segunda-feira, 30 de abril de 2018

Carro do futuro: elétrico e autônomo, mas com qual aparência?

As pessoas se reúnem em torno do carro-conceito da Infiniti Q Inspiration em um evento em Pequim, China, em 23/04/2018.
Um veículo elétrico (VE) autônomo pode não chegar ao céu tão cedo, mas pode um dia parecer um pouco com o carro voador dos Jetsons - uma bolha de vidro sem o longo capô que é característico dos carros movidos a gasolina de hoje.
A principal tecnologia que está por trás dessa perspectiva é o motor elétrico - um sistema de propulsão relativamente simples e compacto que permite às montadoras eliminar o capô e o amplo espaço necessário para um motor de combustão interna, um mecanismo de resfriamento do motor e engrenagens de transmissão complexas.
Quando essa tecnologia de motor é combinada com os avanços de veículos autônomos, o carro não precisará mais do capô, assim como das chamadas zonas de colisão.
O resultado: a mudança pode inaugurar a era de um carro em forma de bolha ou cápsula, como aqueles popularizados pela série futurista cômica dos anos 1960, Os Jetsons.
“Esse é o próximo passo lógico”, disse Karim Habib, diretor de design da Infiniti, marca premium da Nissan, à Reuters em entrevista.
“É definitivamente o próximo passo, particularmente se você imaginar um mundo de zero acidentes com a tecnologia de direção autônoma funcionando totalmente. Se os carros nunca colidirem, o mais eficiente (formato) de uma mobilidade pessoal pode ser um cubo de vidro.”
MUDANÇA DOS TEMPOS
Voltando à década de 1920, os automóveis - especialmente carros de luxo - tendiam a ter longos capôs, como o Tesla Model S tem agora. Mas isso está prestes a mudar.


Veículos elétricos autônomos não precisarão de capô e poderão ser redondos.

No Salão do Automóvel de Detroit, em janeiro, a Infiniti mostrou um carro-conceito cujo estilo aponta para um futuro não tão distante, quando a maioria dos carros será elétrica.
O carro Q Inspiration Concept, que também será mostrado no salão do automóvel de Pequim que abre esta semana, tem um capô encurtado, um teto tipo cupê e um interior tipo SUV, apesar de ser um sedã.
Forçados em parte pelos rigorosos requisitos de economia de combustível e outras regulamentações, os fabricantes de automóveis em todo o mundo - especialmente na China - estão se esforçando para desenvolver carros de baterias elétricas em uma faixa ampla de preços.
Alguns participantes da indústria, como a startup de carros elétricos inteligentes fundada na China, Byton, acreditam que os carros comuns, usados ​​para locomoção e tarefas, serão muito simplificados se forem eletrificados e tiverem a tecnologia de direção autônoma.
Isso porque os carros hoje estão todos “com muitas especificações”, disse o cofundador e presidente-executivo da Byton, Carsten Breitfeld, em uma entrevista.
A maioria tem assentos para quatro a sete pessoas, embora 70 por cento das vezes esses carros tenham apenas uma ou duas pessoas dentro. Alguns têm velocidades máximas de 250 km/h, apesar de ninguém dirigir tão rápido.
Os carros do dia a dia futuros poderiam eliminar todos os recursos super especificados. Eles teriam menos assentos, mais espaço para bagagem e rodas menores para liberar mais espaço interior, porque esses futuros carros do dia a dia não precisam ser capazes de atingir 200 km/h.
Eles podem ser mais quadrados, já que não há necessidade de tornar os carros de baixa velocidade tão aerodinâmicos, disse Breitfeld.
“Você projetaria um carro menor, mas espaçoso, para um ou dois passageiros e o tornaria mais luxuoso”, disse Breitfeld.
“Você poderia oferecer o tipo de experiência de primeira classe que você tem nos aviões comerciais.” (reuters)

