segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Maracanã vai gerar eletricidade

O convênio Maracanã Solar, firmado entre o governo do estado do Rio de Janeiro e a Light, vai permitir a instalação de placas para captação de energia solar no Maracanã. O estádio que passa por reformas para a Copa do Mundo de 2014 receberá um anel fotovoltaico sobre a estrutura metálica que sustentará a nova cobertura de lona tensionada, gerando energia limpa equivalente ao consumo de 240 residências e evitando a emissão de 2.560 toneladas de CO2 na atmosfera. O secretário de Estado da Casa Civil do Rio, Regis Fichtner, explicou que a Light vai assumir o investimento para a implantação e manutenção das placas fotovoltaicas, sem custo, portanto, para o governo do estado. Após a amortização, que será feita por meio da venda da energia gerada, a usina será transferida para o estado, que poderá optar por continuar vendendo a energia ao mercado ou utilizá-la em imóveis estaduais. O projeto foi desenvolvido pela mesma empresa que está projetando a nova cobertura, a alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partner) e já foi aprovado pelo Iphan. A implantação do anel fotovoltaico não influenciará no cronograma da obra e não vai interferir na visão externa ou em qualquer aspecto técnico da estrutura.
A parceria com a Light contempla ainda R$ 10 milhões para que o Estado invista em eficiência energética (troca de lâmpadas, climatização, entre outros) em outros bens públicos.
Além deste projeto, o estádio do Maracanã terá outras medidas de sustentabilidade, como o sistema LEED (Leardership in Energy and Environmental Design), além de dispositivos economizadores de água e um sistema de captação de água de chuva, o que diminuirá o uso de água potável em 50% para irrigação do gramado. A meta é reduzir o consumo de água em 30%.
A água da chuva também será utilizada no funcionamento dos banheiros, que terão torneiras inteligentes com fechamento automático e descargas ecológicas. (ambienteenergia)

Amazônia, a fronteira energética

Amazônia é fronteira energética e de recursos
Sobram recursos e falta consenso sobre seu uso na maior floresta tropical do planeta; hidrelétricas ainda são polêmicas.
O Brasil tem 310 Unidades de Conservação Federais, sendo 173 de uso sustentável - onde a ideia é tornar compatível a conservação com uso sustentável de parte dos recursos. Em 2006 foi aprovada a Lei de Gestão de Florestas Públicas, que permite a concessão de parte das áreas para madeireiras que seguirem padrões de certificação e manejo.
Para 2012, o Plano do Outorga Florestal do Serviço Florestal Brasileiro prevê a concessão de dez florestas públicas na Amazônia, nos Estados do Acre, Pará e Rondônia, somando uma área de 4,4 milhões de hectares, dos quais, 2,8 milhões podem ser concedidos. Mas a região vive clima de insegurança fundiária e não superou o dilema entre conservação e desenvolvimento.
Entre 2008 e 2009, a Amazônia perdeu cerca de 49 mil km² de áreas protegidas por extinção e redução de unidades de conservação e terras indígenas, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.
No início do mês, uma Medida Provisória alterou os limites de sete UCs com o objetivo de permitir a implantação das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio no Rio Madeira; Tabajara, em Rondônia; e do Complexo Tapajós, no Pará. Ao todo, foram excluídos 91.308 hectares.
"A geração de energia hidrelétrica é uma tecnologia que polariza opiniões, e projetos em grande escala exigem avaliações detalhadas sobre os custos econômicos, sociais e ambientais. Mas a transição para a economia verde não significa banir uma tecnologia e substituí-la por outra, mas sim colocar todos os fatos na mesa e escolher um caminho a seguir", afirma o porta-voz do Pnuma, Nick Nuttall. (OESP)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Iluminação Pública: LED como opção

O trabalho tem como objetivo central analisar as possibilidades de uso da tecnologia Light Emitting Diode (LED), em detrimento às lâmpadas de vapor de sódio, nos sistemas de iluminação pública, tendo como marco legal o Plano Nacional de Eficiência Energética, elaborado pelo MME e em etapa final de aprovação, e o Programa de Eficiência Energética (PEE), objeto da Lei 9.991/00 e regulado pela Aneel. Entre os benefícios dos LEDs, o mais considerado nesta pesquisa foi o da eficiência energética na iluminação pública, em especial, a redução do consumo no horário de ponta do setor elétrico (entre as 17 e as 22 horas).
A partir de levantamento bibliográfico, estudou-se resultados de projetos e testes laboratoriais do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – Lactec, de Curitiba, bem como os desafios em torno dos sistemas LEDs no Brasil e as ações de mitigação.
Concluiu-se pela viabilidade do Programa Nacional de Eficiência Energética (PNEf) optar pela implantação das lâmpadas LEDs, em detrimento das lâmpadas de vapor de sódio.
Como mecanismo de fomento, o PEE poderia ser mecanismo adicional ao PROCEL/RELUZ, também indicado pelo PNEf. (ambienteenergia)

Tecnologia LED: inovação como luz

A tecnologia de lâmpadas a LED para os segmentos comercial, residencial, industrial e público passará por um processo de inovação nos próximos anos que possibilitará o desenvolvimento de produtos e sistemas com mais desempenho em relação à eficiência energética e dissipação térmica durante a operação. Esse tema representa um dos gargalos que a indústria terá de enfrentar para expandir o mercado mundial para a tecnologia LED, que em 2013 deverá alcançar a marca de US$ 20 bilhões (16% do mercado de iluminação – Digitimes Research).
O novo paradigma deverá chegar a 50% do mercado de iluminação até 2015. Além disso, estima-se que cerca de 19% de toda energia elétrica gerada, transmitida e distribuída seja consumida por serviços e produtos para iluminação. Este é um motivo para se evitar desperdício nesse tipo de uso. O custo de manutenção pode ser reduzido no uso de novas tecnologias (cerca de 50%).
Histórico - A tecnologia de LED de luz branca nasceu no fim dos anos 90 com as pesquisas do japonês Shuji Nakamura, que atualmente trabalha no Departamento de Materiais da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara (EUA). A invenção de Nakamura surgiu a partir de uma pesquisa para melhorar os LEDs convencionais, que até então só emitiam luzes coloridas.
A descoberta da luz branca foi praticamente acidental, quando o pesquisador obteve um semicondutor que emitia uma luz azulada. Atualmente, existem várias tecnologias de LED de luz branca, a maior parte delas adotando a propriedade de fluorescência do fósforo ao reagir com a emissão de raios ultravioleta. Há também tecnologias mais conceituais, que permitem mudar a cor da luz, explorando o fato de que a luz branca resulta da combinação das cores primárias. Desde que foram lançadas, as lâmpadas a LED têm evoluído em relação a uma característica que é chamada IRC (Índice de Reprodução de Cor). Nesse índice, a referência é a luz do sol, que é considerada 100%. Inicialmente, as lâmpadas LED apresentavam entre 60% e 65% de IRC; atualmente estão entre 85% e 90%, com tendência a subir.
Ações do IPT – O Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos (LEO), do Centro de Integridade de Estruturas e Equipamentos (Cinteq), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), está se capacitando para ampliar o apoio tecnológico à indústria nessa nova fase. “Estamos adquirindo softwares e nos capacitando com ferramentas adequadas para viabilizar o desenvolvimento do projeto do ponto de vista do desempenho energético, térmico e ambiental”, afirma Oswaldo Sanchez Junior, pesquisador do laboratório.
O mais novo recurso disponível é a caracterização fotométrica realizada por um goniofotômetro, equipamento informatizado que mede a luz emitida, adquirido da Alemanha pelo Instituto no ano passado com investimento de R$ 1 milhão, em parceria com a Finep e Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Segundo Sanchez, com os novos recursos será possível substituir procedimentos que ainda são empíricos no desenvolvimento de luminárias, e criar um caldo de cultura que será sistematizado em novos conhecimentos.
Desafios – Em particular, a necessidade de aprimorar o aspecto térmico de projeto de luminárias deverá também mudar a composição de custos de fabricação dos produtos com tecnologia a LED, acredita o pesquisador do IPT. Atualmente, uma luminária pública a LED custa cerca de R$ 2.000 para o consumidor final e estima-se que cerca de 65% do seu custo de fabricação é representado pela integração de módulos a LED e seus drivers (fontes de alimentação), 30% refere-se à produção do corpo da luminária (estrutura mecânica) e o restante (5%) refere-se ao processo de montagem. O preço para o consumidor final deve cair para cerca de um terço em dez anos. O perfil dos custos de fabricação, no entanto, deverá ser significativamente alterado, refletindo a maior sofisticação de projetos, novas exigências do consumidor final, necessidade de certificações e maior escala de fabricação (barateamento dos módulos a LED e suas fontes).
Estima-se que o porcentual relativo ao custo da produção do corpo da luminária deve se tornar central (cerca de 55% do custo de fabricação) devido a dificuldades tecnológicas complexas inerentes ao projeto térmico e produção deste componente. Portanto, a penetração da tecnologia LED no mercado de iluminação depende, num primeiro momento, do barateamento dos componentes associados ao LED (módulos e drivers), mas deverá depender, no médio e longo prazo, da capacidade dos fabricantes em dominar as tecnologias de materiais e fabricação do corpo da luminária, visando um projeto energeticamente eficiente e termicamente confiável.
Outro ponto que deverá atrair projetos de inovação no segmento é quanto ao desempenho óptico das luminárias a LED. Isso, no entanto, deverá amadurecer quando as condições de mercado permitirem ampliar o potencial de exploração da tecnologia. “Atualmente, o mercado é bastante focado na substituição de lâmpadas convencionais por dispositivos a LED”, afirma Sanchez.
O pesquisador acredita que a versatilidade e eficiência da tecnologia motivarão uma verdadeira revolução nos serviços de iluminação. “Será possível repensar o modo de atender as necessidades do usuário”, diz Sanchez. Ele observa que, por exemplo, as lâmpadas a LED podem ser facilmente dimerizadas (com intensidade ajustável), característica que, se atendida em projeto, proporcionará um serviço que se harmoniza com a iluminação natural, sem excedentes ou carência de energia luminosa em cada ambiente. Os controles deste tipo de iluminação (com sensores de presença, sensores de ambiente, programação de acordo com a atividade e interação com redes inteligentes) abrem novas possibilidades que poderão tornar o seu acionamento integrado ao ambiente e mais amigável ao usuário.
Por conta dos materiais mais compactos, a infraestrutura com LED pode ser menos dispendiosa e os projetos, mais flexíveis. Outra tendência é o abandono de fios e cabos, o que também será um dos vetores da revolução que se espera. “Haverá menos impactos ambientais em todos os aspectos”, prevê Sanchez. Não se deve esquecer que a fase do projeto do produto é a mais importante do ponto de vista do seu comprometimento com requisitos ambientais. Mas para que os ganhos ambientais se efetivem, a indústria também precisará dotar seus projetos dos instrumentos de Análise do Ciclo de Vida (ACV), competência que hoje está se ampliando horizontalmente no IPT para que todos os projetos possam ter abordagem sustentável.
Basicamente, a técnica de ACV consiste na realização do inventário dos fluxos de materiais, insumos e energia utilizados e das emissões (para o ar, terra e águas) realizadas em todos os processos ao longo do ciclo de vida do produto. Também permite identificar e mensurar os impactos ambientais associados a estes fluxos, o que representa uma maneira eficaz para avaliar ambientalmente qualquer bem ou serviço. Avalia-se que o advento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida (PBACV) devam impulsionar as inovações para o segmento.
Mercado – No Brasil, existem poucos fabricantes de lâmpadas e a maior parte das empresas do setor atua com fabricação de luminárias para os segmentos residencial, comercial e industrial. O estado de São Paulo tem grande concentração de empresas. Segundo a Abilux, 58% das indústrias estão na Grande São Paulo e 17% no interior do estado – outros estados atuantes são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. O setor também é dominado por empresas pequenas e médias. “É um setor muito competitivo”, afirma Sanchez, que acredita que a concorrência deverá ser combustível para as inovações nos próximos anos.
A iluminação pública, que conta com cerca de dez empresas de porte médio no País, também deverá atrair projetos de inovação, sobretudo porque as exigências dos processos licitatórios em empresas públicas são cada vez maiores. Os governos municipais tendem a valorizar a abordagem ambiental em seus projetos, visto que a União e os estados estão compromissados com acordos globais de redução dos Gases do Efeito Estufa (GEE). Um dos municípios que está à frente nessa corrida é Guarulhos, que desenvolveu um projeto para recuperar componentes usados, com suporte do grupo do IPT, por meio do LEO. (ambienteenergia)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Metas para eficiência energética

