Solar
deve acumular 63,7 GW até o final de 2025 enquanto setor busca nova demanda.
“É
uma questão de tempo para que o mercado livre seja majoritário e,
eventualmente, essa divisão nem deve mais existir, vai acontecer uma fusão
desses dois ambientes”, diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia.
“O crescimento do ACL não é uma ameaça à energia solar, mas representa uma
transformação de negócio e da forma como o setor vai buscar novos
consumidores”, acrescenta.
As
oportunidades no mercado livre são distintas, envolvendo os grandes
consumidores de energia, mas também consumidores de menor porte que foram
liberados para migrar desde 2024, aqueles conectados em alta tensão e
frequentemente representados por comercializadoras varejistas. Para empresas de
geração distribuída que atuam com minigeração e usinas de maior porte, entre 1
MW e 3 MW, e miravam esses consumidores, ofertar a migração para o mercado
livre ou sistemas no modelo de autoprodução pode ser um caminho para adaptar o
negócio.
Sauaia
destacou que o mercado livre tem representatividades diferentes nos estados
brasileiros. Enquanto em São Paulo, por exemplo, mais de 60% dos consumidores
ainda estão no mercado cativo, ou seja, com mais espaço para migrar, em Minas
Gerais e Pará a participação do mercado livre no atendimento ao consumo já
ultrapassa os 50%.
“A partir de 2029, toda a expansão prevista da capacidade de geração [centralizada] no Brasil está alocada ao mercado livre”, apontou Sauaia. A solar lidera essa expansão do mercado livre correspondendo a mais de 90% da capacidade nova adicionada para atender esse ambiente na maior parte dos próximos anos.
Apesar da perspectiva de crescimento, apoiada em contratos fechados nos últimos anos, novos investimentos no mercado livre estão ameaçados pelos cortes de geração centralizada. De acordo com o vice-presidente do Conselho de Administração da Absolar, Márcio Trannin, os investidores em solar centralizada já perderam aproximadamente R$ 2 bilhões com o curtailment. “Começamos a ver um cenário de retração de investimentos diante da incerteza sobre o tratamento do curtailment”, disse o executivo. Ele destacou que a Absolar tem buscado soluções de curto e longo prazo, para assegurar o ressarcimento dos prejuízos e diminuir os cortes no futuro.
O
gerente executivo do Operador Nacional do Sistema, Arthur da Silva Santa Rosa,
destacou o efeito “curva do pato” da geração solar, que é muito concentrada
durante a tarde e tem levado o ONS a realizar os cortes de geração centralizada
e também a demandar os leilões de reserva de capacidade (LRCAP) para garantir o
atendimento à demanda. Como uma grande parte da capacidade instalada da fonte
solar está na geração distribuída, o ONS vem estudando a figura dos operadores
do sistema de distribuição (DSO), que poderiam ser as próprias distribuidoras
de energia, dependendo de uma nova regulação da Aneel, para ter um controle
maior sobre esses sistemas.
“Precisamos desse contato com o ONS porque isso vai apontar o futuro da expansão da geração no Brasil”, disse Trannin. “Mas é preciso buscar a sustentabilidade no setor para além desse tema. Como estimular novas demandas, trazer armazenamento. Precisamos dar condições para esses novos setores virem para o Brasil”, comentou.
Demanda prevista para data centers e hidrogênio verde
Energia
solar é uma das alternativas em prol do clima e Brasil já apresenta bons
resultados nessa área
Dois
segmentos que vem sendo observados com interesse pelo setor solar em busca de
novas oportunidades de venda de energia renovável são o de produção de
hidrogênio verde e o de data centers.
A
consultoria Clean Energy Latin America (CELA) mapeou 109 iniciativas de
hidrogênio verde no Brasil, distribuídas em 16 estados. Dessas, 55 iniciativas
divulgaram os investimentos planejados, somando R$ 441 bilhões. E 34 divulgaram
a capacidade estimada dos eletrolisadores, somando 89 GW de demanda esperada de
energia renovável. Cerca de 80% das iniciativas mapeadas estão em fase de
memorando de entendimento. Globalmente, apenas 11% das iniciativas potenciais
chegaram à fase de Decisão Final de Investimento (FID) e a expectativa é que o
mesmo aconteça no Brasil.
No segmento de data centers, a consultoria identificou 777 MW médios de data centers em operação, 472 MW médios em construção e 468 MW médios planejados. São destacados 4 hubs de data centers nas cidades de Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Hubs de data centers em construção ou planejados.
Além
desses grandes consumidores, a gradual abertura do mercado livre também está
gerando novas oportunidades de negócios nesse ambiente de contratação. “Hoje
praticamente tudo que acontece de contratação de renováveis no mercado livre é
no modelo de autoprodução (30 de 31 no total). O número maior de contratos e
volume menor de energia contratada reflete a abertura do mercado livre para
consumidores menores”, disse a fundadora e sócia da CELA, Camila Ramos. “É um
perfil novo de consumidor, que muitas vezes não tem uma área específica de
contratação de energia”, diz a executiva. Isso demanda uma preparação por parte
das empresas para abordar e vender para os potenciais novos clientes.
Adicionalmente,
as tendências de descarbonização e eletrificação de indústrias que já estão no
mercado livre são tendências que podem contribuir para aumentar a demanda por
energia no segmento. (pv-magazine-brasil)
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