Produtores de biodiesel da Europa ameaçam registrar uma queixa na União Européia (UE) e na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os Estados Unidos por prática de dumping. Segundo o Conselho do Biodiesel Europeu (EBB, na sigla em inglês), os subsídios americanos à indústria local permitirão um aumento de até 10 vezes das exportações do combustível para a Europa.
O EBB, que representa 80% dos produtores do bloco, argumenta que "exportações massivas de biodiesel injustamente subsidiado violam as regras comerciais ao enfraquecer o setor na Europa e desencorajar a produção". O órgão intimou o Congresso dos Estados Unidos a interromper imediatamente o programa que dá aos produtores cerca de 200 euros por tonelada de biodiesel B99 (99% de óleo vegetal e 1% de óleo diesel), algumas vezes vendido na Europa abaixo do preço de custo das matérias-primas para a produção local.
Produtores de Indonésia e Malásia também estão tirando vantagem do subsídio, ao exportar biodiesel para os Estados Unidos, que depois é redirecionado para a Europa. É estimado que cerca de 700 mil toneladas de biodiesel entraram na UE desde janeiro, ante 90 mil toneladas em todo o ano de 2006. Isto representa um repentino aumento das exportações americanas, que apenas é explicado por medidas de apoio irregulares. A entidade argumentou ainda que a Europa não consiga aumentar a produção local e atender a meta do bloco, de substituir 10% do combustível para transporte com fontes renováveis até 2020.
O entendimento vem com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. Aprendizagem, conhecimento e sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança em agregar novos valores aos já existentes.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Processo de Produção de Biodiesel
A molécula de óleo vegetal é formada por três ésteres ligados a uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicídio.
O processo para a transformação do óleo vegetal em biodiesel chama-se TRANSESTERIFICAÇÃO. Transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal. Cerca de 20% de uma molécula de óleo vegetal é formada por glicerina. A glicerina torna o óleo mais denso e viscoso. Durante o processo de transesterificação, a glicerina é removida do óleo vegetal, deixando o óleo mais fino e reduzindo a viscosidade.
O processo para a transformação do óleo vegetal em biodiesel chama-se TRANSESTERIFICAÇÃO. Transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal. Cerca de 20% de uma molécula de óleo vegetal é formada por glicerina. A glicerina torna o óleo mais denso e viscoso. Durante o processo de transesterificação, a glicerina é removida do óleo vegetal, deixando o óleo mais fino e reduzindo a viscosidade.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Novo uso para a glicerina
A busca por matérias-primas alternativas aos derivados de petróleo está na pauta do dia nas áreas relacionadas à produção de plástico. O alto preço do óleo in natura no mercado mundial e a necessidade de produtos ambientalmente mais favoráveis, seja biodegradáveis ou obtidos por recursos renováveis, têm contribuído para o aparecimento de novas rotas tecnológicas para esse tipo de indústria. No Brasil, a mais recente novidade é o uso da glicerina que sobra como subproduto, da elaboração do biodiesel para produzir o propeno, resina obtida até aqui de derivados de petróleo e utilizada para fazer polipropileno (PP).
Esse plástico é amplamente utilizado em automóveis, eletrodomésticos, seringas descartáveis, fraldas, embalagens para alimentos e produtos de limpeza.
O desenvolvimento da alternativa de produção é da empresa Nova Petroquímica, a antiga Suzano, que desde junho deste ano participa do conglomerado Quattor, formado pela Petrobras e pelo grupo Unipar. O início da produção está marcado para 2009, com uma planta piloto em local a ser definido. Depois será a vez de uma planta industrial definitiva a ser instalada até 2014. O total dos investimentos industriais deverá atingir US$ 50 milhões. A rota de produção da empresa segue outros grandes fabricantes de matérias-primas para a produção de plástico, como Braskem, Dow Química e Oxiteno, empresas que possuem projetos para a produção de polímeros de origem vegetal com a utilização, principalmente, de cana-de-açúcar. Junto com a glicerina do biodiesel elas estão formando a cadeia de petroquímica verde ou renovável.
Será que estamos a tratar de mais um “terrorismo da mídia”, ou deveríamos realmente nos preocupar com o "tsunami de glicerina" que hoje se desenvolve?
A produção do PP com glicerina é importante porque envolve grandes números tanto na produção de biodiesel como da própria resina em que a Quattor detém 45% do mercado, com 875 mil toneladas anuais de polipropileno e exportação para 40 países. Segundo levantamento realizado pela empresa, o volume de glicerina disponível em 2008 deverá atingir em torno de 105 mil toneladas se a produção chegar a 1 bilhão de litros de biodiesel para compor a cota obrigatória de 2% adicionado ao diesel, principal combustível de caminhões e ônibus do país. Em 2013, quando essa porcentagem subir para 5% de biodiesel, o excedente de glicerina deverá ser de 250 mil toneladas.
O problema é que o mercado brasileiro consome apenas 40 mil toneladas de glicerina por ano. A glicerina é o nome comercial do glicerol, que pode ser produzido tanto de óleos vegetais como de derivados de petróleo como o próprio propeno. A produção de plástico com essa substância vem se somar a uma série de outros usos industriais. Ela é utilizada em cosméticos, está presente na indústria farmacêutica, na composição de cápsulas, xaropes e pomadas; na química, em tintas, vernizes e detergentes; na alimentícia, para conservar bebidas e alimentos, como refrigerantes, balas, bolos, carnes e rações, além de embalagens. Na indústria do tabaco, a glicerina torna as fibras do fumo mais resistentes e evita o ressecamento das folhas, da mesma forma que é usada para amaciar e aumentar a flexibilidade de fibras têxteis. De cada mil litros de biodiesel fabricados pelo processo de transesterificação, que agrega óleo vegetal ou gordura animal de várias origens e um tipo de álcool (o metanol, mais utilizado, ou etanol), sobram no final cerca de 100 litros. O preço também despencou nos últimos tempos. O quilo do produto valia US$ 1,55, em 1995, e caiu para US$ 0,50, em 2007.
Identificamos que os consumidores atuais de glicerina não teriam como utilizar toda a produção. Foi a partir da constatação dessa crescente oferta de glicerina no mercado que a empresa procurou o professor Claudio Mota, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2006. A motivação partiu deles e no início achei difícil retirar da glicerina (C3H8O3) os átomos de oxigênio para transformá-la em propeno (C3H6). Embora não existissem referências na literatura científica, nós conseguimos um bom sistema extraindo o oxigênio como água. A reação química resulta na produção de água, que se torna um benefício porque ela também poderá ser comercializada ou usada pela própria indústria. Foi feita uma patente em que os resultados financeiros serão divididos 50% para a UFRJ e os pesquisadores do projeto e 50% para a empresa. O projeto de pesquisa teve investimentos de R$ 2 milhões, sendo R$ 600 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o restante da Quattor.
Quando recebeu o convite da empresa, Mota já trabalhava com a obtenção de compostos da glicerina para uso como aditivos na gasolina ou no diesel. “Estamos desenvolvendo derivados da glicerina que poderão ser misturados a esses combustíveis para melhorar a lubrificação do motor, além de diminuir o teor de enxofre e de compostos particulados, no caso do diesel. Na gasolina, eles podem diminuir a produção de monóxido de carbono (CO) e de outros poluentes e melhorar o desempenho do motor”, explica Mota. Ele também desenvolve estudos para a produção de plásticos acrílicos com glicerina. Tudo isso dentro da expectativa do aumento da produção de biodiesel.
O sistema produtivo do polipropileno verde desenvolvido na parceria entre a empresa e a UFRJ começa no plantio da soja, hoje a principal oleaginosa usada para produzir biodiesel. Segundo dados da Quattor, de 3 mil quilos (kg) de grãos colhidos em 1 hectare de área sobram 540 kg de óleo a que são acrescidos 54 kg de metanol. Os resultados são 540 kg de biodiesel e 54 kg de glicerol. Essa glicerina vai resultar em 27 kg de propeno e a mesma quantidade de polipropileno. Embora tenha o quilo como medida de comercialização e uso, a glicerina é líquida. O transporte desse produto das empresas produtoras de biodiesel até a nossa fábrica será feito de caminhão.
O uso da glicerina proveniente do biodiesel tem outro aspecto que fortalece os estudos e a necessidade de aumentar os seus usos industriais. É a possibilidade de descarte como lixo ou efluente caso não exista o que fazer com ela. Essa glicerina é um pouco diferente da produzida via derivado de petróleo. Em vez de transparente, ela é amarelada e possui 9% de resíduos. Pela cor é chamada de glicerina loira e não tem um mercado definido, por isso está passível de um descarte inadequado. Estudando o uso dessa glicerina e da comercial como plastificante aditivo que confere maior resistência e elasticidade aos plásticos, demonstrara-se que ela teria um bom uso para plastificar polímeros produzidos com amido, uma substância chamada de polissacarídeo presente em muitos vegetais.
Perigo ambiental - O uso da glicerina loira apresentou melhores propriedades mecânicas como resistência à tração e alongamento do que a comercial. No trabalho citam que excedentes de glicerol estão sendo despejado no rio Poti, na cidade de Crateús, no Ceará, uma região produtora de biodiesel, causando um impacto ambiental negativo. A plastificação do amido é uma alternativa no caminho de produzir plásticos biodegradáveis e mais favoráveis ao ambiente contando para isso com o uso da glicerina do biodiesel. Alternativas para a glicerina, fora o plástico, são a queima para produção de energia elétrica na própria fabricação do biocombustível, além de usá-la na substituição e alternativa menos tóxica que o etilenoglicol em produtos anticongelantes e para entrar como uma espécie de adoçante e umedecedor em alimentos.
Plastificante renovável
A rota vegetal também está na origem de um novo produto que poderá substituir um aditivo usado pelas indústrias para dar maior maciez e flexibilidade aos artefatos feitos com policloreto de vinila (PVC), o segundo plástico mais usado no mundo. Conseguimos um plastificante renovável com base em um óleo vegetal para substituir os ftalatos (produzidos a partir de derivados de petróleo). Os ftalatos formam um conjunto de substâncias químicas que estão presentes, principalmente quando associados ao PVC, na formulação de sacos plásticos ou em forma de filme para embalar alimentos, além de estarem presentes em brinquedos, cortinas de banheiro, embalagem para cosméticos, cateteres e bolsas de sangue e soro. Sobre eles pesam a suspeita de trazerem vários males à saúde humana.
Estudos mostram que, mesmo em pequenas doses, os ftalatos podem passar por contato para alimentos e bebidas e depois ser ingeridos por adultos e crianças e ser associados a câncer, má-formação esquelética, problemas endócrinos e hormonais, principalmente danos ao sistema reprodutor masculino. O principal suspeito é um tipo plastificante chamado de ftalato de di-(2-etil-hexila) (DEHP na sigla em inglês) muito usado em filmes plásticos. Em camundongos já estão comprovados câncer no pâncreas, rins e fígado, mas em relação aos humanos ainda há controvérsias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica o máximo de 3% de ftalatos em produtos vendidos no Brasil. Mas há dados na literatura nacional e internacional que mostram a presença de valores acima desse nível, principalmente nos filmes e sacos plásticos, produtos que ficam bem molinhos graças aos plastificantes. O produto desenvolvido na UFPR para substituir os ftalatos e plastificar o PVC começou a ser desenvolvido em 2003. A pesquisa chegou até a fase pré-industrial numa parceria com a filial da empresa norte-americana Corn, que processa matéria-prima vegetal para as indústrias alimentícia, química e farmacêutica. Agora a Corn estuda a implementação industrial do produto, que ainda não pode ter revelados alguns detalhes como o óleo vegetal do qual é feito, embora já tenha um depósito de patente. O novo plastificante custará cerca de 10% a menos que os ftalatos convencionais.
Esse plástico é amplamente utilizado em automóveis, eletrodomésticos, seringas descartáveis, fraldas, embalagens para alimentos e produtos de limpeza.
O desenvolvimento da alternativa de produção é da empresa Nova Petroquímica, a antiga Suzano, que desde junho deste ano participa do conglomerado Quattor, formado pela Petrobras e pelo grupo Unipar. O início da produção está marcado para 2009, com uma planta piloto em local a ser definido. Depois será a vez de uma planta industrial definitiva a ser instalada até 2014. O total dos investimentos industriais deverá atingir US$ 50 milhões. A rota de produção da empresa segue outros grandes fabricantes de matérias-primas para a produção de plástico, como Braskem, Dow Química e Oxiteno, empresas que possuem projetos para a produção de polímeros de origem vegetal com a utilização, principalmente, de cana-de-açúcar. Junto com a glicerina do biodiesel elas estão formando a cadeia de petroquímica verde ou renovável.
Será que estamos a tratar de mais um “terrorismo da mídia”, ou deveríamos realmente nos preocupar com o "tsunami de glicerina" que hoje se desenvolve?
A produção do PP com glicerina é importante porque envolve grandes números tanto na produção de biodiesel como da própria resina em que a Quattor detém 45% do mercado, com 875 mil toneladas anuais de polipropileno e exportação para 40 países. Segundo levantamento realizado pela empresa, o volume de glicerina disponível em 2008 deverá atingir em torno de 105 mil toneladas se a produção chegar a 1 bilhão de litros de biodiesel para compor a cota obrigatória de 2% adicionado ao diesel, principal combustível de caminhões e ônibus do país. Em 2013, quando essa porcentagem subir para 5% de biodiesel, o excedente de glicerina deverá ser de 250 mil toneladas.
O problema é que o mercado brasileiro consome apenas 40 mil toneladas de glicerina por ano. A glicerina é o nome comercial do glicerol, que pode ser produzido tanto de óleos vegetais como de derivados de petróleo como o próprio propeno. A produção de plástico com essa substância vem se somar a uma série de outros usos industriais. Ela é utilizada em cosméticos, está presente na indústria farmacêutica, na composição de cápsulas, xaropes e pomadas; na química, em tintas, vernizes e detergentes; na alimentícia, para conservar bebidas e alimentos, como refrigerantes, balas, bolos, carnes e rações, além de embalagens. Na indústria do tabaco, a glicerina torna as fibras do fumo mais resistentes e evita o ressecamento das folhas, da mesma forma que é usada para amaciar e aumentar a flexibilidade de fibras têxteis. De cada mil litros de biodiesel fabricados pelo processo de transesterificação, que agrega óleo vegetal ou gordura animal de várias origens e um tipo de álcool (o metanol, mais utilizado, ou etanol), sobram no final cerca de 100 litros. O preço também despencou nos últimos tempos. O quilo do produto valia US$ 1,55, em 1995, e caiu para US$ 0,50, em 2007.
Identificamos que os consumidores atuais de glicerina não teriam como utilizar toda a produção. Foi a partir da constatação dessa crescente oferta de glicerina no mercado que a empresa procurou o professor Claudio Mota, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2006. A motivação partiu deles e no início achei difícil retirar da glicerina (C3H8O3) os átomos de oxigênio para transformá-la em propeno (C3H6). Embora não existissem referências na literatura científica, nós conseguimos um bom sistema extraindo o oxigênio como água. A reação química resulta na produção de água, que se torna um benefício porque ela também poderá ser comercializada ou usada pela própria indústria. Foi feita uma patente em que os resultados financeiros serão divididos 50% para a UFRJ e os pesquisadores do projeto e 50% para a empresa. O projeto de pesquisa teve investimentos de R$ 2 milhões, sendo R$ 600 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o restante da Quattor.
Quando recebeu o convite da empresa, Mota já trabalhava com a obtenção de compostos da glicerina para uso como aditivos na gasolina ou no diesel. “Estamos desenvolvendo derivados da glicerina que poderão ser misturados a esses combustíveis para melhorar a lubrificação do motor, além de diminuir o teor de enxofre e de compostos particulados, no caso do diesel. Na gasolina, eles podem diminuir a produção de monóxido de carbono (CO) e de outros poluentes e melhorar o desempenho do motor”, explica Mota. Ele também desenvolve estudos para a produção de plásticos acrílicos com glicerina. Tudo isso dentro da expectativa do aumento da produção de biodiesel.
O sistema produtivo do polipropileno verde desenvolvido na parceria entre a empresa e a UFRJ começa no plantio da soja, hoje a principal oleaginosa usada para produzir biodiesel. Segundo dados da Quattor, de 3 mil quilos (kg) de grãos colhidos em 1 hectare de área sobram 540 kg de óleo a que são acrescidos 54 kg de metanol. Os resultados são 540 kg de biodiesel e 54 kg de glicerol. Essa glicerina vai resultar em 27 kg de propeno e a mesma quantidade de polipropileno. Embora tenha o quilo como medida de comercialização e uso, a glicerina é líquida. O transporte desse produto das empresas produtoras de biodiesel até a nossa fábrica será feito de caminhão.