Como a tecnologia está revolucionando a forma como voamos

100% elétrico e autônomo: como a tecnologia está revolucionando a forma como voamos.
Todos os anos, fazemos 4 bilhões de voos, mas nosso apetite pela conveniência e pela velocidade continua não saciado.
Na mitologia grega, Dédalo, notável arquiteto e inventor, cuja obra mais famosa é o labirinto que construiu para o rei Minos para aprisionar o Minotauro, teria fugido de sua prisão em Creta voando.
Com seu talento inigualável, ele constrói para si e para o filho, Ícaro, dois pares de asas a partir dos ramos de salgueiro, ligados por cera.
Eles conseguem fugir, mas Ícaro, fascinado com o firmamento, se aproxima muito do sol. A cera de suas asas acabou derretendo e ele morre nas águas do Mar Egeu.
Seria essa história um aviso contra a arrogância humana ou uma profecia sobre a inevitável conquista dos céus?
A humanidade sempre sonhou em voar. Leonardo da Vinci esboçou sua ideia para uma máquina voadora no século 15.
Mas o sonho só veio a se materializar em 1903, quando os irmãos Orville e Wilbur Wright fizeram o primeiro voo motorizado bem-sucedido.
O voo dos irmãos Wright, no entanto, não teve testemunhas. Em 1906, o inventor brasileiro Santos Dumont realizou um bem-sucedido voo público em Paris com o seu 14 Bis.
Já entre as décadas de 1930 e 1940, a invenção do motor a jato tornou a viagem aérea transatlântica incrivelmente glamorosa e luxuosa. O mundo encolheu e se tornou mais acessível, pelo menos para os ricos daquela época.
Da eolípila a aviões elétricos: os momentos-chave da história da aviação.
Um novo divisor de águas ocorreu quando os motores turboélices foram desenvolvidos e a fabricação de aviões ganhou maior eficiência.
Como resultado, os custos caíram e as massas puderam, finalmente, ter acesso ao transporte aéreo.
Enquanto jatos supersônicos como o Concorde mantiveram o glamour das viagens de longa duração, a tendência passou a ser de uma maior democratização do ar.
Companhias aéreas de baixo custo, como Ryanair, EasyJet, AirAsia e Southwest Airlines, deixaram destinos curtos ao alcance de quase todos.
Viajar de avião ficou tão comum quanto andar de ônibus, e o número de passageiros aéreos aumentou exponencialmente.
Mais recentemente, por causa das mudanças climáticas, imperativos ambientais - a necessidade de reduzir o ruído e as emissões de dióxido de carbono - começaram a prevalecer.
Sendo assim, sonhos de viagens hipersônicas – Nova York para Xangai em duas horas, em vez das típicas 15 horas – ainda devem demorar para se tornar realidade.
Mas a necessidade é a mãe da invenção, e essa recente demanda ambiental gerou uma nova onda de inovação pela qual Dédalo certamente teria se encantado.

"Estamos vendo novos materiais sendo usados. Estamos vendo novas tecnologias relacionadas à autonomia (aeronaves que voam sozinhas) e inteligência artificial sendo aplicadas pela primeira vez na indústria aeroespacial. E estamos vendo oportunidades realmente eletrizantes em torno da propulsão elétrica", diz Iain Gray, diretor de espaço aéreo da Universidade Cranfield, no Reino Unido.
Marius Bebesel, engenheiro-chefe do CityAirbus, diz acreditar que as frotas de seus VTOLs vão transportar quatro passageiros por vez entre aeroportos e as maiores megalópoles nos próximos cinco anos.

Táxis aéreos autônomos
De pé em uma pista de pouso durante um dia frio e cinzento em Donauwörth, no sul da Alemanha, observando o octocóptero da Airbus decolar, é difícil de imaginar a radical transformação na mobilidade urbana que esse protótipo – e outros como ele – poderiam imprimir.
Mas Marius Bebesel, engenheiro-chefe do CityAirbus, diz acreditar que as frotas de seus VTOLs, táxis aéreos autônomos 100% elétricos que decolam ou pousam verticalmente, vão transportar quatro passageiros por vez entre aeroportos e as maiores megalópoles do mundo nos próximos cinco anos.
Reservar seu assento em um será tão fácil quanto reservar um táxi em seu smartphone, acrescenta Bebesel, e o CityAirbus será apenas um elemento em uma rede de transporte cada vez mais integrada e uniforme.
Os sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo vão garantir a segurança, e as pessoas logo ficarão confortáveis com a ideia de aeronaves autônomas, bem como dos benefícios que elas podem trazer: maior conveniência, menor poluição e menor congestionamento.

O veículo é mecanicamente muito mais simples do que um helicóptero convencional, explica Bebesel, e terá uma autonomia de cerca de 60 km, podendo chegar a velocidades de até 120 km/h.
Como seriam os táxis aéreos sem piloto, aposta ousada para vencer a hora do rush.

