domingo, 30 de novembro de 2025

Brasil precisa de infraestrutura de energia mais resiliente às mudanças climáticas

Brasil precisa de infraestrutura de energia muito mais resiliente às mudanças climáticas, aponta EY.
Mudança climática fragiliza setor elétrico do Brasil

Brasil precisa de infraestrutura de energia mais resiliente às mudanças climáticas, pois eventos extremos como secas, chuvas intensas e ondas de calor já impactam a rede elétrica e o fornecimento de energia. É necessário investir em adaptação, como fortalecer a infraestrutura de transmissão e distribuição, diversificar a matriz energética para reduzir a dependência hídrica, e adotar tecnologias mais sustentáveis e que minimizem emissões de gases de efeito estufa.

Desafios e necessidades

Eventos climáticos extremos: Secas podem comprometer a operação de hidrelétricas, enquanto fortes chuvas podem danificar redes de distribuição, causando interrupções prolongadas no fornecimento de energia, como demonstra a média de horas de interrupção por usuário no país, que é significativamente maior que a de outros países.

Dependência hídrica: A grande dependência de energia hidrelétrica torna o sistema vulnerável a períodos de estiagem.

Necessidade de adaptação: A infraestrutura atual, incluindo as redes de transporte e distribuição, precisa ser adaptada para resistir aos efeitos das mudanças climáticas, como alagamentos e calor extremo.

Soluções e ações

Diversificação da matriz energética: Expandir fontes renováveis como solar e eólica, que já estão em crescimento no Brasil, pode reduzir a vulnerabilidade da geração hidrelétrica.

Fortalecimento da infraestrutura: Investir em tecnologias para tornar as redes de transmissão e distribuição mais robustas e capazes de suportar eventos climáticos extremos.

Transição energética: Promover uma transição energética justa e equitativa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e adotando novas formas de energia mais eficientes e limpas.

Adoção de tecnologias: Implementar novas tecnologias na construção pesada e no setor energético para garantir a adaptação às mudanças climáticas e minimizar emissões de gases de efeito estufa.

Planejamento e políticas: Desenvolver políticas públicas e programas de certificação para obras e infraestruturas que considerem a resiliência climática como um fator fundamental, como um projeto que visa certificar obras resilientes a eventos climáticos extremos.

Enquanto os japoneses ficam em média somente cinco minutos por ano sem energia, os brasileiros enfrentam 11 horas de interrupção da eletricidade. De acordo com a consultoria, é preciso incentivar a regulamentação para que as concessionárias de energia realizem investimentos para aumentar a resiliência das redes.
As redes de distribuição de energia elétrica, uma infraestrutura crucial para a sociedade, têm sido muito afetadas pelos eventos climáticos extremos, cujos danos causados nos cabos de energia, geradores e transformadores resultam na queda do fornecimento de eletricidade.

Os dias de tempestade, com o registro de chuvas que ultrapassam 50 milímetros, aumentaram bastante na região metropolitana de São Paulo. Até a década de 1950, de acordo com estudo do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), quase não houve registro dessas chuvas, mas nos últimos anos, essa realidade mudou, com a precipitação atingindo 80 milímetros ou, em alguns casos, passando dos 100 milímetros em temporais que podem durar horas.

A projeção para os próximos anos não é animadora, segundo estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que projeta, para o período entre 2025 e 2034, aumento de 20% a 30% na ocorrência de tempestades severas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

“Essa é uma realidade que precisa ser considerada por todas as partes relacionadas com a atividade de distribuição de energia elétrica, sobretudo os reguladores desse serviço público e as empresas concessionárias que operam as redes. O uso de tecnologia, por meio da automação da rede elétrica, é a solução adotada por países como Japão, o que tem permitido evitar o desligamento da energia e recompor rapidamente o fornecimento em caso de necessidade”, afirma o sócio de Governo & Infraestrutura da EY-Parthenon, Alexandre Vidal.

Crise hídrica e de energia — o que o Brasil pode fazer para evitar novos "choques" na era das Eras das Mudanças Climáticas.

Enquanto os japoneses ficam em média somente cinco minutos por ano sem energia, os brasileiros enfrentam 11 horas de interrupção da eletricidade. “Esse dado demonstra que há muito espaço para tornar nossa rede elétrica mais resiliente aos efeitos das mudanças climáticas. Temos observado em vários países uma adaptação da regulamentação do setor no sentido de incentivar as concessionárias do serviço de distribuição de energia a fazer os investimentos para aumentar a resiliência das redes”, completa o executivo.

Além disso, como forma de contribuir para o funcionamento eficaz da rede elétrica, o país incentivou a adoção pelos consumidores dos medidores inteligentes de energia, cita Vidal, com 30 milhões desses aparelhos instalados possibilitando ao consumidor mensurar em tempo real o uso do sistema de energia elétrica. “O propósito disso é incentivá-lo a consumir mais nas horas de energia sobrando no sistema, e não nos momentos de pico, recebendo incentivo de preço nesses horários de menor utilização. Esse movimento foi fundamental para viabilizar no Japão a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, mesmo os residenciais, movimento que se inicia também no Brasil”.

Mudanças climáticas são desafios para o setor elétrico

A exigência de Planos de Resiliência que passam pela análise e aprovação prévia do regulador, além de outros mecanismos de regulação baseada em performance, tem garantido que os consumidores de energia elétrica de países como Japão, EUA e Itália possam usufruir de uma infraestrutura mais resiliente.

Ainda segundo Vidal, o Brasil, na COP30, poderá mostrar ao mundo seu exemplo de sucesso na geração de energia a partir de fontes renováveis, mas terá muito a aprender em como melhorar os esforços de adaptação climática na rede elétrica. Os dados mais recentes do Balanço Energético Nacional (BEN) indicam que a participação das fontes renováveis é de 88,2% na geração de energia elétrica, o que coloca o Brasil em posição de destaque com uma porcentagem muito superior à média global e à média dos países que fazem parte da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Ainda segundo esse documento, publicado pelo Ministério de Minas e Energia e pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), as fontes eólica e solar detêm 23,7% de participação na geração total de eletricidade do país – quase um quarto de toda a energia gerada pelo Brasil. Essa eletricidade limpa reflete em outros índices de sustentabilidade, como o da emissão de dióxido de carbono por habitante. Em 2024, o brasileiro emitiu em média duas toneladas de dióxido de carbono equivalente – apenas 15% do total emitido por cada americano.

Linha de transmissão: rede brasileira alcança quase 200 mil quilômetros de extensão.