Eficiência energética vira política de governo, que convoca agentes para apontar os caminhos a serem seguidos.
Passados dez anos do racionamento de energia que o país foi submetido, a redução do consumo de energia elétrica e a eficiência energética voltam a ser assunto com a criação pelo Ministério das Minas e Energia do Plano Nacional de Eficiência Energética, que tem por objetivo cumprir determinação estabelecida no Planejamento Energético Nacional, que pede 10% de economia de energia anual até 2030, em torno de 106 TWh. De acordo com Hamilton Moss, diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do MME, o objetivo do Plano é organizar ações para alcançar a meta estipulada. "Temos que organizar e articular ações que permitam que a gente consiga chegar esse percentual", explica.
Para a elaboração do Plano, que se reuniu pela primeira vez na última quarta-feira, 4 de dezembro, foi criado um grupo de trabalho que é composto por vários agentes do setor, associações, órgãos governamentais e Ministérios, que antes já estavam discutindo as premissas e diretrizes que deveriam estar presentes no Plano. Fernando Perrone, chefe do departamento de projetos de Eficiência Energética do Procel, aposta na realização de um trabalho conjunto entre os participantes. "A eficiência energética nunca havia sido colocada na pauta de governo, o que vários outros países já tinham feito. Existe uma gama de atividades que vamos desenvolver com agentes públicos e privados", adianta. (canalenergia)

Wordld Future Energy Summit

A elegante impotência do ‘Wordld Future Energy Summit” em Abu Dhabi
Saia justa em Abu Dhabi – A participação dos combustíveis fósseis no consumo global de energia primária deverá ter uma “ligeira quebra”, passando de 81% em 2010 para 75% em 2035, segundo as circunspectas previsões da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Assim, metade da nova capacidade instalada do setor elétrico virá das renováveis, lideradas pelas hidroelétrica e eólica, fazendo com que o percentual das mais modernas (não hidro) chegue a 15% em 2035.
São muito mais ambiciosos os ensaios de pactos globais. No tripé de recomendações do Fórum Energético de Viena, em vez desses 25% extra fósseis em 2035, surge como meta 30% de renováveis para meia década antes. Além disso, ela está vinculada, também para 2030, a um aumento de 40% de eficiência energética, e com acesso universal, como não poderia deixar de ser, a energias limpas, disponíveis e de baixa emissão de carbono.
Já a iniciativa “Energia sustentável para todos”, puxada pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, é mais vaga sobre a eficiência e mais concreta sobre as renováveis. Também para 2030, quer um acerto global na Rio+20 para que, além de universalização do acesso, seja dobrada a “taxa de aumento da eficiência” e ao menos também seja dobrada a parte das renováveis “em todos os países”. Conforme tópico 70 do documento “O Futuro Que Queremos”, lançado há uma semana pela ONU.
Tantas diferenças são sintomas de já puída saia justa: o objetivo de se chegar a um sistema energético global de baixa emissão de carbono continua a ser uma miragem, mesmo depois de duas décadas de políticas climáticas, milhares de programas, iniciativas, regulações, estímulos mercadológicos, e desembolso de centenas de bilhões de dólares em subsídios, fundos, esforços de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, ajudas externas, etc. Nada disso permitiu que o peso relativo das energias que menos emitem gases de efeito estufa no consumo final chegasse a 10%, ou que a fatia das renováveis modernas (não hidro) atingissem meros 3%.
Pior: na primeira década deste século houve forte aceleração do aumento de emissões globais de dióxido de carbono. Essa também foi a primeira década em dois séculos com aumento da intensidade dessas emissões, devido à forte retomada do carvão, em contraste com a rápida conversão ao gás natural nos anos 1990.
São fatos diametralmente opostos às alardeadas metas de mitigação do aquecimento global. Segundo o acordo que emergiu no final de 2010 em Cancun, por volta de 2050 o total das emissões globais já terá que ter caído ao menos à metade, para que a concentração de gases estufa na atmosfera não supere 450 partes por milhão (ppm), nível supostamente capaz de impedir aquecimento superior a 2o C neste século. Mais: a partir daí as emissões terão que diminuir.
Só que essa abordagem supunha decisões muito mais robustas do que as que foram adotadas no mês passado em Durban. O adiamento geral para 2020 não oferece mais chance de apenas 2o C neste século. Para tanto, seria necessário que a partir de 2020 passasse a haver uma redução de no mínimo 5% ao ano das emissões globais. O que é altamente improvável, pois, mesmo na melhor fase histórica de em país rico e desenvolvido como a França, a taxa de redução não superou 4% ao ano. É por isso que já se prevê a marca dos 4o C para os anos 2070, ou mesmo antes, sinalizam alguns modelos climáticos.
Tudo isso numa situação em que 40% da humanidade (2,7 bilhões de pessoas) ainda depende de biomassas tradicionais, principalmente madeira, carvão vegetal e esterco. E que por volta de um quinto (1,4 bilhão de pessoas) permanece sem qualquer acesso à eletricidade, principalmente no sul da Ásia e na África Subsaariana. Em contraste, os 500 milhões mais ricos, que constituem apenas 7% da população mundial, são responsáveis por metade das emissões. Estão em todos os países do mundo e têm renda superior à da média dos que vivem nos EUA.
É impossível deixar de enfatizar, portanto, o grau de radicalidade que será exigido do processo de inovação no âmbito das tecnologias energéticas, combinado a um também radical enfrentamento das desigualdades internacionais e internas a cada nação. A dificuldade não reside apenas no inegável aumento conjuntural dos obstáculos a pactos políticos globais, e sim na imensidão dos desafios colocados pelas imprescindíveis rupturas de inovações revolucionárias, tanto tecnológicas quanto ideológicas.
Acelerar o ritmo dessa dupla mudança no âmbito energético é imperativo e nem de longe pode ser estimulado pelos arranjos institucionais do Protocolo de Kyoto, ou mesmo dos melhores planos nacionais direcionados ao desenvolvimento de energias “limpas”. Daí a elegante impotência do “World Future Energy Summit” que se realiza esta semana em Abu Dhabi. (EcoDebate)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Energia e padrão de vida