Recarregar as baterias demorará apenas 15 minutos, destaca ele.
Os VTOLs são muito mais adequados para os ambientes urbanos porque não precisam de pistas longas e podem pousar em espaços apertados e no topo de arranha-céus.
Mas como ganhar a confiança do público para embarcar em uma aeronave sem piloto?
"No início, vamos ter um piloto a bordo apenas para aumentar a aceitação pública", diz Bebesel.
Mas ele não terá muito que fazer. Em uma emergência, o sistema central de gerenciamento de tráfego aéreo automatizado assumiria o controle, ressalva.
Na verdade, remover pilotos – e, consequentemente, a probabilidade de erro humano – aumentará a segurança, acrescenta Bebesel.
Ambição da Volocopter, segundo CEO Florian Reuter, é tornar-se 'primeiro táxi aéreo 100% elétrico do mundo'.
O professor Iain Gray concorda.
"Sem motorista, você pode voar mais longe, mais rápido e com menos custos", diz. "A automatização em aeronaves faz parte da nossa realidade há 40 anos. Precisamos apenas adaptar nossos sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo a aeronaves não tripuladas."
O público vai passar a ter maior confiança, sugere Gray, à medida que o histórico de segurança for comprovado.
A equipe do CityAirbus de Marius Bebesel, que se beneficia dos milhões de euros injetados pela companhia-mãe Airbus, quer ter um modelo operacional no final deste ano.
Enquanto isso, algumas centenas de quilômetros dali, na pequena cidade de Bruchsal, a ambição da startup Volocopter, segundo seu CEO, Florian Reuter, é tornar-se o "primeiro táxi aéreo 100% elétrico do mundo".
O Volocóptero possui 18 hélices e transporta dois passageiros.
"A segurança está em primeiro lugar", diz Reuter. "Até nove hélices podem parar de funcionar e ele não cai."
Projetado para voos urbanos de curta distância, o Volocóptero é movido a bateria e tem autonomia de 16 km a 32 km, diz Reuter. E, eventualmente, será totalmente autônomo, assim que houver confiança do público.
Mas essa não é uma quimera do fundador da empresa, o empreendedor Alexander Zosel. A startup atraiu dinheiro sério – 30 milhões de euros (R$ 120 milhões) da proprietária da Mercedes-Benz, a Daimler, e da gigante de tecnologia Intel.
O protótipo realizou seu primeiro voo de teste 100% autônomo em Dubai em setembro de 2017 – "o primeiro da história", diz Reuter, que prevê uma produção comercial dentro de cinco anos.
Muitas outras empresas estão desenvolvendo táxis aéreos, incluindo a chinesa Ehang e as americanas Uber e Vimana, ambas com sede na Califórnia.
Mas essa visão futurista de mobilidade urbana vai superar os extraordinários obstáculos regulatórios? Gray diz que sim, ocasionalmente.
Ícaro, fascinado com o firmamento, cai e morre nas águas do Mar Egeu ao se aproximar muito do sol, fascinado com o firmamento
"Poderíamos ver táxis aéreos menores dentro dos próximos dez anos, assim que a regulação alcançar a tecnologia. A inteligência artificial desempenhará um papel importante na gestão otimizada do tráfego aéreo", diz ele.
Mas outros especialistas são mais cautelosos.
"Até 2022, certamente veremos pessoas sendo transportadas por táxis aéreos, pelo menos por serviços de emergência", diz o professor Harry Hoster, diretor de energia da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.
"Mas eles não vão substituir os táxis terrestres em breve. O espaço aéreo é repleto de regras e limita o número de aeronaves que podem estar no ar a cada momento", acrescenta.
E, embora táxis aéreos alimentados por bateria prometam reduzir a poluição local e aliviar os congestionamentos das megalópoles, Hoster aponta que o consumo total de energia pode realmente aumentar à medida que sejam usados por mais pessoas – assim como o número de acidentes.
Ele estima que os táxis aéreos usariam o dobro da quantidade de energia em comparação com os carros elétricos, porém com a metade da autonomia.
Isso não seria um problema para o meio ambiente se toda a eletricidade fosse proveniente de fontes renováveis, mas recarregar todos esses veículos elétricos – na estrada e no ar – poderia colocar uma enorme pressão sobre as redes de eletricidade, explica Hoster.
Além disso, há o problema do ruído. Os motores elétricos são, sem dúvida, mais silenciosos do que os motores de combustão, mas um céu cheio de veículos desse tipo pode gerar reclamações.
'Bando de loucos'
"Eles nos viam como um bando de loucos!", diz Ashish Kumar, cofundador e diretor-executivo da Zunum Aero, uma startup sediada nos Estados Unidos que desenvolve uma gama de aviões, de híbridos a elétricos.
Em 2013, quando a companhia foi fundada, o conceito podia parecer exagerado. Mas, agora, o setor encara levar motores elétricos a aviões de passageiros de forma muito séria.
A aviação comercial contribui com cerca de 2% das emissões globais de CO2 produzidas pelo homem, de acordo com as estatísticas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).
Em 2050, a Comissão Europeia quer que o setor reduza as emissões de CO2 em 60%, os óxidos de nitrogênio em 90% e o barulho em 75%.

É consenso entre especialistas que tais taxas não podem ser alcançadas com as tecnologias atuais.
Leonardo da Vinci esboçou sua ideia para uma máquina voadora no século 15

Por isso, a Zunum – financiada pela Boeing HorizonX, pela Jet Blue Technology Ventures e pelo Fundo de Energia Limpa do Estado americano de Washington – é uma das várias empresas que desenvolvem motores elétricos que prometem reduzir os custos, o ruído e a poluição associados aos voos de curta distância.
Aviões elétricos de dois lugares estão se tornando mais comuns a partir de investimentos de empresas como a eslovena Pipistrel e a alemã Siemens, demonstrando sua viabilidade.
A Pipistrel também é uma das empresas envolvidas no HY4 de 4 lugares, com desenho alemão, que é alimentado por células de combustível de hidrogênio.
Mas o desafio é desenvolver aeronaves elétricas comercialmente viáveis capazes de levar vários passageiros ao mesmo tempo.
Atualmente, a Zunum está fabricando um avião híbrido-elétrico de 12 passageiros que espera lançar até 2022, enquanto a empresa israelense Eviation está projetando uma versão 100% elétrica de nove passageiros.
Dipensar o combustível? Essa ainda não é a realidade. Pelo menos, por enquanto.
Uma turbina convencional movida a combustível será sempre necessária enquanto os órgãos reguladores de avião exigirem uma reserva de 45 minutos de voo em caso de emergências lembra Kumar.
Por causa das limitações da energia das baterias, os aviões elétricos devem voar mais devagar e em altitudes mais baixas, diz ele, mas isso significa, por outro lado, que vão precisar de menos manutenção e não terão que ser tão fortes e pesados quanto as aeronaves projetadas para alcançar altitudes mais altas e longas distâncias.
Materiais leves e termoplásticos ajudam a tornar os aviões mais baratos para serem produzidos e operados.
"Estimamos uma redução de, pelo menos, 80% nos custos de combustível", diz ele.

