O entendimento vem com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. Aprendizagem, conhecimento e sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança em agregar novos valores aos já existentes.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
Brasil da energia fóssil a energia nuclear
Contradições na matriz
energética e política
Expansão dos fósseis: O
Brasil tem avançado no uso de combustíveis fósseis, com destaque para o gás
natural e a exploração de petróleo, como na foz do Amazonas, mesmo com os
objetivos de descarbonização.
Crescimento do nuclear:
Paralelamente, a energia nuclear tem sido vista como uma alternativa
"limpa" por não emitir CO2. A defesa dessa fonte é vista
por alguns como essencial para a segurança energética, principalmente para
compensar a intermitência das fontes eólica e solar, embora haja polêmica sobre
os riscos e a gestão de resíduos.
Crise de credibilidade: Essa política de dupla face gera uma crise de credibilidade, pois o país parece seguir uma agenda de desenvolvimento que não é totalmente alinhada com os esforços globais contra as mudanças climáticas.
Enquanto se prepara para sediar COP30, país enfrenta crise de credibilidade com expansão de combustíveis fósseis e declarações belicistas sobre energia nuclear
Licença do Ibama para
Petrobras perfurar na Amazônia e declaração do ministro Alexandre Silveira
sobre uso bélico de energia nuclear colocam em xeque liderança climática
brasileira, semanas antes da COP30.
A queima de combustíveis
fósseis (petróleo, gás, carvão) e o desmatamento tem impulsionado as mudanças
no clima, que por sua vez ameaçam a sobrevivência humana, e a própria vida no
planeta pelos efeitos catastróficos resultantes, conhecidos em todos os
continentes. Aliado a este flagelo que atinge a humanidade, o pacifismo caiu em
desgraça, e a corrida armamentista convencional e nuclear está em alta devido
às tensões internacionais, a luta pelo poder, e por territórios.
O governo brasileiro com a
COP30 em Belém do Pará, em plena Amazônia, almeja a liderança climática
mundial. Todavia a poucas semanas da reunião duas situações ocorreram, que
desmascaram o discurso e a prática do atual governo federal. Por um lado, a
autorização concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) para a Petrobras iniciar a perfuração de um poço
exploratório de petróleo (já pleiteia perfurar 3 poços com a mesma licença) na
foz do rio Amazonas, em sua margem equatorial brasileira. E o outro evento foi
o discurso do ministro de Minas e Energia (MME) Alexandre Silveira, que sem
meias palavras propôs o uso bélico da energia nuclear, justificando como
estratégia de dissuasão e de garantir a segurança nacional.
Com a licença autorizada pelo Ibama é certa a expansão da exploração do principal responsável pelas emissões de CO2, causador do aquecimento global. Segundo o presidente Lula, para amenizar esta catástrofe anunciada, afirmou “entre fazer pesquisa e tirar petróleo, leva um tempo muito grande, e é preciso novas licenças para você fazer essas coisas”. Talvez ele espere que depois da Petrobras comprovar os estudos que já indicam cerca de 10 bilhões de barris de petróleo (atualmente o Brasil tem uma reserva comprovada de 16,8 bilhões de barris) de reserva acumulada naquela bacia sedimentar, ela recue e deixe o petróleo por lá mesmo. Foi sem nenhuma dúvida, uma enorme derrota da sociedade que se mobilizou, e que em sua maioria não quer a exploração de petróleo no maior rio do mundo.
Há sérios e concretos riscos de danos socioambientais com a abertura de uma nova fronteira exploratória de petróleo na foz do rio Amazonas. Segundo a ciência se houver vazamento de petróleo o resultado será uma tragédia anunciada, que atingirá não somente o Grande Sistema Recifal da Amazônia (GARS), com uma extensão estimada de 56.000 km2 (ecossistema único e rico em biodiversidade, servindo de berçário a várias espécies de peixes), como populações indígenas, quilombolas, colônias de pescadores e suas áreas de pesca artesanal, unidades de conservação, reservas extrativistas, todas próximas à área de exploração. E com o petróleo extraído é mais CO2 na atmosfera, mais efeito estufa, mais aquecimento global, mais destruição da floresta, mais tragédias.
Esta decisão do Ibama, depois
de muita pressão e constrangimento político provocado pelo ministro do MME, foi
judicializada por uma coalizão composta de 8 organizações de entidades
ambientais, indígenas, quilombolas e pesqueiras, cuja ação civil pública
impetrada tem como alvo a União e o Ibama. Pede a paralisação imediata das
atividades de perfuração e anulação da licença de exploração concedida,
alegando falhas técnicas, ausência de consulta livre, prévia e informada, além
de violação dos compromissos climáticos assumidos pelo país em convenções e
acordos internacionais.
Outro desastre para a imagem
do Brasil perante o mundo foi o discurso do ministro Alexandre Silveira,
durante a posse dos novos diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear
(ANSN), em 05/09/25 defendendo que o Brasil poderá precisar de armas nucleares
para garantir sua soberania e defesa nacional. Assim reacendeu a discussão sobre
uso pacifico e bélico da energia nuclear.