 Mais de 10 milhões de brasileiros saíram da classe mais pobre nos últimos dez anos e com isso o governo se vê diante de novos problemas - de fato, bons problemas, porque o desafio é garantir o atendimento às demandas de novos e ávidos consumidores. É preciso manter em expansão a oferta de bens de consumo, habitação, saneamento, educação, serviços de saúde, lazer e, como condição para o crescimento econômico, a oferta de energia, principalmente elétrica. Aqueles 10 milhões são parte de um contingente bem maior de pessoas com acesso recente ao mercado de bens duráveis e a confortos típicos da classe média ou, no mínimo, da chamada "classe média remediada". Esse grupo maior é estimado em cerca de 40 milhões de pessoas.
Uma das consequências da incorporação de tanta gente ao mercado consumidor foi o rápido crescimento do consumo de eletricidade. O consumo per capita de energia elétrica aumentou 11,3% entre 2006 e 2010, quase o dobro da expansão populacional no período, como mostrou o Estado em reportagem publicada ontem. Essa evolução é previsível, quando o crescimento econômico é acompanhado de redução da pobreza e de alguma redistribuição de renda. O Brasil continua sendo um país muito desigual, com a segunda maior concentração de renda observada nos países-membros do Grupo dos 20 (G-20). Só é superado, nesse quesito, pela África do Sul. Mesmo assim, a diminuição da desigualdade, acompanhada pela redução da pobreza, foi suficiente para mudar os padrões de consumo e influenciar fortemente a demanda de energia. No ano passado, pela primeira vez a classe E - famílias com renda per capita de até R$ 79 - representou menos de 1% dos 49 milhões de domicílios do País. Mais gente com acesso a aparelhos eletroeletrônicos - geladeiras, televisores, equipamentos de som, etc. - gera uma demanda maior de eletricidade. O mesmo efeito é produzido pelo funcionamento de novos hospitais, escolas e outros núcleos de prestação de serviços.
O efeito do aumento da renda familiar fica muito claro quando se compara a evolução de diferentes tipos de consumo. Entre 2006 e 2010, o consumo total de eletricidade aumentou 16,8%, segundo relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No mesmo período, o consumo industrial cresceu 11%, enquanto o residencial se expandiu 26,4%. Isso corresponde a uma taxa média anual de cerca de 6%.
A produção de eletricidade aumentou 21,4% naqueles quatro anos, ritmo suficiente para acompanhar o avanço da economia. Entre 2006 e 2010 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 19,9%, pouco mais que o consumo total de energia elétrica, mas bem menos que a demanda residencial. O consumo por habitante, no entanto, continua muito baixo, inferior até mesmo ao de países de menor desenvolvimento industrial. Em 2010, os brasileiros consumiram em média 2.246 quilowatt/hora/habitante. O consumo deve ter chegado a 2.494 kWh/hab no ano passado. Mesmo assim, permaneceu inferior à média mundial de 2009, de cerca de 2.730 kWh/hab. Naquele ano, os argentinos consumiram em média 2.744 kWh/hab; os chilenos, 3.288; os chineses, 2.631; e os sul-africanos, 4.532 - para citar só alguns exemplos. No Reino Unido, o consumo chegou a 5.693 kWh/hab no mesmo ano e, nos Estados Unidos, a 12.884.
Esses números indicam desafios importantes. Ainda será necessário um enorme esforço para tornar menos desiguais os padrões de consumo. Apesar da redução da pobreza, ainda há muito espaço a ser explorado para a expansão dos mercados. O segundo problema é o dos custos. A eletricidade continua muito cara e isso restringe tanto o crescimento industrial como as possibilidades de consumo.
O custo excessivo é em parte explicável pela tributação muito pesada e, além disso, irracional: é absurdo encarecer um dos insumos mais importantes para a produção. É preciso, além disso, pensar no desafio do planejamento. Estão em construção usinas importantes na Amazônia, mas pouco ou nada se fez para resolver o problema da transmissão. Outro exemplo: apagões frequentes em todo o Brasil. Será possível garantir a oferta de energia com falhas como essas? (OESP)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Energia é 89% responsável por emissões

Mudanças Climáticas: ‘Setor de energia é 89% responsável por emissões’
Termelétrica à carvão
Christiana Figueres disse que revolução energética tem que ser ‘grande’. Ela discursou em Abu Dhabi, durante evento sobre o futuro da energia.
A secretária-executiva da Organização das Nações Unidas para o Câmbio Climático (UNFCCC, na sigla em inglês), Christiana Figueres, acusou em 19/01/12 o setor energético de ser responsável em 80% pela mudança climática.
Durante conferência realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, que debate o futuro da energia no mundo, Christiana assegurou que, por este motivo, o setor energético deve deter “a maior parte da solução”.
Ela acrescentou que o mundo necessita de uma “revolução energética muito grande para solucionar o problema”, embora disse que os governos já avançam pelo “bom caminho”.
Durante o discurso, a secretária-executiva para assuntos climáticos afirmou que 180 nações já têm algum tipo de política de contra a mudança climática e que no ano passado foi batido o recorde de instalação de centrais de energia renovável, apesar da crise financeira.
Isto indica “uma ambição crescente e universal” para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), embora, apontou, que para conseguir isto será necessária a colaboração do setor privado. Figueres destacou também os êxitos obtidos na conferência do clima de Durban, realizada na África do Sul, em 2011, onde a maior parte dos países industrializados se comprometeram a reduzir suas emissões de CO2.
COP 17
Os 200 países signatários da Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), aprovaram em dezembro uma série de medidas com o objetivo de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa e que estabelece metas para países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O feito inédito, considerado o maior avanço na política climática desde a criação do Protocolo de Kyoto, em 1997, acontece após duas semanas de negociações que envolveram diplomatas e ministros do Meio Ambiente na Conferência das Partes (COP 17), realizada em Durban, na África do Sul.
O documento denominado “Plataforma de Durban para Ação Aumentada” aponta uma série de medidas que deverão ser implementadas, mas na prática, não há medidas efetivas urgentes para conter em todo o planeta o aumento dos níveis de poluição nos próximos nove anos. (EcoDebate)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Surge um novo biocombustível