Considerando que a indústria gastará mais de US$ 150 bilhões (R$ 489 bilhões) em combustível em 2018, segundo a Iata o que responde a cerca de 20% dos custos totais de operação de uma companhia aérea, tais economias devem se provar atraentes, explica Kumar.
A corrida para desenvolver aviões movidos a bateria.

Sendo assim, após o avião pousar, a equipe de manutenção poderia simplesmente trocar as baterias vazias por outras carregadas.
Aviões maiores capazes de transportar mais de 100 passageiros vão precisar de baterias que possam fornecer 17-20 megawatts de energia, diz Kumar. "Esse é um desafio difícil", admite.
Mas isso é exatamente o que Jeff Engler, da empresa de engenharia Wright Electric, sediada na Califórnia, está determinado a superar.
Ele quer construir um avião de passageiros elétricos do tamanho de um A320 nos próximos 10 anos. Se materializado, poderia levar cerca de 180 pessoas.
Distâncias curtas de cerca de 540 km (pouco mais da distância entre Rio e São Paulo) são perfeitamente possíveis em aviões de passageiros elétricos, diz Engler.
Sua empresa de engenharia está trabalhando em uma estrutura de energia elétrica para um avião que poderia transportar nove pessoas.
Ele admite que "as baterias hoje não são boas o suficiente" – elas são muito pesadas, esquentam rápido e não produzem energia suficiente.
Por outro lado, Engler está otimista com o avanço da tecnologia.
"A cada 10 a 20 anos, surge uma nova química, a forma como o íon-lítio substituiu o níquel-cádmio, por exemplo. As baterias de estado sólido podem ser o próximo passo, embora estejamos a 10 anos de distância disso", ressalva.
Segundo Engler, a vantagem dos motores elétricos é de que "cinco a dez pequenos motores serão tão eficientes como um grande", dando a designers mais opções ao desenharem aviões. As turbinas poderiam ser incorporadas na asa, por exemplo, ou colocadas acima da asa na parte de trás do avião.
Contudo, voos de longa distância continuam impossíveis para aeronaves 100% elétricas, a menos que haja uma melhoria radical na tecnologia da bateria.
Juntamente a muitas outras companhias aéreas, a operadora de baixo custo EasyJet também está explorando maneiras de reduzir os custos de combustível e as emissões de CO2.
A EasyJet tem um memorando de entendimento com a Wright Electric, embora não exista um acordo formal entre as duas empresas.
E os pesos pesados da indústria da aviação, como Airbus, Siemens e Rolls-Royce, anunciaram recentemente um projeto conjunto para o desenvolvimento de um motor híbrido-elétrico.
O objetivo é incorporá-lo em um avião de curta distância até 2020.
O E-Fan X, como está sendo chamado, vai demonstrar a viabilidade da tecnologia e incentivar as companhias aéreas a adotá-la, esperam os fabricantes.
Uma turbina na parte de trás do avião vai alimentar um gerador para criar eletricidade para uma turbina elétrica que complementa três turboélices convencionais. Qualquer excesso de energia será guardado nas baterias, usada para decolar e ganhar maiores altitudes.
Essas estruturas híbrido-elétricas poderiam reduzir a queima de combustível em cerca de 10%, diz a Airbus, e ser muito menos barulhentas na decolagem e no pouso, além de gerar menos poluição.

Frank Anton, chefe do projeto de e-aeronaves da Siemens, diz: "Estamos abrindo a porta para um novo mundo da aviação. Isso é tão revolucionário quanto as turbinas dos anos 40 e os turboélices dos anos 60".
Carros voadores vão ser lançados mais rápido do que pensamos, diz empresa.Carros aéreos

Mas o sonho de um carro voador ainda persiste na cabeça de muitos inventores.
Em 1940, Henry Ford disse:
"Lembre-se do que vou dizer: a combinação de avião e automóvel está chegando. Você pode achar graça, mas ela virá."
Nove anos depois, Moulton Taylor projetou e voou seu Aerocar, provando a viabilidade do conceito de Ford. Mas apenas três modelos foram construídos.
Desde então, o carro voador só pôde ser visto em filmes de ficção científica.
Hoje, no entanto, empresas como a Terrafugia, recentemente comprada pela proprietária da Volvo, a gigante chinesa Geely, a holandesa Pal-V, com seu conceito de girocóptero, e a eslovaca AeroMobil produziram protótipos que podem ser dirigidos em terra firme e pilotados no ar.
Já a Airbus tem um conceito futurista envolvendo uma cápsula de passageiros que pode ser separada de seu chassi em terra e levada por um quadricóptero.
Mas todos esses conceitos são extremamente caros, exigem padrões de certificação de segurança tanto viários quanto aéreos, precisam de duplo comando, envolvem asas e hélices dobráveis complexas e só podem voar a partir de pistas de aterrissagem.
Portanto, é provável que permaneçam como brinquedos em vez de soluções práticas de transporte para as massas.
"Um carro que decole de uma rua e pouse em outra é improvável", diz Gray. "Os táxis aéreos, por outro lado, são muito mais prováveis."
Mas isso não impedirá que inventores criem novas maneiras de voar e tentem persuadir investidores a apoiar suas ideias mirabolantes.
A revolução na aviação civil não está ligada aos antigos desejos de velocidade, romantismo e glamour, mas à necessidade urgente de responder a um clima de mudança.

