segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Indústria nacional consome muita energia

IPEA: Indústria nacional não é eficiente no consumo de energia
Alguns setores da indústria brasileira estão gastando cada vez mais energia para produzir a mesma quantidade de reais. A constatação foi feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e consta do estudo Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, Economia e Bem-Estar Humano, divulgado em 15/02/11. O relatório mostra que a indústria nacional anda no sentido oposto ao desejável e que hoje é perseguido pela maioria das indústrias mundiais, que é produzir cada vez mais sem aumentar o consumo de energia.
“Alguns ramos do setor industrial, em especial ferro-gusa, minerais não metálicos, aço, papel celulose e, em menor intensidade, indústria química, estão gastando mais energia para produzir a mesma quantidade de reais. Ou seja, a intensidade energética deles tem aumentado, quando no mundo todo ela tem reduzido”, disse o técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA Gesmar Rosa Santos. “O que se espera é que se gere a mesma quantidade de riqueza com a mesma ou com menor quantidade de energia”, completou.
De acordo com o pesquisador, como o setor industrial demanda 35% da geração de energia nacional, “acabamos demandando mais energia, mais produção de energia e mais investimento em geração de energia, em vez de economizarmos e de termos uma maior eficiência energética”.
A solução, segundo ele, é investir em processos industriais, inovação tecnológica, substituição de equipamentos por modelos mais eficientes e, ainda, combinar isso com a oferta de produtos menos intensivos em energia. Esse tipo de preocupação, afirma Gesmar, já faz parte das grandes indústrias brasileiras, mas, no geral, “a coisa ainda está iniciando” entre as demais. “A CNI [Confederação Nacional da Indústria] já se mostrou bastante interessada nessa questão, bem como a Eletrobras. Há também linhas do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] disponibilizando recursos para que as empresas façam essa modernização, para que economizem energia”, disse o pesquisador. (EcoDebate)

Fim de linha para incandescentes

Economia de energia: fim de linha para as lâmpadas incandescentes
Assim como já acontece em outros países, as lâmpadas incandescentes estão com os dias contatos no Brasil. Até 2016, este tipo de lâmpada será retirada paulatinamente do mercado, segundo a Portaria nº 1.007, editada pelos ministérios de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e Indústria e Comércio e publicada no Diário Oficial do dia 6 de janeiro. Uma outra portaria, a nº 1.008, estabelece o Programa de Metas das Lâmpadas Fluorescentes Compactas. A estimativa é alcançar uma economia escalonada de cerca de 10 terawatts-hora (TWh/ano), até 2030, o que equivale a mais do que o dobro conseguido com o Selo Procel, utilizado atualmente.
De acordo com a portaria 1007, fazem parte da regulamentação as lâmpadas incandescentes de uso geral, exceto as incandescentes com potência igual ou inferior a 40 Watts (W); incandescentes específicas para estufas – de secagem e de pintura – equipamentos hospitalares e outros; incandescentes refletoras/defletoras ou espelhadas, entre outras.
De 30 de junho de 2012 até 30 de junho de 2016 – a não ser que surja uma nova tecnologia que permita às lâmpadas incandescentes se tornarem mais eficientes – esse tipo de produto será banido do mercado, segundo técnicos do Ministério de Minas e Energia.
No mercado brasileiro existem 147 modelos de lâmpadas incandescentes etiquetadas, de quatro fabricantes diferentes. Estima-se que a lâmpada incandescente seja responsável por aproximadamente 80% da iluminação residencial no Brasil. O mercado brasileiro consome atualmente cerca de 300 milhões de lâmpadas incandescentes e 100 milhões de lâmpadas fluorescentes compactas.
Segundo o MME, este montante de incandescente deverá ser, paulatinamente, substituído por lâmpadas mais eficientes, como LFC (lâmpada fluorescente compacta), fluorescente tubular, halógena, ou mesmo LED (diodos emissores de luz) que, ao ganharem escala, deverão ter seus preços reduzidos para o consumidor final. (ambienteenergia)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Manutenção de matriz energética limpa

IPEA: Manutenção de matriz energética limpa vai exigir investimento em áreas de energia e meio ambiente
Manter a matriz energética brasileira limpa vai exigir investimentos e integração entre as áreas de energia e meio ambiente. A avaliação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e consta no estudo Energia e Meio Ambiente no Brasil, divulgado em 15/02/11.
O estudo considera o componente ambiental da matriz brasileira como uma vantagem comparativa, com benefícios e responsabilidades que devem ser compartilhadas pelo governo e pelo setor privado. “Muito mais que sacrifício para a economia nacional, a sustentabilidade ambiental deve ser vista como uma oportunidade para o desenvolvimento socioeconômico.”
Apesar do potencial de matriz limpa, com base em dados do Ministério de Minas e Energia, o Ipea prevê um ligeiro aumento da participação de fontes de energia não renováveis na matriz brasileira. A principal vilã será a geração em usinas termelétricas, movidas, na maioria, a carvão, óleo e diesel. “As usinas térmicas derivadas de combustíveis fósseis passarão de 17,7 para 23,1% [da matriz].”
Ganhos de eficiência energética nas térmicas poderiam diminuir os impactos negativos desse tipo de geração na produção nacional de energia. O IPEA sugere melhoria na eficiência de máquinas como geradores e turbinas, uso de novas tecnologias, instalação de filtros mais eficientes e reaproveitamento de resíduos produzidos pelas usinas. A sobretaxação da energia produzida pelas termelétricas também poderia desestimular a utilização dessa fonte.
Segundo o IPEA, o país poderá ter ganhos de sustentabilidade na área energética com o aumento da produção de biocombustíveis – desde que haja melhorias nas etapas de produção – na expansão de projetos de energia eólica e solar e no aproveitamento de energia derivada de resíduos.
“O uso de resíduos sólidos e efluentes para fins energéticos pode ser um importante fator na solução de problemas ambientais causados por resíduos – como poluição do solo, das águas e emissão de gases de efeito estufa – com custos que podem vir a ser negativos”, sugere o relatório.
O diagnóstico do Ipea aponta ainda a necessidade de vincular a previsão de recursos para a geração de energia com a gestão ambiental das fontes, atualmente desconsiderada nos documentos de planejamento energético. O estudo também propõe o aumento do financiamento para pesquisa em energia e meio ambiente, a partir de recursos cobrados de produtores de energia de fontes fósseis. (Ecodebate)

Matriz energética mais sustentável

IPEA: BNDES pode ser indutor de matriz energética mais sustentável
Responsável por mais de 80% dos financiamentos de projetos do setor elétrico, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode ser usado como indutor do desenvolvimento de uma matriz energética sustentável. A sugestão está entre as conclusões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no estudo Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, Economia e Bem-Estar Humano.
“Praticamente todos os investimentos feitos pelo setor de energia ainda dependem de recursos públicos, e é natural que financiamentos estejam vinculados a comportamentos. Dessa forma, é interessante que o padrão de consumo e de produção de energia dialogue mais com o BNDES e que esse órgão tenha papel de indutor da sustentabilidade”, afirmou o técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA Gesmar Rosa Santos.
Segundo ele, apesar de já haver algumas políticas combinadas de gestão e de oferta de energia sustentável, falta ainda “coordenação entre o BNDES e os ministérios ligados à oferta de energia para que isso venha com força maior”.
De acordo com os técnicos do IPEA, investimentos em geração e transmissão de energia sustentável podem ajudar o país em futuras relações comerciais com outros países.
“Há uma tendência de que os países ricos futuramente condicionem suas importações a produtos cujas etapas de fabricação causem menos impactos ambientais. É importante que a energia não fique em uma posição polarizada com o meio ambiente e com a questão da sustentabilidade, e ter essa visão representa oportunidade de alavancar o país”, disse o pesquisador Albino Alvarez, também do IPEA.
O estudo mostra ainda que o Brasil encontra-se numa posição muito atrasada, em relação a outros países, no que se refere à geração de energia eólica. “Até um tempo atrás, esse tipo de energia estava fora de pauta. Hoje é objeto de corrida internacional, e o Brasil está ainda bastante atrasado”, avaliou Alvarez. (Ecodebate)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Edifício ‘sustentável’ aproveita o sol