O uso da glicerina proveniente do biodiesel tem outro aspecto que fortalece os estudos e a necessidade de aumentar os seus usos industriais. É a possibilidade de descarte como lixo ou efluente caso não exista o que fazer com ela. Essa glicerina é um pouco diferente da produzida via derivado de petróleo. Em vez de transparente, ela é amarelada e possui 9% de resíduos. Pela cor é chamada de glicerina loira e não tem um mercado definido, por isso está passível de um descarte inadequado. Estudando o uso dessa glicerina e da comercial como plastificante aditivo que confere maior resistência e elasticidade aos plásticos, demonstrara-se que ela teria um bom uso para plastificar polímeros produzidos com amido, uma substância chamada de polissacarídeo presente em muitos vegetais.
Perigo ambiental - O uso da glicerina loira apresentou melhores propriedades mecânicas como resistência à tração e alongamento do que a comercial. No trabalho citam que excedentes de glicerol estão sendo despejado no rio Poti, na cidade de Crateús, no Ceará, uma região produtora de biodiesel, causando um impacto ambiental negativo. A plastificação do amido é uma alternativa no caminho de produzir plásticos biodegradáveis e mais favoráveis ao ambiente contando para isso com o uso da glicerina do biodiesel. Alternativas para a glicerina, fora o plástico, são a queima para produção de energia elétrica na própria fabricação do biocombustível, além de usá-la na substituição e alternativa menos tóxica que o etilenoglicol em produtos anticongelantes e para entrar como uma espécie de adoçante e umedecedor em alimentos.
Plastificante renovável
A rota vegetal também está na origem de um novo produto que poderá substituir um aditivo usado pelas indústrias para dar maior maciez e flexibilidade aos artefatos feitos com policloreto de vinila (PVC), o segundo plástico mais usado no mundo. Conseguimos um plastificante renovável com base em um óleo vegetal para substituir os ftalatos (produzidos a partir de derivados de petróleo). Os ftalatos formam um conjunto de substâncias químicas que estão presentes, principalmente quando associados ao PVC, na formulação de sacos plásticos ou em forma de filme para embalar alimentos, além de estarem presentes em brinquedos, cortinas de banheiro, embalagem para cosméticos, cateteres e bolsas de sangue e soro. Sobre eles pesam a suspeita de trazerem vários males à saúde humana.
Estudos mostram que, mesmo em pequenas doses, os ftalatos podem passar por contato para alimentos e bebidas e depois ser ingeridos por adultos e crianças e ser associados a câncer, má-formação esquelética, problemas endócrinos e hormonais, principalmente danos ao sistema reprodutor masculino. O principal suspeito é um tipo plastificante chamado de ftalato de di-(2-etil-hexila) (DEHP na sigla em inglês) muito usado em filmes plásticos. Em camundongos já estão comprovados câncer no pâncreas, rins e fígado, mas em relação aos humanos ainda há controvérsias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica o máximo de 3% de ftalatos em produtos vendidos no Brasil. Mas há dados na literatura nacional e internacional que mostram a presença de valores acima desse nível, principalmente nos filmes e sacos plásticos, produtos que ficam bem molinhos graças aos plastificantes. O produto desenvolvido na UFPR para substituir os ftalatos e plastificar o PVC começou a ser desenvolvido em 2003. A pesquisa chegou até a fase pré-industrial numa parceria com a filial da empresa norte-americana Corn, que processa matéria-prima vegetal para as indústrias alimentícia, química e farmacêutica. Agora a Corn estuda a implementação industrial do produto, que ainda não pode ter revelados alguns detalhes como o óleo vegetal do qual é feito, embora já tenha um depósito de patente. O novo plastificante custará cerca de 10% a menos que os ftalatos convencionais.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
IBI inicia operações de planta de glicerina no país
A Integrated Biodiesel Industries (IBI), fabricante de biodiesel com sede no Brasil, mas com produção concentrada na Argentina, deve colocar em funcionamento, em 60 dias, sua primeira unidade industrial no mercado brasileiro. A planta, localizada em Jaú (SP), será destinada ao processamento de glicerina para a produção de solvente biodegradável, voltado às indústrias de tintas e cosméticos.
A planta terá capacidade de processamento de 20 mil toneladas anuais, segundo Marcelo Lopes, principal executivo da companhia. O desembolso no projeto, de R$ 500 mil, será concentrado no investimento em equipamentos, já que a unidade funcionará em prédio alugado.
Este será o primeiro passo operacional da companhia no Brasil, mas não significa necessariamente que a IBI está preparando sua entrada no país também para a produção de biodiesel. A produção do combustível continuará concentrada na Argentina, que, com subsídios oferecidos pelo governo, ganha na vantagem comparativa.
Criada em 2007 e com mais de 400 acionistas, todos europeus, segundo Lopes, a Integrated Biodiesel Industries tem três usinas na Argentina, duas delas em construção. A empresa prevê produção de 14 mil toneladas de biodiesel em 2008, número que deverá chegar a 75 mil em 2009 e a 300 mil em 2012, segundo a programação elaborada pela empresa. As vendas líquidas neste ano devem chegar a US$ 43,8 milhões. Para 2009, a projeção é de US$ 243,6 milhões.
Toda a produção de biodiesel da companhia na Argentina tem o mercado externo como destino. Os subsídios do governo argentino tornam o preço do óleo no mercado local mais baixo que no restante do mundo.
A planta terá capacidade de processamento de 20 mil toneladas anuais, segundo Marcelo Lopes, principal executivo da companhia. O desembolso no projeto, de R$ 500 mil, será concentrado no investimento em equipamentos, já que a unidade funcionará em prédio alugado.
Este será o primeiro passo operacional da companhia no Brasil, mas não significa necessariamente que a IBI está preparando sua entrada no país também para a produção de biodiesel. A produção do combustível continuará concentrada na Argentina, que, com subsídios oferecidos pelo governo, ganha na vantagem comparativa.
Criada em 2007 e com mais de 400 acionistas, todos europeus, segundo Lopes, a Integrated Biodiesel Industries tem três usinas na Argentina, duas delas em construção. A empresa prevê produção de 14 mil toneladas de biodiesel em 2008, número que deverá chegar a 75 mil em 2009 e a 300 mil em 2012, segundo a programação elaborada pela empresa. As vendas líquidas neste ano devem chegar a US$ 43,8 milhões. Para 2009, a projeção é de US$ 243,6 milhões.
Toda a produção de biodiesel da companhia na Argentina tem o mercado externo como destino. Os subsídios do governo argentino tornam o preço do óleo no mercado local mais baixo que no restante do mundo.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Glicerina pode ser adicionada na alimentação de suínos
A produção de biodiesel é um tema recorrente. O emprego desta fonte alternativa de energia tem dominado discursos políticos e aquecido o debate sobre o posicionamento do país diante da cena energética global. Mas em paralelo às discussões de caráter geopolítico, há a preocupação presente em todo processo industrial: o que fazer com o subproduto?
Se a produção de biocombustíveis atingir a escala industrial, os setores econômicos que absorvem o glicerol que sobra da reação entre óleos vegetais e gorduras animais com álcool, podem não comportar um volume tão amplo e a necessidade de encontrar novos destinos para este subproduto de forte impacto ambiental será uma questão urgente.
Uma das alternativas de destino para o glicerol em excesso pode ser o emprego deste na alimentação animal. Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ ESALQ), uma pesquisa avaliou a utilização de glicerol na dieta de suínos em crescimento e terminação. Realizada no Laboratório de Não Ruminantes, do departamento de Zootecnia (LZT), o trabalho observou o impacto da adição de até 9% de glicerol na dieta de suínos em crescimento e terminação considerando as características de carcaça e da qualidade da carne.
Foram utilizados 64 animais de linhagem industrial com peso médio inicial de 33 kg. Os animais foram distribuídos em 32 baias de acordo com o sexo e peso inicial, recebendo, respectivamente, níveis de 0, 3, 6 e 9% de glicerol na ração. Em cada uma das três fases, crescimento I (33 a 65,00 kg), crescimento II (65 a 85 kg) e terminação (85 a 99,97 kg), os animais receberam rações balanceadas e água à vontade. Ao atingirem cerca de 100 kg, os animais foram abatidos e as carcaças avaliadas quanto ao comprimento, espessura de toicinho e área do lombo. Segundo o pesquisador, a qualidade da carne não foi comprometida. “De modo geral, o glicerol pode ser utilizado como ingrediente energético de rações de suínos em crescimento e terminação até o nível de 9%, sem afetar sensivelmente o desempenho e a qualidade. Amostras do músculo do lombo foram enviadas ao Laboratório de Qualidade e Processamento de Carnes do departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da ESALQ para medição do ph, cor e perda de água e os resultados mostram que o glicerol não interfere de fato o produto final.
Os resultados são importantes na medida em que fornece indícios positivos ao destino de um subproduto. Para os animais não é necessário o nível de pureza exigida ao consumo dos seres humanos, ficando claro que o glicerol pode ser adicionado de maneira satisfatória na alimentação animal sem a necessidade de um processamento tão rigoroso, já que não compromete a qualidade da carne suína.
O barateamento do processo se mostra possível já que fora empregado porções de glicerol semi purificado proveniente de sebo bovino. Além disso, incluir o glicerol implica na diminuição da dependência do milho, o que permite baixar o custo de produção, considerando que a alimentação representa em torno de 75% do custo total.
Se a produção de biocombustíveis atingir a escala industrial, os setores econômicos que absorvem o glicerol que sobra da reação entre óleos vegetais e gorduras animais com álcool, podem não comportar um volume tão amplo e a necessidade de encontrar novos destinos para este subproduto de forte impacto ambiental será uma questão urgente.
Uma das alternativas de destino para o glicerol em excesso pode ser o emprego deste na alimentação animal. Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ ESALQ), uma pesquisa avaliou a utilização de glicerol na dieta de suínos em crescimento e terminação. Realizada no Laboratório de Não Ruminantes, do departamento de Zootecnia (LZT), o trabalho observou o impacto da adição de até 9% de glicerol na dieta de suínos em crescimento e terminação considerando as características de carcaça e da qualidade da carne.
Foram utilizados 64 animais de linhagem industrial com peso médio inicial de 33 kg. Os animais foram distribuídos em 32 baias de acordo com o sexo e peso inicial, recebendo, respectivamente, níveis de 0, 3, 6 e 9% de glicerol na ração. Em cada uma das três fases, crescimento I (33 a 65,00 kg), crescimento II (65 a 85 kg) e terminação (85 a 99,97 kg), os animais receberam rações balanceadas e água à vontade. Ao atingirem cerca de 100 kg, os animais foram abatidos e as carcaças avaliadas quanto ao comprimento, espessura de toicinho e área do lombo. Segundo o pesquisador, a qualidade da carne não foi comprometida. “De modo geral, o glicerol pode ser utilizado como ingrediente energético de rações de suínos em crescimento e terminação até o nível de 9%, sem afetar sensivelmente o desempenho e a qualidade. Amostras do músculo do lombo foram enviadas ao Laboratório de Qualidade e Processamento de Carnes do departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da ESALQ para medição do ph, cor e perda de água e os resultados mostram que o glicerol não interfere de fato o produto final.
Os resultados são importantes na medida em que fornece indícios positivos ao destino de um subproduto. Para os animais não é necessário o nível de pureza exigida ao consumo dos seres humanos, ficando claro que o glicerol pode ser adicionado de maneira satisfatória na alimentação animal sem a necessidade de um processamento tão rigoroso, já que não compromete a qualidade da carne suína.
O barateamento do processo se mostra possível já que fora empregado porções de glicerol semi purificado proveniente de sebo bovino. Além disso, incluir o glicerol implica na diminuição da dependência do milho, o que permite baixar o custo de produção, considerando que a alimentação representa em torno de 75% do custo total.
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Quattor inicia fabricação de 'resinas verdes' em 2009
O ingresso da petroquímica Quattor no processo de fabricação de resinas termoplásticas produzidas a partir de fontes renováveis terá início em 2009, com a construção de uma planta-piloto de propeno na cidade de Mauá (SP). A expectativa da companhia é produzir de 5 quilos a 10 quilos da matéria-prima utilizada na produção de polipropileno (PP) por hora. Com essa linha, a Quattor iniciará o fornecimento da resina para os clientes, a fim de que essas empresas analisem a eficácia do produto. A fabricação comercial da resina está prevista para 2012.
O PP verde da Quattor será fabricado com o uso da glicerina, subproduto resultante da produção do biodiesel. A primeira grande divulgação da tecnologia patenteada pela companhia acontecerá esta semana, durante participação da empresa na 1ª Exposição Internacional sobre Biocombustíveis, que acontece até a próxima sexta-feira (dia 21). A presença no evento tem como intenção apoiar iniciativas do governo com projetos que busquem alternativas para sustentar a iniciativa, refere-se ao programa do governo de promover a utilização de biodiesel na formulação de óleo diesel convencional.
A cada litro de biodiesel é gerado 100 mililitros (ml) de glicerina. A demanda atual por glicerina é de 30 mil toneladas a 40 mil toneladas anuais. Já a produção estimada da glicerina em 2013, ano em que a mistura mínima de biodiesel no diesel será de 5%, somará 250 mil toneladas anuais. Como não há aplicação para todo esse volume, essa glicerina se torna um passivo ambiental. A unidade comercial de propeno, deverá ser instalada próxima de uma das fábricas de PP da Quattor, empresa que tem suas unidades fabris concentradas na região Sudeste.
Os principais interessados no produto, ainda segundo o executivo, são as indústrias automotiva e de embalagens, além de segmentos que tenham apelo ecológico, como o setor de cosméticos. Os contatos com possíveis interessados acontecem no Brasil e no exterior. O PP verde é reciclável e permitirá à empresa comercializar créditos de carbono.
O PP verde da Quattor será fabricado com o uso da glicerina, subproduto resultante da produção do biodiesel. A primeira grande divulgação da tecnologia patenteada pela companhia acontecerá esta semana, durante participação da empresa na 1ª Exposição Internacional sobre Biocombustíveis, que acontece até a próxima sexta-feira (dia 21). A presença no evento tem como intenção apoiar iniciativas do governo com projetos que busquem alternativas para sustentar a iniciativa, refere-se ao programa do governo de promover a utilização de biodiesel na formulação de óleo diesel convencional.
A cada litro de biodiesel é gerado 100 mililitros (ml) de glicerina. A demanda atual por glicerina é de 30 mil toneladas a 40 mil toneladas anuais. Já a produção estimada da glicerina em 2013, ano em que a mistura mínima de biodiesel no diesel será de 5%, somará 250 mil toneladas anuais. Como não há aplicação para todo esse volume, essa glicerina se torna um passivo ambiental. A unidade comercial de propeno, deverá ser instalada próxima de uma das fábricas de PP da Quattor, empresa que tem suas unidades fabris concentradas na região Sudeste.
Os principais interessados no produto, ainda segundo o executivo, são as indústrias automotiva e de embalagens, além de segmentos que tenham apelo ecológico, como o setor de cosméticos. Os contatos com possíveis interessados acontecem no Brasil e no exterior. O PP verde é reciclável e permitirá à empresa comercializar créditos de carbono.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Brasil não tem destino certo para glicerina gerada por biodiesel
Com a entrada em vigor do B-2 - mistura obrigatória de 2% do biodiesel no óleo diesel - o Brasil vai produzir, no mínimo, 800 milhões de litros do biocombustível. Mas, o aspecto ecológico desta iniciativa pode ser arranhado se o País não encontrar uma destinação para as cerca de 80 mil toneladas de glicerina que serão geradas a partir da fabricação do biodiesel. Não há definida na Política Nacional de Biodiesel uma alternativa para absorver este volume.
Normalmente, o mercado da glicerina é formado pelas indústrias químicas de cosméticos, perfumaria e limpeza e consome apenas 30 mil toneladas do produto por ano. Acredita-se que, com o baixo preço da glicerina, resultante do excesso de oferta, haverá uma acomodação natural no mercado. Novas aplicações vão surgir naturalmente.
Será que estamos a tratar de mais um “terrorismo da mídia”, ou deveríamos realmente nos preocupar com o "tsunami de glicerina" que hoje se desenvolve?
O País está sim diante de um passivo ambiental gerado a partir do biodiesel. Terá que se encontrar uma alternativa para colocar esse produto no mercado, pois mesmo as pesquisas mais avançadas que visam essa reutilização vão demandar, no mínimo, mais dois a três anos para terem aplicação comercial. Estuda-se o desenvolvimento de derivados da glicerina para uso como aditivos para a gasolina, em andamento na UFRJ.
A dificuldade de acomodação de uma oferta de glicerina quase três vezes maior que a demanda se agrava porque a glicerina resultante da produção de biodiesel tem características diferentes da que é utilizada na indústria de higiene, segundo Gilberto Campello Brasil, assessor técnico da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA). "Há impurezas e colorações diferentes, o que dificulta seu uso em fábricas de glicerina tradicional", resume Brasil.