O impacto das mudanças climáticas no sistema de transmissão do Brasil exige resiliência e inovação

Em tempos de certeza sobre os impactos das alterações climáticas as empresas de transporte de energia

A integração das energias renováveis ao sistema elétrico brasileiro é o pilar fundamental para atingir os objetivos de descarbonização e eletrificação da economia, uma vez que as fontes limpas representaram cerca de 91,4% das demandas de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Nesse contexto, as empresas de transporte de energia desempenham um papel crucial na transição energética, garantindo a máxima integração das energias renováveis, a eficiência e a segurança do abastecimento.

Investimento em infraestrutura resiliente: Uma urgência diante das mudanças climáticas

Sustentabilidade no fornecimento para grandes consumidores

Ainda no contexto da COP 30, o Brasil deve assegurar que o aumento esperado da demanda por energia na produção de hidrogênio verde, em grandes data centers e na eletrificação setores como o transporte seja atendido por fontes renováveis. “Não adianta eletrificar os veículos utilizando os combustíveis fósseis como matriz energética. É até uma contradição, já que o veículo elétrico substitui justamente o motor a combustão. O crescimento na produção de veículos elétricos no Brasil tem sido consistente. Em 2020, eram dois mil por ano, passando a 210 mil no ano passado – crescimento superior a cem vezes nesse período. Raciocínio semelhante se aplica à inteligência artificial, que precisa de enorme processamento de dados para funcionar, exigindo o investimento em data centers sustentáveis. A IA, que veio para elevar a produtividade das empresas, pode inclusive ser aplicada para trazer soluções sustentáveis para o setor de energia”.

Vidal cita a criação do Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center, também conhecido como Redata, que tem como objetivo impulsionar o investimento em data centers, ampliando a capacidade do país de armazenagem, processamento e gestão de dados. Para ter acesso ao Redata, é obrigatório que os projetos cumpram exigências de sustentabilidade, como energia renovável ou limpa e eficiência hídrica.

As crises de energia no Brasil e os caminhos da transição para uma economia de baixo carbono.

Somente uma ação conjunta e colaborativa terá o poder de mudar o clima da história, ressalta Rodolfo Gomes, diretor executivo da organização International Energy Initiative (IEI-Brasil). “É fundamental que a sociedade não apenas entenda que é possível fazer melhor uso dos recursos disponíveis, como também possa se beneficiar diretamente e indiretamente, como ter contas ou tarifas menores de energia, depender menos de importação de combustíveis, ter menos poluição nas cidades”. (pv-magazine-brasil)

Centro de eventos em Balneário Camboriú/SC ativa a maior usina solar em telhado

Centro de eventos em Balneário Camboriú (SC) ativa a maior usina solar em telhado do estado

Com investimento estimado em R$ 5 milhões, a usina fotovoltaica de 0,75 MW foi instalada no telhado do Expocentro Julio Tedesco. A expectativa é que a energia gerada pelo sistema atenda a demanda atual do centro de eventos do município.
Expocentro Julio Tedesco, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, inaugurou 29/10/2025, a maior usina solar em telhado do estado. Com investimento total de R$ 5 milhões, nesta primeira etapa, foram instalados 1.120 módulos fotovoltaicos, com capacidade de geração de 0,75 MW, volume suficiente para suprir toda a demanda atual do centro de eventos. Retorno do investimento é estimado em até 5 anos.
Expocentro Balneário Camboriú inaugura maior usina solar em telhado de Santa Catarina

Com investimento de R$ 5 milhões, empreendimento gera energia limpa suficiente para suprir demanda do centro de eventos.

Com a geração solar, o Expocentro evitará a emissão de 440 toneladas de CO2 por ano — o equivalente à preservação de 2.409 árvores anualmente. Desde sua concepção, as fachadas leste e oeste contam com panos de vidro e brises fixos de controle solar, garantindo iluminação natural aos ambientes internos.

O sistema de climatização aproveita o fluxo natural de ar, e toda a estrutura utiliza iluminação em LED, captação e reuso de águas pluviais e dispositivos que reduzem o consumo de água e energia.

Expocentro reuniu autoridades para a cerimônia de ligação da maior Usina Solar em telhado do estado de Santa Catarina.

Com investimento total de R$ 5 milhões, o projeto consolida o Expocentro como referência em energia limpa no Estado. (pv-magazine-brasil.com)

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Toyota desenvolve veículo elétrico de dois lugares e teto solar

A Toyota Manufacturing UK diz que está liderando um consórcio para investigar a viabilidade de um veículo elétrico leve de micro mobilidade com teto fotovoltaico, conectividade digital e componentes sustentáveis.
Veículo conceitual Toyota FT-Me.

Um consórcio liderado pela Toyota Manufacturing UK, uma subsidiária da Toyota Motor, está investigando a viabilidade de um veículo elétrico leve de dois lugares com energia solar fotovoltaica integrada, conectividade digital e componentes sustentáveis.

O estudo de viabilidade se concentrará em um veículo do tipo L6e de última milha modelado no conceito de micro mobilidade FT-Me da Toyota anunciado no início deste ano. Um tipo L6 é um veículo de 4 rodas ou quadriciclo com velocidade máxima de 45 km.

O projeto inclui um teto solar integrado ao veículo (VIPV) a ser projetado, desenvolvido e validado pelo parceiro do consórcio Savcor, uma empresa de tecnologia finlandesa. O VIPV destina-se a estender a autonomia em 20%, “criando uma solução que suporta o uso diário médio sem carregar”, disse a Toyota Manufacturing UK em um comunicado à imprensa.

ELM Mobility, com sede no Reino Unido, que possui seu próprio veículo de micro mobilidade, um tipo L7eCU maior com volume de carga de 4 m², de acordo com seu site, pesquisará o potencial para maximizar os componentes compartilhados. Esse trabalho tem o potencial de reduzir os custos de desenvolvimento duplo e, ao mesmo tempo, criar economias de escala, de acordo com a empresa.

Toyota FT-Me recarrega com energia solar e dispensa pedais e habilitação

Componentes de conectividade digital e o uso de materiais reciclados leves e sustentáveis também estão planejados.

Liderado por uma equipe da Toyota em Derby, Inglaterra, o projeto será apoiado por pesquisadores da Universidade de Derby, que fornecerão experiência em comportamento do usuário de micro mobilidade e viabilidade de energia solar.