A Constituição Federal (CF) de 1988, Artigo 21, inciso XXIII, alínea “a” estabelece que: “toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional”. Também importante a lembrança de que o Brasil é signatário de tratados e acordos internacionais, entre eles o Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o Tratado de Proscrição das Armas Nucleares na América Latina e no Caribe (conhecido como Tratado de Tlatelolco, cujo objetivo é o de garantir que a América Latina e o Caribe não tenham armas nucleares), e o Tratado para Proibição de Armas Nucleares.
As declarações do Ministro Alexandre Silveira sobre energia nuclear, atingem as raias do inverossímil, tornando esta autoridade do primeiro escalão do governo Lula, um dos mais combativos e maior defensor do uso nuclear para fins pacíficos e bélicos.
Como defensor da expansão de
usinas nucleares no país propõe reatores modulares pequenos (em inglês, SMRs)
na região Amazônica. Todavia omite que tanto do ponto de vista tecnológico,
como econômico, enfrentam desafios importantes, sem que se tenha provado a
viabilidade econômica, e nem demonstrado seu desempenho operacional. Quanto a
continuar as obras da usina nuclear de Angra 3, cujo início oficial da
construção foi em 1984, é o principal lobista dentro do governo federal. Obra
que tem um custo para sua finalização de R$ 23 bilhões, e cujos
equipamentos já comprados estão defasados, ultrapassados, não atendendo os
atuais requisitos de segurança. Além da grande voracidade, pois o tesouro
nacional despende anualmente R$ 1 bilhão para manutenção do canteiro de
obras deste “elefante branco”.
Ao mencionar o uso da energia
nuclear para fins de defesa do território e de segurança nacional, o ministro
conhecido como o das “boas ideias”, também incentivou um deputado federal de
extrema direita a declarar, em alto e bom som, que vai apresentar uma Projeto
de Emenda Constitucional (PEC) retirando do artigo 21 da CF a exclusividade do
uso pacifico da energia nuclear em território nacional, assim escancarando a
possibilidade de o Brasil fabricar a sua bomba atômica. Nada mais surpreende
vindo do atual Congresso Nacional, uma das piores legislaturas, infestados de
safardanas agindo contra a vontade popular.
Para não desacreditar mais a
luta a favor das usinas nucleares, houve uma imediata mobilização dos lobistas
da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares
(ABDAN), da Frente Parlamentar Mista da Tecnologia e Atividades Nucleares
(grupo de parlamentares oportunistas que apoiam a energia nuclear no Brasil),
de acadêmicos beneficiados com o programa nuclear brasileiro, da mídia
corporativa; todos unânimes em atacar a proposta do parlamentar extremista.
Viram nesta iniciativa como “um tiro no pé”, mais dificuldades aos seus
interesses de emplacar a construção de novas usinas nucleares no país. Como é
reconhecido, a energia nuclear é amplamente rejeitada pela maioria da população
brasileira, e a possibilidade de o país fabricar bombas atômicas só aumentaria
a rejeição popular por esta fonte de energia elétrica, e de destruição da vida.
Várias associações
científicas também vieram a público para rejeitar e repudiar a proposta da “PEC
da Bomba Atômica”, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a
Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira de Física (SBF) e
a Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Todavia nada falaram dos resíduos
produzidos por usinas nucleares que podem ser usados para a fabricação de
artefatos nucleares. Ser contra a fabricação de bombas atômicas, por coerência,
também deve ser contra as usinas nucleares.
Inacreditável foi a interpretação que o Estadão Verifica (em parceria com o Projeto Comprova) fez da fala do ministro Silveira. Bem conhecido por suas posições reacionárias, e um ativo defensor da nucleoeletricidade no país, este jornal chegou a publicar que o ministro não falou, o que ele disse.
Brasil na contramão do mundo climático sustentável
A lição de ambos episódios é
que o tempo do ministro das “boas ideias” esgotou. Deveria se preocupar mais
com outros assuntos de sua pasta ligados às páginas policiais, pela venda de
licenças ambientais em Minas Gerais; e explicar melhor como se deu o interesse
de um grupo empresarial, sem nenhuma experiência na área, por usinas nucleares.
(ecodebate)
Produção de hidrogênio reduzirá o curtailment em parque solar holandês
A
construção do maior projeto da Holanda destinado à produção de hidrogênio
totalmente verde já começou.
O
projeto H2 Hollandia, localizado na província de Drenthe, conectará um
eletrolisador de 5 MW ao parque solar Vloeivelden Hollandia, de 115 MW,
inaugurado em 2021. Quando estiver em operação, espera-se que o sistema produza
aproximadamente 300.000 kg de hidrogênio verde por ano a partir de energia
solar.
As
empresas holandesas de desenvolvimento Novar e Avitec lideram o projeto com o
apoio de um consórcio de fornecedores holandeses de engenharia e tecnologia,
incluindo a Plug Power, a Resato Hydrogen Technology, a Van Halteren
Technologies e a Summit Renewable Projects, responsáveis pela instalação. A
empresa holandesa de energias renováveis Repowered cuida do controle e
otimização do sistema, enquanto a parceira de serviços de energia verde Klaer é
responsável pela operação e manutenção do sistema.
O
projeto H2 Hollandia atingiu o fechamento financeiro em outubro. Ele está sendo
financiado por uma combinação de apoio da Novar e da Avitec, subsídios
nacionais e regionais e respaldo do Rabobank, com sede em Utrecht, que forneceu
financiamento por meio de uma estrutura de empréstimo sob medida.