Outro problema, segundo ele, se refere à logística de distribuição dessa matéria-prima, pois existem 12 unidades que refinam glicerina no País, e todas estão na região Sudeste. Não há nenhuma no Nordeste ou Centro-Oeste, onde a produção de biodiesel é maior.
No Brasil não há legislação específica sobre a forma de descarte dessa glicerina, apenas para efluentes industriais em geral. São as secretarias estaduais de meio ambiente que controlam a forma de descarte desse produto. Mas, de forma geral, a as duas formas de descarte possíveis (nos rios ou queima) geram problemas ambientais. Nos rios, provoca consumo excessivo de oxigênio, podendo matar a população aquática. A queima libera na atmosfera a cloreína, substância de caráter cancerígeno.
A usina Barralcool S.A. em Barra do Bugres, a 160 quilômetros de Cuiabá (MT), começou a produzir biodiesel em novembro de 2006 com capacidade de produção anual de 57 milhões de litros. Cerca de 400 toneladas de glicerina foram produzidas, a alternativa encontrada pela empresa foi armazenar o produto em tanques, até encontrar uma destinação.
Estamos negociando a venda do produto para uma empresa. Também estamos pesquisando a agregação de valor a essa matéria-prima, projeto ainda em segredo tecnológico mas que pode sair do papel em 2008.
Normalmente, o mercado da glicerina é formado pelas indústrias químicas de cosméticos, perfumaria e limpeza e consome apenas 30 mil toneladas do produto por ano. Acredita-se que, com o baixo preço da glicerina, resultante do excesso de oferta, haverá uma acomodação natural no mercado. Novas aplicações vão surgir naturalmente.
Será que estamos a tratar de mais um “terrorismo da mídia”, ou deveríamos realmente nos preocupar com o "tsunami de glicerina" que hoje se desenvolve?
O País está sim diante de um passivo ambiental gerado a partir do biodiesel. Terá que se encontrar uma alternativa para colocar esse produto no mercado, pois mesmo as pesquisas mais avançadas que visam essa reutilização vão demandar, no mínimo, mais dois a três anos para terem aplicação comercial. Estuda-se o desenvolvimento de derivados da glicerina para uso como aditivos para a gasolina, em andamento na UFRJ.
A dificuldade de acomodação de uma oferta de glicerina quase três vezes maior que a demanda se agrava porque a glicerina resultante da produção de biodiesel tem características diferentes da que é utilizada na indústria de higiene, segundo Gilberto Campello Brasil, assessor técnico da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA). "Há impurezas e colorações diferentes, o que dificulta seu uso em fábricas de glicerina tradicional", resume Brasil.
Outro problema, segundo ele, se refere à logística de distribuição dessa matéria-prima, pois existem 12 unidades que refinam glicerina no País, e todas estão na região Sudeste. Não há nenhuma no Nordeste ou Centro-Oeste, onde a produção de biodiesel é maior.
No Brasil não há legislação específica sobre a forma de descarte dessa glicerina, apenas para efluentes industriais em geral. São as secretarias estaduais de meio ambiente que controlam a forma de descarte desse produto. Mas, de forma geral, a as duas formas de descarte possíveis (nos rios ou queima) geram problemas ambientais. Nos rios, provoca consumo excessivo de oxigênio, podendo matar a população aquática. A queima libera na atmosfera a cloreína, substância de caráter cancerígeno.
A usina Barralcool S.A. em Barra do Bugres, a 160 quilômetros de Cuiabá (MT), começou a produzir biodiesel em novembro de 2006 com capacidade de produção anual de 57 milhões de litros. Cerca de 400 toneladas de glicerina foram produzidas, a alternativa encontrada pela empresa foi armazenar o produto em tanques, até encontrar uma destinação.
Estamos negociando a venda do produto para uma empresa. Também estamos pesquisando a agregação de valor a essa matéria-prima, projeto ainda em segredo tecnológico mas que pode sair do papel em 2008.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Glicerina - Subproduto do biodiesel
Perspectivas
Os excedentes de glicerina derivada do biodiesel levarão a grandes reduções no preço, eliminando parte da produção de glicerina de outras fontes, hoje de 0,8 a 1,0 M t/ano. Com reduções substanciais de preço, deverão também entrar no mercado de outros polióis, em particular o sorbitol. Na Europa, o aumento de biodiesel, para atingir apenas alguns pontos porcentuais do diesel, cobriria grande parte da demanda atual por glicerol.
Buscam-se novas aplicações de grandes volumes para glicerina no mundo, e isto provavelmente se dará nos intermediários para plásticos, como o propanodiol - PDO, contudo não são soluções de curto prazo.
O cuidado a ser tomado, juntamente com o desenvolvimento de outros usos, é não usar nos estudos de custos os créditos para glicerina com base nos valores de mercado de hoje.
ESPECIALISTA
Será que estamos a tratar de mais um “terrorismo da mídia”, ou deveríamos realmente nos preocupar com o "tsunami de glicerina" que hoje se desenvolve?
Mercado - Glicerol
O Glicerol é produzido por via química ou fermentativa. Tem uma centena de usos, principalmente na indústria química. Os processos de produção são de baixa complexidade tecnológica.
A produção por síntese microbiana predominou até que a síntese química, de subproduto do propileno, avançou em 1950. Agora, com o declínio na produção de polipropileno, as fermentações voltaram a ocupar espaço no mercado. O mercado de volumes e preços oscilou muito na última década.
Entre 1995-2003, os preços oscilaram entre US$ 1.08/lb e US$ 0.60/lb, com tendência, nos últimos anos74, para US$ 1.00/lb.
As aplicações principais hoje são:
Síntese de resinas, ésteres 18%
Aplicações farmacêuticas 7%
Uso em cosméticos 40%
Uso alimentício 24%
Outros 11%
A demanda cresce mais em mercados de uso pessoal e higiene dental, e alimentos, onde o produto tem maior pureza e valor. Corresponde a 64% do total. Em alimentos, a demanda de glicerina e derivados cresce em 4% ao ano.
Depois de fortes oscilações na década de 90, desde 2000 o mercado para glicerina volta a crescer. Uma grande fonte agora na Europa e nos Estados Unidos é a glicerina proveniente do biodiesel.
Drogas
O glicerol é atualmente um dos ingredientes mais utilizados na indústria farmacêutica na composição de cápsulas, supositórios, anestésicos, xaropes e emolientes para cremes e pomadas, antibióticos e anti-sépticos.
Cosméticos
Por ser não-tóxico, não-irritante, sem cheiro e sabor, o glicerol tem sido aplicado como emoliente e umectante em pastas de dente, cremes de pele, loções pós-barba, desodorantes, batons e maquiagens.
Tabaco
O glicerol tem sido empregado no processamento de tabaco a fim de tornar as fibras do fumo mais resistentes e evitar quebras. É empregado na composição dos filtros de cigarros e como veículo de aromas.
Têxteis
Amaciar e aumentar a flexibilidade das fibras têxteis.
Outros
Pode ainda ser empregado como lubrificante de máquinas processadoras de alimentos, fabricação de tintas e resinas, fabricação de dinamite etc.
Alimentos e bebidas
O glicerol pode ser usado como umectante e para conservar bebidas e alimentos tais como refrigerantes, balas, bolos, pastas de queijo e carne, ração animal seca. Todas estas aplicações utilizam hoje principalmente sorbitol. É possível que o glicerol venha a tomar parte dos mercados de sorbitol, se os preços caírem nos próximos anos em função de superprodução, com o biodiesel. Aplicação exclusiva do glicerol: por ser um componente estrutural de lipídeos tem sido utilizado em preparações de molho para salada, coberturas de doces e sobremesas geladas.
Outro mercado muito importante, e exclusivo, que provavelmente vai se desenvolver com a maior oferta de glicerol, é a aplicação deste para a síntese de moléculas de alto valor agregado. Entre estas está o PDO (propanodiol), a partir de fermentação do glicerol, para uso em plásticos. Matéria-Prima do futuro para fermentações de: 1,3 propanodiol e dihidroxiacetona.
Se o glicerol tiver um grande crescimento de oferta com redução de preços em função da produção de biodiesel, e grande parte do mercado de sorbitol for substituído por glicerol nas aplicações de drogas, cosméticos, e outros, teríamos uma nova demanda de glicerol estimada em 300 mil t por ano. Muitas aplicações de sorbitol em alimentos poderão ser substituídas pelo glicerol. Do ponto de vista tecnológico, existem poucas aplicações para as quais a glicerina não entraria no mercado de sorbitol.
A produção de glicerol foi de 800 mil t/ano em 2000; a produção advinda de biodiesel (Europa e EUA) em 2000 já era de 10% do total; em 2002, estimava-se em 200 mil t/ ano.
Os excedentes de glicerina derivada do biodiesel levarão a grandes reduções no preço, eliminando parte da produção de glicerina de outras fontes, hoje de 0,8 a 1,0 M t/ano. Com reduções substanciais de preço, deverão também entrar no mercado de outros polióis, em particular o sorbitol. Na Europa, o aumento de biodiesel, para atingir apenas alguns pontos porcentuais do diesel, cobriria grande parte da demanda atual por glicerol.
Buscam-se novas aplicações de grandes volumes para glicerina no mundo, e isto provavelmente se dará nos intermediários para plásticos, como o propanodiol - PDO, contudo não são soluções de curto prazo.
O cuidado a ser tomado, juntamente com o desenvolvimento de outros usos, é não usar nos estudos de custos os créditos para glicerina com base nos valores de mercado de hoje.
ESPECIALISTA
Será que estamos a tratar de mais um “terrorismo da mídia”, ou deveríamos realmente nos preocupar com o "tsunami de glicerina" que hoje se desenvolve?
Mercado - Glicerol
O Glicerol é produzido por via química ou fermentativa. Tem uma centena de usos, principalmente na indústria química. Os processos de produção são de baixa complexidade tecnológica.
A produção por síntese microbiana predominou até que a síntese química, de subproduto do propileno, avançou em 1950. Agora, com o declínio na produção de polipropileno, as fermentações voltaram a ocupar espaço no mercado. O mercado de volumes e preços oscilou muito na última década.
Entre 1995-2003, os preços oscilaram entre US$ 1.08/lb e US$ 0.60/lb, com tendência, nos últimos anos74, para US$ 1.00/lb.
As aplicações principais hoje são:
Síntese de resinas, ésteres 18%
Aplicações farmacêuticas 7%
Uso em cosméticos 40%
Uso alimentício 24%
Outros 11%
A demanda cresce mais em mercados de uso pessoal e higiene dental, e alimentos, onde o produto tem maior pureza e valor. Corresponde a 64% do total. Em alimentos, a demanda de glicerina e derivados cresce em 4% ao ano.
Depois de fortes oscilações na década de 90, desde 2000 o mercado para glicerina volta a crescer. Uma grande fonte agora na Europa e nos Estados Unidos é a glicerina proveniente do biodiesel.
Drogas
O glicerol é atualmente um dos ingredientes mais utilizados na indústria farmacêutica na composição de cápsulas, supositórios, anestésicos, xaropes e emolientes para cremes e pomadas, antibióticos e anti-sépticos.
Cosméticos
Por ser não-tóxico, não-irritante, sem cheiro e sabor, o glicerol tem sido aplicado como emoliente e umectante em pastas de dente, cremes de pele, loções pós-barba, desodorantes, batons e maquiagens.
Tabaco
O glicerol tem sido empregado no processamento de tabaco a fim de tornar as fibras do fumo mais resistentes e evitar quebras. É empregado na composição dos filtros de cigarros e como veículo de aromas.
Têxteis
Amaciar e aumentar a flexibilidade das fibras têxteis.
Outros
Pode ainda ser empregado como lubrificante de máquinas processadoras de alimentos, fabricação de tintas e resinas, fabricação de dinamite etc.
Alimentos e bebidas
O glicerol pode ser usado como umectante e para conservar bebidas e alimentos tais como refrigerantes, balas, bolos, pastas de queijo e carne, ração animal seca. Todas estas aplicações utilizam hoje principalmente sorbitol. É possível que o glicerol venha a tomar parte dos mercados de sorbitol, se os preços caírem nos próximos anos em função de superprodução, com o biodiesel. Aplicação exclusiva do glicerol: por ser um componente estrutural de lipídeos tem sido utilizado em preparações de molho para salada, coberturas de doces e sobremesas geladas.
Outro mercado muito importante, e exclusivo, que provavelmente vai se desenvolver com a maior oferta de glicerol, é a aplicação deste para a síntese de moléculas de alto valor agregado. Entre estas está o PDO (propanodiol), a partir de fermentação do glicerol, para uso em plásticos. Matéria-Prima do futuro para fermentações de: 1,3 propanodiol e dihidroxiacetona.
Se o glicerol tiver um grande crescimento de oferta com redução de preços em função da produção de biodiesel, e grande parte do mercado de sorbitol for substituído por glicerol nas aplicações de drogas, cosméticos, e outros, teríamos uma nova demanda de glicerol estimada em 300 mil t por ano. Muitas aplicações de sorbitol em alimentos poderão ser substituídas pelo glicerol. Do ponto de vista tecnológico, existem poucas aplicações para as quais a glicerina não entraria no mercado de sorbitol.
A produção de glicerol foi de 800 mil t/ano em 2000; a produção advinda de biodiesel (Europa e EUA) em 2000 já era de 10% do total; em 2002, estimava-se em 200 mil t/ ano.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Agricultura Familiar, Emprego e o Lado Social do Biodiesel
As grandes motivações para a produção de biodiesel são os benefícios sociais e ambientais que esse novo combustível pode trazer. Contudo, em razão dos diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social dos países, esses benefícios devem ser considerados diferentemente.
Benefícios sociais
O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar sustentação a um imenso programa de geração de emprego e renda a partir da produção do biodiesel.
Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades mostram que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem gerar em torno de 45 mil empregos no campo, com uma renda média anual de aproximadamente R$4.900,00 por emprego. Admitindo-se que para 1 emprego no campo são gerados 3 empregos na cidade, seriam criados, então, 180 mil empregos. Numa hipótese otimista de 6% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados mais de 1 milhão de empregos. Faz-se, a seguir, uma comparação entre a criação de postos de trabalho na agricultura empresarial e na familiar. Na agricultura empresarial, em média, emprega-se 1 trabalhador para cada 100 hectares cultivados, enquanto que na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador. A cada 1% de participação deste segmento no mercado de biodiesel, é necessários recursos da ordem de R$ 220 milhões por ano, os quais proporcionam acréscimo de renda bruta anual ao redor de R$ 470 milhões. Cada R$ 1,00 aplicado na agricultura familiar gera R$ 2,13 adicionais na renda bruta anual, o que significa que a renda familiar dobraria com a participação no mercado de biodiesel. Os dados mostram claramente a importância de priorizar a agricultura familiar na produção de biodiesel.
A produção de oleaginosas em lavouras familiares faz com que o biodiesel seja uma alternativa importante para a erradicação da miséria no país, pela possibilidade de ocupação de enormes contingentes de pessoas. Na região semi-árida nordestina vivem mais de 2 milhões de famílias em péssimas condições de vida. A inclusão social e o desenvolvimento regional, especialmente via geração de emprego e renda, devem ser os princípios orientadores básicos das ações direcionadas ao biodiesel, o que implica dizer que sua produção e consumo devem ser promovidos de forma descentralizada e não-excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias-primas utilizadas.
O Programa Federal Fome Zero criou o Bolsa Família, um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza. Os benefícios diretos concedidos pelo governo são de até R$ 95,00 mensais por família. Se essas famílias forem incluídas no programa de biodiesel, pode haver uma economia de US$ 18,4 milhões de subsídios diretos que deixarão de ser pagos através da geração de empregos.
A substituição de 1% de diesel mineral por biodiesel, segundo o programa de inclusão social pelo uso do biocombustível do governo, gera uma externalidades positiva de quase US$ 100 milhões em emprego e renda, que deve ser comparada à renúncia tributária subsidiada para dar competitividade ao produto.
Empregos e oleaginosas
O agronegócio da soja gera empregos diretos para 4,7 milhões de pessoas em diversos segmentos, de insumos, produção, transporte, processamento e distribuição, e nas cadeias produtivas de suínos e aves. Trata-se de uma produção de 52 milhões de toneladas em 20 milhões de hectares, no total, diretos e indiretos, quatro hectares por pessoa.
O dendê (palma) é muito pouco explorado no Brasil. Na Malásia viabilizou a reforma agrária. As áreas de maiores aptidões estão mapeadas pela Embrapa. Existe uma área de 69,9 milhões de ha com alta/média aptidão para o cultivo do dendê (áreas de floresta amazônica degradadas
Para o dendê e mamona, os números de empregos diretos, e somente na produção agrícola (sem envolver toda a cadeia produtiva), são os seguintes: um exemplo para dendê, com 33 mil hectares plantados e 25 mil em produção, utiliza 3 mil empregos diretos. Na agricultura familiar “assistida”, o dendê conta com uma família para 10 hectares. Já os assentamentos previstos para mamona consideram um trabalhador para cada 10-15 há (também apenas para a produção agrícola).