Os parceiros do consórcio garantiram £ 15 milhões (US$ 20 milhões) em financiamento equivalente, de acordo com um anúncio separado do Departamento de Negócios e Comércio do Reino Unido, observando que o financiamento é do programa de Pesquisa e Desenvolvimento Colaborativo do Centro de Propulsão Avançada do Reino Unido (APC), visando tecnologias de emissão zero e novos conceitos de mobilidade.

Outro exemplo recente de energia solar fotovoltaica sendo usada com veículos leves de micro mobilidade é o consórcio European Giants, que está desenvolvendo protótipos integrados ao VIPV de veículos das classes L5, L6 e L7 fornecidos por vários fabricantes internacionais. E no ano passado, a equipe francesa Croisière Verte usou um Citroën Ami modificado para demonstrar o potencial de veículos elétricos portáteis solares e compactos e leves em uma jornada continental africana.

A principal característica da cabine é a ausência dos pedais, já que todo controle do carro é feito pelo volante multifuncional. Esta função, um tanto quanto diferente, permite que usuários de cadeira de rodas o utilizem sem nenhuma modificação. Além disso, o pequeno carro também tem conectividade, graças a um aplicativo próprio que transforma o celular do usuário em quadro de instrumentos. (pv-magazine-brasil)

Qual estação favorece mais a geração de energia solar no Brasil?

Primavera ou verão: qual estação favorece mais a geração de energia solar no Brasil?

Verão geralmente favorece a geração de energia solar no Brasil devido aos dias mais longos e à maior incidência de radiação solar, resultando em um potencial de produção maior. No entanto, as altas temperaturas do verão podem diminuir a eficiência dos painéis, enquanto a primavera oferece uma combinação de dias ensolarados e temperaturas moderadas, o que pode ser mais eficiente.

Verão

Vantagens: Os dias são mais longos e o sol é mais intenso, o que faz com que os painéis captem mais luz e gerem mais eletricidade. Essa alta produção pode gerar créditos de energia para serem usados posteriormente, especialmente porque as temperaturas elevadas no verão também aumentam a demanda por eletricidade (com o uso de ar-condicionado, por exemplo).

Desvantagens: O calor excessivo pode reduzir a eficiência dos painéis fotovoltaicos, diminuindo sua capacidade de geração em comparação com dias mais frescos.

Primavera

Vantagens: Apresenta um equilíbrio entre dias ensolarados e temperaturas mais amenas, o que é ideal para a eficiência dos painéis. A menor incidência de chuva e a maior quantidade de dias ensolarados comparados ao outono e inverno a tornam uma época muito favorável para a geração.

Desvantagens: Os dias são um pouco mais curtos do que no verão, o que pode resultar em um pico de produção ligeiramente menor em comparação.

No verão, a região interior e oeste do Brasil apresenta um recurso solar inferior à primavera. Porém, nas demais regiões do país, o verão é a estação predominante em termos de disponibilidade de radiação solar, especialmente na região Sul. Em novo artigo para a pv magazine Brasil, o meteorologista da Tempo OK Jorge Rosas analisa as diferenças entre as estações para a geração solar.
Brasil é um dos melhores países para a produção de energia solar por ocupar uma posição de destaque nesse cenário, graças à sua localização privilegiada e condições climáticas favoráveis, o país reúne características únicas que o tornam ideal para o desenvolvimento de projetos solares.

Há quem diga que o verão é a melhor estação para a geração de energia solar, afinal, os dias são mais longos e o sol está mais alto no céu. No entanto, fatores como o calor excessivo e pancadas de chuva podem reduzir a eficiência dos painéis solares. Outros apostam na primavera, devido as temperaturas mais amenas. Mas essa estação muitas vezes é marcada pela formação de corredores de umidade, que também limitam a irradiância solar. A dúvida, então, persiste: afinal, é na primavera ou no verão que os sistemas fotovoltaicos produzem mais energia?

A resposta é: depende. Apesar de a primavera e o verão apresentarem características astronômicas relativamente similares, a meteorologia mostra que o predomínio de diferentes sistemas meteorológicos pode levar a diferenças significativas e, portanto, o predomínio de uma estação ou outra depende da região específica.

Para entender essa variação, é importante analisar o recurso solar desde o momento em que ele chega ao topo da atmosfera, em uma superfície horizontal ortogonal ao raio solar, a chamada irradiância no topo da atmosfera, ou TOA (Top of Atmosphere).

Na figura 1, é possível observar a série temporal dos valores de TOA. Quanto maior esse valor, maior é a quantidade de energia solar incidente esperada no topo da atmosfera. No entanto, não é apenas isso que influencia o potencial solar no topo da atmosfera, fatores como a declinação solar, que é a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano do Sol ao longo do ano, e a posição geográfica da região, também exercem grande influência.

Figura 1: irradiância solar no topo da atmosfera em uma superfície horizontal ortogonal ao feixe solar (TOA).

Ao observar a série temporal dos valores de TOA, pode parecer que a quantidade de energia solar disponível é relativamente estável ao longo do tempo e muito similares entre a primavera e verão, apenas dependendo dos parâmetros astronômicos. Mas, na prática, o que realmente importa é o que chega à superfície considerando os processos de extinção da radiação solar por meio da absorção e do espalhamento pelos componentes atmosféricos.

Para captar essa realidade com mais precisão, a Tempo OK calcula as climatologias (Figura 2), que mostram o comportamento do recurso solar diário em superfície usando dados de satélite. Os dados revelam para o Brasil que nem sempre o recurso solar é maior em verão ou primavera, portanto, esse recurso precisa ser analisado regionalmente.

Figura 2: declinação terrestre como exemplo para o ano 2025, esta variável apenas depende do dia do ano, em cores ou sombras se mostram os dias correspondentes as estações primavera e verão.

No verão, a região interior e oeste do Brasil apresenta um recurso solar inferior à primavera. Porém, nas demais regiões do país, o verão é a estação predominante em termos de disponibilidade de radiação solar, especialmente na região Sul. Nesse caso, os sistemas meteorológicos predominantes são os que determinam esse comportamento.

Na Figura 3 podem ser resumidas as diferenças climatológicas da irradiação solar diurna média entre a primavera e o verão. No verão, sistemas transientes chegam com menor frequência às regiões Sul e Sudeste, especialmente sobre o mar e a costa, resultando em menor nebulosidade e, consequentemente, maior irradiação solar nessas áreas. Por outro lado, na região amazônica e Norte do Brasil, o verão é caracterizado pelo aumento do transporte de umidade e da atividade convectiva local, o que eleva a nebulosidade e, portanto, reduz a irradiação em superfície.