Novos motores elétricos combinados com inteligência artificial e sistemas autônomos contribuirão para um sistema de transporte mais eficiente e integrado – e que seja menos poluente e menos barulhento. (bbc)

10 carros mais vendidos no Brasil com ESP

Mão na roda
Compas, HR-V, Corolla... Veja os 10 carros mais vendidos no Brasil com ESP.
Jeep Compass foi o SUV mais vendido em 2017 e também é o carro mais emplacado do Brasil que possui ESP
Obrigatório em 2022, controle de estabilidade ajuda a evitar acidentes; veja os modelos mais emplacados que oferecem o equipamento
O controle eletrônico de estabilidade, conhecido como ESP, ESC, VSA ou até mesmo outras siglas, a depender da fabricante, é um item de segurança de extrema importância que já começou a se popularizar, conforme já relatado por UOL Carros.
Através de sensores de esterço e giro nas rodas, consegue antever situações em que o veículo está prestes a sair do controle do motorista e corrigi-las, a partir da distribuição de torque e de uso quase imperceptível dos freios, a tempo de manter o veículo na trajetória e evitar um acidente.
Tamanha é sua relevância que em mercados como Estados Unidos e Europa ele já é obrigatório há alguns anos. No Brasil, passará a ser impreterível em novos projetos a partir de 2020, e em todos os automóveis zero km até 2022.
Assim como aconteceu com os freios ABS e os airbags frontais, as montadoras já estão aumentando gradualmente a oferta do equipamento como item de série em seus produtos, a fim de ganhar escala e reduzir custos da inclusão.
Segundo dados da consultoria Jato Dynamic do Brasil, obtidos em primeira mão por UOL Carros, 38% dos carros novos emplacados em nosso país nos dois primeiros meses de 2018 vieram de fábrica equipados com o controle de estabilidade. Em números absolutos, estamos falando de aproximadamente 103 mil veículos. 
Alguns modelos de valor médio mais alto, como Jeep Compass, Honda HR-V e Toyota Corolla, oferecem ESP em toda a gama. Já aqueles de porte mais compacto e preços mais acessíveis, caso de Volkswagen Polo e Fiat Argo, ainda restringem o item às versões mais caras.
Veja abaixo quais foram os 10 modelos mais emplacados no primeiro bimestre de 2018 entre os que dispõem do equipamento:
1º. Jeep Compass
Imagem: Murilo Góes/UOL
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 109.990 a R$ 170.710
+ Unidades vendidas: 8.148
2º. Honda HR-V
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 81.900 a R$ 108.900
+ Unidades vendidas: 7.467
3º. Toyota Corolla
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 89.990 a R$ 118.850
+ Unidades vendidas: 7.228
4º. Nissan Kicks
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 72.990 a R$ 98.890
+ Unidades vendidas: 6.411
5º. Volkswagen Polo TSI
+ Versões dotadas de ESP: Comfortline 200 TSI e Highline 200 TSI
+ Faixa de preços: R$ 67.150 (Comfortline) a R$ 71.760 (Highline)
+ Unidades vendidas: 6.365
6º. Honda Fit
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 59.300  a R$ 81.700
+ Unidades vendidas: 5.513
7º. Hyundai Creta
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 76.350 a R$ 102.580
+ Unidades vendidas: 4.689
8º. Jeep Renegade
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 75.790 a R$ 128.990
+ Unidades vendidas: 4.674
9º. Ford EcoSport
+ Versões dotadas de ESP: todas
+ Faixa de preços: R$ 68.690 a R$ 99.990
+ Unidades vendidas: 4.223
10º. Chevrolet Cruze
+ Versões dotadas de ESP: todas

+ Faixa de preços: R$ 96.790 a R$ 109.790

+ Unidades vendidas: 3.236 (uol)

