sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Usar alimento para fazer combustível aumentará a fome no mundo?

Essa bandeira foi defendida por Fidel Castro em uma série de artigos publicados no mês de maio deste ano, e que encontraram respaldo em Caracas. Contudo, estudos europeus já sustentam a idéia de que a fome não é uma questão de produção de alimentos, mas de distribuição.
No caso brasileiro, dos 62 milhões de hectares cultivados, 6 milhões são destinados para o plantio de cana-de-açúcar, dos quais 3 milhões de hectares produzem açúcar e os outros 3 milhões produzem etanol. Há 220 milhões de hectares que são pastagens; destes, 10% (22 milhões) apresentam as condições necessárias para a expansão dos canaviais, sem que seja preciso conquistar qualquer outro bioma. Os EUA, que extraem o etanol a partir do milho, destinaram 12% de sua safra de 2005 para a produção do combustível. Em fevereiro deste ano verificou-se uma redução nos estoques de milho, mas o aumento da área destinada ao plantio desse produto tem servido para equilibrar os preços.
A adição gradual do etanol na gasolina apresenta-se como o caminho viável e já disponível para a melhoria do meio ambiente.
A iniciativa privada internacional já tem investido pesado na ampliação desta matriz energética, mirando no grande potencial de crescimento deste mercado.
Para o Brasil, o desafio está em minimizar os discursos inflamados e fora de proporção, e aproveitar as vantagens atuais para consolidar sua condição de liderança tecnológica e alcançar, talvez, um papel de maior destaque na cena internacional.
ESTRATÉGIAS INTERNACIONAIS
Ações Internacionais e Indicadores de Mercado
Brasil e Índia buscam aumentar o seu comércio bilateral dos atuais US$ 2,4 bilhões para US$ 10 bilhões até 2010.
Em visita à Índia no início de junho, Lula e o Primeiro Ministro indiano Manmohan Singh sinalizaram que buscam a formação de uma aliança estratégica que aumente tanto o comércio quanto o papel político dos países na cena internacional.
Foram assinados 7 acordos abrangendo cooperação em defesa, energia nuclear, aeroespacial, agricultura, farmacêuticos, biocombustíveis e petróleo. Existe relutância do governo indiano em abrir o seu mercado agrícola aos produtos brasileiros.
O principal acordo anunciado durante a visita à Índia foi a parceria entre a estatal Oil and Natural Gas Corp. (ONGC) e a Petrobras. O investimento inicial será de US$ 2 bilhões para projetos de exploração de petróleo em águas profundas na costa indiana e brasileira. Esta parceria marca a entrada da Petrobras no mercado indiano.
A indiana Paramount Airways fechou um acordo de US$ 2 bilhões para a compra de 40 aeronaves modelo E-170 da Embraer, que serão entregues a partir de 2008.
Brasil busca reeditar a parceria comercial com o Iraque, interrompida na década de 1990 a partir do embargo da ONU. O país chegou a movimentar anualmente US$ 4 bilhões, sendo o quinto maior fornecedor dos iraquianos, e quer se juntar aos Estados Unidos, Itália, Espanha, Canadá e China, que encabeçam o processo de reconstrução do país. Para isso, a APEX tem apoiado a participação de empresas brasileiras em feiras e rodadas de negócios voltadas para aquele mercado, cujo resultado é um aumento de 206% no comércio entre 2005 e 2006 (US$ 153 milhões).
Vietnã aprovou um plano para produção de etanol no país em parceria com o Brasil. Essa parceria integra uma aproximação entre o MERCOSUL e o Asean (bloco regional formado por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã). Além dos biocombustíveis, a cooperação se dará nas áreas de ciências biomédicas, tecnologia e esportes.
Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC) e Petrobras finalizaram as negociações para fornecimento de etanol brasileiro para o mercado da Nigéria. O primeiro carregamento de 20 milhões de litros ocorrerá até o final de junho. O governo nigeriano informou que adicionará 10% de etanol na gasolina comercializada no país.
A empresa JBS S.A., que controla a Friboi, fez oferta de compra de US$ 225 milhões pela Swift & Co. dos EUA. A JBS assumirá um passivo de US$ 1,2 bilhão da Swift, que é a maior processadora de carne (bovina e suína) dos EUA. A venda ainda será aprovada pelas autoridades locais até julho.
Com o objetivo de dobrar a produção de aço até 2010 (de 500.000 ton para 1.000.000 ton) em sua usina de aços longos na Colômbia, a Gerdau planeja investir US$ 70 milhões nos próximos 3 anos.
Lufthansa AG, segunda maior companhia aérea da Europa, e TAM estudam cooperação em vôos domésticos e internacionais.
A estatal de petróleo argelina Sonatrach assinou acordo com a Petrobras para fornecimento de gás natural liquefeito ao Brasil a partir de 2008. Esse acordo faz parte da estratégia da empresa para reduzir sua dependência do gás boliviano. A Argélia, segundo maior parceiro comercial do Brasil na África, é membro da OPEP e líder na produção de gás neste grupo de países.
Entre 27 de maio e 5 de junho, um grupo de empresas brasileiras de diversos setores participou de missão comercial ao norte da África. As reuniões ocorreram no Marrocos, Tunísia e Egito, e tiveram como objetivo aumentar o intercâmbio comercial e identificar oportunidades de negócios em tecnologia e infra-estrutura.
Declarações feitas pelo Presidente Hugo Chávez sobre o Congresso Nacional brasileiro levaram a Embrapa a cancelar a missão à Venezuela que acertaria os detalhes da cooperação técnica em áreas agrícolas e pecuárias. Em 2006, o Brasil exportou US$ 3,5 bilhões para a Venezuela, sendo o terceiro maior parceiro comercial daquele país, atrás de Estados Unidos e Colômbia.

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