Figura 3: diferenças entre a irradiação média do Verão com a primavera. Valores positivos (vermelhos) correspondem a valores onde o verão é superior a primavera.

Esse cenário reforça a importância de uma análise regionalizada, sustentada por dados climatológicos confiáveis. Com ferramentas como o TOK Solar, da Tempo OK, profissionais e empresas podem acompanhar informações de irradiância e climatologia em tempo real, testar diferentes cenários e tomar decisões mais precisas e estratégicas.

A eficiência dos sistemas fotovoltaicos não depende apenas de fatores astronômicos, mas em grande medida, da meteorologia. (pv-magazine-brasil.com)

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

15 aparelhos que brasileiros buscam carregar com energia solar

De ar-condicionado a drone: 15 aparelhos que brasileiros buscam carregar com energia solar.

De acordo com o levantamento, cerca de 600 mil buscas mostram o interesse dos internautas por itens movidos a energia solar. Ar-condicionado, chuveiro e geladeira continuam no topo, refletindo o desejo de reduzir o consumo dos maiores vilões da conta de luz.
Nos últimos 12 meses, cerca de 600 mil pesquisas foram registradas no Google Brasil buscando por termos relacionados a eletrodomésticos e eletrônicos movidos a energia solar, de acordo com levantamento da Aldo Solar, distribuidora de equipamentos de energia solar.

A pesquisa revela os 15 principais aparelhos que fazem a população repensar o consumo de energia. A lista dos 15 aparelhos mais buscados revela que ar-condicionado, chuveiro e geladeira continuam no topo, refletindo o desejo de reduzir o consumo dos maiores vilões da conta de luz. Também chama a atenção o grupo de aparelhos tecnológicos e portáteis.

O avanço mais interessante vem dos aparelhos tecnológicos e portáteis.

Celulares, notebooks, drones e câmeras têm ganhado destaque nas pesquisas, evidenciando a procura por autonomia energética fora de casa — em viagens, acampamentos, áreas rurais ou até situações de emergência. Outros itens, como lâmpadas e refletores, seguem a mesma lógica. São fáceis de instalar, funcionam de forma independente e ampliam a segurança e a iluminação em espaços externos.

Já a busca por energia solar associada a termos como ventiladores, roteadores, televisores, aquecedores, freezers e frigobares mostra como a energia solar começa a integrar pequenos negócios, hospedagens e áreas de lazer.

(pv-magazine-brasil.com)

Brasil está pronto para liderar biocombustíveis em aviões e navios

Brasil está bem posicionado para liderar a produção de biocombustíveis para aviação e navegação devido à sua forte base agrícola, maturidade tecnológica e capacidade de inovação. A transição energética para o transporte marítimo e aéreo é uma oportunidade estratégica para o país, embora seja necessário reforçar o marco regulatório interno, garantir o acesso a investimentos e atuar ativamente em negociações internacionais.

Vantagens do Brasil

Matéria-prima abundante: A agricultura diversificada, com culturas como soja, milho e cana-de-açúcar, garante uma base sólida para a produção de biocombustíveis.

Produção sustentável: O Brasil possui tecnologia para expandir a produção sem comprometer a segurança alimentar e a preservação ambiental.

Inovação: O país se destaca pela sua capacidade de inovação e busca por soluções mais eficientes para o setor de biocombustíveis.

Potencial de mercado: A demanda global por combustíveis sustentáveis abre uma grande oportunidade para o Brasil se posicionar como fornecedor.

Desafios e próximos passos

Regulamentação: É preciso simplificar as regulamentações internas para incentivar a produção e o consumo de biocombustíveis.

Investimento: A falta de acesso a investimentos a preços competitivos e apoio bancário pode dificultar a expansão do setor.

Negociação internacional: O Brasil precisa atuar ativamente nas negociações globais para que outros países reconheçam o alto padrão dos produtos nacionais.

Tecnologia: Além da matéria-prima, é fundamental investir em tecnologia para liderar a inovação do setor.

A próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) é uma oportunidade para o Brasil reforçar seu compromisso com os biocombustíveis e debater o tema com outros países.

O Brasil está pronto para avançar na produção de biocombustíveis para navios e aviões. Porém, decisão da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) de adiar por um ano a definição de metas globais obrigatórias de descarbonização do transporte marítimo trouxe frustração e cautela ao setor.

O adiamento do primeiro sistema global de precificação de carbono do transporte marítimo, previsto no quadro Net-Zero, é visto por especialistas como resultado de táticas de postergação. Sendo o primeiro do mundo, o mecanismo exigiria que os navios pagassem taxas pelo descumprimento de metas de intensidade de carbono gradualmente crescentes, o que, de acordo com estimativas, deve gerar até US$ 15 bilhões por ano em financiamento a partir de 2030.

No entanto, Estados Unidos (EUA), Arábia Saudita, Rússia e outros países produtores de petróleo adotaram uma prática de atraso processual. A moção de adiamento foi apresentada, em reunião na última semana, por Singapura e submetida à votação pela Arábia Saudita.

Alguns delegados acreditam que suspender as negociações dará aos países mais tempo para chegar a um consenso sobre esta importante lei climática. Outros temem que os Estados Unidos — que chegaram a ameaçar tarifas e sanções a países em desenvolvimento que apoiassem o acordo — ampliem a pressão para adiar sua adoção definitiva.

Papel do Brasil

Apesar do impasse internacional, o Brasil surge como um dos países mais bem posicionados para liderar a nova fronteira dos biocombustíveis sustentáveis. Segundo estudo da Boston Consulting Group (BCG), o país reúne uma combinação de vantagens naturais, industriais e tecnológicas para capturar uma fatia relevante do mercado global de energia limpa.

O Brasil é, atualmente, o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, referência em agricultura regenerativa e detentor de um dos menores custos de energia renovável do planeta — cerca de US$ 33 por megawatt-hora. Além disso, possui experiência em rastreabilidade, por meio do programa RenovaBio, e capacidade logística consolidada, o que, de acordo com a BCG, coloca o país em posição estratégica para atender à futura demanda de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e navegação (BioBunk).

Conforme a BCG, o mercado global de combustíveis marítimos sustentáveis poderá movimentar entre US$ 180 bilhões e US$ 250 bilhões por ano até 2050. Desse volume, o Brasil poderia capturar entre 8% e 10%, o equivalente a até US$ 25 bilhões anuais em exportações de biocombustíveis. Há ainda o potencial de gerar entre 200 mil e 300 mil empregos diretos e indiretos.