sábado, 28 de abril de 2018

Apple diz que 100% da sua energia agora é renovável, mas não é bem assim

Relatório ambiental da Apple mostra menos gasto com energia e menos emissão de CO2.
Painéis solares no telhado da sede da Apple na Califórnia.
A Apple anunciou em 09/04/18 que finalmente atingiu um objetivo que vem buscando há anos. A empresa afirma que 100% da energia consumida em todas as suas operações no mundo inteiro agora vem de fontes renováveis. Mas será mesmo?
A novidade foi alardeada por parte da imprensa internacional, mas a realidade não é tão simples. O que a Apple quer dizer com "100%" é que a empresa, hoje, adquire energia suficiente de fontes renováveis para cobrir tudo o que gasta com fontes não renováveis.
Tome como exemplo a loja oficial da Apple em São Paulo. A energia que ela consome vem da distribuidora local, que é a AES Eletropaulo. A Apple não pode usar painéis solares ali porque a loja fica dentro de um shopping. Ela até pode comprar energia de uma usina limpa, mas essa energia só chega até a loja da empresa se passar primeiro pela Eletropaulo.
Quando chega à Eletropaulo, a energia que vem da usina eólica ou solar acaba se misturando à energia que vem de fontes não renováveis, como combustíveis fósseis. Dessa forma, a Apple não tem como ter certeza de que 100% da energia que abastece a sua loja em São Paulo é "limpa".
O que a Apple pode fazer, e tem feito há anos, neste caso, é adquirir Certificados de Energia Renovável (RECs, na sigla em inglês). Estes certificados são uma espécie de "garantia de limpeza" fornecidos por usinas de energia renovável.
Usinas que vendem, por exemplo, 1.000 megawatts-hora por ano a um cliente como a Apple não têm como garantir que esses 1.000 megawatts-hora serão consumidos pela Apple porque não dá para rastrear a energia. É como tentar rastrear 500 ml de água que você despejou no oceano.
Os RECs são certificados de que esses 1.000 MWh, porém, foram realmente gerados. Se a loja da Apple gastar 1.000 MWh por ano com energia "mista" que vem da Eletropaulo, mas também comprar 1.000 RECs (isto é, um certificado para cada megawatt-hora), a empresa pode atestar que 100% da energia que ela gastou foi compensada na produção de energia renovável.
Ao anunciar que 100% da sua energia vêm de fontes renováveis, o que a Apple quer dizer, na verdade, é que a empresa, hoje, já produz mais energia de fontes renováveis, através da compra de RECs ou de geração própria, do que o volume total de energia que ela consome no mundo todo.
Além de comprar RECs, a Apple também investe em usinas particulares de energia solar e eólica, e garante que todos os seus novos escritórios e lojas ao redor do mundo usam, de verdade, 100% de energia de fontes renováveis. Como, por exemplo, o Apple Park, seu campus em forma de nave espacial inaugurado no ano passado, que possui painéis solares no telhado (foto acima).
O plano da empresa é, um dia, fazer com que cada escritório, loja, data center e fábrica terceirizada em todos os 43 países em que ela atua sejam abastecidos por energia 100% limpa. Mas enquanto existirem distribuidoras como a Eletropaulo em todo canto do mundo, este continua sendo um objetivo longe de ser alcançado.
O comunicado da Apple tem alguns outros dados menos enganosos. A empresa diz, por exemplo, que desde 2011, já reduziu em 54% suas emissões de gases do efeito estufa, o que impediu a entrada de 2,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera da Terra.
"Nós estamos comprometidos a deixar o mundo melhor do que quando o encontramos", diz Tim Cook, CEO da Apple, no comunicado oficial da empresa. "Nós vamos continuar trabalhando no limite para estabelecer novas e criativas fontes de energia renovável, porque o futuro depende disso." (olhardigital)

Energias renováveis e a descarbonização da economia

As energias renováveis avançam, mas em ritmo insuficiente para descarbonizar a economia.
As energias renováveis já estão crescendo em ritmo mais veloz do que as fontes fósseis e os investimentos em usinas eólicas e solares já superam a quantidade investida anualmente em petróleo, gás e carvão. Crescem os apoiadores das energias que até pouco tempo eram chamadas de alternativas, mas que agora são de baixo custo e são a opção preferencial do setor energético global.
O colunista do New York Times, prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, no artigo “Energia solar e eólica não são mais coisas de hippie”, republicado na Folha de São Paulo, tece loas às energias renováveis, critica as posições do governo Donald Trump e diz: “Não existe mais qualquer razão para acreditar que seria difícil ‘descarbonizar’ dramaticamente a economia. De fato, não há razão para acreditar que fazê-lo imporia custos econômicos significativos. O debate realista é determinar o quanto será difícil chegar dos 80% aos 100% de descarbonização. Por enquanto, porém, o problema não está na tecnologia, mas na política” (18/04/2018).
Paul Krugman está correto, mas o último relatório da IRENA – International Renewable Energy Agency – “Global Energy Transformation: A Roadmap to 2050”, mostra que a velocidade da adoção de energia renovável global precisa aumentar em, pelo menos, por um fator de seis vezes para que o mundo atinja as metas estabelecidas no Acordo do Clima, de Paris.
Conforme o relatório, o investimento cumulativo no sistema de energia precisaria ser aumentado em 30% até 2050 em favor do apoio à energia renovável e à eficiência energética – de cerca de US$ 93 trilhões sob as políticas atuais e planejadas, até US$ 120 trilhões. Esse valor do investimento também exige que US$ 18 trilhões sejam direcionados para redes elétricas e flexibilidade energética – o dobro das políticas atuais e planejadas.
Evidentemente, a energia renovável e a eficiência energética formam a base da solução mundial para as emissões de gases de efeito estufa, relacionadas à energia, e podem fornecer mais de 90% das reduções de emissões de CO2 necessárias para manter a temperatura global subindo menos de 2ºC, como estabelecido no Acordo de Paris. Mas o relatório da IRENA mostra que: “Se quisermos descarbonizar a economia global com rapidez suficiente para evitar os impactos mais severos das mudanças climáticas, as energias renováveis devem representar pelo menos dois terços da energia total até 2050”.