EUA: Edifício ‘sustentável’ aproveita o sol para reduzir gasto com energia
Janela escurece conforme a incidência do sol
As janelas de face para oeste, em frente à mesa de Jim Duffield, começaram a ficar azuladas automaticamente às 14h50 de uma sexta-feira recente, à medida que o sol se punha atrás das Montanhas Rochosas.
Em volta de seu cubículo de trabalho cheio de plantas, um chiado baixo de vento emanava dos alto-falantes do andar, imitando o ruído dos sistemas de aquecimento e ar condicionado, nenhum deles existente ou necessário no prédio de escritórios de 20.600 metros quadrados, mesmo aqui numa altitude de 1.600 metros. O ruído genérico que imita som de tubulação serve simplesmente como som ambiente e estratégia de psicologia do trabalho – os gerentes descobriram que os funcionários precisavam de algo mais do que o silêncio.
Enquanto isso, o exército de células fotovoltaicas do telhado batia em retirada em meio à luz baixa que desaparecia. Até às 13h25 ele havia produzido mais eletricidade do que o prédio era capaz de consumir – um superávit de três horas de energia –, parando um pouco apenas ao meio-dia, por conta da passagem de uma formação de nuvens.
Para Duffield, 62, aquele era apenas mais um dia no prédio que foi projetado, nos mínimos detalhes, para ser o maior edifício de escritórios “net zero”, ou energeticamente autossuficientes, do país. Ele ainda está se adaptando, seis meses depois que ele e 800 engenheiros e gerentes e a equipe de apoio do Laboratório Nacional de Energia Renovável se mudaram para o prédio de US$ 64 milhões (R$ 106,8 milhões) que a agência federal apresentou como um modelo de custo acessível para a construção de edifícios super eficientes em energia.
“É uma espécie de país das maravilhas”, disse Duffield, funcionário de apoio administrativo, à medida que o sistema de sombreamento das janelas chegava ao máximo.
A maioria dos prédios de escritório é de certa forma divorciados de seu ambiente. Todos os dias são mais ou menos parecidos nas trincheiras mecânicas dos sistemas de aquecimento, resfriamento e processamento de dados, mas com o preço de pagar pela energia usada.
O edifício de Apoio à Pesquisa do laboratório de energia parece mais um espelho, ou talvez uma esponja, em relação ao seu ambiente. Desde as janelas que desviam a luz e enviam seus raios para os espaços interiores do escritório, até o labirinto de concreto gigante abaixo do porão para segurar e guardar o calor irradiado, todos os dias são totalmente diferentes.
Essa é a história de um dia, escolhido aleatoriamente, na vida do prédio ainda novo: 28 de janeiro de 2011.
Foi um dia na maior parte ensolarado, com temperaturas acima da média chegando a até 15 graus Celsius, com ventos suaves vindos do oeste e noroeste. O sol nasceu às 7h12.
Naquele momento, o computador central já estava trabalhando duro, acompanhando todos os watts que entravam em saiam, buscando, sempre, o equilíbrio de consumo líquido zero durante 24 horas – uma meta que os gerentes dizem que provavelmente não será atingida até o começo do ano que vem, quando a terceira ala do projeto e um complexo de estacionamentos forem concluídos.
Com a luz do dia, o pulso do prédio acelerou. Os painéis fotovoltaicos se ativaram com eletricidade às 7h20.
À medida que os funcionários começavam a chegar, o uso de eletricidade – por carregadores de celular a elevadores – começou a aumentar. A demanda total, incluindo o orçamento máximo de 65 watts por espaço de trabalho para todos os usos, de iluminação a computadores, chegou ao pico às 9h40.
Enquanto isso, o data center no porão, que lida com as necessidades de processamento do campus de 1,2 quilômetro quadrado, estava a pleno vapor, chegando ao pico de uso de eletricidade às 10h10, à medida que e-mails e planilhas de pesquisa começavam a passar pelo circuito.
Para Duffield e seus colegas de trabalho, este foi um momento de boas e más notícias: o centro de dados é de longe o que mais consome energia no complexo, mas também um dos maiores produtores de calor, que é capturado e usado para esquentar o resto do prédio. Se houvesse um clube secreto para os aficionados em energia e eficiência, provavelmente se pareceria com esse lugar.
“Nada nesse prédio foi construído da forma como costuma ser”, disse Jerry Blocher, gerente de projetos sênior da Haselden Construction, empreiteira geral do projeto.
O contexto de tudo isso aqui é que os prédios de escritório tem, para pessoas como Blocher, um imenso potencial para conservação de energia. Os prédios comerciais usam cerca de 18% da energia total do país a cada ano, e muitos desses prédios, especialmente nos últimos anos, foram projetados sem nem mesmo pensar na economia de energia, quanto menos na autossuficiência energética.
A resposta do laboratório de pesquisa de energia, uma unidade do Departamento de Energia do governo federal, não é um tipo de ciência que só os gênios entendem. Não existe nenhum painel solar gigante que possa mascarar a infinidade de pecados dos projetos tradicionais, mas sim uma reelaboração de tudo, até os menores elementos, todos alinhados numa corrida watt-a-watt em direção a um novo tipo de edifício.
Os gerentes até se orgulham do fato de que quase nada em seu prédio, pelo menos em suas partes isoladas, seja de fato novo.
Tecnologias já existentes e eficientes em custo e energia foram o mantra para encontrar o que os engenheiros costumam chamar de ponto ideal – um prédio de consumo zero de energia que não quebre as pernas, e nem as finanças. Mais de 400 grupos foram conhecer o edifício, entre funcionários de agências governamentais até arquitetos e grandes corporações, desde que os primeiros funcionários se mudaram para lá no verão passado.
“Toda a tecnologia é exequível”, diz Jeffrey M. Baker, diretor do laboratório de operações de campo do Departamento de Energia em Golden, Colorado. “É um laboratório vivo.”
Algumas das técnicas e truques são tão antigos quanto as grandes catedrais da Europa (a massa segura o calor como uma bateria, que o transmite ao labirinto de concreto abaixo do porão). A luz, como os construtores sabem desde as pirâmides, pode ser desviada de acordo com a necessidade, com lanternins que refratam os raios do sol para painéis brancos acima das cabeças dos funcionários, minimizando a necessidade de eletricidade.
Com certeza existem algumas coisas às quais os funcionários ainda estão se adaptando. Ao encorajar o consumo zero de eletricidade no prédio durante 24 horas, a luz foi um dos principais alvos. Isso obrigou os arquitetos a baixarem as paredes divisórias entre os cubículos de trabalho para apenas 1 metro ou 1,30 metros (a altura foi decidida com uma bússola, ou talvez relógio de sol, para maximizar o fluxo de luz natural e ventilação), o que aumentou a preocupação com a privacidade entre os funcionários. Até os escritórios dos gerentes não tem teto rebaixado – para permitir o fluxo de luz natural vinda do teto.
“O escritório aberto é diferente”, disse o engenheiro Andrew Parker. “Você prefere ficar perto de alguém silencioso.”
Chegar ao nível máximo de certificação na tecnologia de construção verde por um preço razoável também exigiu uma infinidade de decisões criativas, grandes e pequenas. As colunas de aço redondas da estrutura que mantém o edifício em pé? Vieram de uma tubulação de gás natural de 915 metros – construída para a antiga economia energética e nunca usada. O madeiramento do saguão? Troncos de pinheiros mortos – 310 deles – por causa da praga do besouro do pinheiro que infestou milhões de acres de florestas no oeste.
No fim das contas, os custos da construção foram reduzidos para apenas US$ 2.770 (R$ 4.625) por metro quadrado, quase US$ 77 (R$ 128,5) abaixo do custo médio de um novo edifício comercial super eficiente em energia, de acordo com números da Haselden Construction. Outros componentes do projeto também são baseados na observação da natureza humana.
As pessoas imprimem menos papel quando compartilham uma impressora central que as obriga a andarem até a sala de cópias. Elas também usam menos energia, dizem os gerentes, quando sabem o quanto estão usando. Um monitor no saguão mostra em tempo real oito medições de consumo diferentes.
O relatório vai direto para a tela de computador dos funcionários, onde um pequeno ícone aparece quando o computador central do prédio diz eque as condições estão propícias para abrir as janelas. (Outras janelas, difíceis de alcançar, são abertas por comandos de computador.)
Repensar os turnos de trabalho também pode ajudar. Aqui, a equipe que manutenção e limpeza do prédio chega às 17h, duas ou três horas antes do que na maioria dos prédios tradicionais, poupando o uso de luzes.
O gerenciamento do comportamento de uso energia, assim como da tecnologia, é um experimento em andamento.
“Nesse exato momento as pessoas estão em seu melhor comportamento”, disse Ron Judkoff, gerente de programa do laboratório. “O tempo responderá se de fato é possível treinar as pessoas, ou se começar a aparecer uma cafeteira ou qualquer outra coisa.”
Se Anthony Castellano for um exemplo, o regime de treinamento de fato se enraizou. Castellano, que entrou para o laboratório de pesquisa no ano passado como web designer, depois de trabalhar anos no setor privado, disse que a imersão num ambiente energeticamente consciente vai com ele para casa à noite.
“Meus filhos ficam bravos comigo porque eu desligo todas as luzes”, diz Castellano.
Às 17h05, as células solares pararam de produzir. O declínio da luz do dia, por sua vez, produziu um aumento breve no uso de luzes artificiais, às 17h55. Cinco minutos depois, o sistema de gerenciamento do prédio começou a desligar as luzes num ciclo rotativo de duas horas (o computador pisca algumas vezes, dando num sinal para algum funcionário que esteja trabalhando até mais tarde e queira deixar as luzes acesas.)
Duffield, cujo espaço de trabalho é cercado por uma estufa miniatura de plantas que ele levou para o prédio, diz que sua mesa se tornou um ponto de parada para os grupos de visitantes. Se o prédio é um experimento vivo, diz ele, então seu jardim é um experimento dentro do experimento. Seus colegas de trabalho param lá, fazem piadas sobre suas plantas, mas também as checam seriamente para medir a saúde do prédio.
“Eles se referem à isso como o ‘sequestro de carbono’ do prédio”, diz ele.
E as flores de Duffield – amarilis, violeta africana, e trombeta chinesa rosa – estão muito felizes com toda a luz refratada e refletida que recebem, diz ele.
“A trombeta chinesa tropical da minha casa para de crescer durante o inverno”, diz ele. “Aqui ela cresce continuamente, e quando os dias começam a ficar mais longos, ela pode até florir.” (EcoDebate)

Energia Solar: um exemplo para o Brasil?