Segundo Camilo Adas, diretor de Transição Energética da Be8, o Brasil já dispõe da infraestrutura necessária para aproveitar a oportunidade dessa demanda global, especialmente no curto prazo. “O Brasil tem um potencial enorme em biocombustíveis, com uma longa tradição e estrutura consolidada desde 2005. Hoje, já é possível abastecer com biodiesel praticamente em qualquer porto do país, o que nos coloca em vantagem para atender ao transporte marítimo sustentável”, destaca.

Na avaliação de Adas, o país pode contribuir para as metas de redução de emissões por meio do uso de biodiesel, diesel renovável (HVO) e etanol, cada um com diferentes aplicações e prazos de adoção. O biodiesel, por exemplo, pode ser utilizado sem alterações nos motores marítimos, enquanto o etanol exige adaptações, mas é considerado promissor pela ampla oferta interna e histórico de uso desde o proálcool.

Combustível sustentável para aviação

Além das discussões para uso de biocombustíveis para navegação, está em andamento a transição dos combustíveis da aviação. Há cerca de três anos, a Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) iniciou a implementação de mandatos de uso gradual de combustíveis sustentáveis, o chamado SAF (Sustainable Aviation Fuel).

Esse combustível pode ser produzido por diferentes rotas tecnológicas, como:

• HEFA: hidrotratamento de óleos vegetais

• Álcool-to-jet: fabricado a partir do etanol de segunda geração, que utiliza bagaço de cana e resíduos agrícolas.

Essas rotas devem ampliar a demanda por biocombustíveis no Brasil à medida que as metas internacionais de mistura forem crescendo. Além disso, há também a demanda interna. A legislação brasileira para o combustível do futuro já prevê uma introdução gradativa do SAF, com percentuais de mistura crescentes, o que tende a impulsionar novos investimentos na cadeia produtiva. “O Brasil tem as rotas mais favoráveis para SAF. Se não der certo aqui, dificilmente vai dar em outro lugar porque a gente produz três safras ao ano, enquanto outros países produzem uma e com neve”, afirmou Tarcísio Soares, gerente de estratégia e negócios da Airbus, durante a 25ª Conferência Internacional Datagro sobre açúcar e etanol.

Brasil tem potencial para produzir muitos bilhões de litros de bioquerosene a partir de resíduos (biomateriais sustentáveis).

Agro como base

O potencial da produção de biocombustíveis no Brasil está diretamente ligado à força do agronegócio. A diversidade de matérias-primas agrícolas — como soja, milho, cana e trigo — reforça essa vantagem competitiva. “O Brasil tem um agro pujante, com alta tecnologia e capacidade de múltiplas safras. Conseguimos produzir intensamente, preservando nossas florestas e recuperando terras degradadas”, observa o diretor da Be8.

Segundo ele, nesse cenário, o etanol de milho vem ganhando força. Além disso, pesquisas com cereais de inverno, como o triticale, apontam novas possibilidades sem competição direta com a produção de alimentos. (biodieselbr)

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Veículos abastecidos com 100% biocombustível cruzaram país rumo a COP30

 Veículos abastecidos com 100% biocombustível vão cruzar país a caminho da COP30.

4 veículos (2 caminhões e 2 ônibus) da Mercedes-Benz, abastecidos com um novo biocombustível 100% renovável da Be8 (BeVant), cruzaram o Brasil em uma "Rota Sustentável" até a COP30 em Belém (PA). A iniciativa, uma parceria da Mercedes-Benz do Brasil e da produtora de biodiesel Be8, tem como objetivo avaliar o desempenho e as emissões do biocombustível e mostrar os benefícios da transição energética. A caravana começou em Passo Fundo (RS), já passou por São Bernardo do Campo (SP) e chegou em Belém em 05/11/2025.

Iniciativa: A "Rota Sustentável COP30" é um projeto que busca apresentar dados sobre o desempenho e as emissões do novo biocombustível.

Objetivo: Avaliar o novo biocombustível Be8 BeVant® e mostrar como a inovação pode auxiliar na redução de emissões, com o objetivo de contribuir para os debates na Conferência do Clima (COP30).

Veículos: 2 caminhões (Mercedes-Benz Actros Evolution) e 2 ônibus rodoviários (Mercedes-Benz O 500).

Combustível: Biocombustível 100% renovável da Be8, que pode substituir o diesel em qualquer motor diesel sem a necessidade de adaptação, segundo a empresa.

Trajeto: A rota de aproximadamente 4.000 km passa por 9 estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO, DF, TO, MA e PA) com destino a Belém, no Pará, onde a COP30 será realizada.

Desempenho: Os testes iniciais indicam que não houve alteração em torque ou potência, e o consumo foi mantido, segundo os motoristas envolvidos.

Chegada: A previsão de chegada em Belém é 05/11/2025.

2 caminhões e 2 ônibus percorreram cerca de 4.000 quilômetros em projeto idealizado pela Be8 e Mercedes-Benz para comparar emissões entre combustível renovável e fóssil.

Um grupo de 4 veículos – 2 caminhões e 2 ônibus – percorreram um trajeto de aproximadamente 4.000 kms entre Passo Fundo (RS) e Belém no estado do Pará.

O biodiesel está indo – muito literalmente – à COP30. Um grupo de 4 veículos – 2 caminhões e 2 ônibus – percorreu um trajeto de aproximadamente 4.000 kms entre Passo Fundo (RS) e Belém (PA) com o objetivo de demonstrar as vantagens ambientais de substituir o diesel de origem fóssil por biocombustíveis. O projeto, chamado Rota Sustentável, foi idealizado por uma parceria entre a fabricante de biocombustíveis Be8 e a Mercedes-Benz.

A ideia é que a frota chegue à capital paraense em 05/11/2025, durante as atividades da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), onde os veículos ficaram expostos no espaço que a Be8 vai montar durante o evento. Em 30/10/25 o comboio passou por Brasília (DF), onde a iniciativa foi apresentada ao presidente Lula, a ministros e parlamentares.

Rota sustentável COP 30 avalia desempenho e emissões de novo biocombustível 100% renovável

Caravana percorre quatro mil quilômetros de Sul a Norte com energia renovável e resultados positivos.