Jansen
explicou que a ligação ao parque solar Vloeivelden Hollandia traz benefícios
tanto para as instalações de hidrogênio quanto para as de energia solar. A
conexão do eletrolisador à rede elétrica, por meio da conexão já existente do
parque solar, gerou economia nos custos do projeto, enquanto o uso do
eletrolisador permitirá que o parque solar utilize energia atualmente não
aproveitada.
“Atualmente,
o parque solar tem uma capacidade de conexão à rede de 70 MVA, mas o parque em
si tem 115 MW, então há alguma restrição de geração”, explicou Jansen. “Com o
eletrolisador, basicamente evitamos 50% dessa restrição, que será usada para
produzir hidrogênio. Claro, ele não funciona apenas com a energia proveniente
da restrição – funciona em parte com energia proveniente da restrição e em
parte com energia solar convencional – mas isso permite que o projeto solar
utilize mais energia, o que é bom do ponto de vista da sustentabilidade e para
o seu modelo de negócios”.
A
diferença de tamanho entre o eletrolisador e o parque solar garantirá que o
eletrolisador possa produzir em plena capacidade diariamente, acrescentou
Jensen. “Durante o dia, quando o sol está brilhando, o sistema pode produzir
uma carga estável porque está na parte inferior do perfil de produção solar”,
explicou ele.
Jansen
também disse à pv magazine que a perspectiva para a construção de usinas de hidrogênio
próximas a projetos de energia solar ou eólica na Holanda é promissora. “Se
houver uma empresa industrial que necessite de hidrogênio, ou um centro de
mobilidade que queira se instalar junto a uma usina de hidrogênio, esses
projetos podem ser limitados pelas tarifas e custos da rede elétrica”, afirmou.
“Ter energias renováveis no local é preferível quando se consideram esses
custos na Holanda, principalmente porque se espera que eles aumentem nos
próximos anos”.
A
H2 Hollandia deverá entrar na fase de testes e comissionamento no primeiro
semestre do próximo ano e a previsão é de que comece a produzir hidrogênio em
algum momento do próximo verão.
Recentemente,
a Novar estabeleceu sua própria conexão à rede elétrica no local de um projeto
que se tornará o maior parque solar da Holanda. Essa conexão permite que a
empresa atue como sua própria operadora de sistema de distribuição,
conectando-se diretamente à rede de alta tensão. (pv-magazine-brasil)
sábado, 6 de dezembro de 2025
Lula recebe veículos da caravana Rota Sustentável em Brasília
Idealizada
pelas 2 empresas, a caravana está atravessando o país com 4 veículos –
um ônibus e um caminhão abastecidos com biocombustível puro fabricado pela Be8
e um ônibus e caminhão idênticos abastecidos com óleo diesel comum. No total, essa
frota vai percorrer cerca de 4.000 km entre Passo Fundo (RS) e Belém (PA).
A
expectativa é que os veículos cheguem ao destino para a abertura da COP30.
Grupo se dirige à Belém do Pará, onde apresentará o biocombustível desenvolvido no Brasil; para o Planalto, iniciativa simboliza o protagonismo do Brasil na transição energética.
A “Rota Sustentável COP 30 – Do Sul ao Norte com Energia Renovável” fez uma parada em Brasília dia 30/10/25. Os veículos foram recepcionados pelo presidente Lula e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Dois ônibus e dois caminhões saíram de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e vão percorrer mais de quatro mil quilômetros até Belém do Pará. Tudo para apresentar um combustível 100% sustentável desenvolvido no Brasil e que pode substituir o diesel e o biodiesel em ônibus e caminhões
A
frota roda com o novo biocombustível BeVant, e também com diesel comum
misturado a 15% de biodiesel. Os veículos estão carregados com 20 toneladas de
alimentos que serão entregues a instituições sociais de Belém.
De
acordo com o Governo Federal, o Instituto Mauá de Tecnologia vai medir as
emissões e garantir a credibilidade dos dados de consumo dos veículos da Rota
Sustentável COP 30, que vão ser apresentados na conferência.
Durante
a recepção no Palácio do Planalto, Alckmin afirmou que a iniciativa é um
exemplo da Nova Indústria Brasil: inovadora, competitiva e sustentável. E o
presidente Lula destacou que o Brasil vai ser o campeão de transição
energética. (radiogov.ebc)
SP supera marca de mil ônibus elétricos
A
barreira foi superada com a entrega de 60 novos ônibus durante ato que foi
realizado no estacionamento do Estádio do Pacaembu. A cerimônia abriu uma
programação idealizada pela Prefeitura para marcar a COP30 – este ano a
conferência da ONU sobre mudanças climáticas será realizada em Belém (PA) e tem
abertura prevista para 10/11/25.
São
Paulo supera a marca de mil ônibus elétricos. Meta ainda segue muito distante
A capital paulista completa a descarbonização de 7,1% de sua frota, a maior do País. Lei Municipal de Mudança do Clima, prevê 6,8 mil ônibus elétricos até 2028.
Com a nova entrega de 60 veículos e tecnologia inédita de recarga, a capital paulista, que já detinha a maior frota de ônibus do Brasil, com 14 mil veículos, ultrapassa a marca de mil ônibus elétricos. Hoje, dos 1009 coletivos elétricos, 820 são movidos à bateria, além dos 189 trólebus, que somados representam uma redução de 35 milhões de litros de diesel por ano, de acordo com a Prefeitura Municipal.