O gráfico acima mostra que, seguindo as tendências atuais e os planos aprovados pelos diversos governos do mundo, as emissões não seriam reduzidas o suficiente para cumprir as metas do Acordo de Paris. Na trajetória de hoje, a despeito do forte crescimento da energia renovável, o planeta exauriria seu “orçamento de carbono”, permitido no cenário de 2ºC, em apenas 20 anos (ou seja, 2037).
Portanto, não basta manter o ritmo do crescimento atual das energias eólica e solar. A participação da energia renovável na matriz energética deve atingir pelo menos dois terços do total energético, para evitar um agravamento incontrolável do aquecimento global.
O sol e o vento são recursos naturais abundantes e renováveis, mas, indubitavelmente, não podem fazer milagres e nem evitar o imperativo do metabolismo entrópico, como ensina a escola da economia ecológica. A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga do Planeta. Como alertou o ambientalista Ted Trainer (2007), as energias renováveis não são suficientes para manter a expectativa das pessoas por um alto padrão de consumo conspícuo. Ted Trainer prega um mundo mais frugal, com decrescimento demoeconômico, onde as pessoas adotem um estilo de vida com base nos princípios da Simplicidade Voluntária. (ecodebate)

Tecnologia inovadora usa ar frio para armazenamento de energia

As soluções inovadoras para gerar mais e melhores fontes de energias renováveis no mundo.
Novas iniciativas estão sendo implementadas para armazenar energia no mundo.
Em muitas partes do mundo desenvolvido, basta acionar um interruptor para ligar uma lâmpada, uma máquina de lavar roupa, uma televisão ou um computador.
Mas não é em todo lugar que isso acontece.
Na maioria dos países em desenvolvimento, a demanda por energia está aumentando. Como resultado, apagões constantes são registrados e, não raro, se vê com frequência cidades 'às escuras'.
Todas as fontes de energia são intermitentes, em maior ou menor grau. Mas, por sua natureza, a produção de energia renovável se move entre dois extremos: ou gera muita energia ou não gera o suficiente para atender à demanda.
Por essa razão, especialistas vêm tentando descobrir novas formas de melhorar o armazenamento de energia, de forma que o excedente, se houver, possa ser usado posteriormente quando houver desequilíbrios entre a oferta e a demanda de eletricidade.
"A necessidade de armazenar energia surge quando você entende como é incrivelmente difícil gerar eletricidade", diz Benjamin Sovacool, professor de Política Energética da Universidade de Sussex, no Reino Unido.
Um dos maiores desafios do setor elétrico é armazenar excedente de energia.
Energias renováveis
Embora 176 países no mundo, incluindo o Brasil, tenham uma política de energia limpa, o mundo ainda depende em grande parte do petróleo, do gás e do carvão.
São combustíveis fósseis que, segundo cientistas ambientais da ONU, terão "impactos sérios, generalizados e irreversíveis sobre as pessoas e os ecossistemas" se nada for feito para mudar essa realidade.
John Goodenough criou baterias de íons de lítio.
John Goodenough, um cientista pioneiro e professor universitário, criador de baterias de íons-lítio, defende que a humanidade precisa repensar como produz e armazena energia.
"A dependência da sociedade moderna de combustíveis fósseis não é sustentável. Portanto, temos que encontrar em um futuro muito próximo uma maneira de produzir energia e, em seguida, armazená-la em uma bateria [em larga escala]", diz ele.
Mas as baterias de íon-lítio também têm suas desvantagens, lembra Goodenough.
"As pessoas têm que ter muito cuidado. Se você criar uma bateria em grande escala, tem que monitorar muitas células. Por exemplo, o carro Tesla tem 7 mil células, tudo tem que ser bem gerido, e ele [o presidente da Tesla, Elon Musk ] sabe como fazer isso muito bem", acrescenta.
A americana Tesla, conhecida por seus carros elétricos, investiu tempo em tecnologia e produção de baterias para compor seus carros elétricos.
O desafio de criar baterias para armazenar energia.
Agora, a empresa investe em um armazenamento em grande escala para fornecer energia em locais que sofreram blecautes.
Por isso, lançou recentemente o maior conjunto de baterias de íons-lítio do mundo em Hornsdale, na Austrália.
Acordo de Paris impôs restrições ao uso de combustíveis fósseis.
'Bate e volta'
Os veículos elétricos também podem ser usados como centros de troca e armazenamento de energia.
Os chamados "veículos conectados à rede", ou V2G (do inglês vehicle-to-grid), podem captar energia da rede elétrica e devolver o que não gastaram.
V2G, o sistema que permite a carros elétricos devolver energia não utilizada.
Fabricantes de automóveis como Nissan, BMW e Honda estão analisando a possibilidade de produzir veículos do tipo V2G em colaboração com empresas de energia e software.
Forsyning Frederiksberg, uma empresa dinamarquesa, substituiu dez dos seus veículos por caminhonetes da Nissan totalmente elétricas e instalou dez pontos de carga "bidirecional" (para a captura e devolução de energia).
Neste sentido, seus operários saem com seus veículos pela manhã, fazem seu trabalho pela cidade e, à tarde, conectam o veículo de volta ao ponto de carga.
Feito isso, a rede pode usar a energia restante nas baterias das caminhonetes.
Por outro lado, o software Nuvve, desenvolvido pela Universidade de Delaware (Estados Unidos), conecta-se à rede e monitora constantemente suas necessidades energéticas.
Se houver uma flutuação energética, por exemplo, é possível ativar as baterias conectadas à rede para fornecer energia em questão de segundos.