Em 2007, um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, comandando por James Dumesic, professor da Universidade de Wisconsin, publicou um artigo na prestigiada revista Nature dando conta de que havia sintetizado pela primeira vez o 2,5 dimetilfurano (DMF), biocombustível que pode ser obtido a partir da glicose ou frutose. A publicação despertou o interesse do engenheiro químico Fábio de Ávila Rodrigues, que iniciaria o seu doutorado na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp. Tanto assim, que o pós-graduando decidiu investigar em seu trabalho, por meio de técnicas de modelagem termodinâmica e simulação computacional, se seria possível produzir o DMF em escala industrial, e se essa operação seria economicamente viável. A resposta para as duas questões foi afirmativa. O orientador da pesquisa foi o professor Reginaldo Guirardello.
De acordo com Fábio Rodrigues, que atualmente é docente na Universidade Federal de Viçosa (UFV), o DMF é um biocombustível com propriedades muito interessantes. Ele apresenta uma série de vantagens em comparação ao etanol, por exemplo. Seu ponto de ebulição é cerca de 20ºC mais alto. “Isso é importante em termos de armazenamento, pois ocorre menor perda do produto por evaporação”, explica o pesquisador.
Ademais, o DMF também tem uma densidade energética 40% maior e não é solúvel em água, o que facilita o processo de separação do solvente. “Por tudo isso, o biocombustível se apresentou como potencialmente promissor. Faltava verificar, porém, se ele poderia ser produzido em escala industrial e se isso seria viável economicamente. Foi isso o que minha tese procurou responder. Afinal, até agora o DMF foi produzido somente em escala laboratorial”, explica.
Para chegar à conclusão de que os dois desafios são exequíveis, conforme o padrão das medidas de rentabilidade adotadas pelo mercado, o engenheiro químico valeu-se de técnicas como a modelagem termodinâmica e a simulação e análise econômica. “Busquei sintetizar um processo em ampla escala, visto que ele não existia. Em outras palavras, o que eu fiz foi um diagrama de fluxo de processo (PFD)”, detalha Fábio Rodrigues. Ao final do estudo, o autor da tese chegou a um modelo produtivo que contemplou os custos de investimento e de fabricação do biocombustível.
Uma das conclusões da pesquisa, que foi apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi que o maior peso no custo seria o preço da frutose e do solvente. Segundo os cálculos de Fábio Rodrigues, o investimento de capital fixo estimado seria de US$ 96 milhões, enquanto que o de equipamento alcançaria US$ 20,6 milhões. Nessa condição, o preço de venda do DMF sairia a 2,6 US$/kg e o custo, a 1,89 US$/kg. Dentro desse quadro, conforme o engenheiro químico, a planta seria viável economicamente, tendo como referência de mercado uma taxa de retorno de 15%/ano, com tempo de retorno estimado em 3,6 anos. Antes de partir para uma possível produção comercial do DMF, adverte o pesquisador, ainda será preciso cumprir algumas etapas. Uma delas é a criação de uma planta piloto, para avaliar que ajustes o processo precisa sofrer para ganhar escala, sem perder rendimento.
Outro ponto que conta a favor do possível lançamento do biocombustível no mercado é o fato de ele também já ter sido testado em motor por uma equipe de cientistas da Inglaterra. De acordo com Fábio Rodrigues, o DMF apresentou um desempenho semelhante ao do etanol e da gasolina. “Evidentemente que outros parâmetros ainda precisarão ser analisados, como o impacto do uso do produto no ambiente. Entretanto, creio que ele pode vir a ser importante para diversificar a matriz energética”, considera o autor da tese de doutorado.
De acordo com Fábio Rodrigues, o biocombustível pode variadas aplicações. “O DMF poderia ser testado como combustível para aviação. Ou poderia servir para a produção de outros compostos, como o hexano, que hoje é fabricado a partir do petróleo, que, como sabemos, é uma fonte não renovável”. Na última semana, o engenheiro químico esteve em Campinas para entabular conversações em torno da sequência da pesquisa com o DMF. A ideia é envolver o grupo de pesquisa que ele está constituindo na UFV com equipes da Unicamp e do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), instituição de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) na área de etanol de cana-de-açúcar.
Esse tipo de cooperação, avalia Fábio Rodrigues, é fundamental para que o país avance no conhecimento acerca do novo biocombustível, principalmente nesta fase em que as pesquisas relacionadas ao tema ainda são recentes. “A tendência pela busca de combustíveis vindos de fontes renováveis é irreversível no mundo todo. Por isso, temos que estar aptos a desenvolver pesquisas nessa área, de preferência em pé de igualdade com grupos estrangeiros”, pondera. (ambienteenergia)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Brasil é líder mundial no setor de agroenergia

Substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, como etanol e o biodiesel, serve de modelo para outros países.
A agroenergia é responsável por cerca de 32% da energia ofertada no Brasil, o que coloca o país na liderança mundial do setor. Quase 48% do total de energia ofertada é obtida de fontes renováveis, como a biomassa, a energia hidroelétrica e os biocombustíveis. A situação brasileira destaca-se no cenário internacional, pois 85% da energia consumida no mundo vêm de fontes não renováveis, que se encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas. Exemplos disso são o petróleo, o gás-natural e o carvão mineral.
O Brasil conta com características que favorecem a liderança no setor, como a grande extensão territorial e os recursos naturais que possibilitam ampliar a produção de insumos energéticos provenientes da biomassa. Os avanços na substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, servem de modelo para outras nações.
Um dos principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil é o etanol, extraído de cana-de-açúcar.
Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia. Os dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol, extraído de cana-de-açúcar, e o biodiesel, produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis. Os dois emitem menos compostos químicos poluidores do que os combustíveis fósseis no processo de combustão dos motores. Além disso, o processo de produção é mais limpo.
Vantagens
A adoção do etanol é considerada um dos principais mecanismos de combate ao aquecimento global, pois reduz as emissões de gás carbônico (CO2). Parte do CO2 emitido pelos veículos movidos a etanol é reabsorvido pelas plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do CO2 sejam parcialmente compensadas. O etanol pode ser produzido a partir de diversas fontes vegetais, mas a cana-de-açúcar é a que oferece mais vantagens energéticas e econômicas.
Os automóveis que circulam no país usam dois tipos de etanol combustível: o hidratado, consumido em motores desenvolvidos para este fim, e o anidro, que é misturado à gasolina, sem prejuízo para os motores, em proporções que podem variar de 18% a 25%.
Na comparação com o diesel de petróleo, o biodiesel também tem significativas vantagens ambientais. Estudos do National Biodiesel Board (associação que representa a indústria de biodiesel nos Estados Unidos) demonstraram que a queima de biodiesel pode emitir em média 48% menos monóxido de carbono; 47% menos material particulado (que penetra nos pulmões); e 67% menos hidrocarbonetos.
O biodiesel é um combustível produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais. Dezenas de espécies vegetais presentes no Brasil podem ser usadas na produção do biodiesel, entre elas soja, dendê, girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão-manso. Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de biodiesel. O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com uma produção anual, em 2010, de 2,4 bilhões de litros e uma capacidade instalada, de 5,8 bilhões de litros. (noticiasagricolas)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Energia Eólica: país na mira dos negócios

Brasil ficou entre os 10 países mais atrativos para investimentos de energias limpas, segundo o relatório Índice de Atratividade das Energias Renováveis por País, elaborado pela consultoria Ernst & Young, que indicou que o país subiu uma posição em relação ao semestre analisado anteriormente. A principal responsável pela ascensão do país no ranking foi a energia eólica, cujo preço alcançou patamares mais baixos (R$ 99,56/MWh) que o do gás natural (R$ 103/MWh) em leilões de energia.
De acordo com o levantamento publicado em novembro de 2011, a China segue na primeira posição como o país mais atrativo para as energias renováveis, seguida pelos Estados Unidos (2º), Alemanha (3º), Índia (4º) e Itália (5º). O Reino Unido, que antes dividia o posto com a Itália, caiu para sexto lugar, seguido pela França (7º), Canadá (8º) e Espanha (9º).
No ranking de energia eólica, o Brasil saltou quatro posições, ficando em décimo na classificação. Durante o terceiro trimestre de 2011, o setor eólico conseguiu garantir acordos de compra de energia para 78 projetos, totalizando 1.979 MW. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a capacidade de energia eólica do Brasil deve crescer 600% até 2014, pulando de cerca de 1 GW em 2010, para 7 GW.
Segundo analistas, a queda no valor da energia eólica, que levou ao aumento no número de projetos do setor, foi decorrente da chegada de equipamentos eólicos chineses com preços competitivos ao Brasil, levando os fornecedores brasileiros a reduzirem seus custos para competir com os produtos chineses.
Apesar do grande progresso dessa fonte renovável, a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) declarou que a pequena margem de retorno dos projetos ainda ameaça o crescimento do setor no país, ficando vulnerável a complicações que podem surgir durante a construção das usinas e dos abalos no mercado.
Para contornar essa questão, a associação afirma que o aperfeiçoamento no licenciamento ambiental e soluções para problemas logísticos são as principais respostas.
Biomassa, PCHs e energia solar - A biomassa também teve projetos desenvolvidos, mas o desempenho do setor caiu devido ao aumento da concorrência da energia eólica. Apenas 11 projetos dessa fonte, totalizando 554 MW ganharam contratos no terceiro trimestre de 2011.
Além do setor eólico, a biomassa também enfrenta a concorrência do gás natural e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Ainda não há certeza se em médio e longo prazo a energia produzida pelo setor se tornará mais cara. Assim como a biomassa, as pequenas centrais hidrelétricas não obtiveram muito crescimento no terceiro trimestre, indicando que os projetos do setor não conseguiram competir com os preços baixos apresentados nos leilões. No ranking da energia solar, o país se manteve na 16ª posição, sugerindo que esse setor também não fez grandes progressos no terceiro trimestre. (ambienteenergia)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Sol brasileiro presta para gerar eletricidade