Analisar a legislação de tarifas feed-in da Alemanha e de net metering para energia solar fotovoltaica dos Estados Unidos para implementar pequenos geradores conectados à rede usando energias renováveis. Este é o principal objetivo de estudo realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), GTZ e Universidade de Colonia de Ciências Aplicas, que também apontou sugestões e perspectivas de net metering para sistemas fotovoltaicos no Brasil.
No caso brasileiro, o estudo analisa itens como recursos de radiação solar; curva de experiência de geração fotovoltaica por radiação solar; análise econômica; paridade com a rede; medição da produção descentralizada de eletricidade;  comparação dos custos de proteção com o custo total dos investimentos; e soluções para superar os gargalos na infraestrutura de rede de distribuição.
O trabalho considera os preços de geração elétrica de sistemas PV sob as condições climáticas brasileiras junto com o desenvolvimento da eletricidade do consumidor final. No item radiação global em superfície horizontal, a cidade de Recife (PE) fica em primeiro lugar, com 2.225 kWh/m²a, seguida por Fortaleza, com 2.029; Belém, com 1.842; Brasília, com 1.797; e Rio de Janeiro, com 1.691.
“Estes números são usados para calcular os anos de paridade com a rede no Brasil. O preço de geração de eletricidade por kWh usando sistemas fotovoltaicos de energia solar poderiam ser considerado como base para o desenvolvimento de uma política de promoção do sistema PV”, observa o estudo. O trabalho simula vários casos, obserando os itens radiação global e taxa de crescimento anual do preço da eletricidade.
No caso da Alemanha, o estudo traça um panorama da política de eletricidade renovável e sua legislação, além de apresentar o seu regime jurídico de conexão à rede (feed-in-law). Destaca pontos como conexão à rede, requisitos técnicos e operacionais, criação e uso de conexão, gerenciamento de alimentação (Feed-in), custos de conexão à rede, tarifas e taxas, tarifas e custos para diferentes tecnologias de geração de eletricidade renovável.
O regime jurídico de net metering dos Estados Unidos também é abordado no estudo, que destaca itens como custo médio para cada tecnologia de energia renovável, net metering e geração fotovoltaica e melhores práticas de net metering, melhores práticas em procedimentos de interconexão e preocupações de serviços públicos com a net metering. (ambienteenergia)

Projeto Mineirão Solar

A Cemig dentro de seu objetivo de manter a reputação de empresa ambientalmente sustentável, integrante do índice Dow Jones, deu partida a ideia de um projeto de estádios solares para a Copa do Mundo de 2014.
Essa ideia, aproveita o exemplo da Europa, que onde foi realizado a Eurocopa 2008, o suprimento energético dos mesmos foi feito via energia solar.
A ideia da Cemig é a montagem de uma usina fotovoltaica, aproveitando a cobertura do estádio Mineirão, para gerar, entregar e comercializar a energia elétrica via rede de distribuição da empresa.
Veja a apresentação feita por Alexandre Heringer Lisboa, da Cemig, no microgerar, em maio/10. (ambienteenergia)

Estádios Solares: o Brasil entra no jogo

Relatório Estádios Solares Opção Sustentável para a Copa 2014 no Brasil
O relatório, elaborado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto para o Desenvolvimento das Energias Alternativas na América Latina (Ideal), reúne informações atualizadas em relação ao projeto Estádios Solares, fornecendo estimativas de potência instalada e de custos de instalação de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFCR) integrados à arquitetura da cobertura dos estádios da Copa 2014 e do Estádio de Pituaçu (Salvador-BA).
O Estádio de Pituaçu foi incluído porque o projeto para instalação de um SFCR em sua cobertura já foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e já conta com orçamento garantido por parte da COELBA.
O objetivo é fundamentar a defesa do projeto Estádios Solares junto aos tomadores de decisão do Brasil e de outros países. (ambienteenergia)

Revolução Solar: negócio que vai esquentar

A MPX constrói uma planta de 1 MW, capaz de chegar a 50 MW; a Cemig projeta unidade de 3 MW, também dentro de seu programa de pesquisa e desenvolvimento; os estados do Ceará e de Pernambuco estão prestes a abrigar as primeiras fábricas de painéis fotovoltaicos; o governo prepara um programa chamado telhado solar; o programa Minha Casa, Minha Vida estimula o uso de aquecimento solar. Outra boa notícia vem do campo da legislação, com uma série de municípios brasileiros adotando legislações que tornam obrigatório o uso da energia termossolar em habitações populares. Mais do que fatos, a lista de iniciativas emite um bom sinal de que a energia solar começa a esquentar também no país.
Elaborado pela European Photovoltaic Industry Association (EPIA) e o Greenpeace, um recente estudo aponta uma tendência de queda de 60% nos custos da geração fotovoltaica e um aumento de 30% na eficiência das placas. A estimativa é que, em 2050, a participação desta fonte na matriz energética mundial chegue a 15%, destacou um outro estudo. Afinal, por que o Brasil, país com um alto índice de insolação na maior parte do seu terriório, ainda está tão atrás no uso desta alternativa energética limpa e abundante? A questão fez parte de um dos painéis da Conferência Cidades Verdes, que marcou os 20 anos da Fundação Onda Azul, nos dias 27 e 28 de janeiro.
O consultor Carlos Café, do Studio Equinócio, ao contrário do que normalmente se fala, faz questão de afirmar que a energia solar não é cara. “Este é um mito para um país que sempre buscou a opção de investir em grandes usinas, deixando engavetado vários planos para estimular o uso desta solução”, observa.
Para ele, o avanço da energia solar no país só depende mesmo de vontade política. Além das segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, que projeta a instalação de mais 400 mil unidades com coletores solares para aquecimento de água, Café vê boas oportunidades com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Rafael Kelman, diretor de uma das mais conceitudas consultorias na área de energia, estuda a questão já há algum tempo, e também não tem dúvidas de atestar a viabilidade desta fonte de energia. O especialista cita o exemplo do Rio de Janeiro, que tem potencial para instalar cerca de 600 MW.
“A diferença na geração no verão e no inverno seria de apenas 20%”, comenta Kelman para destacar a contribuição que a energia solar poderia trazer para o Rio o ano inteiro. Para ele, dois fatores precisam ser vistos quando se fala em energia fotovoltaica no Brasil: a falta de regulamentação para este tipo de energia e a necessidade de mudar a forma de cálculo das tarifas, no caso de esta energia ser reinjetada no sistema elétrico.
O deputado federal Alfredo Syrkis (PV-RJ) acredita que, assim como aconteceu em outros países, é necessário um “empurrão” do setor público na forma de incentivos para viabilizar o crescimento da energia solar. Segundo ele, faz todo sentido incluir nas legislações a obrigatoriedade de adotar esta solução, por exemplo, nas construções. “Esta é uma forma de incentivo para a expansão da energia solar”, considera o parlamentar.
Uma das iniciativas de incentivo vem do Ceará, com a criação do FIES (Fundo de Incentivo à Energia Solar), que busca fazer a compensação tarifária entre a energia elétrica de fonte solar e a energia elétrica convencional. Segundo o governo, o principal objetivo do fundo é fomentar o desenvolvimento e a implantação de usinas de geração de energia solar no estado do Ceará. (ambienteenergia)

América do Sol: para virar favorito

Se você precisa fazer um mergulho no tema energia solar fotovoltaica, uma boa referência é o site América do Sol, desenvolvido pelo Ideal (Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas da América Latina), e com apoio do GIz (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GmbH) e KFW, Banco de Fomento da República Federal da Alemanha. O site reúne informações sobre o mercado mundial, potencial brasileiro, projetos, estudos tecnologias, vantagens e custos sobre energia solar fotovoltaica.
Com o objetivo principal de transformar a América Latina no continente da energia solar, o projeto América do Sol baseia suas ações na disseminação de informação através de materiais educativos, promoção de eventos, entre outros meios; na promoção de discussões para criar condições gerais que contemplem a energia solar; e no incentivo a projetos de uso de painéis fotovoltaicos integrados aos edifícios.
A iniciativa tem como foco três grandes projetos: Estádios Solares, Aeroportos Solares e Telhados Solares. O site conta ainda com uma seção de perguntas frequentes, glossário, informações sobre sistemas fotovoltaicos, tecnologias, além de trazer um pouco da história desta alternativa energética. (ambienteenergia)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Economia Mundial com troca a de combustíveis