Em nota à imprensa, a Prefeitura de São Paulo comunicou que a entrega dos novos ônibus faz parte de uma programação especial voltada à sustentabilidade, que acontece nesta semana, antecedendo a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Uma lista completa da programação do executivo municipal sobre a COP 30 está disponível no site da Prefeitura. Veja aqui a agenda completa.
Elétrico X Convencional
Além
dos impactos positivos ao meio ambiente, os ônibus elétricos emitem menos
ruídos, reduzindo a poluição sonora, oferecendo inclusive viagens mais
confortáveis e reduzindo o impacto no entorno. Apesar de não serem tecnologias
exclusivas dos modelos elétricos, os novos veículos anunciados pela Prefeitura
de São Paulo contam também com ar-condicionado, tomadas USB, Wi-Fi e um sistema
de monitoramento integrado ao programa SmartSampa, uma plataforma municipal de
segurança.
Os investimentos fazem parte do Programa de Metas da prefeitura para o período de 2025–2028 e contam com financiamento do BNDES e do Banco do Brasil. Segundo o prefeito Ricardo Nunes, foram mais de R$2,5 bilhões de investimento.
Discurso X realidade
Em
2009 foi sancionada a Lei Municipal de Mudanças Climáticas (Lei nº
14.933/2009), prevendo entre outros pontos, a eletrificação de 50% da frota de
ônibus paulistana, ou aproximadamente 6 mil veículos. Embora a marca de mil
veículos elétricos seja bastante significativa, ainda faltam 5 mil novos ônibus
que deverão ser entregues nos próximos 3 anos, algo realmente difícil de se
concretizar. Vale lembrar que a queima de combustíveis é a principal causa de
emissões de gases de efeito estufa em São Paulo.
E
o Brasil?
Segundo
dados da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), até julho
deste ano apenas 25 dos 5571 municípios brasileiros possuíam ônibus elétricos
em circulação, sendo apenas 6 cidades com mais de 10 veículos do tipo na frota.
A
cidade de Curitiba, geralmente lembrada como exemplo de transporte e
planejamento urbano adquiriu 54 veículos elétricos na sua primeira aquisição,
compondo uma frota de 1189 ônibus. A meta da prefeitura é entregar 138 novos
ônibus elétricos até o final do ano. A meta do Plano Municipal de Mitigação e
Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima) de Curitiba, no entanto, é
bastante tímida: eletrificar 33% da frota até 2030, ou seja, pelo menos 391
veículos.
Segundo o Ministério das Cidades, já estão em processo de compra cerca de 2,2 mil ônibus elétricos para atender 92 cidades do País, entre elas Florianópolis (SC), Palmas (TO), Campinas (SP) e Niterói (RJ). Impulsionado pela Conferência do Clima, o Pará deverá receber 503 ônibus, sendo 100 elétricos, para a renovação da frota de municípios como Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara, Santa Izabel, Castanhal, Parauapebas, Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos.
Conforme noticiado pelo Mobilize em agosto (Diesel X Elétricos), um estudo recente do ITDP mostra que o Brasil tem capacidade parta trocar cerca de 14 mil ônibus convencionais por elétricos até 2030. (mobilize.org.br)
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
ISA Energia conecta sua nova usina fotovoltaica
ISA
Energia conecta sua nova usina fotovoltaica de 561,70 kWp em Embu-Guaçu/SP.
A
concessionária de transmissão de energia elétrica, ISA Energia, anuncia a
energização de sua terceira usina solar para autoconsumo remoto instalada na
Subestação Embu-Guaçu/SP. Concluída em 5 meses, a planta recebeu o investimento
de R$ 3,1 milhões e contou com a instalação de 820 módulos fotovoltaicos em uma
área de 5 mil m², além de uma cabine técnica de 65 m². Com potência instalada
de 561,70 kWp, a usina de geração distribuída atende de 20 a 25 unidades
consumidoras da empresa na região, contribuindo para uma redução anual estimada
de 66,5 toneladas de CO2.


Por que você deve limpar os seus painéis solares
A sujeira pode impedir a passagem da luz solar e diminuir a eficácia do sistema fotovoltaico. Saiba como fazer uma limpeza adequada de suas placas.
Como tudo que fica exposto, as placas solares podem juntar sujeira ao longo do tempo. É verdade que a chuva ajuda a mantê-las limpas, mas ainda assim é preciso realizar uma lavagem de vez em quando para ter certeza de que os painéis manterão sua eficiência na geração de energia.
Entenda a importância da limpeza das placas solares e veja um passo a passo de como realizá-la:
Importância da limpeza das placas solares
As placas precisam ficar em locais com muita exposição solar. Por conta disso, podem juntar poeira, folhas mortas, cocôs de passarinhos e outras fontes de sujeira com muita facilidade.
Essa poluição impede ou diminui a passagem de radiação solar, reduzindo a eficiência das placas em gerar energia elétrica. Estima-se que placas muito sujas percam até 30% de sua eficácia ao longo do tempo.
Uma vez que os painéis são normalmente instalados em um grau inclinado, as chuvas ocasionais conseguem eliminar boa parte da sujeira sem que você precise fazer qualquer coisa.
Em estações mais secas, no entanto, é essencial realizar uma lavagem dos painéis. Se acumulada, a sujeira pode até danificá-los e levar à perda de garantia.