"Chamamos isso de uma usina de energia virtual", diz Marc Trahand, diretor de operações da Nuvve na Europa.
"Todas essas pequenas baterias juntas se tornam uma grande estação de energia que você pode ativar na rede", acrescenta.
Sistema em que veículos elétricos 'devolvem energia' está sendo desenvolvido atualmente.
Baterias fracas
Mas segundo Kotub Uddin, especialista em veículos da Universidade de Warwick, na Inglaterra, e atual chefe de armazenamento de energia na OVO Energy, para que a tecnologia V2G decole comercialmente, será necessário que os proprietários tenham certeza de que as baterias dos veículos não serão danificadas.
Carregar e descarregar a bateria repetidamente pode causar danos. A resposta para esses problemas é um carregamento inteligente, diz ele, em que a deterioração seja mínima, com uma extensão da vida útil de sua bateria.
Tesla instalou imensa bateria de íon-lítio na Austrália.
Armazenamento local
No mundo desenvolvido, há mais de 1 bilhão de pessoas sem acesso à eletricidade, dizem especialistas.
Koen Peters, diretor executivo da Global Off-Grid Lighting Association (Gogla), aponta que outras 1 bilhão não têm um fornecimento de energia de maneira confiável, ou seja, regular.
Para ele, os números são uma indicação de que existe um grande mercado para energia renovável fora da infraestrutura convencional, especialmente em lugares em que pode não ser economicamente viável conectar-se a uma rede de abastecimento.
"Ainda não exploramos totalmente esse mercado", diz ele.
Dados confirmam esse crescente interesse.
Frederiksberg Forsyning substituiu suas caminhonetes por veículos elétricos da Nissan.
Adeus aos postes de luz?
Desde 2010, as vendas de painéis solares para o armazenamento de energia cresceram 60%, por exemplo, segundo a Gogla.
As empresas líderes no mercado, M-Kopa Solar e Azuri, D.light e BBoxx, estão aproveitando esse boom e competem para vender painéis solares, lâmpadas e baterias para domicílios na África Central, Oriental e Ocidental e partes da Ásia.
As companhias instalam o equipamento nas residências, que é carregado durante o dia. Os clientes podem, então, usar essa energia armazenada para iluminar a casa à noite e carregar o celular. Outros dispositivos precisam de outros painéis com maior potência.
Paineis solares como esse podem ser solução para fornecimento irregular de energia em países em desenvolvimento.
Monica Keza Katumwine, CEO da BBoxx, sediada em Ruanda, na África, advoga que a empresa pode monitorar remotamente as necessidades de energia ou armazenamento das pessoas.
"O que estamos mudando é ter essa energia, mas sem cabos e postes e todas essas coisas, proporcionamos o mesmo serviço, mas sem a conexão física completa; tudo é feito remotamente", diz.
As baterias que revolucionam o setor elétrico nas zonas remotas da África e da Ásia
Mas esse tipo de infraestrutura ainda é escasso e muito caro. O investimento é alto, o que acaba impactando no preço dos serviços para o consumidor.
Altos custos e investimentos maciços são um problema nos países em desenvolvimento, diz Peters.
Segundo ele, o acesso a esse tipo de serviço gera "um enorme impacto na qualidade de vida".
Em Ruanda, na África, painéis solares fornecem energia a domicílios
Soluções criativas
A demanda por energia no mundo deve aumentar nos próximos anos, acompanhando o crescimento da população mundial.
Acredita-se que até 2040 a demanda vai aumentar ainda mais na Índia, China e África.
Recursos naturais, como água e vento, são fonte para energias renováveis
O desafio é ampliar a capacidade das energias renováveis para atender a essa demanda, especialmente em áreas urbanas.
Além disso, não poderemos confiar nos combustíveis fósseis: nos últimos 20 anos, as regulações decorrentes das mudanças climáticas se multiplicaram, impulsionando o uso de energias renováveis, conforme estabelecido no acordo de Paris de 2015.
Então, como será possível combinar o armazenamento de energia com uma maior produção de energia renovável? E como fazer tudo isso de forma eficiente?
Empresa suíça Alacaes perfurou lateral de montanha para armazenar ar e movimentar turbina.
Ravi Manghani, diretor de armazenamento de energia da Greentech Media, diz que será necessário inovar.
"O ar comprimido é uma tecnologia interessante", diz ele. "Pode ser uma forma de armazenamento em massa."
Uma empresa que vem atuando nesse segmento é a suíça Alacaes, ao perfurar a lateral de uma montanha para ali armazenar ar que pode, então, ativar uma turbina.
Energia solar é alternativa em climas tropicais e áridos
Outras tecnologias, como o armazenamento de ar frio, devem mostrar ao mercado que são "tão confiáveis" quanto as tecnologias mais estabelecidas, diz Manghani.
Essa técnica envolve o uso de refrigeração. O ar é resfriado a menos 196°C até se tornar líquido. Então, é armazenado a baixa pressão. Mas esse mecanismo, no entanto, ainda está em uma fase muito precária.
Nem todos os especialistas estão confiantes sobre as tecnologias atuais de armazenamento de energia.
O sistema de resfriamento que armazena o excedente de energia como gás liquefeito
Mas seja qual for a tecnologia do futuro, será necessário que empresas de energia, de automóveis e de dados combinem forças.
E como não haverá uma única tecnologia, fica claro que os problemas de armazenamento de energia serão resolvidos de muitas maneiras diferentes.
Indivíduos, empresas, cidades e comunidades estarão envolvidos, desafiando as grandes empresas que dominaram o cenário energético até agora. (bbc)