Vantagens
do Brasil
Matéria-prima
abundante: A agricultura diversificada, com culturas como soja, milho e
cana-de-açúcar, garante uma base sólida para a produção de biocombustíveis.
Produção
sustentável: O Brasil possui tecnologia para expandir a produção sem
comprometer a segurança alimentar e a preservação ambiental.
Inovação:
O país se destaca pela sua capacidade de inovação e busca por soluções mais
eficientes para o setor de biocombustíveis.
Potencial
de mercado: A demanda global por combustíveis sustentáveis abre uma grande
oportunidade para o Brasil se posicionar como fornecedor.
Desafios
e próximos passos
Regulamentação:
É preciso simplificar as regulamentações internas para incentivar a produção e
o consumo de biocombustíveis.
Investimento:
A falta de acesso a investimentos a preços competitivos e apoio bancário pode
dificultar a expansão do setor.
Negociação
internacional: O Brasil precisa atuar ativamente nas negociações globais para
que outros países reconheçam o alto padrão dos produtos nacionais.
Tecnologia:
Além da matéria-prima, é fundamental investir em tecnologia para liderar a
inovação do setor.
A próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) é uma oportunidade para o Brasil reforçar seu compromisso com os biocombustíveis e debater o tema com outros países.
O Brasil está pronto para avançar na produção de biocombustíveis para navios e aviões. Porém, decisão da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) de adiar por um ano a definição de metas globais obrigatórias de descarbonização do transporte marítimo trouxe frustração e cautela ao setor.
O
adiamento do primeiro sistema global de precificação de carbono do transporte
marítimo, previsto no quadro Net-Zero, é visto por especialistas como resultado
de táticas de postergação. Sendo o primeiro do mundo, o mecanismo exigiria que
os navios pagassem taxas pelo descumprimento de metas de intensidade de carbono
gradualmente crescentes, o que, de acordo com estimativas, deve gerar até US$
15 bilhões por ano em financiamento a partir de 2030.
No
entanto, Estados Unidos (EUA), Arábia Saudita, Rússia e outros países
produtores de petróleo adotaram uma prática de atraso processual. A moção de adiamento
foi apresentada, em reunião na última semana, por Singapura e submetida à
votação pela Arábia Saudita.
Alguns delegados acreditam que suspender as negociações dará aos países mais tempo para chegar a um consenso sobre esta importante lei climática. Outros temem que os Estados Unidos — que chegaram a ameaçar tarifas e sanções a países em desenvolvimento que apoiassem o acordo — ampliem a pressão para adiar sua adoção definitiva.
Papel do Brasil
Apesar
do impasse internacional, o Brasil surge como um dos países mais bem
posicionados para liderar a nova fronteira dos biocombustíveis sustentáveis.
Segundo estudo da Boston Consulting Group (BCG), o país reúne uma combinação de
vantagens naturais, industriais e tecnológicas para capturar uma fatia
relevante do mercado global de energia limpa.
O
Brasil é, atualmente, o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis,
referência em agricultura regenerativa e detentor de um dos menores custos de
energia renovável do planeta — cerca de US$ 33 por megawatt-hora. Além disso,
possui experiência em rastreabilidade, por meio do programa RenovaBio, e
capacidade logística consolidada, o que, de acordo com a BCG, coloca o país em
posição estratégica para atender à futura demanda de combustíveis sustentáveis
para aviação (SAF) e navegação (BioBunk).
Conforme
a BCG, o mercado global de combustíveis marítimos sustentáveis poderá
movimentar entre US$ 180 bilhões e US$ 250 bilhões por ano até 2050. Desse
volume, o Brasil poderia capturar entre 8% e 10%, o equivalente a até US$ 25
bilhões anuais em exportações de biocombustíveis. Há ainda o potencial de gerar
entre 200 mil e 300 mil empregos diretos e indiretos.
Segundo
Camilo Adas, diretor de Transição Energética da Be8, o Brasil já dispõe da
infraestrutura necessária para aproveitar a oportunidade dessa demanda global,
especialmente no curto prazo. “O Brasil tem um potencial enorme em
biocombustíveis, com uma longa tradição e estrutura consolidada desde 2005.
Hoje, já é possível abastecer com biodiesel praticamente em qualquer porto do
país, o que nos coloca em vantagem para atender ao transporte marítimo
sustentável”, destaca.
Na avaliação de Adas, o país pode contribuir para as metas de redução de emissões por meio do uso de biodiesel, diesel renovável (HVO) e etanol, cada um com diferentes aplicações e prazos de adoção. O biodiesel, por exemplo, pode ser utilizado sem alterações nos motores marítimos, enquanto o etanol exige adaptações, mas é considerado promissor pela ampla oferta interna e histórico de uso desde o proálcool.
Combustível sustentável para aviação
Além
das discussões para uso de biocombustíveis para navegação, está em andamento a
transição dos combustíveis da aviação. Há cerca de três anos, a Organização
Internacional da Aviação Civil (ICAO) iniciou a implementação de mandatos de
uso gradual de combustíveis sustentáveis, o chamado SAF (Sustainable Aviation
Fuel).
Esse
combustível pode ser produzido por diferentes rotas tecnológicas, como:
•
HEFA: hidrotratamento de óleos vegetais
•
Álcool-to-jet: fabricado a partir do etanol de segunda geração, que utiliza
bagaço de cana e resíduos agrícolas.
Essas rotas devem ampliar a demanda por biocombustíveis no Brasil à medida que as metas internacionais de mistura forem crescendo. Além disso, há também a demanda interna. A legislação brasileira para o combustível do futuro já prevê uma introdução gradativa do SAF, com percentuais de mistura crescentes, o que tende a impulsionar novos investimentos na cadeia produtiva. “O Brasil tem as rotas mais favoráveis para SAF. Se não der certo aqui, dificilmente vai dar em outro lugar porque a gente produz três safras ao ano, enquanto outros países produzem uma e com neve”, afirmou Tarcísio Soares, gerente de estratégia e negócios da Airbus, durante a 25ª Conferência Internacional Datagro sobre açúcar e etanol.
Brasil tem potencial para produzir muitos bilhões de litros de bioquerosene a partir de resíduos (biomateriais sustentáveis).
Agro
como base
O
potencial da produção de biocombustíveis no Brasil está diretamente ligado à
força do agronegócio. A diversidade de matérias-primas agrícolas — como soja,
milho, cana e trigo — reforça essa vantagem competitiva. “O Brasil tem um agro
pujante, com alta tecnologia e capacidade de múltiplas safras. Conseguimos
produzir intensamente, preservando nossas florestas e recuperando terras
degradadas”, observa o diretor da Be8.
Segundo
ele, nesse cenário, o etanol de milho vem ganhando força. Além disso, pesquisas
com cereais de inverno, como o triticale, apontam novas possibilidades sem
competição direta com a produção de alimentos. (biodieselbr)





Nenhum comentário:
Postar um comentário