O sol do Brasil presta sim para gerar eletricidade
Ao ler o artigo do sociólogo e consultor Ivo Poletto, intitulado “O sol do Brasil não presta para gerar energia elétrica?”, no Ecodebate de 9 de setembro passado, senti-me na obrigação de responder à sua indagação, visto que tenho consagrado minha vida acadêmica na área de fontes renováveis de energia, em particular da energia solar.
Desde o começo de meus estudos superiores, na época de minha graduação no Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp/SP, lá pelos idos da década de 70 do século passado, influenciado pelo visionário professor João Alberto Mayer, coordenador do Grupo de Energia, fui atraído por esta área do conhecimento.
Quero lhe afirmar meu prezado Ivo, depois de tantos anos e sem nenhuma dúvida, que o Brasil apresenta características gerais e peculiaridades regionais que já tornam competitivas diversas aplicações da tecnologia solar. Quando digo competitivas não quero somente dizer sobre o aspecto econômico, mas sim na questão ambiental e social, que juntas envolvem o processo de decisão sobre a escolha de fontes de energia que vamos utilizar. São hoje competitivas não só o aquecimento de água para uso doméstico e industrial, mas também para a obtenção de energia elétrica, tanto através da conversão direta da energia solar (eletricidade solar), usando as células fotovoltaicas no processo denominado conversão fotovoltaica; como também transformando a energia do Sol em calor, e assim num ciclo termodinâmico produzir eletricidade (chamado conversão heliotérmica), ou seja, a termoelétrica a Sol.
A quantidade de energia solar incidente diariamente no Brasil, em particular no Nordeste brasileiro é uma das maiores do mundo, entre 5 a 6 kWh/m2, com uma insolação de mais de 3.000 horas de brilho do Sol. Um potencial invejado por países europeus que mesmo não recebendo esta insolação, utilizam muito mais esta tecnologia que o nosso país.
Este enorme potencial não presta somente para o uso direto da energia solar como descrito, visto que, com exceção dos minerais radioativos e da energia elétrica que pode ser extraída dos movimentos das marés (causadas pelas forças gravitacionais do sistema Terra-Lua), todas as fontes energéticas disponíveis, renováveis e não renováveis, dependem da fusão nuclear que ocorre no interior do Sol, com a liberação de enorme quantidade de energia que chega até nós na forma de radiação eletromagnética, e que garante juntamente com outros fatores, vida no nosso planeta.
O Sol está aí para ninguém “botar defeito”, e porque não utilizá-lo já que constitui uma fonte energética abundante, gratuita e menos agressiva ao meio ambiente?
Os preços atuais apontam que houve uma redução drástica nos últimos anos. A geração fotovoltaica já é prometida a menos de R$ 300,00/MWh, e a eletricidade das termelétricas solares a preços inferiores a R$ 180,00/MWh. É bom que se diga que estes preços foram alcançados com pouca (quase nenhuma) participação do Estado brasileiro, cujos governos têm feito mais propaganda do que apoiado efetivamente através de políticas públicas.
Enfim, a resposta para que estas tecnologias não participem com mais peso na matriz energética brasileira (energia eólica menos que 1% e energia solar direta menos que 0,05%) é que não existe interesse político em apoiar, com leis e alocação de recursos, para alavancar a disseminação das fontes energéticas como a solar e a eólica.
Um bom exemplo da falta de interesse está no projeto de Emenda Constitucional, a PEC 630/2003, chamadas “lei das renováveis”, que dorme em sono profundo “nas gavetas” do Congresso Nacional. Os gestores e “especialistas” que se instalaram no Ministério de Minas e Energia há décadas, cooptaram setores da academia, e usam o mantra “do alto custo”, “da inviabilidade técnica”, do fato de não produzirem “energia firme” para desclassificar estas fontes energéticas. Agem como se fossemos idiotas, e não soubéssemos que as escolhas feitas para ofertar energia elétrica, através das usinas nucleares, termoelétricas a combustíveis fósseis e as mega-hidrelétricas na região Amazônica foram escolhas nada republicanas, e sim motivadas essencialmente pelos “negócios”.
O que não presta no Brasil, meu caro Ivo, são pessoas, personagens de nossa história, alguns, imbuídos do voto popular que (des)governam este país há anos. Em particular na área energética onde persiste uma dinastia que manda e desmanda, usufruindo e beneficiando poucos, devido principalmente a completa ausência de instâncias democráticas, onde mais representantes da sociedade brasileira possam discutir e participar diretamente das tomadas de decisão nesta área tão estratégica e envolvida com o desenvolvimento nacional.
Hoje as políticas públicas na área energética são decididas pelo Conselho Nacional de Política Energética (criado pela lei 9.478 de 06/08/1997), órgão de assessoramento direto da Presidência da República, composto por 10 membros: sete ministros, um representante dos Estados e do distrito Federal, um cidadão brasileiro especialista em energia, indicado pelo Ministério das Minas e Energia e designado pela presidenta da Republica, e um representante das universidades brasileiras. Como se pode observar é uma instanciam decisiva e influente nas suas atribuições, mas nada democrática na sua composição. Portanto a conclusão que chego é que o setor energético necessita urgentemente de mais democracia e de uma limpeza ética.
Energia elétrica produzida por painéis fotovoltaicos instalados nas residências (sistema descentralizado).
1. Gerador fotovoltaico (vários módulos fotovoltaicos dispostos em série e em paralelo, com estruturas de suporte e de montagem),
2. Caixa de junção (equipada com dispositivos de proteção e interruptor de corte principal DC),
3. Cabos AC-DC,
4. Inversor,
5. Mecanismo de proteção e instrumentação. (EcoDebate)

Concentrador Solar Parabólico

Concentrador Solar Parabólico: Projeto viabiliza maior utilização de energia renovável
Por meio do concentrador solar é possível produzir elevadas temperaturas com a luz do sol
De olho na expansão pela demanda de energia, a empresa petropolitana Global Master Internacional, com sede na região serrana do estado do Rio de Janeiro, tem desenvolvido equipamentos que produzem energia a partir de fontes naturais, como a luz solar. Não poluente e inesgotável, a energia produzida tem capacidade para suprir não apenas demandas residenciais como também atividades industriais de empresas de pequeno, médio e grandes portes. Para tanto, com o apoio do edital Rio Inovação, da FAPERJ, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),a empresa desenvolveu dois tipos distintos de concentrador solar, o parabólico e o cilíndrico.
De acordo com coordenador do projeto e diretor executivo da empresa, Rogério Müller, o concentrador solar parabólico tem finalidades industriais e funciona da seguinte forma: os raios solares, captados pela parabólica revestida de películas refletoras, se concentram no foco, onde está posicionada uma caldeira térmica contendo fluido especial que suporta temperaturas elevadas com baixo coeficiente de dilatação. O objetivo é transferir a energia térmica produzida para um trocador de calor, com diversas aplicações, conforme as necessidades de cada cliente. “O equipamento já está sendo utilizado em duas torres instaladas na Arcoflex, empresa do segmento de embalagens e etiquetas, localizada no município de Itaipava, vizinho a Petrópolis. Lá, ele atua na estufa de secagem de uma impressora de flexografia, processo de impressão gráfica em que a forma permite imprimir os mais variados suportes”, exemplifica Rogério.
Já o concentrador solar cilíndrico tem três modelos em fase de desenvolvimento. O mais sofisticado está sendo desenvolvido para aplicação em centrais de geração de energia elétrica de grande porte, e já existem contatos preliminares com empresas interessadas em utilizar esse equipamento. O segundo modelo servirá para aplicação na indústria, combinado com outras fontes primárias de geração de energia, com menor potência, podendo ser empregado para aquecer água e para necessidades industriais. O terceiro destina-se ao aquecimento de água para fins residenciais. Segundo Rogério, o preço final será bastante competitivo em relação ao praticado no mercado pelas placas planas de captação de energia solar, popularmente conhecidos como “painéis solares”, e por isso poderá ser empregado em residências populares.
A Global Master pretende atrair as empresas que integram o polo têxtil da “cidade imperial”, como Petrópolis é conhecida. “O concentrador pode ajudar no processo de secagem de estamparias, permitindo acelerar o processo de produção e fixar melhor a pigmentação da tinta no tecido”, explica Rogério. “Essas novas tecnologias podem reduzir a pressão sobre a demanda por energia elétrica de fontes convencionais, que tem sido um dos gargalos do processo de desenvolvimento econômico nos últimos 100 anos. E tudo isso é ainda mais verdadeiro num país tropical, como o Brasil, que tem sol praticamente o ano todo”, finaliza. (EcoDebate)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ano da Energia Sustentável para Todos

ONU: 2012 será o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos
Objetivo é aumentar conscientização sobre eficiência energética e acesso sustentável aos recursos da área; em junho próximo, líderes internacionais se reunirão no Rio de Janeiro para Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável.
A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2012, o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos.
O objetivo da iniciativa é chamar a atenção para a importância de se aumentar o acesso à energia renovável em todas as partes do mundo.
Fontes Modernas
Segundo as Nações Unidas, cerca de 1,4 bilhão de pessoas ainda não têm acesso a fontes modernas de energia.
E 3 bilhões dependem de recursos da “biomassa tradicional” como o carvão para atividades diárias como aquecimento e cozimento de alimentos.
Os serviços de energia têm um efeito profundo na produtividade, na saúde e na educação, além da segurança alimentar e serviços de comunicação.
De acordo com especialistas, a falta de acesso à energia limpa e barata impede o desenvolvimento sócio-econômico e humano de comunidades inteiras.
O acesso à energia sustentável é também uma das ferramentas para que o mundo alcance os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. (EcoDebate)