No Semi-Árido, a renda anual líquida de uma família a partir do cultivo de cinco hectares com mamona e uma produção média entre 700 e 1,2 mil quilos por hectare, pode variar entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil.
A área pode ser consorciada com outras culturas, como o feijão e o milho. Levantamentos indicam que, na safra 2004/05, 84 mil hectares serão cultivados com oleaginosas por agricultores familiares para a produção de biodiesel, dos quais 59 mil estão localizados no Nordeste. O cultivo da área total envolve 33 mil famílias, das quais 29 mil do Nordeste.
O Brasil possui 17 milhões de hectares de floresta nativa de babaçu, onde predomina o trabalho das mulheres (quebradeiras de coco) dentro de um sistema de exclusão social (renda de R$ 3,00/ dia, além de doenças ocupacionais). Estas florestas têm sido objeto de devastação para uso da terra para outros fins, devido à baixa renda auferida pela coleta de coco.
Agricultura familiar
Os agricultores familiares são definidos, segundo o Manual Operacional do Crédito Rural Pronaf (2002), como sendo os produtores rurais que atendem aos seguintes requisitos:
• Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma Agrária;
• Residam na propriedade ou em local próximo;
• Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos fiscais de terra, quantificados conforme a legislação em vigor;
• No mínimo 80% (oitenta por cento) da renda bruta familiar devem ser provenientes da exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento;
• A base da exploração do estabelecimento deve ser o trabalho familiar.
O Brasil possui cerca de 4,13 milhões de agricultores familiares e representam 85,2% dos estabelecimentos rurais do país.
Destes, 49,6% situa-se na região Nordeste, sendo os mais pobres. Existem 475.779 assentados no país, em 6067 assentamentos.
A agricultura familiar representa mais de 84% dos imóveis rurais do país. Ao redor de 4,1 milhões de estabelecimentos. Os agricultores familiares são responsáveis por aproximadamente 40% do valor bruto da produção agropecuária, 80% das ocupações produtivas agropecuárias e parcela significativa dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros, como o feijão (70%); a mandioca (84%); a carne de suínos (58%); de leite (54%); de milho (49%); e de aves e ovos (40%).
Estes produtores têm sofrido ao longo dos anos um processo de redução nas suas rendas, chegando à exclusão de trabalhadores rurais de ao redor de 100.000 propriedades agrícolas por ano, de 1985 a 1995 (IBGE, Censo Agropecuário 1995/96). Boa parcela deste processo de empobrecimento pode ser explicada pela pouca oferta e pela baixa qualidade dos serviços públicos voltados para os mesmos, os quais poderiam viabilizar a inclusão socioeconômica destes agricultores. Isso levou, no passado, a aceitar como uma realidade lamentável, que os agricultores familiares são construções sociais cujo alcance depende dos projetos em que se envolvem e das forças que são capazes de mobilizar para implementá-los.
Essa situação, derivada do seu incipiente nível organizacional, das limitações de suas bases produtivas e das formas de comercialização, entretanto, está sendo revertida pelo MDA – que tem como área de competência a Reforma Agrária e o PRONAF – buscando, na sua missão, criar oportunidades para que as populações rurais alcancem plena cidadania, e tendo em vista a visão de futuro de ser referência internacional de soluções de inclusão social.
Estratégia de implementação do Programa
Considerando a diretriz básica do Governo Federal de favorecer a inclusão social e os aspectos de regionalização, propõe-se:
a) começar o programa de produção e uso racional de biodiesel nas regiões do país a partir da produção de óleos vegetais das espécies mais apropriadas e consolidadas localmente, para atender uma demanda de B5.
b) As ações de governo precisam ser priorizadas para a região Nordeste por concentrar o maior número de agricultores familiares e para a região Norte pelo potencial da terra, especialmente em função da possibilidade de aproveitamento de áreas degradadas.
c) Independente da região, é importante que o programa seja orientativo e não mandatório, em função de serem as demandas diferenciadas nas diversas regiões do país, a fim de se evitar uma “corrida” ao mercado, que provocaria uma utilização desordenada da terra, concentração da produção e maior exclusão social.
d) Importante também é se possibilitar a inserção no mercado de pequenas e médias empresas beneficiadoras descentralizadas, principalmente cooperativas. Essas empresas podem negociar o farelo resultante do processamento diretamente aos agricultores e também podem ser feitas operações de permuta entre o biodiesel e os grãos.
e) A apropriação da etapa de esmagamento dos grãos pelos agricultores associados é importante, pois este irá auferir um maior preço ao óleo (seu preço é cerca de 4 vezes superior ao do grão que lhe deu origem) e também irá integrar o farelo (torta) na propriedade, diminuindo seus custos de produção e aumentando a oferta de proteína de origem animal, o que melhora o padrão nutricional da população.
f) Para a produção de oleaginosas para o biodiesel para cada região é preciso considerar que dentro de uma mesma região muitas espécies se adaptam e, portanto, essa diversidade precisa ser contemplada. Por exemplo, a região Norte pode produzir dendê, pinhão manso, pupunha, buriti etc. A região Nordeste tem grande aptidão para a mamona, mas o pinhão manso é também adaptado, o babaçu é um potencial do Maranhão e a soja já está ganhando áreas do cerrado no Maranhão e no Piauí, além de já estar consolidada na Bahia.
g) A agricultura familiar é capaz de atender plenamente às demanda no cenário proposto desde que haja acesso ao mercado de biodiesel e, principalmente, a credibilidade no programa.
Recomendações
Para o biodiesel configurar-se como, de fato, um programa de energia renovável pautado na inclusão social e na regionalização do desenvolvimento, é necessário contemplar os seguintes pontos:
a) Trabalhar o conceito- ação do biodiesel de modo a possibilitar a inserção gradativa de várias tecnologias de geração de energia a partir da biomassa;
b) Ser precedido de uma estratégia de descentralização da produção, da industrialização e da distribuição.
c) Garantir o acesso da agricultura familiar ao mercado do biodiesel;
d) É importante propiciar mecanismos de compra direta à indústria e também relações de permuta, bem como possibilitar a regionalização da produção e do consumo, independente da política das distribuidoras;
e) Possibilitar a utilização de quaisquer rotas tecnológicas que conduzam a produtos dentro de padrões de qualidade aceitáveis (inclusive, considerar os padrões a serem estabelecidos para o combustível vegetal obtido por craqueamento);
f) Trabalhar os padrões de identidade e qualidade de maneira a não excluir quaisquer matérias-primas;
g) Priorização do conjunto de políticas públicas (financiamento, assistência técnica e extensão rural – ATER, de uso da terra e de apoio à comercialização) voltadas à produção de biodiesel a partir da agricultura familiar e dos assentados da Reforma Agrária;
h) Mercado institucional (abastecimento de órgãos públicos e transporte coletivo, p.ex.) priorizado à Agricultura Familiar e assentado.
Benefícios sociais
O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar sustentação a um imenso programa de geração de emprego e renda a partir da produção do biodiesel.
Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades mostram que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem gerar em torno de 45 mil empregos no campo, com uma renda média anual de aproximadamente R$4.900,00 por emprego. Admitindo-se que para 1 emprego no campo são gerados 3 empregos na cidade, seriam criados, então, 180 mil empregos. Numa hipótese otimista de 6% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados mais de 1 milhão de empregos. Faz-se, a seguir, uma comparação entre a criação de postos de trabalho na agricultura empresarial e na familiar. Na agricultura empresarial, em média, emprega-se 1 trabalhador para cada 100 hectares cultivados, enquanto que na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador. A cada 1% de participação deste segmento no mercado de biodiesel, é necessários recursos da ordem de R$ 220 milhões por ano, os quais proporcionam acréscimo de renda bruta anual ao redor de R$ 470 milhões. Cada R$ 1,00 aplicado na agricultura familiar gera R$ 2,13 adicionais na renda bruta anual, o que significa que a renda familiar dobraria com a participação no mercado de biodiesel. Os dados mostram claramente a importância de priorizar a agricultura familiar na produção de biodiesel.
A produção de oleaginosas em lavouras familiares faz com que o biodiesel seja uma alternativa importante para a erradicação da miséria no país, pela possibilidade de ocupação de enormes contingentes de pessoas. Na região semi-árida nordestina vivem mais de 2 milhões de famílias em péssimas condições de vida. A inclusão social e o desenvolvimento regional, especialmente via geração de emprego e renda, devem ser os princípios orientadores básicos das ações direcionadas ao biodiesel, o que implica dizer que sua produção e consumo devem ser promovidos de forma descentralizada e não-excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias-primas utilizadas.
O Programa Federal Fome Zero criou o Bolsa Família, um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza. Os benefícios diretos concedidos pelo governo são de até R$ 95,00 mensais por família. Se essas famílias forem incluídas no programa de biodiesel, pode haver uma economia de US$ 18,4 milhões de subsídios diretos que deixarão de ser pagos através da geração de empregos.
A substituição de 1% de diesel mineral por biodiesel, segundo o programa de inclusão social pelo uso do biocombustível do governo, gera uma externalidades positiva de quase US$ 100 milhões em emprego e renda, que deve ser comparada à renúncia tributária subsidiada para dar competitividade ao produto.
Empregos e oleaginosas
O agronegócio da soja gera empregos diretos para 4,7 milhões de pessoas em diversos segmentos, de insumos, produção, transporte, processamento e distribuição, e nas cadeias produtivas de suínos e aves. Trata-se de uma produção de 52 milhões de toneladas em 20 milhões de hectares, no total, diretos e indiretos, quatro hectares por pessoa.
O dendê (palma) é muito pouco explorado no Brasil. Na Malásia viabilizou a reforma agrária. As áreas de maiores aptidões estão mapeadas pela Embrapa. Existe uma área de 69,9 milhões de ha com alta/média aptidão para o cultivo do dendê (áreas de floresta amazônica degradadas
Para o dendê e mamona, os números de empregos diretos, e somente na produção agrícola (sem envolver toda a cadeia produtiva), são os seguintes: um exemplo para dendê, com 33 mil hectares plantados e 25 mil em produção, utiliza 3 mil empregos diretos. Na agricultura familiar “assistida”, o dendê conta com uma família para 10 hectares. Já os assentamentos previstos para mamona consideram um trabalhador para cada 10-15 há (também apenas para a produção agrícola).
No Semi-Árido, a renda anual líquida de uma família a partir do cultivo de cinco hectares com mamona e uma produção média entre 700 e 1,2 mil quilos por hectare, pode variar entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil.
A área pode ser consorciada com outras culturas, como o feijão e o milho. Levantamentos indicam que, na safra 2004/05, 84 mil hectares serão cultivados com oleaginosas por agricultores familiares para a produção de biodiesel, dos quais 59 mil estão localizados no Nordeste. O cultivo da área total envolve 33 mil famílias, das quais 29 mil do Nordeste.
O Brasil possui 17 milhões de hectares de floresta nativa de babaçu, onde predomina o trabalho das mulheres (quebradeiras de coco) dentro de um sistema de exclusão social (renda de R$ 3,00/ dia, além de doenças ocupacionais). Estas florestas têm sido objeto de devastação para uso da terra para outros fins, devido à baixa renda auferida pela coleta de coco.
Agricultura familiar
Os agricultores familiares são definidos, segundo o Manual Operacional do Crédito Rural Pronaf (2002), como sendo os produtores rurais que atendem aos seguintes requisitos:
• Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma Agrária;
• Residam na propriedade ou em local próximo;
• Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos fiscais de terra, quantificados conforme a legislação em vigor;
• No mínimo 80% (oitenta por cento) da renda bruta familiar devem ser provenientes da exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento;
• A base da exploração do estabelecimento deve ser o trabalho familiar.
O Brasil possui cerca de 4,13 milhões de agricultores familiares e representam 85,2% dos estabelecimentos rurais do país.
Destes, 49,6% situa-se na região Nordeste, sendo os mais pobres. Existem 475.779 assentados no país, em 6067 assentamentos.
A agricultura familiar representa mais de 84% dos imóveis rurais do país. Ao redor de 4,1 milhões de estabelecimentos. Os agricultores familiares são responsáveis por aproximadamente 40% do valor bruto da produção agropecuária, 80% das ocupações produtivas agropecuárias e parcela significativa dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros, como o feijão (70%); a mandioca (84%); a carne de suínos (58%); de leite (54%); de milho (49%); e de aves e ovos (40%).
Estes produtores têm sofrido ao longo dos anos um processo de redução nas suas rendas, chegando à exclusão de trabalhadores rurais de ao redor de 100.000 propriedades agrícolas por ano, de 1985 a 1995 (IBGE, Censo Agropecuário 1995/96). Boa parcela deste processo de empobrecimento pode ser explicada pela pouca oferta e pela baixa qualidade dos serviços públicos voltados para os mesmos, os quais poderiam viabilizar a inclusão socioeconômica destes agricultores. Isso levou, no passado, a aceitar como uma realidade lamentável, que os agricultores familiares são construções sociais cujo alcance depende dos projetos em que se envolvem e das forças que são capazes de mobilizar para implementá-los.
Essa situação, derivada do seu incipiente nível organizacional, das limitações de suas bases produtivas e das formas de comercialização, entretanto, está sendo revertida pelo MDA – que tem como área de competência a Reforma Agrária e o PRONAF – buscando, na sua missão, criar oportunidades para que as populações rurais alcancem plena cidadania, e tendo em vista a visão de futuro de ser referência internacional de soluções de inclusão social.
Estratégia de implementação do Programa
Considerando a diretriz básica do Governo Federal de favorecer a inclusão social e os aspectos de regionalização, propõe-se:
a) começar o programa de produção e uso racional de biodiesel nas regiões do país a partir da produção de óleos vegetais das espécies mais apropriadas e consolidadas localmente, para atender uma demanda de B5.
b) As ações de governo precisam ser priorizadas para a região Nordeste por concentrar o maior número de agricultores familiares e para a região Norte pelo potencial da terra, especialmente em função da possibilidade de aproveitamento de áreas degradadas.
c) Independente da região, é importante que o programa seja orientativo e não mandatório, em função de serem as demandas diferenciadas nas diversas regiões do país, a fim de se evitar uma “corrida” ao mercado, que provocaria uma utilização desordenada da terra, concentração da produção e maior exclusão social.
d) Importante também é se possibilitar a inserção no mercado de pequenas e médias empresas beneficiadoras descentralizadas, principalmente cooperativas. Essas empresas podem negociar o farelo resultante do processamento diretamente aos agricultores e também podem ser feitas operações de permuta entre o biodiesel e os grãos.
e) A apropriação da etapa de esmagamento dos grãos pelos agricultores associados é importante, pois este irá auferir um maior preço ao óleo (seu preço é cerca de 4 vezes superior ao do grão que lhe deu origem) e também irá integrar o farelo (torta) na propriedade, diminuindo seus custos de produção e aumentando a oferta de proteína de origem animal, o que melhora o padrão nutricional da população.
f) Para a produção de oleaginosas para o biodiesel para cada região é preciso considerar que dentro de uma mesma região muitas espécies se adaptam e, portanto, essa diversidade precisa ser contemplada. Por exemplo, a região Norte pode produzir dendê, pinhão manso, pupunha, buriti etc. A região Nordeste tem grande aptidão para a mamona, mas o pinhão manso é também adaptado, o babaçu é um potencial do Maranhão e a soja já está ganhando áreas do cerrado no Maranhão e no Piauí, além de já estar consolidada na Bahia.
g) A agricultura familiar é capaz de atender plenamente às demanda no cenário proposto desde que haja acesso ao mercado de biodiesel e, principalmente, a credibilidade no programa.
Recomendações
Para o biodiesel configurar-se como, de fato, um programa de energia renovável pautado na inclusão social e na regionalização do desenvolvimento, é necessário contemplar os seguintes pontos:
a) Trabalhar o conceito- ação do biodiesel de modo a possibilitar a inserção gradativa de várias tecnologias de geração de energia a partir da biomassa;
b) Ser precedido de uma estratégia de descentralização da produção, da industrialização e da distribuição.
c) Garantir o acesso da agricultura familiar ao mercado do biodiesel;
d) É importante propiciar mecanismos de compra direta à indústria e também relações de permuta, bem como possibilitar a regionalização da produção e do consumo, independente da política das distribuidoras;
e) Possibilitar a utilização de quaisquer rotas tecnológicas que conduzam a produtos dentro de padrões de qualidade aceitáveis (inclusive, considerar os padrões a serem estabelecidos para o combustível vegetal obtido por craqueamento);
f) Trabalhar os padrões de identidade e qualidade de maneira a não excluir quaisquer matérias-primas;
g) Priorização do conjunto de políticas públicas (financiamento, assistência técnica e extensão rural – ATER, de uso da terra e de apoio à comercialização) voltadas à produção de biodiesel a partir da agricultura familiar e dos assentados da Reforma Agrária;
h) Mercado institucional (abastecimento de órgãos públicos e transporte coletivo, p.ex.) priorizado à Agricultura Familiar e assentado.