Mundo poderia poupar US$ 5,5 tri com troca radical de combustíveis fósseis por fontes limpas de energia
Mundo poderia poupar US$ 5,5 tri com energia limpa, diz WWF – A troca radical de combustíveis fósseis por fontes limpas de energia poderia representar uma economia de US$ 5,5 trilhões no prazo de 40 anos. A conclusão faz parte de um estudo do grupo ambientalista WWF, em parceria com a consultoria Ecofys.
O “Relatório Energético” analisa o cenário de um esforço concertado para substituir combustíveis fósseis com alta concentração de carbono, como petróleo, carvão e gás por 95% de fontes de energia limpa até 2050, o que exigiria um investimento “maciço”.
Segundo o documento, embora tal mudança seja “radical para o curso atual da humanidade”, além de ambiciosa, é tecnicamente possível, além de inevitável reduzir as emissões de carbono e combater o aquecimento global. Reportagem da EFE.
O relatório também destacou os benefícios econômicos desta mudança, apesar do investimento de US$ 4,8 trilhões (3,5 trilhões de euros) por ano, necessário ao longo do próximo quarto de século.
De acordo com o relatório, atualmente 80% da energia utilizada no mundo têm origem em combustíveis fósseis, e os investimentos em energia limpa em todo o mundo alcançaram US$ 151 bilhões (110 bilhões de euros) em 2009.
“Em 2050, nós economizaríamos cerca de 4 trilhões de euros (US$ 5,5 trilhões) ao ano com eficiência energética e custos reduzidos de combustíveis em comparação com um cenário ‘business-as-usual’ (em que são mantidas as variáveis atuais)”, acrescentou.
Apesar dos enormes custos envolvidos na troca, o equilíbrio se restabeleceria por volta de 2040, acrescentou o relatório.
ECONOMIA
De acordo com o WWF, a economia obtida com o fim dos subsídios ao petróleo, gás e carvão em todo o mundo somaria entre US$ 500 bilhões e US$ 800 bilhões ao ano dependendo dos preços do óleo bruto, com base em estimativas recentes da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O documento também projetou que as medidas gerariam uma queda líquida de 15% na demanda global de energia em 2050, mesmo com o crescimento populacional, a expansão industrial e a riqueza crescente das populações.
O relatório identificou um enorme leque de medidas de redução do uso de energia relativas ao modo de vida.
Neste sentido, defendeu a redução à metade do consumo de carne em países ricos para reduzir o aumento das emissões de metano de origem animal, mas recomendou seu aumento em um quarto nos países pobres, atendendo a necessidades sanitárias e nutricionais em ambos os casos.
Também defendeu um melhor isolamento térmico, o uso de energia solar e de bombas geotérmicas para residências e escritórios, inclusive a reforma de construções existentes em uma taxa de 2% a 3% da área existente por ano.
O ministro saudita do Petróleo e Energia, Ali Ibrahim Al-Naimi, previu em um fórum das Nações Unidas celebrado esta semana em Genebra que o mix energético mundial deveria atender à proporção de 50% de fonte petrolífera e 50% de fontes renováveis e outras.
O homem forte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reforçou a ideia de um crescimento de quase 40% nas necessidades energéticas totais nas próximas décadas, previstas pela AIE, sobretudo devido ao aumento da demanda de petróleo em países emergentes como Brasil e China.
“O mundo não pode se dar ao luxo de descartar uma fonte de energia em particular”, argumentou Naimi, que apoiou a adoção de medidas tecnológicas para reduzir a poluição e as emissões advindas do petróleo. (EcoDebate)

Inovações e tecnologias para o século 21

O movimento de negócios em torno da Economia Verde, a partir de 2014, está estimado em US$ 1 trilhão. Entre as alternativas para conciliar desenvolvimento e preservação do meio ambiente está o investimento em tecnologias limpas e energias renováveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, projeta-se que 85% da energia utilizada até 2035 serão provenientes de fontes renováveis. Os exemplos se multiplicam por todos os cantos, como mostra o Bright Green Book, o “Livro Verde do Século 21”.
A publicação, que reúne 100 casos de práticas sustentáveis de diferentes continentes, será apresentada nesta quinta-feira, dia 24 de fevereiro, para representações diplomáticas, empresas públicas e privadas e imprensa, na “Embaixada Verde” da Itália, em Brasília. A iniciativa é do Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (EUBRA) e da Agência Brasileira de Investimentos Climáticos, em parceria com a ONU-Habitat, a prefeitura do Rio de Janeiro e o Ministério das Relações Exteriores, além do apoio do Banco do Nordeste.
A Itália é o primeiro país a ter uma “Embaixada Verde” no Brasil. O projeto piloto consiste tanto na experiência regulatória da instalação de painéis fotovoltaicos na sede, realizada em parceria com a Enel Green Power, CEB (Companhia Energética de Brasília) e Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), como na utilização de um carro elétrico construído pela Itaipu Binacional e Fiat.
“A energia exercerá papel fundamental, uma vez que é pré-condição para o crescimento econômico e para o desenvolvimento”, diz Robson Oliveira, presidente do EUBRA, lembrando que a seleção dos casos para o Bright Green Book foi feita por pesquisadores do EUBRA e da Onu-Habitat, levando em consideração a importância do avanço tecnológico e seus impactos na preservação do meio ambiente. Estão sendo examinados cerca de 350 casos em diversos países, onde o uso de tecnologia limpa está dinamizando os setores de finanças, planejamento urbano e desenvolvimento local. Durante a apresentação serão ilustrados vários casos, como por exemplo os da China, Alemanha, EUA, Itália e Brasil.
Além da publicação, no evento será apresentada a Conferência Rio 2012 – A construção do seu legado e os grandes eventos previstos até 2016, bem como o lançamento pelo Banco do Nordeste do livro “Um Brasil chamado Nordeste”, com dados do potencial sustentável da região. O evento faz parte do Road Show nacional e internacional de preparação para o Bright Green Cities – BGC- Rio Global Green Business, que acontecerá no Rio de Janeiro, de 31 de maio a 3 de junho de 2011. (ambienteenergia)

Tem energia no samba

Quando entrar na Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, para levantar o público com sua bateria nota 10, a Mocidade Independente de Padre Miguel levará também um pouco do trabalho de inovação e pesquisa que o país vem fazendo na área de energias renováveis. Graças a uma parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a União Brasileira do Biodiesel (UbraBio), Cesbra Biodiesel, com apoio a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a escola vai mostrar um pouco do projeto “Divinos Semeadores: da Agricultura ao Biodiesel”, que se baseia no enredo da Mocidade para o carnaval 2011: Parábola Dos Divinos Semeadores.
Nos pouco mais de 700 metros de passarela, o INT realizará, junto com a UFRRJ, o preparo e a caracterização da mistura B20, com 20% de biodiesel, feito a partir de óleo de soja, e 80% de diesel. A mistura servirá de combustível para os carros alegóricos, ônibus e geradores usados para o desfile da Mocidade. As entidades também farão os testes de emissões nos motores e testes em geradores, a cargo da Fetranspor. O trabalho para garantir o uso de tecnologias limpas no Carnaval terá ainda a participação da UbraBio e da Cesbra.
A ideia dos parceiros do projeto é popularizar a importância do uso do biocombustível. O impacto positivo sobre o meio ambiente é uma das principais razões para a adoção crescente do biodiesel e não se resume ao fato de vir de uma fonte renovável. O biodiesel, obtido a partir de oleaginosas, gera menos emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2). O próprio óleo diesel que será usado na mistura, por sua vez, valoriza o quesito ambiental: será o do tipo S50, com teor de enxofre dez vezes menor do que o convencional e, portanto, menos poluente. (ambienteenergia)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Aumento do biodiesel no óleo diesel mineral

Governo estuda aumentar biodiesel no óleo diesel mineral em 2012
Atualmente, o óleo diesel vendido no país recebe a adição de 5% de biodiesel; demanda é por adição de 7 a 10%.
O diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Allan Kardec, disse na quarta-feira, 16, que o percentual de biodiesel (de origem vegetal) no óleo diesel mineral pode ser elevado no ano que vem. Para este ano, não estão previstas alterações. "Há uma pressão muito grande do mercado, nós estamos discutindo o assunto com o Ministério de Minas e Energia, mas não há perspectivas de que esta composição venha a ser alterada ainda este ano", assegurou Kardec. Atualmente, o óleo diesel vendido no país recebe a adição de 5% de biodiesel.
Em 2012, essa mistura poderá ser alterada, para agregar uma parcela maior de combustível renovável ao derivado de petróleo. "Nós estamos estudando junto com o governo, mas isso é uma decisão do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética]. A demanda dos produtores, hoje, é para que a mistura passe a ser de 7%, até chegar a 10%".
Kardec salientou, porém, que outros segmentos do mercado, principalmente as distribuidoras de combustíveis, fazem restrições a esse aumento percentual. "O setor que envolve o pessoal da Fecombustíveis [Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes] e do Sindicom [Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes], entre outros, é contra esse aumento. Então, tem que ser algo discutido". (OESP)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mato Grosso é líder nacional em biodiesel