Os desafios da energia alternativa energética

A produção de biomassa no Brasil ainda está concentrada nos resíduos da cana-de-açúcar, e os investimentos para gerar energia a partir dos resíduos de milho e soja ainda são baixos. O pouco interesse, de acordo com Luciano Basto Oliveira, justifica-se pelo alto custo para retirar os resíduos de milho e soja das áreas de plantio. O pesquisador esclarece que o bagaço de produto é recolhido do campo porque ele “é um resíduo agroindustrial, cujo transporte é pago pelos produtos principais da cana-de-açúcar: açúcar e etanol”.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU on-line, Luciano Basto Oliveira também comenta a proposta de incineração do lixo, prevista no Plano Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS. Apesar de esta ser uma das tecnologias mais utilizadas no mundo, assegura, a queima de plásticos e borrachas gera gases de efeito estufa. “A solução para os resíduos sólidos urbanos brasileiros requer a implantação e funcionamento do sistema de gestão integrada. Neste, a segregação dos materiais recicláveis na fonte conviverá com um equipamento de triagem (caso o engajamento popular seja pequeno, para melhorar o rendimento), sendo associados à instalação de biodigestores e a sistemas de incineração – cujas dimensões decorrerão da eficiência de cada etapa anterior –, contando com aterros sanitários para o material inerte, os rejeitos e os casos fortuitos, como prevê a PNRS”, aponta.
Luciano Basto Oliveira é graduado em Ciências com habilitação em Matemática pela Universidade Estácio de Sá, especialista em Análise Ambiental e Gestão do Território pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas – Ence/IBGE, e mestre e doutor em Planejamento Energético pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – Coppe/UFRJ. Atualmente é pesquisador do Instituto Alberto Luiz Coimbra/Coppe/UFRJ
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O senhor menciona que os resíduos vegetais têm potencial de gerar um terço de toda a energia consumida no país. O que tem dificultado o investimento em biomassa no Brasil?
Luciano Basto Oliveira – O país é muito rico em fontes energéticas, o que remete a algumas poderem, pela natural limitação do consumo, acabar sendo inviáveis para o mercado interno. Mas também existem casos em que fontes mais baratas são desperdiçadas por conta de seu caráter inovador naquele mercado, o que, até certo ponto, é compreensível.
IHU On-Line – Como estão os investimentos em biomassa no Brasil?
Luciano Basto Oliveira – Vêm evoluindo, mas ainda estão concentrados na cana-de-açúcar e seus derivados – que são excelentes representantes do setor; ajudaram a demonstrar a viabilidade desta alternativa e a competência técnica e empresarial no setor. Mas é necessário diversificar para aproveitar o potencial existente.
IHU On-Line – Por que a geração de energia a partir dos resíduos de milho e soja são mais caros se comparados ao uso do bagaço da cana-de-açúcar?
Luciano Basto Oliveira – Porque o bagaço é um resíduo agroindustrial, cujo transporte é pago pelos produtos principais da cana-de-çúcar: açúcar e etanol, enquanto os resíduos de soja e milho atualmente ficam no campo, o que remete a um custo para coletá-lo. Assim, utilizando a mesma tecnologia para geração elétrica (ciclo Rankine), o bagaço disponibilizará eletricidade mais barata.
Além disto, parte da energia disponível na forma de calor não é convertida em eletricidade e, no caso do bagaço, há o aproveitamento deste para fazer a usina de cana funcionar (cogeração), mercado complementar que inexiste nos demais casos.
Considerando que o preço solicitado pelas usinas ao bagaço nos leilões não seja especulativo – uma vez que seu interesse é obter a garantia de receita, o que pode ser comprometido com o aumento artificial do preço e a competição com outras fontes –, o fato de parte da oferta não ter sido vendida significa que as alternativas mais caras, provenientes dos demais resíduos, também não conseguirão.
IHU On-Line – Qual tem sido o papel das fontes alternativas de energia no Brasil?
Luciano Basto Oliveira – O conceito de “alternativa” depende da localização e da tecnologia. No Brasil, a maior parte da eletricidade provém de fontes renováveis e, assim, já não é alternativa. O próprio etanol, tão conhecido aqui, é uma alternativa no exterior. Parece-me mais adequado falar de fontes renováveis não convencionais e discutirmos como aproveitar nossas potencialidades, mesmo que o mercado interno tenha alternativas mais baratas e o caminho seja a exportação. É importante ressaltar que existe um mercado internacional de biomassa para fins energéticos, do qual o Brasil, com uma das maiores aptidões para esse setor, não participa de maneira significativa.
IHU On-Line – Qual o potencial do Brasil em investir em biomassa?
Luciano Basto Oliveira – Apesar do significativo potencial, o conveniente é, a meu ver, identificar como aproveitar as dezenas de milhões de toneladas anuais que acabam sendo decompostas sem aproveitamento: a utilização local, para geração elétrica ou combustível veicular (biogás tratado ou produção de etanol de segunda geração), ou para exportação (briquetes ou pellets).
IHU On-Line – Em que países o uso da biomassa para geração de energia é mais desenvolvido? Quais são os países que dominam, hoje, essa tecnologia?
Luciano Basto Oliveira – O Brasil é um dos principais, para geração elétrica e uso veicular. Mas o consumo de biomassa é expressivo para aquecimento no hemisfério Norte.
IHU On-Line – Qual o potencial energético do uso de dejetos de aves, suínos e bovinos? Há no Brasil investimento nessa área?
Luciano Basto Oliveira – Considerando somente os rebanhos confinados, o potencial atinge 17,5 Mm³ de metano/dia – aproximadamente a metade do que importamos da Bolívia. Esse gás pode ser convertido em eletricidade, abastecer veículos, indústrias, residências, como o gás natural – desde que tratado. Adicionando o potencial dos resíduos agrícolas e dos urbanos, todos convertidos em gás, o potencial atinge 50 Mm³/d, em média, uma vez que esta oferta é sazonal.
Sim, há alguns empreendimentos em funcionamento e outros sendo implantados. É importantíssimo lembrar que o descarte inadequado causa muitos danos ambientais e à saúde pública. Por outro lado, o sistema de tratamento é caro. Então, o aproveitamento energético atrelado ao tratamento ambiental transfere o custo para o combustível, que consegue competir com outras fontes.
IHU On-Line – É possível gerar energia a partir do aproveitamento do lixo? Qual é o potencial de aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos?
Luciano Basto Oliveira – Sim, é possível. Há diversas rotas tecnológicas em funcionamento no mundo, desde a queima do biogás recuperado de aterros até o arco de plasma, passando pelo gás de biodigestores e a incineração. É preciso ressaltar que a reciclagem é uma medida de conservação de energia, pois economiza o consumo industrial da conversão dos recursos naturais em bens – ou seja, mesmo não gerando diretamente, permite que a oferta seja ampliada de maneira maior que se o lixo fosse utilizado para geração. O potencial atual, considerando a reciclagem máxima associada à biodigestão da fração orgânica, atinge 60 TWh/a, equivalente a 15% do consumo nacional ou 65% do setor residencial.
IHU On-Line – Entre as propostas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, discute-se a incineração do lixo. Como o senhor vê essa alternativa? Há implicações ambientais nesse processo?
Luciano Basto Oliveira – É uma das tecnologias mais utilizadas no mundo, dispondo de 650 usinas termelétricas, inclusive novas, funcionando no centro das cidades de Londres e Paris, por exemplo. Do ponto de vista técnico, aplica-se quando a participação de plástico e papel seco supera 30% do resíduo – o que é comum nos países mais ricos, onde a maioria dos alimentos é comprada em embalagens. Sua eficiência quanto à geração líquida (produzido menos consumido) local é a melhor dentre as alternativas. Mas, por queimar plásticos e borrachas, seu balanço de gases responsáveis pelo efeito estufa não é o melhor. Além disso, emite poluentes orgânicos persistentes – ainda que em teores controlados e em quantidades inferiores a diversas outras fontes emissoras, como usinas a carvão, veículos a diesel, combustão de lixo a céu aberto, queimadas, etc.
Minha visão é de que a solução para os resíduos sólidos urbanos brasileiros requer a implantação e funcionamento do sistema de gestão integrada. Neste, a segregação dos materiais recicláveis na fonte conviverá com um equipamento de triagem (caso o engajamento popular seja pequeno, para melhorar o rendimento), sendo associados à instalação de biodigestores e a sistemas de incineração – cujas dimensões decorrerão da eficiência de cada etapa anterior –, contando com aterros sanitários para o material inerte, os rejeitos e os casos fortuitos, como prevê a PNRS.
Esse tipo de aproveitamento requer tecnologia disponível no país e é capaz de gerar oportunidades de trabalho aqui, além de contribuir para a mitigação de emissões – mesmo que a biomassa seja exportada. (EcoDebate)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Hora de explorar todo potencial

O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, defendeu, em reunião realizada em 01/12/11, na sede da entidade, com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, que o Brasil estude e aproveite o potencial energético existente em todas as fontes disponíveis, o que inclui projetos de hidrelétricas, eólicas, solares, nucleares, térmicas e biomassa, entre outros. Cerca de 80 empresários participaram do encontro.
A afirmação foi feita durante o debate que envolveu temas como protestos e defesas envolvendo o investimento na usina de Belo Monte (PA), a perda de competitividade das pequenas centrais hidrelétricas, a ausência de gás natural para novos projetos de termelétricas e a expansão da energia solar no Brasil. “São todas questões relativas ao planejamento energético”, disse.
Para o presidente da Abdib, a base da matriz energética brasileira é a energia hidrelétrica porque essa fonte apresenta a melhor relação entre custo e benefício quando são avaliados aspectos de eficiência energética, ambiental e tarifária.
“Além disso, temos de ter em mente que precisamos acrescentar anualmente à nossa capacidade de geração uma carga de energia significativa, em um montante que atenda tanto as expectativas de crescimento da economia como também de ascensão social das pessoas”, avaliou o presidente da Abdib. (ambienteenergia)