Agricultura Familiar, Emprego e o Lado Social do Biodiesel
As grandes motivações para a produção de biodiesel são os benefícios sociais e ambientais que esse novo combustível pode trazer. Contudo, em razão dos diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social dos países, esses benefícios devem ser considerados diferentemente.
Benefícios sociais
O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar sustentação a um imenso programa de geração de emprego e renda a partir da produção do biodiesel.
Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades mostram que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem ser gerados em torno de 45 mil empregos no campo, com uma renda média anual de aproximadamente R$4.900,00 por emprego. Admitindo-se que para 1 emprego no campo são gerados 3 empregos na cidade, seriam criados, então, 180 mil empregos. Numa hipótese otimista de 6% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados mais de 1 milhão de empregos. Faz-se, a seguir, uma comparação entre a criação de postos de trabalho na agricultura empresarial e na familiar. Na agricultura empresarial, em média, emprega-se 1 trabalhador para cada 100 hectares cultivados, enquanto que na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador. A cada 1% de participação deste segmento no mercado de biodiesel, é necessários recursos da ordem de R$ 220 milhões por ano, os quais proporcionam acréscimo de renda bruta anual ao redor de R$ 470 milhões. Ou seja, cada R$ 1,00 aplicado na agricultura familiar gera R$ 2,13 adicionais na renda bruta anual, o que significa que a renda familiar dobraria com a participação no mercado de biodiesel. Os dados acima mostram claramente a importância de priorizar a agricultura familiar na produção de biodiesel.
A produção de oleaginosas em lavouras familiares faz com que o biodiesel seja uma alternativa importante para a erradicação da miséria no país, pela possibilidade de ocupação de enormes contingentes de pessoas. Na região semi-árida nordestina vivem mais de 2 milhões de famílias em péssimas condições de vida. A inclusão social e o desenvolvimento regional, especialmente via geração de emprego e renda, devem ser os princípios orientadores básicos das ações direcionadas ao biodiesel, o que implica dizer que sua produção e consumo devem ser promovidos de forma descentralizada e não-excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias-primas utilizadas.
O Programa Fome Zero da Presidência da República criou o Bolsa Família, um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza. Os benefícios diretos concedidos pelo governo são de até R$ 95,00 mensais por família. Se essas famílias forem incluídas no programa de biodiesel, pode haver uma economia de US$ 18,4 milhões de subsídios diretos que deixarão de ser pagos através da geração de empregos.
Com isso, a substituição de 1% de diesel mineral por biodiesel, segundo o programa de inclusão social pelo uso do biocombustível do governo, gera uma externalidades positiva de quase US$ 100 milhões em emprego e renda, que deve ser comparada à renúncia tributária subsidiada para dar competitividade ao produto.
Empregos e oleaginosas
O agronegócio da soja gera empregos diretos para 4,7 milhões de pessoas em diversos segmentos, de insumos, produção, transporte, processamento e distribuição, e nas cadeias produtivas de suínos e aves. Trata-se de uma produção de 52 milhões de toneladas em 20 milhões de hectares, no total, diretos e indiretos, quatro hectares por pessoa.
O dendê (palma) é muito pouco explorado no Brasil. Na Malásia viabilizou a reforma agrária. As áreas de maiores aptidões estão mapeadas pela Embrapa. Existe uma área de 69,9 milhões de ha com alta/média aptidão para o cultivo do dendê (áreas de floresta amazônica degradadas
Para o dendê e mamona, os números de empregos diretos, e somente na produção agrícola (sem envolver toda a cadeia produtiva), são os seguintes: um exemplo para dendê, com 33 mil hectares plantados e 25 mil em produção, utiliza 3 mil empregos diretos. Na agricultura familiar “assistida”, o dendê conta com uma família para 10 hectares. Já os assentamentos previstos para mamona consideram um trabalhador para cada 10-15 há (também apenas para a produção agrícola).
No Semi-Árido, por exemplo, a renda anual líquida de uma família a partir do cultivo de cinco hectares com mamona e uma produção média entre 700 e 1,2 mil quilos por hectare, pode variar entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil.
Além disso, a área pode ser consorciada com outras culturas, como o feijão e o milho. Levantamentos indicam que, na safra 2004/05, 84 mil hectares serão cultivados com oleaginosas por agricultores familiares para a produção de biodiesel, dos quais 59 mil estão localizados no Nordeste. O cultivo da área total envolve 33 mil famílias, das quais 29 mil do Nordeste.
O Brasil possui 17 milhões de hectares de floresta nativa de babaçu, onde predomina o trabalho das mulheres (quebradeiras de coco) dentro de um sistema de exclusão social (renda de R$ 3,00/ dia, além de doenças ocupacionais). Estas florestas têm sido objeto de devastação para uso da terra para outros fins, devido à baixa renda auferida pela coleta de coco.
Agricultura familiar
Os agricultores familiares são definidos, segundo o Manual Operacional do Crédito Rural Pronaf (2002), como sendo os produtores rurais que atendem aos seguintes requisitos:
• Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma Agrária;
• Residam na propriedade ou em local próximo;
• Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos fiscais de terra, quantificados conforme a legislação em vigor;
• No mínimo 80% (oitenta por cento) da renda bruta familiar devem ser provenientes da exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento;
• A base da exploração do estabelecimento deve ser o trabalho familiar.
O Brasil possui cerca de 4,13 milhões de agricultores familiares e representam 85,2% dos estabelecimentos rurais do país.
Destes, 49,6% situa-se na região Nordeste, sendo os mais pobres. Existem 475.779 assentados no país, em 6067 assentamentos.
A agricultura familiar representa mais de 84% dos imóveis rurais do país. Ao redor de 4,1 milhões de estabelecimentos. Os agricultores familiares são responsáveis por aproximadamente 40% do valor bruto da produção agropecuária, 80% das ocupações produtivas agropecuárias e parcela significativa dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros, como o feijão (70%); a mandioca (84%); a carne de suínos (58%); de leite (54%); de milho (49%); e de aves e ovos (40%).
Estes produtores têm sofrido ao longo dos anos um processo de redução nas suas rendas, chegando à exclusão de trabalhadores rurais de ao redor de 100.000 propriedades agrícolas por ano, de 1985 a 1995 (IBGE, Censo Agropecuário 1995/96). Boa parcela deste processo de empobrecimento pode ser explicada pela pouca oferta e pela baixa qualidade dos serviços públicos voltados para os mesmos, os quais poderiam viabilizar a inclusão socioeconômica destes agricultores. Isso levou, no passado, a aceitar como uma realidade lamentável, que os agricultores familiares são construções sociais cujo alcance depende dos projetos em que se envolvem e das forças que são capazes de mobilizar para implementá-los.
Essa situação, derivada do seu incipiente nível organizacional, das limitações de suas bases produtivas e das formas de comercialização, entretanto, está sendo revertida pelo MDA – que tem como área de competência a Reforma Agrária e o PRONAF – buscando, na sua missão, criar oportunidades para que as populações rurais alcancem plena cidadania, e tendo em vista a visão de futuro de ser referência internacional de soluções de inclusão social.
Estratégia de implementação do Programa
Considerando a diretriz básica do Governo Federal de favorecer a inclusão social e os aspectos de regionalização, propõe-se:
a) começar o programa de produção e uso racional de biodiesel em todas as regiões do país a partir da produção de óleos vegetais das espécies mais apropriadas e consolidadas localmente, para atender uma demanda de B5.
b) As ações de governo precisam ser priorizadas para a região Nordeste por concentrar o maior número de agricultores familiares e para a região Norte pelo potencial da terra, especialmente em função da possibilidade de aproveitamento de áreas degradadas.
c) Independente da região, é importante que o programa seja orientativo e não mandatório, em função de serem as demandas diferenciadas nas diversas regiões do país, a fim de se evitar uma “corrida” ao mercado, que provocaria uma utilização desordenada da terra, concentração da produção e maior exclusão social.
d) Importante também é se possibilitar a inserção no mercado de pequenas e médias empresas beneficiadoras descentralizadas, principalmente cooperativas. Essas empresas podem negociar o farelo resultante do processamento diretamente aos agricultores e também podem ser feitas operações de permuta entre o biodiesel e os grãos.
e) A apropriação da etapa de esmagamento dos grãos pelos agricultores associados é importante, pois este irá auferir um maior preço ao óleo (seu preço é cerca de 4 vezes superior ao do grão que lhe deu origem) e também irá integrar o farelo (torta) na propriedade, diminuindo seus custos de produção e aumentando a oferta de proteína de origem animal, o que melhora o padrão nutricional da população.
f) Para a produção de oleaginosas para o biodiesel para cada região é preciso considerar que dentro de uma mesma região muitas espécies se adaptam e, portanto, essa diversidade precisa ser contemplada. Por exemplo, a região Norte pode produzir dendê, pinhão manso, pupunha, buriti etc. A região Nordeste tem grande aptidão para a mamona, mas o pinhão manso é também adaptado, o babaçu é um potencial do Maranhão e a soja já está ganhando áreas do cerrado no Maranhão e no Piauí, além de já estar consolidada na Bahia.
g) A agricultura familiar é capaz de atender plenamente às demanda no cenário proposto desde que haja acesso ao mercado de biodiesel e, principalmente, a credibilidade no programa.
Recomendações
Para o biodiesel configurar-se como, de fato, um programa de energia renovável pautado na inclusão social e na regionalização do desenvolvimento, é necessário contemplar os seguintes pontos:
a) Trabalhar o conceito- ação do biodiesel de modo a possibilitar a inserção gradativa de várias tecnologias de geração de energia a partir da biomassa;
b) Ser precedido de uma estratégia de descentralização da produção, da industrialização e da distribuição.
c) Garantir o acesso da agricultura familiar ao mercado do biodiesel;
d) É importante propiciar mecanismos de compra direta à indústria e também relações de permuta, bem como possibilitar a regionalização da produção e do consumo, independente da política das distribuidoras;
e) Possibilitar a utilização de quaisquer rotas tecnológicas que conduzam a produtos dentro de padrões de qualidade aceitáveis (inclusive, considerar os padrões a serem estabelecidos para o combustível vegetal obtido por craqueamento);
f) Trabalhar os padrões de identidade e qualidade de maneira a não excluir quaisquer matérias-primas;
g) Priorização do conjunto de políticas públicas (financiamento, assistência técnica e extensão rural – ATER, de uso da terra e de apoio à comercialização) voltadas à produção de biodiesel a partir da agricultura familiar e dos assentados da Reforma Agrária;
h) Mercado institucional (abastecimento de órgãos públicos e transporte coletivo, p.ex.) priorizado à Agricultura Familiar e assentado.
Benefícios sociais
O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar sustentação a um imenso programa de geração de emprego e renda a partir da produção do biodiesel.
Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades mostram que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem ser gerados em torno de 45 mil empregos no campo, com uma renda média anual de aproximadamente R$4.900,00 por emprego. Admitindo-se que para 1 emprego no campo são gerados 3 empregos na cidade, seriam criados, então, 180 mil empregos. Numa hipótese otimista de 6% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados mais de 1 milhão de empregos. Faz-se, a seguir, uma comparação entre a criação de postos de trabalho na agricultura empresarial e na familiar. Na agricultura empresarial, em média, emprega-se 1 trabalhador para cada 100 hectares cultivados, enquanto que na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador. A cada 1% de participação deste segmento no mercado de biodiesel, é necessários recursos da ordem de R$ 220 milhões por ano, os quais proporcionam acréscimo de renda bruta anual ao redor de R$ 470 milhões. Ou seja, cada R$ 1,00 aplicado na agricultura familiar gera R$ 2,13 adicionais na renda bruta anual, o que significa que a renda familiar dobraria com a participação no mercado de biodiesel. Os dados acima mostram claramente a importância de priorizar a agricultura familiar na produção de biodiesel.
A produção de oleaginosas em lavouras familiares faz com que o biodiesel seja uma alternativa importante para a erradicação da miséria no país, pela possibilidade de ocupação de enormes contingentes de pessoas. Na região semi-árida nordestina vivem mais de 2 milhões de famílias em péssimas condições de vida. A inclusão social e o desenvolvimento regional, especialmente via geração de emprego e renda, devem ser os princípios orientadores básicos das ações direcionadas ao biodiesel, o que implica dizer que sua produção e consumo devem ser promovidos de forma descentralizada e não-excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias-primas utilizadas.
O Programa Fome Zero da Presidência da República criou o Bolsa Família, um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza. Os benefícios diretos concedidos pelo governo são de até R$ 95,00 mensais por família. Se essas famílias forem incluídas no programa de biodiesel, pode haver uma economia de US$ 18,4 milhões de subsídios diretos que deixarão de ser pagos através da geração de empregos.
Com isso, a substituição de 1% de diesel mineral por biodiesel, segundo o programa de inclusão social pelo uso do biocombustível do governo, gera uma externalidades positiva de quase US$ 100 milhões em emprego e renda, que deve ser comparada à renúncia tributária subsidiada para dar competitividade ao produto.
Empregos e oleaginosas
O agronegócio da soja gera empregos diretos para 4,7 milhões de pessoas em diversos segmentos, de insumos, produção, transporte, processamento e distribuição, e nas cadeias produtivas de suínos e aves. Trata-se de uma produção de 52 milhões de toneladas em 20 milhões de hectares, no total, diretos e indiretos, quatro hectares por pessoa.
O dendê (palma) é muito pouco explorado no Brasil. Na Malásia viabilizou a reforma agrária. As áreas de maiores aptidões estão mapeadas pela Embrapa. Existe uma área de 69,9 milhões de ha com alta/média aptidão para o cultivo do dendê (áreas de floresta amazônica degradadas
Para o dendê e mamona, os números de empregos diretos, e somente na produção agrícola (sem envolver toda a cadeia produtiva), são os seguintes: um exemplo para dendê, com 33 mil hectares plantados e 25 mil em produção, utiliza 3 mil empregos diretos. Na agricultura familiar “assistida”, o dendê conta com uma família para 10 hectares. Já os assentamentos previstos para mamona consideram um trabalhador para cada 10-15 há (também apenas para a produção agrícola).
No Semi-Árido, por exemplo, a renda anual líquida de uma família a partir do cultivo de cinco hectares com mamona e uma produção média entre 700 e 1,2 mil quilos por hectare, pode variar entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil.
Além disso, a área pode ser consorciada com outras culturas, como o feijão e o milho. Levantamentos indicam que, na safra 2004/05, 84 mil hectares serão cultivados com oleaginosas por agricultores familiares para a produção de biodiesel, dos quais 59 mil estão localizados no Nordeste. O cultivo da área total envolve 33 mil famílias, das quais 29 mil do Nordeste.
O Brasil possui 17 milhões de hectares de floresta nativa de babaçu, onde predomina o trabalho das mulheres (quebradeiras de coco) dentro de um sistema de exclusão social (renda de R$ 3,00/ dia, além de doenças ocupacionais). Estas florestas têm sido objeto de devastação para uso da terra para outros fins, devido à baixa renda auferida pela coleta de coco.
Agricultura familiar
Os agricultores familiares são definidos, segundo o Manual Operacional do Crédito Rural Pronaf (2002), como sendo os produtores rurais que atendem aos seguintes requisitos:
• Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma Agrária;
• Residam na propriedade ou em local próximo;
• Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos fiscais de terra, quantificados conforme a legislação em vigor;
• No mínimo 80% (oitenta por cento) da renda bruta familiar devem ser provenientes da exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento;
• A base da exploração do estabelecimento deve ser o trabalho familiar.
O Brasil possui cerca de 4,13 milhões de agricultores familiares e representam 85,2% dos estabelecimentos rurais do país.
Destes, 49,6% situa-se na região Nordeste, sendo os mais pobres. Existem 475.779 assentados no país, em 6067 assentamentos.
A agricultura familiar representa mais de 84% dos imóveis rurais do país. Ao redor de 4,1 milhões de estabelecimentos. Os agricultores familiares são responsáveis por aproximadamente 40% do valor bruto da produção agropecuária, 80% das ocupações produtivas agropecuárias e parcela significativa dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros, como o feijão (70%); a mandioca (84%); a carne de suínos (58%); de leite (54%); de milho (49%); e de aves e ovos (40%).