Com que frequência devo lavar minhas placas?
Recomenda-se lavar as suas placas ao menos uma vez por ano, ou com mais frequência em lugares nos quais chove pouco.
Você é o melhor termômetro para saber se já é hora de limpar suas placas: crie o hábito de observar se elas estão muito sujas, especialmente se notar alguma queda fora do padrão na produção de energia.
Como fazer a limpeza dos painéis solares
As placas solares costumam ser instaladas em telhados, e muitas vezes é necessário subir neles para realizar a limpeza, o que caracteriza trabalho em altura. Para garantir a segurança dos envolvidos, é preciso ter uma certificação técnica (NR 35) e usar Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Caso você consiga fazer a lavagem sem subir no telhado e usando EPIs, melhor. Se isto não for possível, o melhor caminho é contratar uma equipe profissional com as habilitações adequadas. Jamais realize a limpeza sozinho se não tiver segurança de que todos os componentes do seu sistema estão em bom estado ou de que foram adequadamente instalados por profissionais competentes.
Escolha um horário de pouco sol para fazer o trabalho, como no início da manhã ou ao final de tarde. Isso reduz o risco de um choque térmico que possa danificar as placas solares. Esse risco existe sempre que você jogar água muito fria em uma placa muito quente.
Antes de começar a limpeza, desligue todos os componentes do seu sistema fotovoltaico. Vale observar que isso não elimina totalmente o risco de eletrocussão. As placas geram eletricidade de corrente contínua, ou seja, que flui continuamente, e nenhum botão “desliga” o sol. Todo cuidado é pouco.
Faça uma inspeção visual no sistema antes de jogar água. Confira se não tem nenhuma rachadura nas placas, algum dano, algum fio solto etc. Não faça a limpeza se não tiver certeza de que tudo está em ordem.
terça-feira, 2 de dezembro de 2025
O impacto da poeira em sistemas fotovoltaicos em ambientes costeiros áridos
Impactos
da poeira
Redução
da eficiência: A poeira age como um "escudo", impedindo que a luz
solar chegue às células fotovoltaicas e reduza a conversão de energia.
Aumento
da temperatura: O acúmulo de sujeira pode alterar a forma como o calor é
transferido, criando pontos quentes e elevando a temperatura do painel, o que
também diminui a eficiência.
Danos
e corrosão: Em ambientes costeiros, a poeira pode conter sais e outras
partículas que aceleram a corrosão dos elos metálicos e causam danos às
células, degradando o sistema e reduzindo sua vida útil.
Soluções
e manutenção
Limpeza
regular: A limpeza periódica dos painéis é essencial para restaurar a
capacidade de geração de energia.
Métodos
de limpeza: Existem diversas abordagens, desde a limpeza manual e automatizada
até o uso de ar comprimido para remover a sujeira e ajudar no resfriamento.
Tecnologias:
A automação da limpeza é uma tendência para reduzir os custos operacionais e
garantir a eficiência.
Design
do sistema: Um ângulo de inclinação adequado pode ajudar no
"auto-limpeza", facilitando o escoamento da água da chuva e o
deslizamento da poeira.
Uma equipe de pesquisa saudita-egípcia investigou os efeitos de quatro tipos de poeira em painéis fotovoltaicos em ambientes costeiros áridos, descobrindo que as perdas de energia podem chegar a 48%.
Uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade Imam Abdulrahman Bin Faisal, na Arábia Saudita, conduziu um estudo experimental sobre como diferentes composições de poeira afetam o desempenho fotovoltaico. O estudo examinou 4 tipos de poeira — montmorilonita, caulinita, bentonita e poeira natural — em painéis solares operando em ambientes costeiros áridos.
“As
conclusões deste estudo têm implicações práticas para a otimização da
manutenção de sistemas fotovoltaicos em regiões costeiras áridas”, explicou o
grupo. “Ao relacionar a composição da poeira aos mecanismos de degradação, as
partes interessadas podem priorizar os cronogramas de limpeza ou selecionar
revestimentos adequados aos minerais predominantes. Por exemplo, revestimentos
hidrofóbicos podem mitigar a adesão induzida pela umidade em ambientes ricos em
cálcio, enquanto regiões ricas em ferro podem se beneficiar de materiais
termorresistentes”.
Os
experimentos foram realizados em Jubail, uma cidade na costa do Golfo Pérsico
da Arábia Saudita, classificada como BWh (deserto quente) segundo o sistema
climático de Köppen. Um painel fotovoltaico policristalino de 20 W foi
utilizado para testes de desempenho ao ar livre entre 9 e 29/09/2025. Na
potência máxima, o painel forneceu uma corrente de 1,14 A e uma tensão de 17,6
V, com uma tensão de circuito aberto de 21,1 V e uma corrente de curto-circuito
de 1,29 A.
As argilas montmorilonita, caulinita e bentonita foram obtidas como pós minerais comerciais e peneiradas para tamanho inferior a 45 μm. Amostras de poeira natural foram coletadas manualmente de superfícies de vidro expostas às condições ambientais em Jubail. A deposição de poeira foi realizada em sete etapas, começando com uma densidade superficial de cerca de 1 g/m² e aumentando gradualmente até aproximadamente 7 g/m². As medições foram realizadas após cada etapa de deposição.