Os pares de veículos foram abastecidos de formas distintas: um com óleo diesel B convencional, comprado em postos ao longo do caminho, e o outro com BeVant – um tipo de biodiesel destilado desenvolvido e patenteado pela Be8, que pode substituir integralmente o diesel de petróleo em veículos não modificados. Todos os veículos usados na iniciativa são de linha e equipados com motores BlueTec 6, sem qualquer modificação. Para simular as condições normais de operação, os caminhões foram carregados com 20 toneladas de mantimentos que serão doados a comunidades de Belém.

O abastecimento dos veículos que rodarão com BeVant será feito por um caminhão-tanque que acompanhará o comboio durante todo o trajeto.

Segundo Camilo Adas, diretor de Transição Energética da Be8, as conversas para realizar esse teste de longo curso com foco na COP30 já vinham ocorrendo desde o começo do ano. “A Mercedes tem uma filosofia de testagem muito robusta, porque faz esse tipo de teste em campo de forma recorrente e tem um grande conhecimento das estradas do Brasil”, explicou.

Rota Sustentável' vai percorrer Brasil com biocombustível rumo à COP 30

Medições

O trajeto também será acompanhado por uma equipe de técnicos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), que medirá o consumo dos veículos para estimar as emissões de carbono e de outros poluentes. As medições ocorreram em 4 pontos da rota: na fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), em Brasília (DF), Imperatriz (MA) e na parada final, em Belém (PA).

Na primeira parcial – que cobre o trecho de aproximadamente 1.000 km entre Passo Fundo e São Bernardo do Campo –, as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) dos veículos abastecidos com BeVant foram 99% menores em comparação às das unidades que rodaram com B15 convencional. Esse número reflete a performance do tanque à roda, ou seja, o quanto os veículos estão emitindo isoladamente.

Quando consideradas também as emissões geradas ao longo do processo produtivo do BeVant – análise do poço à roda –, a vantagem do biocombustível puro fica em 65%. Vale ressaltar que o diesel usado já contém 15% de biodiesel renovável.

“Esta caminhada é a materialização de um novo momento da mobilidade brasileira, mostrando ao mundo, durante a COP30, que o Brasil está preparado para ser protagonista da transição energética com soluções reais e acessíveis, com entrega imediata de descarbonização”, afirmou o presidente da Be8, Erasmo Battistella.

Na corrida para COP30 tem biodiesel 100% renovável

“Mais do que uma demonstração técnica, a Rota Sustentável COP30 é um marco simbólico. Ela mostra que cada quilômetro percorrido com biocombustível nacional é um passo em direção ao protagonismo brasileiro na transição energética global”, completou Battistella. (biodieselbr)

Pesquisadores preveem uma ‘colheita brilhante’ da energia solar

Pesquisadores preveem uma ‘colheita brilhante’ da energia solar baseada no espaço.

Desenvolvedores dizem que a energia solar baseada no espaço será competitiva em termos de custo com a energia fotovoltaica em escala de geração centralizada. Um novo documentário mostra os esforços de uma equipe da Caltech para fornecer à Terra energia ilimitada do espaço.
A aparição de Isaac Azimov no programa de David Letterman em 1980 aparece em um novo documentário que explora a promessa da energia solar baseada no espaço. O pioneiro da ficção científica literária disse ao apresentador do Late Night que havia escrito sobre estações espaciais transmitindo energia de volta à Terra em 1940. Os princípios científicos para fazer isso são sólidos. O atraso na realização é atribuível ao custo de lançamento de cargas úteis em órbita e ao preço da energia para torná-lo prático.

Como a pv magazine relatou em 2023, a energia realmente foi transmitida de volta de um satélite em órbita baixa da Terra (LEO) em forma de micro-ondas. Esta implantação de teste mostrou que as estruturas espaciais com geração fotovoltaica poderiam de fato ser lançadas economicamente no espaço, implantadas com sucesso e transmitir energia solar com segurança de volta à Terra, embora apenas o suficiente para fazer alguns detectores em um receptor de telhado pularem e os pesquisadores da Caltech pularem de alegria.

Esse momento também é apresentado em Bright Harvest: Powering Earth from Space, um filme dirigido por Steven Reich que está programado para uma exibição especial no Caltech em 27/10/15. Acontece que a universidade foi um ponto focal para 3 professores em diferentes disciplinas de ciência e engenharia que tornaram o conceito de transferência de energia solar do espaço comprovadamente possível. Ainda não se sabe se é prático, mas o filme é persuasivamente positivo.

Harry Atwater, professor de física aplicada e ciência dos materiais na Caltech, disse à pv magazine USA que seu trabalho inicial em materiais fotovoltaicos de filme fino produziu eficiências de células de junção única que se mantêm até hoje. A combinação de células de alta eficiência e substratos flexíveis torna esses módulos adequados para implantação no espaço. Empreendedor em série, Atwater cofundou a Alta Devices, que quebrou recordes por alcançar eficiências celulares de cerca de 30%, e a Caelux, que está desenvolvendo e fabricando células fotovoltaicas de perovskita sobre silício.

“Desenvolvemos células de arseneto de gálio de alta eficiência por um processo de crescimento epitaxial e essas células foram capazes de chegar a uma potência específica, a figura de mérito que provavelmente é mais importante para a energia fotovoltaica espacial”, disse Atwater. “Sua potência por unidade de peso – não apenas potência absoluta por unidade de área – é importante porque você acaba tendo que lançar massa e volume em órbita”.
Diretores do Projeto de Energia Solar Baseada no Espaço, Ali Hajimiri, Harry Atwater e Sergio Pellegrino.

Conforme contado em Bright Harvest, Atwater e seus colegas da Caltech, Sergio Pellegrino, professor de engenharia civil, e Ali Hajimiri, professor de engenharia elétrica, combinaram seus talentos e pesquisas no que se tornou o Projeto de Energia Solar Espacial da universidade. A Pellegrino é especializada no desenvolvimento de estruturas espaciais leves com foco em embalagem, implantação e estabilidade em órbita. Hajimiri se concentra no desenvolvimento de métodos para transferência de energia sem fio de longa distância.

Com associados e alunos, os diretores do Projeto de Energia Solar Baseada no Espaço projetaram espaçonaves experimentais para testar várias configurações de módulos fotovoltaicos, juntamente com um meio de transmissão de energia na forma de micro-ondas de baixa intensidade. As principais áreas de pesquisa: células fotovoltaicas leves que podem sobreviver no espaço; estruturas espaciais que podem ser implantadas a partir de foguetes existentes; e os componentes eletrônicos subjacentes para coletar e transmitir energia de volta à Terra combinados na espaçonave lançada de um foguete SpaceX Falcon 9 em janeiro de 2023. O satélite transmitiu com sucesso energia do LEO em junho seguinte.