Mato Grosso é líder no país na produção do biodiesel. O Estado que produziu 494,561 milhões de litros do produto entre janeiro a outubro deste ano, ultrapassando o Rio Grande do Sul, que produziu 473,272 milhões de litros no mesmo período e que há alguns meses ocupava a primeira posição no ranking dos maiores produtores do Brasil. A produção mato-grossense (até outubro) é 34% superior à quantidade registrada em todo o ano de 2009, quando somou 367,009 milhões de litros. Já nos primeiros 10 meses do ano passado foram produzidos 292,081 milhões de litros de biodiesel.
Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e mostram ainda que Mato Grosso tem 21 das 64 indústrias espalhadas pelo país. A produção mato-grossense representa 25% da nacional, que somou neste ano 1,976 bilhão de litros de biodiesel, também até o 10º mês. O presidente do Sindicato das Indústrias de Biodiesel de Mato Grosso (SindiBio), Sílvio Rangel, explica que o desempenho do Estado ocorre em função da facilidade de adquirir matéria-prima, essencialmente a soja - que representa 80% da produção de biodiesel no país. A produção também é feita a partir do girassol, caroço de algodão e sebo bovino.
Conforme Rangel, o Estado vislumbra novos crescimentos que dependem do aumento da mistura do biodiesel ao óleo diesel. "Por enquanto, é obrigatório que na composição do diesel tenha 5% de biodiesel. Estamos reivindicando para que esse percentual aumente para 7% no próximo ano". Ele ressalta que a produção de biodiesel agrega valor à comercialização da soja. "Com o grão, fazemos o farelo que serve para alimentar os animais e o óleo utilizamos na produção do biodiesel".
De acordo com Rodrigo Prosdócimo Pansera Guerra, da Bio Óleo Indústria e Comércio de Biocombustível, as indústrias mato-grossenses trabalham com a capacidade de produção ociosa. Ele explica que se a demanda consumidora aumentasse em 10%, a atual produção estadual seria suficiente para continuar abastecendo o mercado. Ele ressalta que o preço do produto para o consumidor, acaba ficando um pouco mais caro, mas compensa já que o uso do biodiesel traz vários benefícios. "É benéfico para a saúde, sem contar que incentiva a produção de várias cadeias econômicas". Ele lembra que o setor antecipou o aumento do biodiesel na composição do diesel. "Em 2008 era previsto que os 5% na mistura do diesel fosse utilizado só em 2013". Conforme ele, esse cenário poderá ocorrer com a expectativa de que aumente para 20% a representação do biodiesel até 2020. "O setor está aquecido e acena para este cenário". Só para se ter uma noção disso 3 indústrias estão ampliando a capacidade e outra está em construção no Estado.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Transformando lixo em energia

O Brasil produz aproximadamente 60 milhões de toneladas de lixo por ano, considerando apenas os resíduos sólidos urbanos, ou seja, não levando em conta os dejetos industriais. Infelizmente, a maior parte dessa montanha de lixo não é reciclada e uma grande parcela ainda vai parar em lixões sem nenhum tipo de tratamento ou, o que é pior, é atirado indistintamente nas beiras de rios e córregos urbanos.
O lixo, além de ser um grande vilão da saúde pública, apresenta-se como um enorme problema de logística. Isto por que estão acabando os locais onde se pode depositá-lo. Estamos gerando mais lixo do que a natureza consegue absorver. Quase chegamos a um limite que transformará a questão em uma realidade insustentável. Cada pessoa, em média, produz cerca de 1,0 kg de lixo por dia no Brasil. Não é um índice ruim se comparando às médias europeias e americanas. O problema é que isso está concentrado nas grandes cidades, potencializando os impactos ao meio ambiente.
Como o problema está a cada dia se agigantando, surge a pergunta: seremos esmagados pelo nosso próprio lixo? O que fazer?
Algumas soluções começam a ser apontadas pelos especialistas. A principal delas é a redução na geração do lixo e o reaproveitamento cada vez maior dos resíduos através, principalmente, da coleta seletiva. Mas, isso não é suficiente. Estão aparecendo algumas ideias no sentido de transformar o lixo em energia.
Para transformar o lixo em energia, a princípio existem duas maneiras. Primeiro, através da queima e transformação da energia térmica em energia elétrica por meio de turbinas movidas a vapor de água. A segunda é a utilização dos aterros sanitários existentes capturando o gás gerado espontaneamente pela massa residual transportando-o para ser armazenado e utilizado em motores e geradores substituindo o gás natural. Essa segunda opção é a que está sendo adotada com mais frequência, pois, além do aproveitamento em si do gás, ainda gera créditos de carbono, que são negociáveis na comunidade internacional.
É claro que só o aproveitamento do lixo em energia não resolve isoladamente a questão da destinação adequada dos resíduos sólidos urbanos. Torna-se necessário a criação de leis específicas com incentivos que apontem para a melhoria do quadro. Recentemente, em agosto do ano passado, foi sancionado pelo Presidente da República, o projeto de lei que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essa lei determina que fabricantes e vendedores sejam obrigados a recolher as embalagens após o uso. A coleta seletiva recebe incentivos para a sua implantação em todas as cidades. Além disso, as prefeituras ficam proibidas de criar lixões e passam a incentivar as cooperativas de catadores e recicladores.
Enfrentando a grande problemática do lixo através das medidas descritas acima se pode ter alguma esperança de que o meio ambiente seja ajudado.
Entretanto, ainda acho que a melhor maneira é a mudança gradativa do modelo de consumo implantado na nossa sociedade há mais de um século, que prioriza o desperdício e o desrespeito ao meio ambiente. (EcoDebate)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mais eficiência na iluminação

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) começou a operar hoje um equipamento estratégico para que a indústria possa desenvolver luminárias de uso comercial, público, residencial e industrial com mais eficiência energética e menor impacto ambiental. Trata-se do goniofotômetro, sistema informatizado que mede as características da luz emitida, o que os pesquisadores e técnicos chamam de “curvas fotométricas”
Goniofotômetro: sensor em estrutura com movimento circular mede campos de iluminação
A aquisição do equipamento, de origem alemã, foi viabilizada por um projeto de R$ 1 milhão, por meio de parceria do IPT com a FINEP e a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) – as duas parceiras investiram, respectivamente, R$ 750 mil e R$ 50 mil. O projeto contou também com aporte de R$ 200 mil do IPT.
“O goniofotômetro é estratégico porque constituirá a primeira opção para serviços fotométricos com este tipo de equipamento no Brasil”, afirma Oswaldo Sanchez Jr., pesquisador do Laboratório de Equipamentos  Elétricos e Óticos (LEO). Até então, para realizar esses testes, a indústria precisava procurar o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) ou a Eletrobras, ambos no Rio de Janeiro, ou ainda laboratórios no Chile e Argentina. Diferentemente da tecnologia convencional, que utiliza um sistema com espelhos, o equipamento do IPT opera com uma técnica de fotometria de campo próximo, o que permite grande velocidade nos ensaios.
“Esse equipamento tem uma tecnologia única no país e poderá ampliar as capacitações laboratoriais nessa área”, afirmou João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente do IPT, hoje na solenidade de inauguração. Segundo Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, presidente da Abilux, o equipamento também será uma referência para a calibração dos laboratórios fotométricos dos fabricantes de produtos de iluminação. “Trata-se de uma garantia para produzir com maior eficiência energética e menor impacto ambiental”, disse.
Computador traduz características de iluminação em informações para projetistas
Atualmente, cerca de 70% da indústria de iluminação no país está concentrada no Estado de São Paulo. A região sudeste concentra também a maior parte do mercado consumidor. Oswaldo Sanchez afirma que a demanda será grande e que a Abilux ajudará a racionalizar o uso do equipamento para atender toda a indústria.
O goniofotômetro proporcionará um serviço que vai agregar uma nova dinâmica no desenvolvimento e design de produtos e sua inserção no mercado. “Haverá mais agilidade da indústria para acompanhar as tendências tecnológicas”, diz Sanchez. A escolha de materiais mais eficientes terá influência também nos modos de produção. “Vamos contribuir ainda para a normalização das cadeias produtivas”, afirma.
Na operação do goniofotômetro, um sensor de luz instalado em uma estrutura com movimento circular em volta da luminária faz as medições que são enviadas para o computador. “Medimos o quanto de luz é emitida em cada direção”, explica Sanchez. No computador, é gerada uma figura em três dimensões que revela a forma como o equipamento converte energia elétrica em energia luminosa e como esta energia luminosa é direcionada para o ambiente a ser iluminado, mostrando um conjunto de informações importantes para o projetista da luminária. “O pesquisador pode escolher o plano ou eixo de simetria que deseja investigar”, afirma.
O equipamento será também uma ferramenta para agregar maior precisão aos projetos de luminotécnica, sobretudo no que se refere aos projetos de iluminação pública ou iluminação de grandes áreas, uma vez que permitirá aos fabricantes a obtenção das curvas que são fornecidas aos projetistas (clientes e parceiros). Segundo Sanchez, com o conhecimento preciso das curvas fotométricas será possível desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e definir com mais propriedade as diretrizes de iluminação, evitando desperdício e impactos ambientais.
Câmara de pó - Faz parte do projeto, dentre outros recursos, a instalação de uma câmara de pó, que simula o efeito das intempéries na luminária. Essa câmara produz uma atmosfera com fluxo de ar e pó com granulometria controlada. São controladas também a temperatura e a velocidade do vento no interior da câmara. Estes recursos são necessários para a avaliação do grau de proteção do equipamento contra penetração de partículas de pó, um dos grandes responsáveis pela degradação de luminárias para instalação externa. “Isso complementa o ensaio do goniofotômetro e permite fazer projeções sobre a vida útil do equipamento e se seu desempenho está de acordo para a função para a qual foi projetado”, afirma Sanchez.
O conjunto de serviços a serem disponibilizados complementa a capacitação do LEO para suporte ao desenvolvimento de produtos no setor produtivo assim como para verificação dos requisitos normativos aplicáveis demandados pelos grandes compradores de equipamentos para iluminação. (ambienteenergia)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Petrobras e a primeira térmica flex mundial

Térmica da Petrobras será a primeira 100% flex no mundo
Empreendimento possui 87 MW de potência, sendo 43,5 MW em cada unidade geradora.
A Petrobras que no começo do ano se tornou a primeira empresa a colocar em funcionamento uma turbina para a geração de energia elétrica que pode funcionar com gás natural ou etanol.
Agora, a estatal assinou contrato para implantar a tecnologia também na segunda unidade geradora da planta. Dessa forma, a UTE estará totalmente convertida para a operação flex.
A usina possui 87 MW de potência, sendo 43,5 MW em cada unidade geradora.
"Essa é mais uma iniciativa da Petrobras para diversificar as fontes de geração de energia, permitindo grande flexibilidade em nossas plantas", afirmou a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria da Graça Foster. (smartenergyonline)

