A unidade fotovoltaica de Águas Lindas de Goiás opera no modelo de geração distribuída, seguindo a regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Dessa forma, residências, comércios, indústrias e propriedades rurais que optarem pelo serviço poderão usufruir dos benefícios da energia solar, valorizando imóveis e negócios, sem a necessidade de instalação própria. A distribuição ao usuário final acontece por meio da concessionária Equatorial Goiás. A energia gerada será injetada diretamente na rede da concessionária e convertida em créditos, contribuindo para a redução dos custos na fatura mensal. Além da economia financeira, os participantes ganham previsibilidade ao se protegerem contra aumentos tarifários.

A operação da usina evitará a emissão de 381,94 toneladas de CO2 por ano, o que equivale ao plantio de 2.673 árvores. Com isso, o projeto reforça seu compromisso com a sustentabilidade e a transição para uma matriz energética mais limpa no Brasil.

Goiás ganha mais 8 usinas fotovoltaicas. (pv-magazine-brasil)

Carro elétrico o problema e a hipocrisia que ninguém conta

Elétricos prometem ser limpos, mas escondem na produção.
Mão segurando bomba de gasolina amarela e outra mão segurando carregador elétrico branco com carros amarelos e verdes ao fundo e céu azul.

Todo mundo já ouviu o discurso que diz que o carro elétrico é o futuro, não polui, salva o planeta. Mas tem um lado que ninguém conta direito. A ideia é boa, você roda sem escapamento soltando fumaça –, mas produzir um elétrico, especialmente a bateria, é um soco no meio ambiente.

Primeiro, a produção. O carro elétrico é limpo na rua, mas a bateria dele é um pesadelo para fabricar. Fazer um carro elétrico libera mais carbono que um carro a gasolina ou diesel por causa da bateria.

Pesquisadores holandeses da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, Auke Hoekstra e Maarten Steinbuch, estudaram isso em 2017 e 2019. Eles calcularam que cada kWh de bateria emite entre 87 e 175 kg de CO2, dependendo da energia usada na produção.

Na média, são 114,5 kg por kWh. Um Nissan Leaf com bateria de 62 kWh, por exemplo, solta 7,06 toneladas de CO2 só para fabricar a bateria. Some o resto do carro, como chassis, eletrônicos, uns 4 a 5 toneladas, e o total chega a umas 13 a 15 toneladas, isso depende do tamanho e peso do carro, já que esse número pode subir muito mais, como iremos mostrar.

Um carro a combustão equivalente fica entre 6 e 9 toneladas, segundo as estimativas do Argonne National Laboratory e da Transport & Environment. Isso depende do tamanho do veículo, já que se trata dos materiais utilizados, como aço, alumínio, plásticos, entre outros.

Mesmo assim, a diferença é quase o dobro para as emissões do elétrico, e a bateria é a grande vilã nisso. Extrair lítio e cobalto, os principais ingredientes, exige mineração pesada. No Chile e na Bolívia, por exemplo, gasta 2,1 milhões de litros de água por tonelada de lítio – isso dá para encher uma piscina olímpica, fora a energia.

Um estudo da Volvo (que considerou toda a vida útil do carro), de 2021, mostrou que fazer um elétrico como o XC40 Recharge emite 70% mais carbono que o modelo a combustão. E se a energia para carregar vem de carvão ou gás, como na China (60% da matriz), a poluição só muda de lugar, saindo do escapamento e indo para a chaminé.

No Brasil, com 83% de energia renovável (hidrelétricas), até que melhora, mas a produção da bateria ainda pesa, principalmente na Europa. É como fosse varrer a sujeira para debaixo do tapete.

BYD Dolphin

Vamos pegar outro exemplo, como a bateria do BYD Dolphin, carro vendido no Brasil por R$ 159.800, tem 44,9 kWh. Fazendo a conta com 150 kg de CO2 por kWh, são 6.735 kg de CO2 só para a bateria, ou seja, quase 7 toneladas.

Isso é mais que o total de emissões para produzir um carro a combustão inteiro. Um Tesla Model 3, com bateria de 75 kWh, chega fácil a 11.250 kg de CO2 (ou 11,25 toneladas) só na bateria, usando a mesma média, sem contar a montagem do carro.

Vamos comprar, qual polui mais, entre o a combustão e o elétrico?

Um carro a combustão tem motor, câmbio, tanque e escapamento, mas não precisa de uma bateria gigante. Porém não há bateria, o que diminui muito na hora das emissões de CO2. Mas isso também depende muito do peso e tamanho do carro e da eficiência da fábrica.