Em vez de lançar poderosos transmissores de micro-ondas, que têm restrições de peso e segurança, a equipe integrou vários feixes de micro-ondas de baixa potência que podem ser direcionados para se concentrar em um alvo equipado com um conjunto de antenas receptoras para conversão em eletricidade. A densidade de energia da potência transmitida é descrita como semelhante à luz solar, portanto, não produz efeitos nocivos no solo.

“A densidade de potência seria de cerca de 100 miliwatts por centímetro quadrado”, disse Atwater. “Para comparação, se eu colocar meu telefone ao lado do ouvido, a densidade de potência é de cerca de 30 miliwatts por centímetro quadrado, então é cerca de duas ou três vezes maior do que a da antena do seu smartphone”.

A energia de micro-ondas é gerada diretamente de células solares em um chip. As combinações de células-chip podem ser montadas em substratos flexíveis que podem ser enrolados e embalados para lançamento. A direção do feixe é uma tecnologia estabelecida para muitas aplicações eletrônicas, incluindo radar e comunicações.
Um satélite solar experimental implantado em 2023 transmitiu energia para a Terra.

Se todas as tecnologias individuais descritas no Bright Harvest forem conhecidas e comprovadas, a principal conquista do projeto Caltech é integrá-las para o lançamento. O lançamento de 2023 incluiu uma série de 32 células diferentes para testar suas características individuais de capacidade de geração e resistência no ambiente hostil do espaço. Um experimento com transmissor de micro-ondas demonstrou que os feixes podem ser direcionados para um receptor na Caltech. Finalmente, o esforço implantou uma estrutura espacial que se desdobrou em uma estrutura de 6 ‘por 6’ que, na prática, suportaria módulos solares flexíveis.

De acordo com Atwater, uma estação espacial de energia solar em funcionamento teria uma área de cerca de um quilômetro quadrado quando implantada. Tal estrutura seria lançável como uma única unidade de uma nave estelar da SpaceX, quando esse veículo se tornar comercialmente disponível. Constelações de satélites menores podem ser lançadas de foguetes atualmente em serviço.

No lado da estação terrestre, Atwater disse que sua equipe está de olho nos painéis fotovoltaicos existentes em escala de utilidade como locais perfeitos. Os receptores de micro-ondas são opticamente transparentes e podem, de fato, ser sobrepostos em cima de módulos solares montados no solo. O PV não desempenharia nenhum papel na conversão de energia, mas um projeto de hospedagem já possui interconexões adequadas de terra limpa e rede.

“Nossa visão é que a estação de energia solar existente produza energia durante o dia, enquanto a estação de energia solar espacial usa a mesma infraestrutura para produzir energia 24 horas por dia”, disse ele.

A produtora de Bright Harvest, Brigitte Bren, disse à pv magazine USA que o filme reúne três paixões dela: energia limpa, gestão ambiental e inovação ousada.

“Os cientistas da Caltech estão transformando a luz solar no espaço em energia na Terra, o que parece visionário e prático”, disse Bren. “Eu queria ajudar a compartilhar essa história de esperança, engenhosidade e possibilidade para o futuro do nosso planeta”.

Bren, que é cofundador da International Strategic Planning, Inc., uma empresa de consultoria de negócios, disse que os esforços do Projeto de Energia Solar Espacial da Caltech estão recebendo um vento favorável da queda dramática nos custos de lançamento comercial nos últimos anos, acrescentando que os avanços da SpaceX, Blue Origin e outros estão mudando o que é possível.
A energia solar baseada no espaço ou a SBSP (Space-Based Solar Power) é uma tecnologia que envolve a captação de energia solar no espaço e sua transmissão para a Terra. Apesar de ser um tipo de energia abundante – há mais de 100 vezes mais energia solar disponível em uma faixa orbital estreita ao redor do planeta do que todas as necessidades energéticas da humanidade em 2050 – esse tipo de energia sempre foi teoricamente possível, mas, até recentemente, economicamente inviável na prática por inúmeras razões.

“À medida que os custos de lançamento caem e a capacidade aumenta, a construção de usinas de energia solar em órbita passa do sonho à realidade”, disse ela. “Seu progresso torna a energia solar espacial não apenas inspiradora, mas cada vez mais ao alcance”. O Projeto de Energia Solar Espacial da Caltech é um dos vários esforços que visam transmitir energia para a Terra a partir da órbita. A Aetherflux, com sede na Califórnia, está desenvolvendo uma abordagem que usa muitos satélites em órbitas mais baixas que transmitem energia por laser infravermelho para pequenas estações terrestres. A empresa tem um contrato com o Departamento de Defesa dos EUA para implantar um protótipo e espera lançar sua primeira espaçonave no próximo ano com a SpaceX. A Space Solar, com sede no Reino Unido, está trabalhando com o British Antarctic Survey e outros em um conceito de satélites solares em LEO para fornecer energia a locais remotos onde a eletricidade é cara ou inexistente.

De sua parte, Atwater diz que a equipe da Caltech está procurando parceiros para comercializar seu conceito. Em primeiro lugar, o Projeto de Energia Solar Baseada no Espaço é um esforço de pesquisa e desenvolvimento. A comercialização exigirá fabricação e integração de sistemas que somente a indústria pode fornecer. No entanto, a pesquisa e desenvolvimento continua: Atwater diz que a equipe está entregando um novo conjunto experimental de células de teste para a SpaceX em novembro para um lançamento planejado para a Estação Espacial Internacional, provavelmente no próximo ano.

Toda a tecnologia e esforço permanecerão experimentais enquanto o custo nivelado da energia (LCOE) para a energia solar baseada no espaço exceder o das fontes terrestres. Energia solar em geral tornou-se competitiva com outras fontes, mesmo com desvantagens da intermitência. Embora as usinas de energia solar em órbitas apropriadas operem essencialmente sem obstruções, o custo ainda é um fator.
Energia solar baseada no espaço já pode ser considerado uma realidade

Atwater está convencido de que a equipe da Caltech pode transformar o experimental em realidade: “Vou ser um pouco audacioso e afirmar que a ampliação da tecnologia que temos atualmente poderia produzir um LCOE de US $ 0,09 por kWh. No futuro, seremos capazes de fornecer US$ 0,03 por kWh. A energia solar baseada no espaço será competitiva com a energia fotovoltaica em escala de utilidade. (pv-magazine-brasil)

sábado, 22 de novembro de 2025

Sítio em São Paulo reduz custos e dependência do diesel com sistema híbrido

Instalação do dia: Sítio em São Paulo reduz custos e dependência do diesel com sistema híbrido.
Sítio em São Paulo instalou um sistema híbrido de energia que integra energia solar, baterias de lítio e um gerador a diesel para reduzir os custos e a dependência do diesel, conforme noticiado por pv magazine Brasil. O projeto, iniciado em 2018, utiliza a energia solar para fornecer eletricidade, enquanto o gerador a diesel é acionado para complementar a demanda em momentos específicos, especialmente durante quedas de energia da concessionária. Essa integração otimiza o uso das fontes de energia, priorizando a solar e utilizando o diesel apenas como alternativa, o que gera economia de combustível.