Termelétricas e usinas nucleares no Nordeste

Termelétricas e usinas nucleares no Nordeste, terra de vento e sol
O apagão que deixou em fevereiro de 2011 sete estados do Nordeste sem luz foi causado por falha técnica, desta vez, dizem os responsáveis, não por oferta insuficiente ou demanda elevada. Mas a região precisa de aumentar a capacidade local de geração. Mas deve fazer isso explorando seu melhor potencial e buscando segurança energética. Poderia se tornar um polo mundial de energias renováveis alternativas.
Mas o governo escolhe o pior caminho: faz termelétricas a combustível fóssil, poluindo a região e sujando a matriz elétrica brasileira e quer fazer usinas nucleares. Não precisa, o Nordeste é a maior fonte de energia eólica e solar do Brasil. Limpa e segura. Há áreas do semi-árido, hoje quase sem população, são muito secas e ficarão mais secas ainda no futuro. Nelas poderiam ser instaladas centrais de energia solar fotovoltaica.
Por que insistimos no caminho do velho? Por que o Brasil tem preconceito e se recusa a fazer o que o resto do mundo todo está fazendo: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha, Portugal, China, Índia? Só para mencionar os principais.
Porque temos uma política energética ultrapassada e que virou monopólio de um clique de tecnocratas e donataria de grupos políticos. O Ministério das Minas e Energia é como uma grande sesmaria, loteada politicamente. É comandado por uma facção política como se fosse direito hereditário. As empresas elétricas são capitanias hereditárias, os partidos viraram donos delas. Com o loteamento de um setor estratégico para o país para os grupos mais clientelistas da política brasileira, fica difícil imaginar políticas públicas com visão de futuro, voltadas para a inovação, sintonizadas com as tendências mundiais.
Nosso sistema de transmissão e distribuição é ineficiente. Apagões têm sempre um culpado exótico, o raio de Bauru, que só os técnicos do setor elétrico viram, mas a meteorologia não captou, ou o culpado é sujeito indefinido: “mandaram” desligar Itaipu – e aí 18 estados ficam sem luz. Ontem, segundo explicação da CHESF, uma peça eletrônica, uma “cartela eletrônica”, de uma grande subestação desligou, por defeito, parte do sistema e sete estados do Nordeste, mais o interior do Piauí, ficaram sem luz. Não dá para demitir o raio de Bauru, ou a cartela eletrônica.
Em entrevista, ontem, para Míriam Leitão na Globonews, o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, e o diretor da COPPE, Luiz Pinguelli Rosa, defenderam investimento no aumento de eficiência na geração, transmissão, distribuição e consumo de eletricidade no Brasil. A energia mais barata que temos é a que desperdiçamos e a que deixamos de produzir. Defenderam também a diversificação urgente de nossa matriz energética, aumentando a geração eólica, que pode ser o melhor complemento da hidreletricidade e ainda dá segurança energética ao Nordeste. Eu concordo inteiramente. O Brasil precisa passar a investir em energia solar. O Nordeste não tem mais potencial hidrelétrico, mas tem um vasto potencial eólico e solar. A Índia está instalando a maior usina do mundo movida pelas ondas do mar. Aqui as ondas quebram nas praias, ociosas, dolentes, e ninguém vê a energia nelas contida. O vento balança as folhas do coqueiro do Nordeste, mas move muito poucas turbinas eólicas. O sol esquenta o agreste, mas não gera um único Watt de eletricidade. Mas a fumaça das termelétricas aumenta e agora o Nordeste enfrentará o risco nuclear.
Sempre me perguntam qual é a alternativa para o que se vem fazendo, e inclusive para Belo Monte? Resultado da propaganda do governo e setores do mercado interessados no status quo, que dizem que ou fazemos esses absurdos programados no PAC ou teremos um apagão e o crescimento será inviável. Não é assim. O mundo busca alternativas que temos de sobra e desprezamos. Insistem que é mais caro e não dá escala. Enquanto isso, no resto do mundo, o custo por kWh dessas energias só faz cair e a escala só aumenta. Caro é Belo Monte, um projeto sem transparência, cujo custo final, depois de realizado será provavelmente muito maior do que se diz. Era R$ 20 bilhões, o BNDES já reconhece R$ 26 bilhões. Duvido que fique na casa dos trinta. A usina de Simplício, no rio Paraíba do Sul, entre os municípios de Chiador, MG, e Sapucai, RJ, custou o dobro do estimado. Imagine-se uma obra das proporções de Belo Monte, lá no Xingu. Et pour cause.
A eficiência energética não supera a necessidade de expandir a capacidade instalada, mas reduz a urgência na instalação de novas usinas e garante melhor aproveitamento dos MW já gerados e dos novos que entrarão no sistema. Reduz custo e preço. É o melhor investimento que se pode fazer. Tecnicamente falando, claro. Mas é um péssimo investimento político: invisível, não dá inauguração, não gera grandes contratos com empreiteiras. Não dá para fazer. Energia eólica e solar fotovoltaica, a começar pelo Nordeste, são uma óbvia opção brasileira. Precisa subsidiar? Precisa. Mas o governo subsidia hidrelétricas e, pior, termelétricas a carvão e óleo. Pagamos caro pela energia do passado, como disse Barack Obama no discurso “Estado da Nação” ao Congresso do EUA. Por que não subsidiar a energia do futuro? O atendimento de populações de mais baixa renda e longe dos grandes centros, pode ser feito com pequenas usinas, biomassa, turbinas eólicas. Cidades inteiras podem gerar boa parte de sua energia usando lixo, biomassa, eólica e solar.
Alternativa tem. Os lobbies e as forças que controlam a política energética é que não querem admitir. (EcoDebate)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A revolução dos ventos

Como toda grande tempestade é precedida por leves e inofensivos ventos, a energia eólica entrou timidamente na matriz energética brasileira e com a mesma força que uma brisa caminha para a tormenta, vem ganhando espaço nessa matriz e já é responsável por alterações na economia e pela criação de uma cada vez mais proeminente indústria eólica.
Em tempos pretéritos a energia eólica já foi considerada inviável por seus altos e, naquela época, “proibitivos” custos. Mesmo assim, como em todas as áreas da economia, sempre há pioneiros e visionários que acreditam em seus sonhos e projetos e essa “proibição” não foi impedimento para a instalação dos primeiros parques eólicos em solo brasileiro.
Osório, no Rio Grande do Sul, é o município mais frequentemente apontado como o primeiro a receber um parque eólico no Brasil, mas também reivindicam o título as cidades de Beberibe, no Ceará, e Mataraca, na Paraíba. Independente de quem abriu o mercado, o que se tem hoje é uma expansão tão significativa que até mesmo a energia hidráulica, que domina a matriz energética (responsável por quase 70% da energia no país), tem sido preterida pela fonte eólica.
Operam atualmente no Brasil 372 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), 147 estão com processos de instalação e licenças prévias em trâmite e mais 62 estão em fase de construção. Apesar dos números que impressionam (juntas, essas PCHs devem gerar 5,2 mil MW), é a energia eólica que vem conquistando mercado, tendo inclusive sido vendida com preço menor (por megawatt/hora) do que as PCHs no último Leilão de Energia de Reserva (média de R$ 122,69/MWh, contra R$ 130,73/MWh), realizado em agosto de 2010.
Investidores que concentravam seus esforços em energia de fonte hidráulica começam a voltar suas atenções para os ventos. A Light, por exemplo, anunciou investimentos em torno de R$ 1 bilhão em 2011 em projetos de geração de energia, já prevendo aportes para o segmento eólico. Também a Ersa – Energias Renováveis começa a migrar investimentos para parques eólicos, tendo sido umas das vencedoras no leilão de agosto.
O setor eólico também vem sendo agraciado por incentivos fiscais, ainda que longe do ideal desejado pelos investidores. Para desonerar a cadeia produtiva, atualmente existem programas federais (REIDI – Lei no 11.488/2007), regionais (Sudene) e estaduais (Pró Eólica no Ceará; Proadi no Rio Grande do Norte; Lei estadual nº 11.675/1999, em Pernambuco) com previsões de isenções e/ou alíquotas reduzidas.
Alguns complexos industriais e portuários do país começam a ficar notórios como pólos da indústria voltada ao setor, como Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. Em Pecém, instalaram-se as alemãs Fuhrländer e Wobben Windpower e recentemente a paulista Aeris Energy anunciou a instalação de uma fábrica de pás eólicas no complexo, um investimento orçado em R$ 50 milhões. Na região do complexo portuário de Suape, em Pernambuco, estão a Gestamp Wind Steel Pernambuco S/A (atual denominação da RM Eólica), a Impsa e a Wind & P Brasil.
Os três últimos leilões que negociaram energia eólica – um em 2009, exclusivo de fonte eólica, e dois em 2010, de fontes alternativas (entre elas a eólica, que representou 70% da energia negociada) já são um prenúncio de que os pleiteados e ansiados leilões anuais para compra de energia eólica podem passar a ser realidade. A propósito, a necessidade de manutenção de leilões exclusivos e anuais é imprescindível para assegurar a competitividade da fonte por meio de ganhos de escala da indústria de equipamentos e componentes dedicados a essa fonte de geração energética.
Por qualquer ângulo que se analise – potencial eólico, instalação de fábricas do setor, aumento dos valores disponibilizados por bancos públicos para a área, barateamento dos custos, valores investidos, aumento da quantidade de parques instalados e crescimento da geração energética, entre inúmeros outros – o que se constata é que os ventos que começaram tímidos já estão revolucionando a economia nacional e prometem ocupar cada vez mais espaço na matriz energética brasileira. E nem é preciso mirar um futuro muito distante para ver isso acontecer. Até 2013 as usinas eólicas deverão quintuplicar sua capacidade instalada para geração de energia elétrica.
Encontra-se na imprensa a divulgação de pretensões do governo brasileiro para aumentar a participação dos ventos na matriz energética nacional. Algumas notícias divulgam 20%, outras 15% (em âmbito mundial um estudo publicado pelo Conselho Mundial de Energia Eólica – GWEC–, em conjunto com o Greenpeace International, afirma que até 2020 a demanda elétrica mundial será atendida em 12% por fonte eólica, chegando a 22% em 2030).
Independente de qual percentual noticiado venha a concretizar-se, fato é que não é mais possível ignorar a força dos ventos, o que exige políticas e programas efetivos e atuantes tanto do Poder Executivo quanto do Legislativo, pois, não obstante os números e fatos que ilustram estes breves comentários, também é fato que o Brasil, quando comparado com outros países “produtores de vento”, está em evidente desvantagem. A título de exemplo, o custo da produção nacional de turbinas chega a ser 20% mais alto do que similares importados da Índia e da China.
Enfim, o país, com o gigante potencial que tem, precisa acompanhar o mesmo ritmo do vento para não ser preterido pela revolução que a fonte eólica vem operando em todo o mundo. (ambienteenergia)