“A análise mineralógica via MEV-EDX revelou perfis composicionais distintos que se correlacionam diretamente com os padrões de degradação de desempenho”, afirmaram os pesquisadores. “A poeira natural, caracterizada por alto teor de sílica (25,37%) e óxido de cálcio (30,52%), emergiu como o contaminante mais prejudicial, induzindo uma perda de potência de 48% a uma densidade de deposição de 6 g/m² por meio da combinação de dispersão de luz e cimentação higroscópica”.
A
poeira rica em cálcio mostrou-se especialmente problemática em condições
costeiras, onde a elevada umidade (40–65% de umidade relativa) transforma
partículas soltas em camadas aderentes resistentes aos mecanismos naturais de
limpeza. Em contrapartida, o elevado teor de ferro da montmorilonita (62,67%)
contribuiu para a degradação térmica, elevando a temperatura da superfície do
painel para 40,4°C e reduzindo a tensão de circuito aberto.
“A
umidade emergiu como um fator crítico de amplificação, e não como um fator de
estresse independente, reduzindo a eficiência em 15–30% quando a umidade
relativa ultrapassou 60%. Esse limite marca uma transição da sujidade
reversível para a adesão cimentada, onde as forças capilares prendem as
partículas de poeira à superfície do painel fotovoltaico com força suficiente
para resistir à remoção impulsionada pelo vento”, explicaram os pesquisadores.
“A análise diurna revelou que a geração de energia ideal ocorre durante as horas
da manhã com baixa umidade (8h00–11h30, eficiência de 12–13%), enquanto os
períodos da tarde apresentam perdas de eficiência de 20–25%”.
Perda
de receita devido à sujeira no módulo deve chegar a quase R$ 40 bi.
Relatório
da IEA-PVPS estima ainda que a sujeira cause uma perda de 4% a 5% na produção
global de energia solar. (pv-magazine-brasil)
De aterro sanitário a polo produtor de energia limpa
A Prefeitura do Rio inaugurou em 02/11/25 o Solário Carioca – uma usina solar fotovoltaica de 5 megawatts (MW) de potência, que vai gerar uma economia anual de cerca de R$ 2 milhões aos cofres públicos municipais. A usina de Santa Cruz, estruturada em parceria com a rede C40 Cities e a agência alemã GIZ, pelo programa CFF – Cities Finance Facility, é considerada um marco na transição energética municipal, por transformar um antigo aterro sanitário em polo produtor de energia limpa.
– O lançamento de hoje representa um momento único para celebrar a participação municipal na implementação de soluções climáticas concretas, mostrando que é viável transformar uma ideia ousada e inovadora em um projeto tangível e eficiente. A inauguração de hoje é um marco. Transformamos um aterro sanitário subutilizado em um polo de geração de energia limpa. Essa transição para a energia renovável gera uma redução significativa na emissão de gases de efeito estufa e uma economia de mais de R$ 2 milhões por ano para a cidade. Além disso, também gera 234 empregos diretos e 60 empregos indiretos, priorizando a população local. Ou seja, é uma escolha acertada do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico, uma decisão que impulsiona nossa economia e reduz o uso de combustíveis fósseis – afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Com 15 hectares de área total, sendo 8,4 hectares efetivamente ocupados pelos painéis solares, o Solário Carioca conta com 9.240 placas solares de 700 watts cada, responsáveis por converter a luz do sol em eletricidade capaz de abastecer diversos prédios públicos municipais – o suficiente para fornecer energia para cerca de 100 escolas municipais por dia. Outras áreas ociosas na cidade já estão sendo mapeadas para a instalação de usinas fotovoltaicas similares ao Solário Carioca, com a meta de atingir 20 megawatts até 2028.
Antigo aterro sanitário no RJ receberá instalação de usina solar de 5 MW
A usina solar de Santa Cruz foi construída em apenas cinco meses, com obras iniciadas em junho/2025. O projeto foi viabilizado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), estruturada pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), em colaboração com as secretarias municipais de Fazenda e Planejamento e de Coordenação Governamental. Com investimento de R$ 45 milhões do consórcio privado vencedor da licitação, o Consórcio Rio Solar, a iniciativa não gerou custos financeiros para a Prefeitura, que cedeu o terreno para a instalação dos painéis solares. A energia adquirida pelo município, além de 100% limpa, será 20% mais barata. O contrato estabelece concessão de 25 anos para a implantação, operação e manutenção da usina.
Projeto inovador revitaliza aterro sanitário e promove a geração de energia limpa com usina solar para abastecer imóveis públicos no RJ.
O lançamento simboliza o impacto global da ação local: o Solário Carioca nasceu com apoio do mecanismo de financiamento para cidades da C40 (CFF), lançado na COP21 por Eduardo Paes, então presidente da C40, para tirar do papel projetos sustentáveis e transformar planos climáticos em ação concreta.
– O Reino Unido foi um pioneiro no modelo de parceria público-privada no início da década de 1990. Por essa razão, temos orgulho em apoiar empreendimentos como este, que empregam estratégias financeiras inteligentes para mobilizar capital climático e recursos públicos. O Solário Carioca é um modelo inspirador e um exemplo prático de uma estratégia de transição justa. Seu impacto não se restringe à mitigação de emissões, mas abrange a criação de 3.500 oportunidades para jovens e o apoio a comunidades marginalizadas. Gostaria de expressar minha gratidão à cidade do Rio por sua ambição e pelo convite que tornou esta ideia uma realidade – disse Simon Stevens, representante do governo britânico, que também participou da inauguração.