Estes produtores têm sofrido ao longo dos anos um processo de redução nas suas rendas, chegando à exclusão de trabalhadores rurais de ao redor de 100.000 propriedades agrícolas por ano, de 1985 a 1995 (IBGE, Censo Agropecuário 1995/96). Boa parcela deste processo de empobrecimento pode ser explicada pela pouca oferta e pela baixa qualidade dos serviços públicos voltados para os mesmos, os quais poderiam viabilizar a inclusão socioeconômica destes agricultores. Isso levou, no passado, a aceitar como uma realidade lamentável, que os agricultores familiares são construções sociais cujo alcance depende dos projetos em que se envolvem e das forças que são capazes de mobilizar para implementá-los.
Essa situação, derivada do seu incipiente nível organizacional, das limitações de suas bases produtivas e das formas de comercialização, entretanto, está sendo revertida pelo MDA – que tem como área de competência a Reforma Agrária e o PRONAF – buscando, na sua missão, criar oportunidades para que as populações rurais alcancem plena cidadania, e tendo em vista a visão de futuro de ser referência internacional de soluções de inclusão social.
Estratégia de implementação do Programa
Considerando a diretriz básica do Governo Federal de favorecer a inclusão social e os aspectos de regionalização, propõe-se:
a) começar o programa de produção e uso racional de biodiesel em todas as regiões do país a partir da produção de óleos vegetais das espécies mais apropriadas e consolidadas localmente, para atender uma demanda de B5.
b) As ações de governo precisam ser priorizadas para a região Nordeste por concentrar o maior número de agricultores familiares e para a região Norte pelo potencial da terra, especialmente em função da possibilidade de aproveitamento de áreas degradadas.
c) Independente da região, é importante que o programa seja orientativo e não mandatório, em função de serem as demandas diferenciadas nas diversas regiões do país, a fim de se evitar uma “corrida” ao mercado, que provocaria uma utilização desordenada da terra, concentração da produção e maior exclusão social.
d) Importante também é se possibilitar a inserção no mercado de pequenas e médias empresas beneficiadoras descentralizadas, principalmente cooperativas. Essas empresas podem negociar o farelo resultante do processamento diretamente aos agricultores e também podem ser feitas operações de permuta entre o biodiesel e os grãos.
e) A apropriação da etapa de esmagamento dos grãos pelos agricultores associados é importante, pois este irá auferir um maior preço ao óleo (seu preço é cerca de 4 vezes superior ao do grão que lhe deu origem) e também irá integrar o farelo (torta) na propriedade, diminuindo seus custos de produção e aumentando a oferta de proteína de origem animal, o que melhora o padrão nutricional da população.
f) Para a produção de oleaginosas para o biodiesel para cada região é preciso considerar que dentro de uma mesma região muitas espécies se adaptam e, portanto, essa diversidade precisa ser contemplada. Por exemplo, a região Norte pode produzir dendê, pinhão manso, pupunha, buriti etc. A região Nordeste tem grande aptidão para a mamona, mas o pinhão manso é também adaptado, o babaçu é um potencial do Maranhão e a soja já está ganhando áreas do cerrado no Maranhão e no Piauí, além de já estar consolidada na Bahia.
g) A agricultura familiar é capaz de atender plenamente às demanda no cenário proposto desde que haja acesso ao mercado de biodiesel e, principalmente, a credibilidade no programa.
Recomendações
Para o biodiesel configurar-se como, de fato, um programa de energia renovável pautado na inclusão social e na regionalização do desenvolvimento, é necessário contemplar os seguintes pontos:
a) Trabalhar o conceito- ação do biodiesel de modo a possibilitar a inserção gradativa de várias tecnologias de geração de energia a partir da biomassa;
b) Ser precedido de uma estratégia de descentralização da produção, da industrialização e da distribuição.
c) Garantir o acesso da agricultura familiar ao mercado do biodiesel;
d) É importante propiciar mecanismos de compra direta à indústria e também relações de permuta, bem como possibilitar a regionalização da produção e do consumo, independente da política das distribuidoras;
e) Possibilitar a utilização de quaisquer rotas tecnológicas que conduzam a produtos dentro de padrões de qualidade aceitáveis (inclusive, considerar os padrões a serem estabelecidos para o combustível vegetal obtido por craqueamento);
f) Trabalhar os padrões de identidade e qualidade de maneira a não excluir quaisquer matérias-primas;
g) Priorização do conjunto de políticas públicas (financiamento, assistência técnica e extensão rural – ATER, de uso da terra e de apoio à comercialização) voltadas à produção de biodiesel a partir da agricultura familiar e dos assentados da Reforma Agrária;
h) Mercado institucional (abastecimento de órgãos públicos e transporte coletivo, p.ex.) priorizado à Agricultura Familiar e assentado.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Biodiesel no Mundo
O biodiesel surgiu mundialmente como uma alternativa promissora aos combustíveis minerais, derivados do petróleo. O caráter renovável torna o produto uma fonte importante de energia no longo prazo. Além de outras vantagens.
Os biocombustíveis vêm sendo testados atualmente em várias partes do mundo. Países como Argentina, Estados Unidos, Malásia, Alemanha, França e Itália já produzem biodiesel comercialmente, estimulando o desenvolvimento de escala industrial.
No início dos anos 90, o processo de industrialização do biodiesel foi iniciado na Europa. Portanto, mesmo tendo sido desenvolvido no Brasil, o principal mercado produtor e consumidor de biodiesel em grande escala foi a Europa.
A União Européia produz anualmente mais de 1,35 milhões de toneladas de biodiesel, em cerca de 40 unidades de produção. Isso corresponde a 90% da produção mundial de biodiesel. O governo garante incentivo fiscal aos produtores, além de promover leis específicas para o produto, visando melhoria das condições ambientais através da utilização de fontes de energia mais limpas. A tributação dos combustíveis de petróleo na Europa, inclusive do óleo diesel mineral, é extremamente alta, garantindo a competitividade do biodiesel no mercado.
As refinarias de petróleo da Europa têm buscado a eliminação do enxofre do óleo diesel. Como a lubricidade do óleo diesel mineral dessulfurado diminui muito, a correção tem sido feita pela adição do biodiesel, já que sua lubricidade é extremamente elevada. Esse combustível tem sido designado, por alguns distribuidores europeus, de “Super Diesel”.
No mercado internacional, o Biodiesel produzido tem sido usado em: veículos de passeio, transporte de estrada e off road, frotas cativas, transporte público e geração de eletricidade.
O maior país produtor e consumidor mundial de biodiesel é a Alemanha, responsável por em torno de 42% da produção mundial. Sua produção é feita a partir da colza, produto utilizado principalmente para nitrogenização do solo. A extração do óleo gera farelo protéico, à ração animal. O óleo é distribuído de forma pura, isento de mistura ou aditivos, para a rede de abastecimento de combustíveis compostas por cerca de 1700 postos.
Na Europa foi assinada, em maio/2003, uma Diretiva pelo Parlamento Europeu, visando a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis. A proposta é ter 5,75%% em 2010.
Produção Mundial de Biodiesel
De acordo com a American Biofuels Association, com incentivos dos governos comparados a aqueles que foram dados ao etanol, as venda de biodiesel podem alcançar 7600 milhões de litros por ano ou substituir 8% do consumo de diesel nas rodovias americanas.
Neste nível de penetração de mercado, o biodiesel poderia provavelmente ser usado em frotas de ônibus e caminhões pesados (principalmente em mistura de 20% ao diesel fóssil), navios, construção e máquinas agrícolas, aquecimento residencial, e geração de energia elétrica.
Os biocombustíveis vêm sendo testados atualmente em várias partes do mundo. Países como Argentina, Estados Unidos, Malásia, Alemanha, França e Itália já produzem biodiesel comercialmente, estimulando o desenvolvimento de escala industrial.
No início dos anos 90, o processo de industrialização do biodiesel foi iniciado na Europa. Portanto, mesmo tendo sido desenvolvido no Brasil, o principal mercado produtor e consumidor de biodiesel em grande escala foi a Europa.
A União Européia produz anualmente mais de 1,35 milhões de toneladas de biodiesel, em cerca de 40 unidades de produção. Isso corresponde a 90% da produção mundial de biodiesel. O governo garante incentivo fiscal aos produtores, além de promover leis específicas para o produto, visando melhoria das condições ambientais através da utilização de fontes de energia mais limpas. A tributação dos combustíveis de petróleo na Europa, inclusive do óleo diesel mineral, é extremamente alta, garantindo a competitividade do biodiesel no mercado.
As refinarias de petróleo da Europa têm buscado a eliminação do enxofre do óleo diesel. Como a lubricidade do óleo diesel mineral dessulfurado diminui muito, a correção tem sido feita pela adição do biodiesel, já que sua lubricidade é extremamente elevada. Esse combustível tem sido designado, por alguns distribuidores europeus, de “Super Diesel”.
No mercado internacional, o Biodiesel produzido tem sido usado em: veículos de passeio, transporte de estrada e off road, frotas cativas, transporte público e geração de eletricidade.
O maior país produtor e consumidor mundial de biodiesel é a Alemanha, responsável por em torno de 42% da produção mundial. Sua produção é feita a partir da colza, produto utilizado principalmente para nitrogenização do solo. A extração do óleo gera farelo protéico, à ração animal. O óleo é distribuído de forma pura, isento de mistura ou aditivos, para a rede de abastecimento de combustíveis compostas por cerca de 1700 postos.
Na Europa foi assinada, em maio/2003, uma Diretiva pelo Parlamento Europeu, visando a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis. A proposta é ter 5,75%% em 2010.
Produção Mundial de Biodiesel
De acordo com a American Biofuels Association, com incentivos dos governos comparados a aqueles que foram dados ao etanol, as venda de biodiesel podem alcançar 7600 milhões de litros por ano ou substituir 8% do consumo de diesel nas rodovias americanas.
Neste nível de penetração de mercado, o biodiesel poderia provavelmente ser usado em frotas de ônibus e caminhões pesados (principalmente em mistura de 20% ao diesel fóssil), navios, construção e máquinas agrícolas, aquecimento residencial, e geração de energia elétrica.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Biodiesel no Brasil
O país tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas, por se situar em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e temperaturas médias anuais. Associada a disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas, torna-se o país com maior potencial para produção de energia renovável.
O Brasil explora menos de um terço de sua área agricultável, o que constitui a maior fronteira para expansão agrícola do mundo. O potencial é de cerca de 150 milhões de hectares, sendo 90 milhões referentes à novas fronteiras, e outros 60 referentes a terras de pastagens que podem ser convertidas em exploração agrícola a curto prazo. O Programa Biodiesel visa a utilização apenas de terras inadequadas para o plantio de gêneros alimentícios.
Há também a grande diversidade de opções para produção de biodiesel, tais como a palma e o babaçu no norte, a soja, o girassol e o amendoim nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e a mamona, que além de ser a melhor opção do semi-árido nordestino, apresentam-se também como alternativas às demais regiões do país.
A sinergia entre o complexo oleaginoso e o setor de álcool combustível traz a necessidade do aumento na produção de álcool. A produção de biodiesel consome álcool etílico, através da transesterificação por rota etílica, o que gera incremento da demanda pelo produto. Conseqüentemente, o projeto de biodiesel estimula também o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro, gerando novos investimentos, emprego e renda.
A ANP estima que a atual produção brasileira de biodiesel seja da ordem de 176 milhões de litros anuais.
O atual nível de produção constitui um grande desafio para o cumprimento das metas estabelecidas no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, que necessitará de, aproximadamente, 750 ML em sua fase inicial. Ou seja, a capacidade produtiva atual supre somente 17% da demanda, considerando a mistura B2. Porém, com a aprovação das usinas cuja solicitação tramita na ANP, a capacidade de produção coincide com a demanda prevista para 2006. Esta capacidade terá que ser triplicada até 2012, com a necessidade de adição de 5% de biodiesel ao petrodiesel.
A fim de conferir uma dimensão à perspectiva de expansão da produção de biodiesel no Brasil, foram efetuadas projeções para o período 2005 – 2035. Foram considerados os seguintes parâmetros básicos para efetuar a projeção:a. Taxa geométrica de crescimento do consumo de óleo diesel ou sucedâneos de 3,5% a.a.;
b. Mistura de biodiesel ao óleo diesel iniciando em 2% e finalizando em 40%;
c. Produtividade de óleo iniciando em 600 kg/ha e finalizando em 5.000 kg.ha-1;
d. Considerou-se grande usina aquela que processa acima de 100 kt.ano-1;
e. Parcela da produção alocada a grandes usinas de 80 %;
f. Craqueadores instalados em pequenas comunidades ou propriedades rurais atingindo 100.000 no final do período, com produção média de 250 L.dia-1;
O Brasil poderá produzir apenas para o mercado interno, um volume aproximado de 50 GL, sendo a maior parcela produzida por transesterificação (80%) e o restante por craqueamento. A produção por transesterificação atenderá o grande mercado atacadista, direcionado à mistura com petrodiesel, o abastecimento de frotistas ou de consumidores interessados em aumentar a proporção de biodiesel no petrodiesel.
Estima-se que a produção de biodiesel para os mercados externos e internos, no final do período, será equivalente (Figura 02). Entretanto, nos primeiros 10 anos, o mercado interno absorverá a totalidade da produção. No conjunto do mercado interno e externo, a rota de transesterificação etanólica responderá por 90% do total do biodiesel produzido. Nesse cenário, no final do período, haverá uma demanda de 6 GL de etanol e uma produção 4Mt de glicerol, evidenciando o potencial de integração de cadeias com a produção de biodiesel.
Mercado automotivo e estações estacionárias
O uso do biodiesel pode atender a diferente demanda de mercado, significando uma opção singular para diversas características regionais existentes ao longo do território nacional.
Conceitualmente o biodiesel pode substituir o diesel de origem fóssil em qualquer das suas aplicações. No entanto, a inserção deste combustível na matriz energética brasileira deverá ocorrer de forma gradual e focada em mercados específicos, que garantam a irreversibilidade do processo.
A utilização do biodiesel pode ser dividida em dois mercados distintos, mercado automotivo e usos em estações estacionárias. Cada um destes mercados possui características próprias e podem ser subdivididos em sub mercados.
O mercado de estações estacionárias caracteriza-se basicamente por instalações de geração de energia elétrica, e representam casos específicos e regionalizados.
Tipicamente, pode-se considerar a geração de energia nas localidades não supridas pelo sistema regular nas regiões remotas do País, que em termos dos volumes envolvidos não são significativos, mas podem representar reduções significativas com os custos de transporte e, principalmente, a inclusão social e o resgate da cidadania dessas comunidades.
Outros nichos de mercado para utilização do biodiesel para geração de energia podem ser encontrados na pequena indústria e no comércio, como forma de redução do consumo de energia no horário de ponta, aliado aos aspectos propaganda e marketing.
O mercado automotivo pode ser subdividido em dois grupos, sendo um composto por grandes consumidores com circulação geograficamente restrita, tais como empresas de transportes urbanos, de prestação de serviços municipais, transporte ferroviário e hidroviário entre outras.
A segunda parcela do mercado automotivo caracteriza-se pelo consumo a varejo, com a venda do combustível nos postos de revenda tradicionais. Neste grupo estão incluídos os transportes interestaduais de cargas e passageiros, veículos leves e consumidores em geral.
Demanda Brasileira
Como um sucedâneo do óleo diesel, o mercado potencial para o biodiesel é determinado pelo mercado do derivado de petróleo. A demanda total de óleo diesel no Brasil em 2002 foi da ordem de 39,2 milhões de metros cúbicos, dos quais 76% foram consumidos no setor de transporte, 16% no setor agropecuário e 5% para geração de energia elétrica nos sistemas isolados.
A importação de diesel, em 2002, correspondeu a 16,3% do mercado e significou nos últimos anos um dispêndio anual da ordem de US$ 1,2 bilhão, sem considerar o diesel produzido com petróleo importado, cerca de 8% do total de diesel consumido.
No setor de transporte, 97% da demanda ocorre no modal rodoviário, ou seja caminhões, ônibus e utilitários, já que no Brasil estão proibidos os veículos leves a diesel. Em termos regionais, o consumo de diesel ocorre principalmente na região Sudeste (44%), vindo a seguir o Sul (20%), Nordeste (15%), Centro-Oeste (12%) e Norte (9%). O diesel para consumo veicular no Brasil pode ser o diesel interior, com teor de enxofre de 0,35% ou o diesel metropolitano, com 0,20% de enxofre, que responde por cerca de 30% do mercado.
A geração de energia elétrica nos sistemas isolados da região amazônica consumiu 530 mil metros cúbicos de diesel, distribuídos na geração de 2.079 GWh, no Amazonas (30%), Rondônia (20%), Amapá (16%), Mato Grosso (11%), Pará (11%), Acre (6%), Roraima (3%), além de outros pequenos sistemas em outros estados. Estes números se referem à demanda do serviço público. Existem grandes consumidores privados de diesel para geração de energia elétrica, como as empresas de mineração localizadas na região Norte.