Energia Renovável: na mira dos investimentos

Pela primeira vez, o Brasil figura entre os dez países mais atrativos para receber investimentos em energias renováveis. Segundo o Renewable energy country attractiveness indices, ranking trimestral elaborado pela Ernst & Young, o País ocupa agora a 10ª posição da lista – uma acima da registrada no trimestre anterior e oito acima na comparação com o terceiro trimestre de 2010. A melhora da posição brasileira deve-se, sobretudo, à energia eólica.
O relatório – que fornece scores, em 40 países, para mercados nacionais de energias renováveis, infraestrutura e sua adequação para tecnologias individuais – afirma que o terceiro trimestre de 2011 foi um bom momento para desenvolvedores da energia eólica no Brasil, com a realização de quatro leilões que forneceram oportunidades para remodelar o mercado de energético do País. A energia eólica chamou a atenção porque, pela primeira vez, seu preço caiu abaixo do da eletricidade gerada pelo gás natural.
“O ranking mostra o amadurecimento do segmento eólico dentro da matriz energética brasileira”, avalia Luiz Claudio Campos, sócio de Transações da Ernst & Young Terco. “Há exatamente um ano, o Brasil estava na 18ª posição no ranking. Em um futuro próximo, o País pode ocupar uma posição de ainda mais destaque, provavelmente devido ao setor eólico.”
Os recentes leilões provaram que, por aqui, gás natural e energia eólica podem competir diretamente no mercado. Analistas de mercado sugerem diversas razões para o bom resultado do País, incluindo a recente chegada de fornecedores chineses de equipamentos, o que pode levar fornecedores locais a reduzirem seus preços para continuar competitivos. O baixo custo alcançado nos leilões também pode ser o resultado de um número crescente de fabricantes de turbinas no Brasil.
“Além disso, a desaceleração econômica causou a paralisação de diversos projetos na Europa, o que pode ter movido investidores para outros mercados com potencial de crescimento, como o Brasil”, afirma o sócio da Ernst & Young Terco.
Outros mercados - Enquanto os países desenvolvidos continuam focados em cortar custos e com problemas de dívida, países emergentes, e sua insaciável busca por energia, aparecem como a força por trás dos investimentos em energias renováveis.
A balança de poder está claramente mudando, com o Leste Europeu, o Oriente Médio, o Norte da África, o Sudeste da Ásia e a América Latina agora representando o futuro para a energia renovável, enquanto a indústria se adapta a um mundo em transformação. Países como Argentina, Hungria, Israel, Tunísia e Ucrânia aparecendo pela primeira vez nos índices, com todos compartilhando uma necessidade por mais energia renovável.
“A maturidade dos mercados de energia renovável na Europa Ocidental e nos EUA sofreram um golpe com a redução dos incentivos do governo, acesso restrito a capital e competição crescente de outros países”, diz Luiz Claudio Campos. “Ao mesmo tempo estamos vendo um forte apoio para energias renováveis em países emergentes. Esses mercados, com uma crescente demanda por energia, estão aproveitando a oportunidade para garantir um futuro com baixa emissão de carbono e eficiência de recursos. Nos últimos dois anos, 15 países emergentes foram adicionados ao ranking da Ernst & Young”, completa.
A China continua no topo do ranking geral. No entanto, o potencial de crescimento anterior diminuiu, e um processo rígido de aprovação de novos projetos de energia eólica está gerando um excesso de oferta de turbinas e fabricantes estão procurando agora por novos mercados para exportar.
Os EUA também caíram um ponto devido à expiração do programa nacional de garantia de crédito e à continuada incerteza a respeito do futuro do programa de subvenções do Tesouro e créditos fiscais de produção. Também houve uma queda na confiança do investidor no setor solar após a falência de três grandes fabricantes. Os EUA estão agora quatro pontos atrás da China e apenas um ponto à frente da Alemanha. No Reino Unido, a confiança do investidor sofreu um golpe com a forte queda nas taxas da chamada feed-in-tariff (FIT).
Ernst & Young e sobre a Ernst & Young Terco-A Ernst & Young é líder global em serviços de auditoria, impostos, transações corporativas e consultoria. Em todo o mundo, a empresa tem 152 mil colaboradores unidos por valores pautados pela ética e pelo compromisso constante com a qualidade. A empresa faz a diferença ajudando colaboradores, clientes e as comunidades em que atua a atingirem todo seu potencial.
No Brasil, a Ernst & Young Terco é a mais completa empresa de consultoria e auditoria com mais de 4.100 profissionais que dão suporte e atendimento a mais de 3.400 clientes de grande, médio e pequeno portes, sendo que 117 companhias são listadas na CVM (dado referente a dezembro de 2010) e fazem parte da carteira especial da equipe de auditoria. (ambienteenergia)

Energias Renováveis: Brasil na mão certa

Durante audiência com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na quinta-feira, 1 de dezembro, em Brasília, a diretora executiva da Agência Internacional de Energia (AIE), Maria van der Hoeven, elogiou o sucesso dos leilões de compra de energia realizados pelo governo brasileiro, principalmente os de eólica, devido ao volume de projetos associados e a aos preços obtidos. No último leilão de eólica do país, realizado em agosto deste ano, o MWh de energia foi fixado em R$ 99,8 , sendo pela primeira vez mais competitivo que o gás natural.
Maria van der Hoeven destacou a opção do Brasil por manter uma matriz energética baseada em fontes limpas e renováveis e pediu ao ministro que explicasse o funcionamento do modelo brasileiro de leilões que asseguram modicidade tarifária em benefício da população. Ela considerou “impressionantes” os resultados dos recentes leilões, especialmente o de eólica, que chegou a “preços impensáveis na Europa”, segundo ela.
Informada sobre os resultados do programa Luz Para Todos, que em oito anos levou energia a mais de 14 milhões de brasileiros das áreas rurais, a diretora disse ter ficado impressionada com os números.
Maria van der Hoeven aproveitou a oportunidade para convidar o ministro Edison Lobão a participar do grupo coordenador das atividades programadas para o “2012 Sustainable Energy For All” (Energia Sustentável Para Todos), iniciativa da Organização das Nações Unidas destinada a reduzir a exclusão elétrica no mundo. Dados da AIE revelam que 1,3 bilhão de pessoas vivem hoje sem energia.
A diretora da AIE entregou ao ministro Lobão um exemplar do World Energy Outlook 2001, relatório anual sobre a situação energética mundial, lançado oficialmente no Brasil em solenidade realizada em 02/12/11, na sede do Ministério de Minas e Energia.
Maria van der Hoeven referiu-se ao papel de destaque que o Brasil passou a assumir recentemente no cenário energético mundial, “notadamente no que se refere às energias renováveis e limpas”. Destacou ainda as recentes descobertas de petróleo e gás natural na área do pré-sal e elogiou o progresso tecnológico do país na exploração em águas profundas.
Segundo a diretora, a AIE aderiu ao programa “Desenvolvimento Sustentável em Hidroleletricidade”, liderado pelo Brasil no âmbito do Forum Ministerial de Energia Limpa (Clean Energy Ministerial- CEM). Van der Hoeven também acentuou a colaboração entre o MME e a Agência, com apoio do Cepel (Centro de Pesquisa de Energia Elétrica) para a produção do Mapa de Rotas Tecnológicas em Hidroeletricidade.
O ministro Edison Lobão reafirmou o compromisso do Brasil com a produção de energia baseada em fontes limpas e renováveis. A diretora da Agência disse que “o Brasil caminha no rumo certo” e prometeu defender internacionalmente a construção da Usina de Belo Monte. Ela atribuiu as campanhas contra Belo Monte como fruto do desconhecimento do projeto e devido à memória do que ocorreu durante a construção da hidrelétrica de Três Gargantas, na China. (ambienteenergia)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Uso da energia nuclear está perto do fim