Potencial da energia eólica no Brasil

Crescimento mundial mostra potenciais da energia eólica no Brasil
Entre cinco e 10 anos, a força dos ventos será uma das principais fontes de energia no Brasil. Hoje, há 48 usinas de geração de eólica no país. Juntas, elas geram 867.886 quilowatts (KW), o que representa 0,72% da produção total brasileira. Até aqui, há 82 empreendimentos de fonte eólica outorgados (2.743.231KW) no país e outros 19 em construção (551.800KW).
As usinas eólicas instaladas no país têm várias capacidades de geração e são compradas no exterior, em sua maioria. “Isso traz alguns problemas sérios de adaptação às condições de vento no Brasil”, explica o professor titular do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, Ramon Molina Valle, especialista em energia do vento. De acordo com ele, já existe um levantamento do potencial eólico brasileiro, que é maior nas regiões Norte e Nordeste. O problema é que o mapa dos ventos mudou com o aquecimento global, o que obriga a levantar novos potenciais no país. Por isso, segundo o professor, é necessário desenvolver turbinas especialmente projetadas para os ventos brasileiros, conforme a localização das torres. Reportagem de Zulmira Furbino, no Correio Braziliense.
“Em Minas Gerais, temos trabalhado em parceria com a Cemig num projeto de turbina inteiramente adaptado às condições do vento no estado”, observa. Na visão do especialista, o Brasil entrou tarde na corrida pela produção desses equipamentos, principalmente se comparado a países como China e Índia, onde já há mais de 50 mil turbinas com capacidade de geração entre 10KW e 30KW. São gerações pequenas com capacidade para beneficiar pequenas comunidades, principalmente nas zonas rurais brasileiras.
Há turbinas de várias capacidades sendo instaladas no país. No caso da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), maior distribuidora de energia na América Latina e com negócios em Minas, no Ceará e no Rio de Janeiro, os novos equipamentos são de última geração: terão pás de fibra de vidro ou fibras de carbono com revestimento em epox e poliéster, materiais de alta resistência.
E seu funcionamento é simples: o vento incide sobre as pás e provoca um movimento de rotação. Por meio de um eixo, essa rotação é transmitida até um caixa de engrenagens, que aumenta a velocidade do giro e leva a força a um gerador elétrico. É ali que será concentrada a sede de geração de eletricidade da turbina. Depois de gerada, essa eletricidade é levada a um transformador que, por sua vez, transmite a energia até a rede. São entre 12 e 15 rotações por minuto. Quanto maior o diâmetro das pás, mais lenta é a rotação.
“Essas turbinas podem ser ligadas à rede e também são úteis para fazendas e povoados”, justifica o especialista. O novo mapa dos ventos, que está sendo produzido no país, vai caminhar com o desenvolvimento da tecnologia no Brasil, acredita Valle. A ideia é poder contar com turbinas de várias capacidades, feitas com tecnologia brasileira, e adequadas às condições de vento locais. “Quando um equipamento como esse é comprado pronto, em outro país, não está adequado às condições de vento locais e isso faz com que a eficiência do sistema caia muito. Quando se projeta a turbina para as condições locais, há vantagens relativamente altas para a produção de energia em determinadas condições.”
Além disso, segundo Ramon Valle, não se trata de desenvolver somente a turbina, mas um conjunto de equipamentos que também inclui o gerador de energia. “O projeto fica mais eficiente quando se desenvolvem o motor, o gerador e a turbina, um conjunto que tem vida útil de cerca de 10 anos”, diz.
No sul da Bahia e na região central de Minas Gerais, mais precisamente em Sete Lagoas, a 80km de Belo Horizonte, os ventos que cortam serras localizadas nesses pontos abrigam um potencial instalado de geração de energia 3,5 vezes maior do que o da usina hidrelétrica de Belo Monte, a ser construída no Rio Xingu, na Amazônia. A previsão é que Belo Monte, que tem custo estimado em R$ 19 bilhões, tenha potência instalada de 11.233 megawatts (MW). O custo de uma torre para gerar energia eólica é de R$ 4 mil a R$ 5 mil, por megawatt instalado.
Metas na Europa
A busca por energias renováveis tem crescido a cada ano e, no caso da eólica, não é diferente, segundo dados da 2ª edição do Atlas da Energia Elétrica do Brasil (2005), produzido pela Aneel, que mostra que nos últimos anos, esse tipo de tecnologia vem ganhando espaço, principalmente na Alemanha, nos Estados Unidos, na Dinamarca e na Espanha, onde a potência adicionada anualmente supera 3.000MW. Esse crescimento de mercado fez com que a Associação Europeia de Energia Eólica estabelecesse novas metas, indicando que, até 2020, a energia eólica poderá suprir 10% de toda a energia elétrica requerida no mundo. Na Dinamarca, 18% de toda a energia gerada vêm dos ventos e a meta é aumentar essa parcela para 50% até 2030. Na região de Schleswig-Holstein, na Alemanha, cerca de 25% do parque de energia elétrica instalado é de origem eólica. Em Navarra, na Espanha, a parcela é de 23%. Em termos de capacidade instalada, estima-se que, até 2020, a Europa já terá 100.000MW.
Em Minas Gerais, a Cemig instalou torres de medição de 80, 60 e 40 metros, em quatro pontos da Serra do Espinhaço. Com isso, o potencial exato da produção de energia eólica no estado só vai ser revelado no fim do ano que vem, quando as medições serão concluídas. Essas torres servem para calcular qual é a velocidade média dos ventos nessas alturas e para verificar qual será o comportamento dos ventos no longo prazo. São feitas de aço, com reforço contra a corrosão, mas também podem ser levantadas em concreto. Quando instaladas em frente ao mar, precisam de reforço maior para evitar o ataque salino. “As medições começaram há seis meses e serão feitas por no mínimo um ano”, explica Alexandre Heringer, gestor de projetos de energias renováveis e alternativas da Cemig. Caso a apuração seja insuficiente, pode continuar por mais 12 meses.
No entanto, apesar de a energia eólica ser considerada uma fonte limpa, entre os principais problemas socioambientais estão os impactos sonoros e visuais, segundo mostra o Atlas da Aneel. Os sonoros, devido ao ruído dos rotores, variam de acordo com as especificações dos equipamentos e devem atender a normas e padrões estabelecidos pela legislação de cada país. Os impactos visuais são decorrentes do agrupamento de torres e aerogeradores, principalmente no caso de centrais eólicas com um número considerável de turbinas, também conhecidas como fazendas eólicas. Há estudos que pontuam a possível interferência das turbinas na rota de aves, o que deve ser considerado em estudos e relatórios de impacto ambiental antes de ser instaladas.
COMO O POTENCIAL FOI CALCULADO:
*Foram excluídas todas as áreas de preservação ambiental;
*Considerou-se um aproveitamento de apenas 15% do total das áreas promissoras identificadas, devido à presença de terrenos complexos nos sítios (no mapa eólico do Brasil foi considerado 20% de aproveitamento);
*Os ventos considerados foram os superiores a sete metros por segundo;
*As torres que estão sendo instaladas no Brasil têm alturas iguais ou superiores a 80 metros;
*As regiões mais promissoras do estado correspondem aos municípios mais carentes, a maior parte deles localizados na Serrado Espinhaço e na área da Superintendência Nacional do Nordeste (Sudene);
*A energia eólica convive com atividades agropecuárias. (Fonte: Cemig) (EcoDebate)