O Brasil explora menos de um terço de sua área agricultável, o que constitui a maior fronteira para expansão agrícola do mundo. O potencial é de cerca de 150 milhões de hectares, sendo 90 milhões referentes à novas fronteiras, e outros 60 referentes a terras de pastagens que podem ser convertidas em exploração agrícola a curto prazo. O Programa Biodiesel visa a utilização apenas de terras inadequadas para o plantio de gêneros alimentícios.
Há também a grande diversidade de opções para produção de biodiesel, tais como a palma e o babaçu no norte, a soja, o girassol e o amendoim nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e a mamona, que além de ser a melhor opção do semi-árido nordestino, apresentam-se também como alternativas às demais regiões do país.
A sinergia entre o complexo oleaginoso e o setor de álcool combustível traz a necessidade do aumento na produção de álcool. A produção de biodiesel consome álcool etílico, através da transesterificação por rota etílica, o que gera incremento da demanda pelo produto. Conseqüentemente, o projeto de biodiesel estimula também o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro, gerando novos investimentos, emprego e renda.
A ANP estima que a atual produção brasileira de biodiesel seja da ordem de 176 milhões de litros anuais.
O atual nível de produção constitui um grande desafio para o cumprimento das metas estabelecidas no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, que necessitará de, aproximadamente, 750 ML em sua fase inicial. Ou seja, a capacidade produtiva atual supre somente 17% da demanda, considerando a mistura B2. Porém, com a aprovação das usinas cuja solicitação tramita na ANP, a capacidade de produção coincide com a demanda prevista para 2006. Esta capacidade terá que ser triplicada até 2012, com a necessidade de adição de 5% de biodiesel ao petrodiesel.
A fim de conferir uma dimensão à perspectiva de expansão da produção de biodiesel no Brasil, foram efetuadas projeções para o período 2005 – 2035. Foram considerados os seguintes parâmetros básicos para efetuar a projeção:a. Taxa geométrica de crescimento do consumo de óleo diesel ou sucedâneos de 3,5% a.a.;
b. Mistura de biodiesel ao óleo diesel iniciando em 2% e finalizando em 40%;
c. Produtividade de óleo iniciando em 600 kg/ha e finalizando em 5.000 kg.ha-1;
d. Considerou-se grande usina aquela que processa acima de 100 kt.ano-1;
e. Parcela da produção alocada a grandes usinas de 80 %;
f. Craqueadores instalados em pequenas comunidades ou propriedades rurais atingindo 100.000 no final do período, com produção média de 250 L.dia-1;
O Brasil poderá produzir apenas para o mercado interno, um volume aproximado de 50 GL, sendo a maior parcela produzida por transesterificação (80%) e o restante por craqueamento. A produção por transesterificação atenderá o grande mercado atacadista, direcionado à mistura com petrodiesel, o abastecimento de frotistas ou de consumidores interessados em aumentar a proporção de biodiesel no petrodiesel.
Estima-se que a produção de biodiesel para os mercados externos e internos, no final do período, será equivalente (Figura 02). Entretanto, nos primeiros 10 anos, o mercado interno absorverá a totalidade da produção. No conjunto do mercado interno e externo, a rota de transesterificação etanólica responderá por 90% do total do biodiesel produzido. Nesse cenário, no final do período, haverá uma demanda de 6 GL de etanol e uma produção 4Mt de glicerol, evidenciando o potencial de integração de cadeias com a produção de biodiesel.
Mercado automotivo e estações estacionárias
O uso do biodiesel pode atender a diferente demanda de mercado, significando uma opção singular para diversas características regionais existentes ao longo do território nacional.
Conceitualmente o biodiesel pode substituir o diesel de origem fóssil em qualquer das suas aplicações. No entanto, a inserção deste combustível na matriz energética brasileira deverá ocorrer de forma gradual e focada em mercados específicos, que garantam a irreversibilidade do processo.
A utilização do biodiesel pode ser dividida em dois mercados distintos, mercado automotivo e usos em estações estacionárias. Cada um destes mercados possui características próprias e podem ser subdivididos em sub mercados.
O mercado de estações estacionárias caracteriza-se basicamente por instalações de geração de energia elétrica, e representam casos específicos e regionalizados.
Tipicamente, pode-se considerar a geração de energia nas localidades não supridas pelo sistema regular nas regiões remotas do País, que em termos dos volumes envolvidos não são significativos, mas podem representar reduções significativas com os custos de transporte e, principalmente, a inclusão social e o resgate da cidadania dessas comunidades.
Outros nichos de mercado para utilização do biodiesel para geração de energia podem ser encontrados na pequena indústria e no comércio, como forma de redução do consumo de energia no horário de ponta, aliado aos aspectos propaganda e marketing.
O mercado automotivo pode ser subdividido em dois grupos, sendo um composto por grandes consumidores com circulação geograficamente restrita, tais como empresas de transportes urbanos, de prestação de serviços municipais, transporte ferroviário e hidroviário entre outras.
A segunda parcela do mercado automotivo caracteriza-se pelo consumo a varejo, com a venda do combustível nos postos de revenda tradicionais. Neste grupo estão incluídos os transportes interestaduais de cargas e passageiros, veículos leves e consumidores em geral.
Demanda Brasileira
Como um sucedâneo do óleo diesel, o mercado potencial para o biodiesel é determinado pelo mercado do derivado de petróleo. A demanda total de óleo diesel no Brasil em 2002 foi da ordem de 39,2 milhões de metros cúbicos, dos quais 76% foram consumidos no setor de transporte, 16% no setor agropecuário e 5% para geração de energia elétrica nos sistemas isolados.
A importação de diesel, em 2002, correspondeu a 16,3% do mercado e significou nos últimos anos um dispêndio anual da ordem de US$ 1,2 bilhão, sem considerar o diesel produzido com petróleo importado, cerca de 8% do total de diesel consumido.
No setor de transporte, 97% da demanda ocorre no modal rodoviário, ou seja caminhões, ônibus e utilitários, já que no Brasil estão proibidos os veículos leves a diesel. Em termos regionais, o consumo de diesel ocorre principalmente na região Sudeste (44%), vindo a seguir o Sul (20%), Nordeste (15%), Centro-Oeste (12%) e Norte (9%). O diesel para consumo veicular no Brasil pode ser o diesel interior, com teor de enxofre de 0,35% ou o diesel metropolitano, com 0,20% de enxofre, que responde por cerca de 30% do mercado.
A geração de energia elétrica nos sistemas isolados da região amazônica consumiu 530 mil metros cúbicos de diesel, distribuídos na geração de 2.079 GWh, no Amazonas (30%), Rondônia (20%), Amapá (16%), Mato Grosso (11%), Pará (11%), Acre (6%), Roraima (3%), além de outros pequenos sistemas em outros estados. Estes números se referem à demanda do serviço público. Existem grandes consumidores privados de diesel para geração de energia elétrica, como as empresas de mineração localizadas na região Norte.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
História e Biodiesel
Em 1859 foi descoberto petróleo na Pensilvânia tendo sido utilizado principalmente para produção de querosene de iluminação.
Durante a Exposição Mundial de Paris, em 1900, um motor diesel foi apresentado ao público funcionando com óleo de amendoim. Os primeiros motores tipo diesel eram de injeção indireta. Tais motores eram alimentados por petróleo filtrado, óleos vegetais e até mesmo por óleos de peixe.
O combustível especificado como "óleo diesel" somente surgiu com o advento dos motores diesel de injeção direta, sem pré-câmara. A disseminação desses motores se deu na década de 50, com a forte motivação de rendimento muito maior, resultando em baixos consumos de combustível. Além dos baixos níveis de consumos específicos, motor diesel moderno produz emissões, de certa forma aceitáveis, dentro de padrões estabelecidos.
Historicamente, o uso direto de óleos vegetais como combustível foi rapidamente superado pelo uso de óleo diesel derivado de petróleo por fatores tanto econômicos quanto técnicos. Os aspectos ambientais, que hoje privilegia os combustíveis renováveis como o óleo vegetal, na época, não foi considerado importante.
Óleos Vegetais e o Biodiesel no Brasil
No Brasil, desde a década de 20, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) já estudava e testava combustíveis alternativos e renováveis.
Nos anos 60, as Indústrias Matarazzo buscavam produzir óleo através dos grãos de café. Para lavar o café de forma a retirar as impurezas impróprias para o consumo humano, foi usado o álcool da cana de açúcar. A reação entre o álcool e o óleo de café resultou na liberação de glicerina, redundando em éster etílico, produto que hoje é chamado de biodiesel.
Desde a década de 70, por meio do INT, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), vêm sendo desenvolvidos projetos de óleos vegetais como combustíveis, com destaque para o DENDIESEL.
Na década de 70, a Universidade Federal do Ceará (UFCE) desenvolveu pesquisas com o intuito de encontrar fontes alternativas de energia. As experiências acabaram por revelar um novo combustível originário de óleos vegetais e com propriedades semelhantes ao óleo diesel convencional, o biodiesel.
O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em 1975, originando o Pró-óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Seu objetivo era gerar um excedente de óleo vegetal capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os do petróleo. Previa-se uma mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para sua substituição integral em longo prazo.
Com o envolvimento de outras instituições de pesquisas, da Petrobrás e do Ministério da Aeronáutica, foi criado o PRODIESEL em 1980. O combustível foi testado por fabricantes de veículos a diesel. A UFCE também desenvolveu o querosene vegetal de aviação para o Ministério da Aeronáutica. Após os testes em aviões a jato, o combustível foi homologado pelo Centro Técnico Aeroespacial.
Em 1983, o Governo Federal, motivado pela alta nos preços de petróleo, lançou o Programa de Óleos Vegetais – OVEG, no qual foi testada a utilização de biodiesel e misturas combustíveis em veículos que percorreram mais de 1 milhão de quilômetros. É importante ressaltar que esta iniciativa, coordenada pela Secretaria de Tecnologia Industrial, contou com a participação de institutos de pesquisa, de indústrias automobilísticas e de óleos vegetais, de fabricantes de peças e de produtores de lubrificantes e combustíveis.
Embora tenham sido realizados vários testes com biocombustíveis, dentre os quais com o biodiesel puro e com uma mistura de 70% de óleo diesel e de 30% de biodiesel (B30), cujos resultados constataram a viabilidade técnica da utilização do biodiesel como combustível, os elevados custos de produção, em relação ao óleo diesel, impediram seu uso em escala comercial.
O petróleo assim foi adquirindo com o aumento do uso de motores a diesel, grande importância. A dimensão da importância que o petróleo adquiriu pôde ser vista com a crise do petróleo, que elevou os preços em mais de 300% entre 1973 e 1974, porque os países do Oriente Médio descobriram que o petróleo é um bem não-renovável e que, por isso, iria acabar algum dia. Os produtores de petróleo então diminuíram a produção, elevando o preço do barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses. As vendas para os EUA e a Europa também foram embargadas nessa época devido ao apoio dado Israel na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Com isso, as cotações chegaram a um valor equivalente a US$ 40 nos dias de hoje (essa crise aumentou dívida externa brasileira em mais de 40%).
Essa crise representou um verdadeiro marco na história energética do Planeta, pois o homem passou a valorizar as energias, posicionando-as em destaque, com relação aos bens de sua convivência.
Muitos esforços mundiais foram dedicados à superação da crise, os quais incidiram, basicamente, em dois grupos de ações:
(a) conservação ou economia de energia;
(b) usos de fontes alternativas de energia.
A crise do petróleo, juntamente com a crise do açúcar impulsionou o pró-álcool comandados pelo professor José Walter Bautista Vidal, que era o então secretário de Tecnologia Industrial, com o auxílio de uma equipe de profundos conhecedores do setor, passaram a adaptar motores para o uso de combustíveis de origem vegetal, alternativos aos derivados do petróleo. Daí surgiu o Pro-álcool, com tecnologia 100% nacional. O programa do Pro-álcool consistia em transformar energia armazenada por meio de organismos vegetais (processo de fotossíntese) em energia mecânica - forma renovável de se obter energia e, principalmente, um método que não agride o meio ambiente.
Em 79, a paralisação da produção iraniana, conseqüência da revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini, provocou o segundo grande choque do petróleo, elevando o preço médio do barril ao equivalente a US$ 80 atuais. Os preços permaneceram altos até 1986, quando voltaram a cair.
Depois das crises do petróleo de 1974 e de 1979, o mundo "resolveu" a questão do petróleo de duas formas: aumentando a produtividade da energia e aumentando as taxas de juros a níveis inéditos. Como resultado, os donos das reservas aumentaram a taxa de extração de petróleo.
Além disso, a maioria dos países consumidores criou impostos sobre o petróleo, transformando-se em sócios na valorização do produto, o que antes pertencia apenas aos países da Opep.
Entretanto, embora o Pro-álcool tenha sido implementado em 1975, somente a partir de 1979 após o segundo choque do petróleo, que o Brasil, de forma mais ousada, lançou a Segunda Fase do Pro-álcool, possuindo uma meta de produção de 7,7 bilhões de litros em cinco anos. Os financiamentos chegavam a cobrir até 80% do investimento fixo para destilarias à base de cana-de-açúcar e até 90% para destilarias envolvendo outras matérias-primas, como a mandioca, sorgo sacarino, babaçu, e outros. Quanto à parte agrícola, os financiamentos chegavam até 100% do valor do orçamento, respeitando os limites de 80% e 60% do valor da produção esperada, respectivamente nas áreas da SUDAM / SUDENE. A intenção do Estado, ao implementar o Pro-álcool era, além das metas de aumentar a produção de alimentos e exportáveis do setor rural, buscando a estabilidade interna e também equilíbrio nas contas externas, também de transferir para a agricultura a responsabilidade de tentar superar a crise do petróleo, que afetara profundamente o Brasil, já que este era grande importador do produto.
A chamada "crise do petróleo" de 1972 foi a mola propulsora das pesquisas realizadas na época. O lobby canavieiro garantiu o Pro-álcool, mas o desenvolvimento de outros combustíveis alternativos não teve a mesma sorte, apesar dos fatores agroclimáticos, econômicos e logísticos positivos. O Brasil passou a produzir álcool em grande escala e, em 1979, quase que 80% da frota de veículos produzida no país eram com motores a álcool.
Porem o governo brasileiro arquivava estudos sobre combustíveis alternativos, enquanto a Comunidade Econômica Européia investia, com sucesso, na pesquisa de combustíveis alternativos vegetais, entre eles o BIODIESEL de óleo de canola (colza), a matéria prima mais utilizada na Europa. Na Malásia e nos Estados Unidos foram realizados experimentos bem sucedidos com palma e soja, respectivamente.
A partir de 1986, o preço do petróleo caiu muito. Os preços deixaram de criar pressão para economizar energia e aumentar a produtividade.
No Brasil, por várias razões, incluindo-se a diminuição dos preços do petróleo e o desinteresse da PETROBRAS, as atividades de produção experimental de óleo diesel vegetal, foram paralisadas.
Quanto ao pró-álcool, ele foi ficando de lado nas políticas governamentais e por pressões internacionais, o programa foi paralisado. (já que não é interesse internacional a independência energética do Brasil).
Se o programa não tivesse sido interrompido, hoje, com toda certeza, seríamos independentes dos combustíveis fósseis e talvez não tão submissos aos organismos econômicos internacionais.
Década de 90
A Primeira guerra do golfo começou em agosto de 1990 com a tentativa do Iraque de anexar seu vizinho Kuwait. Os Estados Unidos, que até então eram aliados do Iraque contra o Irã, decidiram intervir na região.
Com a guerra, o golfo pérsico foi fechado e os EUA perderam dois fornecedores de petróleo: Iraque e o Kuwait.
As especulações sobre o desenrolar da guerra levaram os preços do petróleo a subir ao patamar próximo aos US$ 40 atuais.
Com a rendição de Saddam Hussein, os preços do petróleo voltaram a cair.
No final da década de 90 foram realizados testes em frotas de ônibus no Brasil com BIODIESEL (de soja) dos EUA, doado pela American Soybean Association (ASA). Qual seria o interesse da ASA em promover combustíveis de óleo de soja no Brasil? A razão é muito simples e encontra explicação na ação geopolítica dos EUA, que consiste em estimular seu maior concorrente a utilizar a produção local de óleo de soja como combustível, deixando de exportar, isto é, de competir com o produto americano no mercado mundial de óleos alimentícios. Porém nós temos um potencial gigantesco para produzir biodiesel a partir de outras fontes que não a soja.
Futuro
Efeito estufa, guerra, desenvolvimento do setor primário e fixação do homem no campo, fazem com que o investimento na pesquisa, produção e divulgação do biodiesel se espalhem por todo o país através de feiras, encontros, seminários, etc.
A atual crise do petróleo não é resultado das tensões geradas por alguns países árabes em conflito com potências ocidentais, mas um problema de aumento da demanda e falta de estoques.
O crescimento acelerado nos EUA, aliado ao reaquecimento da economia mundial e às baixas cotações que o produto vinha apresentando nos últimos dez anos, gerou um forte aumento do consumo de derivados de petróleo.