Volvo XC40 Pure Electric, primeiro 100% elétrico da marca, chega ao Brasil

E é aí que entra aquela pesquisa da Volvo citada, realizada em 2021, que comparou dois carros semelhantes para divulgar qual mais polui em sua produção. De acordo com a marca sueca, a fabricação só do XC40 T5, SUV a combustão, que foi vendido no Brasil, emite 14 toneladas de CO2 na atmosfera, enquanto a de um XC40 Recharge chega a 24 toneladas, sendo 7 toneladas somente pela produção das baterias.

Por que a bateria polui tanto?

A bateria de um elétrico, tipo as de íon-lítio, exige minerais raros: lítio, cobalto, níquel e grafite. Extrair isso dá um caos ambiental. Na República Democrática do Congo, onde vem 60% do cobalto mundial, segundo o site alemão Deutsche Welle, a mineração solta resíduos tóxicos que poluem rios e matam a fauna. E 40% do impacto climático da bateria vem dessa etapa de mineração e refino.

A charge mostra um carro a diesel soltando fumaça, com o motorista dizendo "me sinto tão sujo". Abaixo, o mesmo carro, agora elétrico, ligado a uma tomada com uma usina fumegante ao fundo, e ele fala "me sinto tão limpo

Depois, tem a energia para fabricar. A maioria das baterias sai da China, onde 60% da eletricidade vem de carvão. Processar os minerais e montar as células exige fornos quentes e máquinas pesadas, tudo queimando energia suja.

Quanto tempo um elétrico leva para compensar a produção?

O carro elétrico polui mais para ser feito, mas compensa quando roda, se a energia for limpa. Vamos pegar a média do Brasil, onde o brasileiro roda em média 12 mil km por ano, segundo a KBB. Uma Fiat Strada 1.3, líder de vendas, tem média de consumo de 11,7 km/l, vamos jogar para 12 km/l no etanol e gasolina, seja cidade ou estrada (dados Inmetro).

Cada litro queimado solta 2,3 kg de CO2, então por km são 191 g. Em 12 mil km, ele usa 1.000 litros e emite 2.300 kg de CO2, ou seja, 2,3 toneladas por ano.

Agora, o elétrico. O BYD Dolphin emite 50 g de CO2 por km na produção de eletricidade, já que ele não emite nada enquanto roda, já que a energia não é 100% limpa, mesmo com 83% vindo de hidrelétricas, segundo o Ministério de Minas e Energia.

Em 12 mil km, são 600 kg por ano. A diferença para a combustão é de 145 g/km. A bateria do Dolphin, de 44,9 kWh, tomando em conta a média 6,7 toneladas de CO2 para ser feita, 5 toneladas a mais que um Strada.

O próprio tempo pode ser um fator determinante na degradação das baterias

Ou seja, para compensar a emissão aqui no Brasil, dá cerca de menos de 3 anos para compensar as emissões de CO2 para ter um carro elétrico. Um Tesla Model 3, com 11 toneladas a mais na fabricação, levaria uns 6 anos para compensar, por exemplo. Se a combustão for mais econômica, a diferença cai para 114 g/km, e o Dolphin demora 3,6 anos. Depende do carro, mas com 12 mil km por ano, a média no Brasil é essa: 3 a 6 anos para elétrico compensar.

Não é só CO2. Minerar lítio no Chile seca aquíferos e deixa comunidades sem água. Cobalto no Congo polui rios com metais pesados. Fabricar um carro a combustão também polui, mas o impacto é menor: a gasolina vem de petróleo, que já tem infraestrutura pronta, enquanto baterias exigem mineração nova e intensiva.

Produzir um elétrico polui mais, sim, entre 50% e 100% mais CO2 que uma combustão, dependendo da bateria e da energia usada. Uma bateria de 60 kWh, comum em modelos médios, pode emitir 9 toneladas de CO2 sozinha, contra 7 toneladas de um carro a gasolina inteiro. Depois de 25 mil a 50 mil km, o elétrico compensa mais por não emitir poluentes, desde que a energia venha de fontes limpas.

No Brasil, com hidrelétricas, isso acontece rápido. O problema é o “antes”: a mineração e a energia suja na produção mostram que o elétrico não é tão santo quanto parece.

Com o aumento da demanda, a tendência é que os componentes do carro elétrico encareçam.

Elétrico: o que ninguém contou

Existem questões que não são esclarecidas nas análises sobre o carro elétrico; este, que vai dominar o mercado dentro de alguns anos.

O carro elétrico tem problemas conhecidos como preço, pontos e tempo de recarga, autonomia, duração e custo da bateria. (vrum)