Solário Carioca marca o início dos eventos pré-COP 30 e vai abastecer prédios públicos, com economia de R$ 2 milhões anuais e redução de emissões de carbono.
Solução de financiamento para ações climáticas na cidade
O modelo do mecanismo CFF, usado para planejar e desenvolver o Solário Carioca, poderá ser replicado em outros terrenos ociosos ou áreas degradadas da cidade, ampliando o impacto ambiental positivo e promovendo o uso inteligente do solo urbano.
O CFF, que faz 10 anos em 2025, apoia cidades na preparação e implementação de projetos de infraestrutura sustentável. Com aporte financeiro, o CFF transforma planos de ação climática resilientes e inclusivos em projetos concretos, que fazem uma diferença real na vida das pessoas.
Lançado na COP21 em Paris, em dezembro/2015, pelo prefeito Eduardo Paes em sua então posição de presidente da rede C40, o CFF é implementado conjuntamente pela C40 e pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e é financiado pelo Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) e pelo Ministério das Relações Exteriores, da Comunidade Britânica e do Desenvolvimento (FCDO) do Reino Unido.
Energia limpa onde antes havia resíduos
O terreno escolhido para a implantação da usina, em Santa Cruz, foi, por décadas, um dos principais pontos de destinação de resíduos da cidade. Desativado e sem função urbana desde o encerramento das atividades do antigo aterro sanitário, o espaço agora ganha novo propósito: gerar energia limpa, sustentável e renovável.
Impacto
econômico e social
Além
da economia direta na conta de energia, o projeto gera 234 empregos diretos e
60 empregos indiretos, além de estimular a economia local, já que o concessionário
dá preferência à contratação de empresas e prestadores de serviços do entorno:
para segurança, alimentação, compra de EPIs, concreto, aço, entre outros. (prefeitura.rio)
domingo, 30 de novembro de 2025
Brasil precisa de infraestrutura de energia mais resiliente às mudanças climáticas
Brasil precisa de
infraestrutura de energia mais resiliente às mudanças climáticas, pois eventos
extremos como secas, chuvas intensas e ondas de calor já impactam a rede
elétrica e o fornecimento de energia. É necessário investir em adaptação, como
fortalecer a infraestrutura de transmissão e distribuição, diversificar a
matriz energética para reduzir a dependência hídrica, e adotar tecnologias mais
sustentáveis e que minimizem emissões de gases de efeito estufa.
Desafios e necessidades
Eventos climáticos extremos:
Secas podem comprometer a operação de hidrelétricas, enquanto fortes chuvas
podem danificar redes de distribuição, causando interrupções prolongadas no
fornecimento de energia, como demonstra a média de horas de interrupção por
usuário no país, que é significativamente maior que a de outros países.
Dependência hídrica: A grande
dependência de energia hidrelétrica torna o sistema vulnerável a períodos de
estiagem.
Necessidade de adaptação: A
infraestrutura atual, incluindo as redes de transporte e distribuição, precisa
ser adaptada para resistir aos efeitos das mudanças climáticas, como
alagamentos e calor extremo.
Soluções e ações
Diversificação da matriz
energética: Expandir fontes renováveis como solar e eólica, que já estão em
crescimento no Brasil, pode reduzir a vulnerabilidade da geração hidrelétrica.
Fortalecimento da
infraestrutura: Investir em tecnologias para tornar as redes de transmissão e
distribuição mais robustas e capazes de suportar eventos climáticos extremos.
Transição energética:
Promover uma transição energética justa e equitativa, reduzindo a dependência
de combustíveis fósseis e adotando novas formas de energia mais eficientes e
limpas.
Adoção de tecnologias:
Implementar novas tecnologias na construção pesada e no setor energético para
garantir a adaptação às mudanças climáticas e minimizar emissões de gases de
efeito estufa.
Planejamento e políticas:
Desenvolver políticas públicas e programas de certificação para obras e
infraestruturas que considerem a resiliência climática como um fator
fundamental, como um projeto que visa certificar obras resilientes a eventos
climáticos extremos.
Os dias de tempestade, com o
registro de chuvas que ultrapassam 50 milímetros, aumentaram bastante na região
metropolitana de São Paulo. Até a década de 1950, de acordo com estudo do
Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais),
quase não houve registro dessas chuvas, mas nos últimos anos, essa realidade
mudou, com a precipitação atingindo 80 milímetros ou, em alguns casos, passando
dos 100 milímetros em temporais que podem durar horas.
A projeção para os próximos
anos não é animadora, segundo estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), que projeta, para o período entre 2025 e 2034, aumento de 20% a 30%
na ocorrência de tempestades severas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Essa é uma realidade que precisa ser considerada por todas as partes relacionadas com a atividade de distribuição de energia elétrica, sobretudo os reguladores desse serviço público e as empresas concessionárias que operam as redes. O uso de tecnologia, por meio da automação da rede elétrica, é a solução adotada por países como Japão, o que tem permitido evitar o desligamento da energia e recompor rapidamente o fornecimento em caso de necessidade”, afirma o sócio de Governo & Infraestrutura da EY-Parthenon, Alexandre Vidal.