A instituição americana World Watch Institute, já prognosticou que o Brasil liderará as nações do mundo ao lado dos Estados Unidos e da China como integrante dos GE-8 ("e" significa environment em inglês e trata da ecologia), bem superior ao G-7 composto pelas nações ricas dominantes deste final de século no hemisfério norte.
Políticas mundiais com relação ao biodiesel:
A prática de um menor preço para o biodiesel na Alemanha é explicável pela completa isenção dos tributos em toda a cadeia produtiva desse biocombustível
Os EUA criaram o Programa de Biodiesel com a meta de produção de cinco bilhões de galões anuais (20 bilhões de litros por ano). Considerando que um litro de biodiesel equivale em capacidade energética veicular a 2,5 litros de álcool etílico, o programa americano de biodiesel equivale a sete vezes o máximo atingido do programa brasileiro do álcool.
Alguns estados americanos obrigam que seja adicionado, pelo menos 2% de biodiesel no óleo diesel mineral.
Para incentivar e divulgar o biodiesel, A NASA e as Forças Armadas Americanas consideraram oficialmente o biodiesel, um combustível de excelência para qualquer motor do ciclo diesel. O Programa Americano de Biodiesel é todo baseado em pequenos produtores e consumidores.
Depois de amplamente testado e aprovado na Europa e nos EUA, a aceitação brasileira para o biodiesel se torna mais fácil.
Não se trata simplesmente de adicionar biodiesel, ou substituir o petrodiesel. É necessário entender a revolução que ocorreria no campo, na indústria, no ambiente, na formação de renda, no nível de emprego, na oferta de alimentos e outros derivados de oleaginosas após a extração do óleo, no impacto no preço internacional, entre outros aspectos.
Soluções:
Para que possamos aproveitar todo o potencial energético brasileiro, devemos isentar dos impostos toda a cadeia produtiva do biodiesel, constitui uma providência a ser tomada, sem a qual não haverá possibilidade de competição desse novo combustível com óleo diesel mineral.
Deve-se eliminar qualquer restrição sem justificativas técnicas ou sócio-ambientais. Promover um maior apoio a programas regionais. Não se deve dar prioridade para aqueles que concentram os interesses nos negócios de combustíveis no Brasil. Uma alternativa viável seria a produção de biodiesel em sistemas integrados em regiões remotas, pois se sabe que o custo de transportes do óleo diesel mineral para tais regiões pode atingir valores exorbitantes. Não tem sentido privilegiar meia dúzia de usineiros e corporações.
É necessário trabalhar com comunidades, incentivando o trabalhador rural a produzir produtos para biomassa. Já que a oferta de matérias prima parece ser uma das principais dificuldades restritivas para a implementação de um programa de produção extensiva de biodiesel.
Devemos pensar estrategicamente nossa política de combustíveis vegetais alternativos, avaliando as potencialidades da produção agrícola de cada região, o desempenho energético e ambiental de cada cultura, não abrindo mão dos mercados internacionais já conquistados para nossas commodities tradicionais.
A reativação de programas de bioenergia é fundamental para encontrarmos o caminho para o desenvolvimento e soberania nacional.
É preciso que os governantes tenham políticas de desenvolvimento diretamente ligadas aos nossos interesses, dizer não aos interesses internacionais, dizer não às políticas neoliberais e passar a acreditar mais no nosso potencial técnico e humano. Agora é hora de colocar as idéias em prática.
Preço internacional do barril de petróleo.
Durante a Exposição Mundial de Paris, em 1900, um motor diesel foi apresentado ao público funcionando com óleo de amendoim. Os primeiros motores tipo diesel eram de injeção indireta. Tais motores eram alimentados por petróleo filtrado, óleos vegetais e até mesmo por óleos de peixe.
O combustível especificado como "óleo diesel" somente surgiu com o advento dos motores diesel de injeção direta, sem pré-câmara. A disseminação desses motores se deu na década de 50, com a forte motivação de rendimento muito maior, resultando em baixos consumos de combustível. Além dos baixos níveis de consumos específicos, motor diesel moderno produz emissões, de certa forma aceitáveis, dentro de padrões estabelecidos.
Historicamente, o uso direto de óleos vegetais como combustível foi rapidamente superado pelo uso de óleo diesel derivado de petróleo por fatores tanto econômicos quanto técnicos. Os aspectos ambientais, que hoje privilegia os combustíveis renováveis como o óleo vegetal, na época, não foi considerado importante.
Óleos Vegetais e o Biodiesel no Brasil
No Brasil, desde a década de 20, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) já estudava e testava combustíveis alternativos e renováveis.
Nos anos 60, as Indústrias Matarazzo buscavam produzir óleo através dos grãos de café. Para lavar o café de forma a retirar as impurezas impróprias para o consumo humano, foi usado o álcool da cana de açúcar. A reação entre o álcool e o óleo de café resultou na liberação de glicerina, redundando em éster etílico, produto que hoje é chamado de biodiesel.
Desde a década de 70, por meio do INT, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), vêm sendo desenvolvidos projetos de óleos vegetais como combustíveis, com destaque para o DENDIESEL.
Na década de 70, a Universidade Federal do Ceará (UFCE) desenvolveu pesquisas com o intuito de encontrar fontes alternativas de energia. As experiências acabaram por revelar um novo combustível originário de óleos vegetais e com propriedades semelhantes ao óleo diesel convencional, o biodiesel.
O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em 1975, originando o Pró-óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Seu objetivo era gerar um excedente de óleo vegetal capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os do petróleo. Previa-se uma mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para sua substituição integral em longo prazo.
Com o envolvimento de outras instituições de pesquisas, da Petrobrás e do Ministério da Aeronáutica, foi criado o PRODIESEL em 1980. O combustível foi testado por fabricantes de veículos a diesel. A UFCE também desenvolveu o querosene vegetal de aviação para o Ministério da Aeronáutica. Após os testes em aviões a jato, o combustível foi homologado pelo Centro Técnico Aeroespacial.
Em 1983, o Governo Federal, motivado pela alta nos preços de petróleo, lançou o Programa de Óleos Vegetais – OVEG, no qual foi testada a utilização de biodiesel e misturas combustíveis em veículos que percorreram mais de 1 milhão de quilômetros. É importante ressaltar que esta iniciativa, coordenada pela Secretaria de Tecnologia Industrial, contou com a participação de institutos de pesquisa, de indústrias automobilísticas e de óleos vegetais, de fabricantes de peças e de produtores de lubrificantes e combustíveis.
Embora tenham sido realizados vários testes com biocombustíveis, dentre os quais com o biodiesel puro e com uma mistura de 70% de óleo diesel e de 30% de biodiesel (B30), cujos resultados constataram a viabilidade técnica da utilização do biodiesel como combustível, os elevados custos de produção, em relação ao óleo diesel, impediram seu uso em escala comercial.
O petróleo assim foi adquirindo com o aumento do uso de motores a diesel, grande importância. A dimensão da importância que o petróleo adquiriu pôde ser vista com a crise do petróleo, que elevou os preços em mais de 300% entre 1973 e 1974, porque os países do Oriente Médio descobriram que o petróleo é um bem não-renovável e que, por isso, iria acabar algum dia. Os produtores de petróleo então diminuíram a produção, elevando o preço do barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses. As vendas para os EUA e a Europa também foram embargadas nessa época devido ao apoio dado Israel na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Com isso, as cotações chegaram a um valor equivalente a US$ 40 nos dias de hoje (essa crise aumentou dívida externa brasileira em mais de 40%).
Essa crise representou um verdadeiro marco na história energética do Planeta, pois o homem passou a valorizar as energias, posicionando-as em destaque, com relação aos bens de sua convivência.
Muitos esforços mundiais foram dedicados à superação da crise, os quais incidiram, basicamente, em dois grupos de ações:
(a) conservação ou economia de energia;
(b) usos de fontes alternativas de energia.
A crise do petróleo, juntamente com a crise do açúcar impulsionou o pró-álcool comandados pelo professor José Walter Bautista Vidal, que era o então secretário de Tecnologia Industrial, com o auxílio de uma equipe de profundos conhecedores do setor, passaram a adaptar motores para o uso de combustíveis de origem vegetal, alternativos aos derivados do petróleo. Daí surgiu o Pro-álcool, com tecnologia 100% nacional. O programa do Pro-álcool consistia em transformar energia armazenada por meio de organismos vegetais (processo de fotossíntese) em energia mecânica - forma renovável de se obter energia e, principalmente, um método que não agride o meio ambiente.
Em 79, a paralisação da produção iraniana, conseqüência da revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini, provocou o segundo grande choque do petróleo, elevando o preço médio do barril ao equivalente a US$ 80 atuais. Os preços permaneceram altos até 1986, quando voltaram a cair.
Depois das crises do petróleo de 1974 e de 1979, o mundo "resolveu" a questão do petróleo de duas formas: aumentando a produtividade da energia e aumentando as taxas de juros a níveis inéditos. Como resultado, os donos das reservas aumentaram a taxa de extração de petróleo.
Além disso, a maioria dos países consumidores criou impostos sobre o petróleo, transformando-se em sócios na valorização do produto, o que antes pertencia apenas aos países da Opep.
Entretanto, embora o Pro-álcool tenha sido implementado em 1975, somente a partir de 1979 após o segundo choque do petróleo, que o Brasil, de forma mais ousada, lançou a Segunda Fase do Pro-álcool, possuindo uma meta de produção de 7,7 bilhões de litros em cinco anos. Os financiamentos chegavam a cobrir até 80% do investimento fixo para destilarias à base de cana-de-açúcar e até 90% para destilarias envolvendo outras matérias-primas, como a mandioca, sorgo sacarino, babaçu, e outros. Quanto à parte agrícola, os financiamentos chegavam até 100% do valor do orçamento, respeitando os limites de 80% e 60% do valor da produção esperada, respectivamente nas áreas da SUDAM / SUDENE. A intenção do Estado, ao implementar o Pro-álcool era, além das metas de aumentar a produção de alimentos e exportáveis do setor rural, buscando a estabilidade interna e também equilíbrio nas contas externas, também de transferir para a agricultura a responsabilidade de tentar superar a crise do petróleo, que afetara profundamente o Brasil, já que este era grande importador do produto.
A chamada "crise do petróleo" de 1972 foi a mola propulsora das pesquisas realizadas na época. O lobby canavieiro garantiu o Pro-álcool, mas o desenvolvimento de outros combustíveis alternativos não teve a mesma sorte, apesar dos fatores agroclimáticos, econômicos e logísticos positivos. O Brasil passou a produzir álcool em grande escala e, em 1979, quase que 80% da frota de veículos produzida no país eram com motores a álcool.
Porem o governo brasileiro arquivava estudos sobre combustíveis alternativos, enquanto a Comunidade Econômica Européia investia, com sucesso, na pesquisa de combustíveis alternativos vegetais, entre eles o BIODIESEL de óleo de canola (colza), a matéria prima mais utilizada na Europa. Na Malásia e nos Estados Unidos foram realizados experimentos bem sucedidos com palma e soja, respectivamente.
A partir de 1986, o preço do petróleo caiu muito. Os preços deixaram de criar pressão para economizar energia e aumentar a produtividade.
No Brasil, por várias razões, incluindo-se a diminuição dos preços do petróleo e o desinteresse da PETROBRAS, as atividades de produção experimental de óleo diesel vegetal, foram paralisadas.
Quanto ao pró-álcool, ele foi ficando de lado nas políticas governamentais e por pressões internacionais, o programa foi paralisado. (já que não é interesse internacional a independência energética do Brasil).
Se o programa não tivesse sido interrompido, hoje, com toda certeza, seríamos independentes dos combustíveis fósseis e talvez não tão submissos aos organismos econômicos internacionais.
Década de 90
A Primeira guerra do golfo começou em agosto de 1990 com a tentativa do Iraque de anexar seu vizinho Kuwait. Os Estados Unidos, que até então eram aliados do Iraque contra o Irã, decidiram intervir na região.
Com a guerra, o golfo pérsico foi fechado e os EUA perderam dois fornecedores de petróleo: Iraque e o Kuwait.
As especulações sobre o desenrolar da guerra levaram os preços do petróleo a subir ao patamar próximo aos US$ 40 atuais.
Com a rendição de Saddam Hussein, os preços do petróleo voltaram a cair.
No final da década de 90 foram realizados testes em frotas de ônibus no Brasil com BIODIESEL (de soja) dos EUA, doado pela American Soybean Association (ASA). Qual seria o interesse da ASA em promover combustíveis de óleo de soja no Brasil? A razão é muito simples e encontra explicação na ação geopolítica dos EUA, que consiste em estimular seu maior concorrente a utilizar a produção local de óleo de soja como combustível, deixando de exportar, isto é, de competir com o produto americano no mercado mundial de óleos alimentícios. Porém nós temos um potencial gigantesco para produzir biodiesel a partir de outras fontes que não a soja.
Futuro
Efeito estufa, guerra, desenvolvimento do setor primário e fixação do homem no campo, fazem com que o investimento na pesquisa, produção e divulgação do biodiesel se espalhem por todo o país através de feiras, encontros, seminários, etc.
A atual crise do petróleo não é resultado das tensões geradas por alguns países árabes em conflito com potências ocidentais, mas um problema de aumento da demanda e falta de estoques.
O crescimento acelerado nos EUA, aliado ao reaquecimento da economia mundial e às baixas cotações que o produto vinha apresentando nos últimos dez anos, gerou um forte aumento do consumo de derivados de petróleo.
A instituição americana World Watch Institute, já prognosticou que o Brasil liderará as nações do mundo ao lado dos Estados Unidos e da China como integrante dos GE-8 ("e" significa environment em inglês e trata da ecologia), bem superior ao G-7 composto pelas nações ricas dominantes deste final de século no hemisfério norte.
Políticas mundiais com relação ao biodiesel:
A prática de um menor preço para o biodiesel na Alemanha é explicável pela completa isenção dos tributos em toda a cadeia produtiva desse biocombustível
Os EUA criaram o Programa de Biodiesel com a meta de produção de cinco bilhões de galões anuais (20 bilhões de litros por ano). Considerando que um litro de biodiesel equivale em capacidade energética veicular a 2,5 litros de álcool etílico, o programa americano de biodiesel equivale a sete vezes o máximo atingido do programa brasileiro do álcool.
Alguns estados americanos obrigam que seja adicionado, pelo menos 2% de biodiesel no óleo diesel mineral.
Para incentivar e divulgar o biodiesel, A NASA e as Forças Armadas Americanas consideraram oficialmente o biodiesel, um combustível de excelência para qualquer motor do ciclo diesel. O Programa Americano de Biodiesel é todo baseado em pequenos produtores e consumidores.
Depois de amplamente testado e aprovado na Europa e nos EUA, a aceitação brasileira para o biodiesel se torna mais fácil.
Não se trata simplesmente de adicionar biodiesel, ou substituir o petrodiesel. É necessário entender a revolução que ocorreria no campo, na indústria, no ambiente, na formação de renda, no nível de emprego, na oferta de alimentos e outros derivados de oleaginosas após a extração do óleo, no impacto no preço internacional, entre outros aspectos.
Soluções:
Para que possamos aproveitar todo o potencial energético brasileiro, devemos isentar dos impostos toda a cadeia produtiva do biodiesel, constitui uma providência a ser tomada, sem a qual não haverá possibilidade de competição desse novo combustível com óleo diesel mineral.
Deve-se eliminar qualquer restrição sem justificativas técnicas ou sócio-ambientais. Promover um maior apoio a programas regionais. Não se deve dar prioridade para aqueles que concentram os interesses nos negócios de combustíveis no Brasil. Uma alternativa viável seria a produção de biodiesel em sistemas integrados em regiões remotas, pois se sabe que o custo de transportes do óleo diesel mineral para tais regiões pode atingir valores exorbitantes. Não tem sentido privilegiar meia dúzia de usineiros e corporações.
É necessário trabalhar com comunidades, incentivando o trabalhador rural a produzir produtos para biomassa. Já que a oferta de matérias prima parece ser uma das principais dificuldades restritivas para a implementação de um programa de produção extensiva de biodiesel.
Devemos pensar estrategicamente nossa política de combustíveis vegetais alternativos, avaliando as potencialidades da produção agrícola de cada região, o desempenho energético e ambiental de cada cultura, não abrindo mão dos mercados internacionais já conquistados para nossas commodities tradicionais.
A reativação de programas de bioenergia é fundamental para encontrarmos o caminho para o desenvolvimento e soberania nacional.
É preciso que os governantes tenham políticas de desenvolvimento diretamente ligadas aos nossos interesses, dizer não aos interesses internacionais, dizer não às políticas neoliberais e passar a acreditar mais no nosso potencial técnico e humano. Agora é hora de colocar as idéias em prática.
Preço internacional do barril de petróleo.
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