domingo, 8 de junho de 2025

Até final de 2025 solar acumulará 63,7 GW em busca de novas demandas

Solar deve acumular 63,7 GW até o final de 2025 enquanto setor busca nova demanda.

De acordo com estimativa da Absolar, Brasil deve adicionar 11,8 GW da fonte neste ano. Em evento realizado pela associação em São Paulo, a criação de demanda e as restrições de conexão foram apresentadas como os principais desafios para a expansão futura da fonte. Setores como data centers e hidrogênio verde podem trazer novas demandas na casa dos GW e tendências como eletrificação e abertura do mercado livre também motivam novos negócios.
O Brasil deve adicionar 11,8 GW de capacidade de geração da fonte solar em 2025, chegando a 64,7 GW até o final do ano, segundo projeções da Absolar. O setor vem de mais um recorde de adições anuais consecutivo, após conectar 14,9 GW de capacidade em 2024. Com 55 GW atualmente em operação, a fonte solar já atraiu R$ 250 bilhões de investimentos e representa 22% da capacidade de geração instalada no país, mas enfrenta desafios para o crescimento, como a criação de nova demanda e restrições de rede. O cenário foi apresentado durante o evento Mercado Livre Absolar, realizado em 10/04/25, em São Paulo.
Para os próximos anos, a expansão da fonte solar será fortemente apoiada pelo Mercado Livre, que já representa mais de 43% da energia consumida no país, enquanto o mercado cativo, atendido pelas distribuidoras de energia, representa 57%.

“É uma questão de tempo para que o mercado livre seja majoritário e, eventualmente, essa divisão nem deve mais existir, vai acontecer uma fusão desses dois ambientes”, diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia. “O crescimento do ACL não é uma ameaça à energia solar, mas representa uma transformação de negócio e da forma como o setor vai buscar novos consumidores”, acrescenta.

As oportunidades no mercado livre são distintas, envolvendo os grandes consumidores de energia, mas também consumidores de menor porte que foram liberados para migrar desde 2024, aqueles conectados em alta tensão e frequentemente representados por comercializadoras varejistas. Para empresas de geração distribuída que atuam com minigeração e usinas de maior porte, entre 1 MW e 3 MW, e miravam esses consumidores, ofertar a migração para o mercado livre ou sistemas no modelo de autoprodução pode ser um caminho para adaptar o negócio.

Sauaia destacou que o mercado livre tem representatividades diferentes nos estados brasileiros. Enquanto em São Paulo, por exemplo, mais de 60% dos consumidores ainda estão no mercado cativo, ou seja, com mais espaço para migrar, em Minas Gerais e Pará a participação do mercado livre no atendimento ao consumo já ultrapassa os 50%.

“A partir de 2029, toda a expansão prevista da capacidade de geração [centralizada] no Brasil está alocada ao mercado livre”, apontou Sauaia. A solar lidera essa expansão do mercado livre correspondendo a mais de 90% da capacidade nova adicionada para atender esse ambiente na maior parte dos próximos anos.

Apesar da perspectiva de crescimento, apoiada em contratos fechados nos últimos anos, novos investimentos no mercado livre estão ameaçados pelos cortes de geração centralizada. De acordo com o vice-presidente do Conselho de Administração da Absolar, Márcio Trannin, os investidores em solar centralizada já perderam aproximadamente R$ 2 bilhões com o curtailment. “Começamos a ver um cenário de retração de investimentos diante da incerteza sobre o tratamento do curtailment”, disse o executivo. Ele destacou que a Absolar tem buscado soluções de curto e longo prazo, para assegurar o ressarcimento dos prejuízos e diminuir os cortes no futuro.

O gerente executivo do Operador Nacional do Sistema, Arthur da Silva Santa Rosa, destacou o efeito “curva do pato” da geração solar, que é muito concentrada durante a tarde e tem levado o ONS a realizar os cortes de geração centralizada e também a demandar os leilões de reserva de capacidade (LRCAP) para garantir o atendimento à demanda. Como uma grande parte da capacidade instalada da fonte solar está na geração distribuída, o ONS vem estudando a figura dos operadores do sistema de distribuição (DSO), que poderiam ser as próprias distribuidoras de energia, dependendo de uma nova regulação da Aneel, para ter um controle maior sobre esses sistemas.

“Precisamos desse contato com o ONS porque isso vai apontar o futuro da expansão da geração no Brasil”, disse Trannin. “Mas é preciso buscar a sustentabilidade no setor para além desse tema. Como estimular novas demandas, trazer armazenamento. Precisamos dar condições para esses novos setores virem para o Brasil”, comentou.

Demanda prevista para data centers e hidrogênio verde

Energia solar é uma das alternativas em prol do clima e Brasil já apresenta bons resultados nessa área

Dois segmentos que vem sendo observados com interesse pelo setor solar em busca de novas oportunidades de venda de energia renovável são o de produção de hidrogênio verde e o de data centers.

A consultoria Clean Energy Latin America (CELA) mapeou 109 iniciativas de hidrogênio verde no Brasil, distribuídas em 16 estados. Dessas, 55 iniciativas divulgaram os investimentos planejados, somando R$ 441 bilhões. E 34 divulgaram a capacidade estimada dos eletrolisadores, somando 89 GW de demanda esperada de energia renovável. Cerca de 80% das iniciativas mapeadas estão em fase de memorando de entendimento. Globalmente, apenas 11% das iniciativas potenciais chegaram à fase de Decisão Final de Investimento (FID) e a expectativa é que o mesmo aconteça no Brasil.

No segmento de data centers, a consultoria identificou 777 MW médios de data centers em operação, 472 MW médios em construção e 468 MW médios planejados. São destacados 4 hubs de data centers nas cidades de Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Hubs de data centers em construção ou planejados.

Além desses grandes consumidores, a gradual abertura do mercado livre também está gerando novas oportunidades de negócios nesse ambiente de contratação. “Hoje praticamente tudo que acontece de contratação de renováveis no mercado livre é no modelo de autoprodução (30 de 31 no total). O número maior de contratos e volume menor de energia contratada reflete a abertura do mercado livre para consumidores menores”, disse a fundadora e sócia da CELA, Camila Ramos. “É um perfil novo de consumidor, que muitas vezes não tem uma área específica de contratação de energia”, diz a executiva. Isso demanda uma preparação por parte das empresas para abordar e vender para os potenciais novos clientes.

Adicionalmente, as tendências de descarbonização e eletrificação de indústrias que já estão no mercado livre são tendências que podem contribuir para aumentar a demanda por energia no segmento. (pv-magazine-brasil)

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