Como o sistema funciona

Energia Solar: Painéis solares transformam a luz do sol em eletricidade, servindo como a principal fonte de energia para a propriedade.

Baterias de Lítio: Armazenam o excesso de energia gerada, garantindo o suprimento contínuo mesmo quando não há sol.

Gerador a Diesel: Funciona como um backup, sendo acionado em picos de demanda ou quando as outras fontes não são suficientes, como em dias nublados ou durante falhas na rede elétrica.

Vantagens do sistema híbrido

Redução de custos: A energia solar é gratuita e, com a integração de outras fontes, é possível reduzir significativamente os gastos com eletricidade e diesel.

Maior confiabilidade: O sistema evita interrupções no fornecimento de energia, o que é crucial para as operações do sítio.

Sustentabilidade: O uso de energias renováveis e a diminuição do consumo de diesel alinham a propriedade com práticas ambientais mais sustentáveis.

Flexibilidade: A capacidade de alternar entre as fontes de energia permite que o sistema se adapte eficientemente às necessidades da propriedade.

O projeto com potência de 29,04 kW teve início em 2018 e contou com 3 fases, culminando em um retrofit para a integração de baterias de lítio e gerador a diesel com a tecnologia Victron.
Em 2018, um sítio localizado em Engenheiro Marsilac, bairro rural no ponto extremo zona sul de São Paulo, implementou um sistema fotovoltaico trifásico com potência total de 29,04 kWp, baterias de armazenamento e integração com gerador a diesel. O projeto foi conduzido pelo engenheiro eletricista Oscar Makoto Kojima, embaixador da Victron no Brasil, e evoluiu em três fases para atender às necessidades do cliente: reduzir a conta de luz e minimizar o uso do diesel em um local com fornecimento de energia instável.

“Basta uma chuva forte para haver interrupção de fornecimento. O cliente via na energia solar uma forma de economizar tanto na conta de luz quanto na utilização do diesel durante as quedas de energia. Ao longo dos anos, ele continuou investindo na tecnologia fotovoltaica para tornar o sistema autônomo, e a terceira fase foi finalizada há alguns meses”, explica Kojima.

Fase 1: Redução da conta de luz e geração on-grid

Na fase inicial, o objetivo do cliente era reduzir o consumo mensal de cerca de 3.000 kWh, motivado pelo uso de geladeiras, freezers, cervejeiras verticais, câmeras de segurança e internet, comuns em eventos familiares. Para isso, foram instalados dois inversores Fronius Symo Brasil de 12 kW cada e 88 módulos solares Canadian de 330 W, fixados em estrutura de solo construída pelo próprio cliente, que possui uma empresa de estruturas metálicas.

“O consumo dele era na faixa de 3 mil quilowatt-hora, porque ele tem geladeira, freezer, aquelas verticais, câmeras de segurança e internet. Na época, ele fazia muita festa lá para os parentes e amigos. Então ele queria baixar a conta de luz”, detalha Kojima.

Fase 2: Integração com baterias e gerador a diesel

Percebendo o alto custo de operação do gerador a diesel, a segunda fase priorizou maior autonomia e eficiência energética. Foram instalados três inversores Victron de 5 kVA (um por fase) e 2 baterias BYD B-Box de 10,24 kWh cada, totalizando 20,48 kWh de armazenamento. A integração inicial com o gerador era feita via contatoras, acionando-o quando as baterias se esgotavam. Hoje, o Victron gerencia diretamente o acionamento do gerador.

“Naquela época, o Victron já fazia o que os inversores híbridos fazem hoje, mas a gente utilizou um esquema de contatora para garantir que o gerador ligasse quando necessário. Agora, o Victron consegue fazer tudo automaticamente, integrando rede, fotovoltaico, baterias e gerador”, comenta o engenheiro.

Fase 3: Otimização da carga da bateria

Recentemente, o projeto avançou para a terceira fase: adicionar mais 9 painéis solares Jinko de 475W, com controlador de carga independente MPPT 150/60 da Victron, capazes de carregar diretamente as baterias mesmo em períodos prolongados sem energia. Quando o nível de carga atinge entre 6% e 8%, o inversor Victron reinicia o inversor Fronius, retomando a geração e permitindo desligar o gerador a diesel.

“Quando fica vários dias sem energia, o inversor Fronius não consegue carregar as baterias se chegarem a cerca de 5%. Então adicionamos essas 9 placas que funcionam de forma isolada e permitem que o sistema volte a operar sem depender do gerador”, explica Kojima.

Retrofit e parceria Victron-Fronius

O projeto exemplifica um retrofit, em que o sistema on-grid original foi transformado em híbrido com a adição de equipamentos Victron. A compatibilidade entre Victron e Fronius permite comunicação entre inversores, garantindo que o Victron gerencie a geração de energia e otimize o carregamento das baterias.

“Esse tipo de integração permite que o sistema se torne híbrido sem substituir o Fronius. A parceria mundial entre Fronius e Victron garante que eles ‘conversem’ e trabalhem em conjunto de forma eficiente”, afirma Kojima.

Perspectiva e lições para os integradores

Projetos como este demonstram o potencial da energia solar combinada a sistemas de armazenamento e integração com geradores para regiões rurais e de fornecimento instável. Além de reduzir custos, aumentam a autonomia e segurança energética do local. Segundo Kojima, o modelo pode ser replicado em residências, propriedades rurais e até instalações comerciais e industriais que enfrentam problemas de qualidade de energia.

Energia solar rural

“É um projeto que começou pequeno, em 2018, e evoluiu por fases, mostrando que é possível adaptar sistemas existentes, reduzir o uso de diesel e ganhar autonomia. Esse tipo de solução será cada vez mais relevante para clientes em regiões remotas”, conclui o engenheiro. (pv-magazine-brasil)