Crise hídrica e de energia — o que o Brasil pode fazer para evitar novos "choques" na era das Eras das Mudanças Climáticas.
Enquanto os japoneses ficam
em média somente cinco minutos por ano sem energia, os brasileiros enfrentam 11
horas de interrupção da eletricidade. “Esse dado demonstra que há muito espaço
para tornar nossa rede elétrica mais resiliente aos efeitos das mudanças
climáticas. Temos observado em vários países uma adaptação da regulamentação do
setor no sentido de incentivar as concessionárias do serviço de distribuição de
energia a fazer os investimentos para aumentar a resiliência das redes”,
completa o executivo.
Além disso, como forma de contribuir para o funcionamento eficaz da rede elétrica, o país incentivou a adoção pelos consumidores dos medidores inteligentes de energia, cita Vidal, com 30 milhões desses aparelhos instalados possibilitando ao consumidor mensurar em tempo real o uso do sistema de energia elétrica. “O propósito disso é incentivá-lo a consumir mais nas horas de energia sobrando no sistema, e não nos momentos de pico, recebendo incentivo de preço nesses horários de menor utilização. Esse movimento foi fundamental para viabilizar no Japão a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, mesmo os residenciais, movimento que se inicia também no Brasil”.
Mudanças climáticas são desafios para o setor elétrico
A exigência de Planos de
Resiliência que passam pela análise e aprovação prévia do regulador, além de
outros mecanismos de regulação baseada em performance, tem garantido que os
consumidores de energia elétrica de países como Japão, EUA e Itália possam
usufruir de uma infraestrutura mais resiliente.
Ainda segundo Vidal, o
Brasil, na COP30, poderá mostrar ao mundo seu exemplo de sucesso na geração de
energia a partir de fontes renováveis, mas terá muito a aprender em como
melhorar os esforços de adaptação climática na rede elétrica. Os dados mais
recentes do Balanço Energético Nacional (BEN) indicam que a participação das
fontes renováveis é de 88,2% na geração de energia elétrica, o que coloca o
Brasil em posição de destaque com uma porcentagem muito superior à média global
e à média dos países que fazem parte da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico).
Ainda segundo esse documento, publicado pelo Ministério de Minas e Energia e pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), as fontes eólica e solar detêm 23,7% de participação na geração total de eletricidade do país – quase um quarto de toda a energia gerada pelo Brasil. Essa eletricidade limpa reflete em outros índices de sustentabilidade, como o da emissão de dióxido de carbono por habitante. Em 2024, o brasileiro emitiu em média duas toneladas de dióxido de carbono equivalente – apenas 15% do total emitido por cada americano.
Linha de transmissão: rede brasileira alcança quase 200 mil quilômetros de extensão.
O impacto das mudanças
climáticas no sistema de transmissão do Brasil exige resiliência e inovação
Em tempos de certeza sobre os
impactos das alterações climáticas as empresas de transporte de energia
A integração das energias renováveis ao sistema elétrico brasileiro é o pilar fundamental para atingir os objetivos de descarbonização e eletrificação da economia, uma vez que as fontes limpas representaram cerca de 91,4% das demandas de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Nesse contexto, as empresas de transporte de energia desempenham um papel crucial na transição energética, garantindo a máxima integração das energias renováveis, a eficiência e a segurança do abastecimento.
Investimento em infraestrutura resiliente: Uma urgência diante das mudanças climáticas
Sustentabilidade no
fornecimento para grandes consumidores
Ainda no contexto da COP 30,
o Brasil deve assegurar que o aumento esperado da demanda por energia na
produção de hidrogênio verde, em grandes data centers e na eletrificação
setores como o transporte seja atendido por fontes renováveis. “Não adianta
eletrificar os veículos utilizando os combustíveis fósseis como matriz
energética. É até uma contradição, já que o veículo elétrico substitui
justamente o motor a combustão. O crescimento na produção de veículos elétricos
no Brasil tem sido consistente. Em 2020, eram dois mil por ano, passando a 210
mil no ano passado – crescimento superior a cem vezes nesse período. Raciocínio
semelhante se aplica à inteligência artificial, que precisa de enorme
processamento de dados para funcionar, exigindo o investimento em data centers
sustentáveis. A IA, que veio para elevar a produtividade das empresas, pode
inclusive ser aplicada para trazer soluções sustentáveis para o setor de
energia”.
Vidal cita a criação do Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center, também conhecido como Redata, que tem como objetivo impulsionar o investimento em data centers, ampliando a capacidade do país de armazenagem, processamento e gestão de dados. Para ter acesso ao Redata, é obrigatório que os projetos cumpram exigências de sustentabilidade, como energia renovável ou limpa e eficiência hídrica.
As crises de energia no Brasil e os caminhos da transição para uma economia de baixo carbono.
Somente uma ação conjunta e
colaborativa terá o poder de mudar o clima da história, ressalta Rodolfo Gomes,
diretor executivo da organização International Energy Initiative (IEI-Brasil).
“É fundamental que a sociedade não apenas entenda que é possível fazer melhor
uso dos recursos disponíveis, como também possa se beneficiar diretamente e
indiretamente, como ter contas ou tarifas menores de energia, depender menos de
importação de combustíveis, ter menos poluição nas cidades”.
(pv-magazine-brasil)



