‘Consenso’ francês pelo uso da energia nuclear dá sinais de que está perto do fim
Durante décadas o uso da energia nuclear foi inquestionável na França, onde 58 usinas geram 80% da eletricidade consumida. Agora a situação começa a mudar, e alguns políticos já estão abandonando o consenso atômico.
“Segurança – a questão principal”, dizia uma manchete do diário Direct Matin no início de dezembro. No dia anterior à edição, ativistas do Greenpeace, vestidos como funcionários, infiltraram-se na usina de Nogent-sur-Seine e estenderam uma faixa com os dizeres “energia nuclear é perigosa”. Foi uma maneira de expor as falhas no controle de acesso – assim como os ativistas, terroristas poderiam ter entrado no local.
Diretores da empresa Electricité de France (EDF) asseguram que os ativistas foram imediatamente reconhecidos pelos seguranças. “Vimos na hora que eles não estavam armados e que se tratava de um protesto pacífico”, afirmou Dominique Minière, diretor do parque atômico da EDF. Algumas horas mais tarde, porém, o ministro francês do Interior, Claude Guéant, convocou uma reunião para a mesma semana para debater a segurança nas usinas nucleares do país.
A catástrofe de Fukushima, no Japão, ocorrida em março do ano passado, deixou os lobistas da energia atômica na França preocupados. O temor ficou ainda maior depois que o governo da Alemanha decidiu acabar com o uso da energia nuclear no país. Os responsáveis em Paris reagiram rapidamente, esforçando-se para mostrar que o risco oferecido pelas usinas nucleares francesas é mínimo.
O próprio presidente Nicolas Sarkozy anunciou novas checagens de segurança nas centrais e até mesmo o fechamento daquelas que não passarem nos testes. Transparência é a palavra da hora quando se fala de energia atômica na França.
Mas as tentativas de eliminar as preocupações parecem não estar convencendo a população. Numa pesquisa de opinião realizada pouco depois do acidente em Fukushima, 70% dos franceses mostravam-se favoráveis ao fim do uso da energia atômica no país. Algumas semanas mais tarde o índice subiu para 77%.
No meio do ano o governo de Estrasburgo gerou manchetes ao convocar uma espetacular votação para opinar sobre o fechamento da planta de energia nuclear mais antiga do país, que fica na localidade vizinha de Fessenheim. A iniciativa pioneria acabou sendo seguida por outras cidades.
Consenso político
Desde o início do programa atômico francês, no início dos anos 70, a política do tout nucléaire era tida como inquestionável, defendida por todos os partidos políticos, ainda que, durante décadas, os parlamentares praticamente não tiveram voz nessa questão.
Hoje as 58 usinas nucleares francesas produzem até 80% da energia consumida pelo país. E Sarkozy mantém uma tradição: a do elogio à tecnologia nacional de ponta, graças à qual a França é um dos líderes mundiais em exportação de tecnologia nuclear.
Mas no final de novembro o consenso político em torno da energia nuclear ruiu. Para as eleições presidenciais de 2012, socialistas e verdes concordaram que, caso saiam vitoriosos, reduzirão a produção de energia nuclear. Além disso, os verdes também querem parar a construção do reator de terceira geração EPR (Reator Europeu Pressurizado, na sigla em inglês). Essa ideia os socialistas não apoiam, devido ao intenso lobby da empresa estatal Areva.
“Energia atômica, arma de campanha de Sarkozy”, estampou o renomado jornal Le Monde em novembro passado. O presidente, apesar de ainda não ser oficialmente candidato à reeleição, usa todas as oportunidades para se posicionar a favor da energia atômica. Ele diz ficar triste ao ouvir que a “própria ideia do progresso” está sendo questionada. E aponta para as “centenas de milhares” de postos de trabalho que estariam ameaçadas.
“Quando o interesse nacional está em jogo, é preciso ir contra o consenso geral”, diz o presidente. Para o especialista em energia nuclear Mycle Schneider, que é contra o uso da tecnologia, esta será, sem dúvida, uma campanha dominada pela questão nuclear.
Discussão aberta
Sarkozy é favorável ao uso de energia nuclear
De uma forma ou de outra, certo é que o fim do uso da energia nuclear já não é mais tabu na França. Na imprensa irrompeu uma discussão, envolvendo especialistas de diversos setores, sobre o que seria mais caro: fechar as usinas ou seguir no caminho atual, lembrando que elevar das usinas mais antigas sairia caro.
Segundo um relatório publicado em dezembro, de cuja elaboração participaram também lobistas da energia nuclear, a participação da energia nuclear no total da produção energética poderia ser reduzida dos atuais 80% para 50% até 2050, caindo para apenas 30% em 2100.
Enquanto isso o Areva gera manchetes negativas: no meio de dezembro o consórcio de energia nuclear lançou um drástico plano de contenção de gastos, depois de ter apresentado perdas que chegaram a 1,5 bilhão de euros em 2011. E não será fácil encontrar novos investidores: sua avaliação de crédito encontra-se num patamar baixo. E se a França perder sua nota AAA, a estatal Areva terá ainda mais dificuldades para sobreviver.
Debate nacional
O tema energia atômica não será polêmico apenas durante as próximas eleições presidenciais francesas. Em caso de vitória, o socialista François Hollande já anunciou que dará início a um amplo debate sobre o assunto. Há anos já está prevista uma série de discussões públicas sobre os resíduos. Até 2013 a questão do depósito definitivo dos resíduos do lixo nuclear precisa ser esclarecida. Os destinos até agora apresentados esbarraram na resistência popular.
Os integrantes do grupo Stop Nogent estão felizes com o novo cenário. Há 25 anos que eles fazem mobilizações contra central nuclear mais próxima de Paris, localizada a menos de cem quilômetros da capital, a mesma na qual os ativistas do Greenpeace penduraram a sua faixa. “Hoje finalmente a opinião pública está reconhecendo o nosso trabalho”, declarou um ativista. (EcoDebate)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Falta de medidas adequadas agravou Fukushima

Fukushima: Falta de medidas adequadas agravou os efeitos dos acidentes nucleares no Japão
Depois de nove meses dos acidentes radioativos relacionados à Usina de Fukushima Daiichi, no Japão, peritos japoneses e estrangeiros concluíram que medidas de precaução adequadas poderiam ter evitado vários episódios registrados em 11 de março deste ano. Na ocasião, um terremoto seguido por tsunami causou danos nos reatores da usina provocando explosões e vazamentos.
A conclusão foi divulgada em 26/12/11 durante um painel de peritos no Japão. Durante os debates, especialistas disseram que os acidentes demonstraram a necessidade de ampliar as medidas de prevenção referentes às ações de emergência relativas à usina. Segundo eles, houve falhas no que se refere às influências de terremotos e tsunamis na estrutura física da usina.
”Não se pode negar que faltou às pessoas envolvidas nas ações relativas ao desastre nuclear, como os responsáveis pela gestão e operação de usinas nucleares, uma avaliação mais ampla para a prevenção de catástrofes nucleares”, informou o relatório divulgado hoje.
Os vazamentos e as explosões registrados em Fukushima ainda geram consequências no Japão e no mundo. Nove cidades japonesas que cercam a usina foram esvaziadas e as pessoas passaram a viver de forma improvisada. Os alimentos produzidos na região foram proibidos para consumo.
Crianças e adolescentes são monitorados permanentemente para verificação do nível de radiação. Paralelamente, o governo do Japão passou a reexaminar o uso e o funcionamento das usinas de energia elétrica no país. (EcoDebate)

Desativar Fukushima em quatro décadas

Japão revela plano para desativar Fukushima em quatro décadas
O Governo japonês e a operadora da usina de Fukushima, a Tepco, revelaram o plano para desativar a central em um prazo entre 30 e 40 anos, após decretar há cinco dias a “parada fria” de seus reatores.
Segundo a agenda, o primeiro passo será eliminar o combustível nuclear usado das piscinas dos reatores de 1 a 4 nos dois próximos anos, e retirar o combustível fundido no interior das unidades 1, 2 e 3 na próxima década, informou a agência “Kyodo”.
De acordo com o relatório, as piscinas de combustível usado dos reatores de 1 a 4 contêm 3.108 “elementos combustíveis”, como são conhecidas as estruturas que contêm as barras de combustível atômico. Já as unidades 1, 2 e 3 contam com 1.496 “elementos combustíveis” em seu interior, muitos dos quais podem estar fundidos ou danificados.
Em reunião realizada hoje entre o Governo e a Tepco, o ministro da Indústria japonês, Yukio Edano, pediu que a operadora “aumente” o nível trabalho para reduzir a preocupação dos cerca de 80 mil evacuados na zona devido à crise nuclear.
Além disso, segundo o diário econômico “Nikkei”, o Governo estuda repassar cerca de 1 trilhão de ienes (US$ 12,7 bilhões) dos cofres públicos para ajudar a companhia a pagar as compensações para os afetados pela tragédia.
Desde o início da crise na central de Fukushima, em 11 de março, a companhia elétrica reportou perdas de mais de US$ 7,5 bilhões entre abril e setembro.
Durante este ano fiscal, que se encerrará em março de 2012, a Tepco terá de desembolsar cerca de 1 trilhão de ienes (US$ 12,7 bilhões) em indenizações, e a quantia pode aumentar a 4,5 trilhões de ienes (US$ 57 bilhões) nos próximos dois anos.
Em 16 de dezembro, o Governo do Japão confirmou que os três reatores nucleares da central de Fukushima danificados pelo tsunami de março tinham alcançado a “parada fria”, o que significa que são mantidos de forma estável abaixo de 100 graus centígrados. (EcoDebate)