As leis dos ventos

Há poucos dias das eleições para presidente, governadores, senadores e deputados (estaduais e federais), brada-se a bandeira da importância do exercício cívico com discursos sobre a necessidade do voto consciente – ainda que presenciemos absurdos morais como a discussão de permitir-se ou não que candidatos com “ficha suja” sejam eleitos.
Entre as centenas de facetas a serem examinadas – e a tarefa não é fácil – está a de verificar o real papel de nossos representantes, e aqui falo em especial dos legisladores. Legislar não pode ser uma atividade que se faça por fazer, apenas para “cumprir tabela” ou para “inglês ver”. Não tive a curiosidade – e nem a coragem de desperdiçar tempo nesta tarefa – de verificar quantas proposições “idênticas” tramitam pelos corredores de nossa Casa Legislativa, quantos deputados e senadores pegam carona em “assuntos da onda” para marcar presença sem verificar se o assunto já não está presente nas pautas de votação.
O exemplo que mais rápido me socorre é o caso das energias renováveis, em especial a fonte eólica, caminho em que transito com certa facilidade por ser minha área de atuação profissional. Por qualquer ângulo que se analise a energia eólica, os números são gigantescos. O potencial brasileiro para a exploração dos ventos anima investidores de todo o mundo. Os valores envolvidos na construção de um parque eólico possuem muitos zeros antes da vírgula e a dimensão em peso e tamanho dos equipamentos – apenas para citar alguns exemplos – são de extraordinária grandeza.
Com tanto potencial e valores envolvidos é natural que as atenções voltem-se para o setor, que também passa a reclamar medidas legislativas para que possa se desenvolver, em especial porque enfrentamos no Brasil dificuldades e travas decorrentes da falta de um marco regulatório específico, claro e sobretudo eficiente.
Há muito ainda a ser feito em matéria legislativa para o desenvolvimento sustentável da energia eólica no Brasil, mas este “muito a ser feito” precisa sê-lo de forma séria e, repito, eficiente. Infelizmente não tenho testemunhado êxitos neste sentido.
Cito como paradigma a notícia que recentemente se divulgou no site da Câmara dos Deputados sobre a tramitação do Projeto de Lei no 7737/10, que obriga todas as empresas do Sistema Interligado Nacional (SIN) a contratar anualmente, por meio de licitação, 250 megawatts de energia produzida por fonte eólica. “Proposta obriga distribuidoras a contratar energia eólica” é o título do “anúncio”. Ora, cadê a novidade?
Sem embargo da nobreza da preocupação dos legisladores brasileiros em tratar do tema – que de fato reclama medidas legislativas de desenvolvimento do setor –, não me furto em levantar objeção à pletora de projetos que engrossam a pauta das sessões como se o assunto fosse novidade e as propostas insígnias do compromisso dos legisladores com o crescimento de uma indústria de energia eólica competitiva.
Propõe o PL 7737/10 em seu art. 1o: “Esta lei estabelece a obrigatoriedade de contratação, por meio de licitação na modalidade de leilão, de energia elétrica produzida a partir de fonte eólica a ser agregada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). § 1º As concessionárias, permissionárias e autorizadas do serviço público de distribuição de energia elétrica do SIN deverão, a partir de 2012, por um período de vinte anos, contratar, anualmente, uma capacidade mínima duzentos e cinquenta megawatts médios da energia elétrica de que trata o caput”.
O PL 630/2003, que tramita na Câmara por sete arrastados anos e está desde dezembro/2009 parado na Mesa Diretora da Câmara aguardando julgamento de recurso que busca a discussão do projeto pelo Plenário, tem a redação de seu art. 2o muito semelhante ao “novo” PL 7737: “as concessionárias, permissionárias e autorizadas do serviço público de distribuição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional – SIN deverão, a partir de 2011, por um período de dez anos, contratar, em conjunto, anualmente, por meio de licitação na modalidade de leilão, uma capacidade mínima de geração de energia elétrica de: I – 200 megawatts (MW) médios provenientes da fonte eólica”.
Nesse quesito só não posso chamar as propostas de “idênticas” porque divergem “na matemática”. Enquanto o “velho” PL 630 pretende contratações decenais de 200 MW, o “novo” PL 7737/2010 quer contratos vintenários de 250 MW. Insisto: cadê a novidade?
Sem entrar na discussão da viabilidade ou não das quantidades propostas (200 ou 250 MW são quantidades exequíveis e suficientes?), assunto que delego aos técnicos do setor, não dá para ignorar a falta de propósito da proposta. Há sete anos já se espera que a Câmara decida, entre outras questões presentes no PL 630/2003, se as concessionárias, permissionárias e autorizadas do serviço público de distribuição de energia elétrica do SIN, serão ou não obrigadas a contratar anualmente determinada quantia de energia elétrica proveniente de fonte eólica.
Se fosse possível afastar a falta de propósito da proposta, como mérito fica o aparente crédito que o PL 7737 deposita na “agilidade” da tramitação, já que dispõe como ponto de partida o ano de 2012 (2 anos após a data do projeto), ao passo que o PL 630/2003 imaginou que tudo estaria aprovado em 2011, oito anos depois de proposto, prazo que já ficou obsoleto porque nos três meses que nos separam de 2011 certamente o projeto não chegará na reta final do caminho legislativo (depois da Câmara deve seguir para o Senado e regressar para a Câmara caso haja alteração de texto). (ambienteenergia)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Faltam políticas públicas na área energética

Faltam políticas públicas para eficiência energética e fontes renováveis
“O Brasil, especialmente em algumas fontes, tem toda a capacidade de inovar e ter um papel importante no panorama internacional, competitivamente”, disse o matemático Gilberto de Martino Jannuzzi, na entrevista que concedeu por telefone, nesta semana, à IHU On-Line. Docente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Faculdade de Engenharia Mecânica, Departamento de Energia, ele acredita que prospecção tecnológica é algo importante para o futuro e “não podemos perder essa chance de jeito nenhum”.
Jannuzzi é graduado em Matemática pela Unicamp e doutor em Energy Studies, pela Universidade de Cambridge, Inglaterra, com a tese The structure and development of the persoal demand for fuels and electricity in Brazil. É pós-doutor, pela Universidade da Califórnia, EUA, pelo UNEP Collaborating Centre on Energy and Environment/Risoe Nat. Laboratory, UNEP CENTRE EE, Dinamarca, e pelo Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), também nos EUA. Livre docente pela Unicamp, é autor de inúmeros artigos técnicos e das seguintes obras, escritas em parceria com outros pesquisadores: Introdução ao estudo do planejamento de sistemas energéticos (Campinas: Unicamp, 1994); Tools and methods for Integrated Resources Planning: improving energy Efficiency and protecting the environment (Rolskilde, Dinamarca: UNPE Collaborating Centre on energy and environmet, 1997); Planejamento integrado de recursos energéticos: meio ambiente, conservação de energia e fontes renováveis (Campinas: Autores Associados, 1997); e Prospecção tecnológica em energia (Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2005). De sua autoria individual, destacamos: Políticas públicas para eficiência energética e energia renovável no novo contexto de mercado: uma análise da experiência recente dos EUA e do Brasil (Campinas: Editora Autores Associados, 2000).
IHU On-Line – O que significa a opção do Brasil pelo sistema energético de hidrelétricas?
Gilberto Jannuzzi – É uma opção natural e razoável para um país que tem o potencial que tem. Não é nada surpreendente. Países que têm uma reserva grande, como Brasil, Noruega e Canadá, possuem uma participação correspondente na sua matriz de produção de eletricidade.
IHU On-Line – Quais são os limites do sistema hidrelétrico atual?
Gilberto Jannuzzi – Os limites sempre são ditados pela capacidade que um país tem de produzir a energia de maneira economicamente atraente. É uma combinação da distância dessas reservas de hidroeletricidade e dos centros de consumo, em comparação com as outras fontes de geração de energia elétrica.
IHU On-Line – E, hoje no Brasil, o senhor vê algum tipo de limite desse gênero?
Gilberto Jannuzzi – Já começamos a enfrentar limites no que se refere aos custos. Os empreendimentos começam a ficar mais caros, já ficam mais distantes do centro de consumo, e essa é uma razão que os encarece. Esses empreendimentos começam a ter que incorporar novas exigências que, no passado, eram menos levadas em conta, especificamente a questão ambiental e de deslocamento da população. Esses são os limitantes que vão começar a agravar o processo da participação da hidroeletricidade na matriz brasileira.
IHU On-Line – O sistema hidrelétrico, estruturado para projetar energia em grande escala, poderá se tornar ultrapassado?
Gilberto Jannuzzi – Há várias maneiras de produzir eletricidade. Usamos a hidroeletricidade, mas também aqui no Brasil se usa a energia nuclear e de termoelétricas. O que vai começar a acontecer é uma diversificação das maneiras de produzir eletricidade. Teremos crescentemente a participação de outras fontes, inclusive de energia eólica, que aí no sul começa a ser importante.
IHU On-Line – Que modelo de planejamento energético deveria ser adotado no Brasil, para garantir a distribuição de energia no futuro?
Gilberto Jannuzzi – Aqui na Unicamp, temos trabalhado bastante dentro de um conceito que chamamos de planejamento integrado de recursos energéticos. E entendemos que faz parte do processo de planejamento não ficar apenas preocupado com a oferta de energia, mas também olhar a maneira como estamos consumindo energia, se não podemos também evitar desperdícios, investir em maneiras mais eficientes de consumir eletricidade e todos os combustíveis. Por isso, é importante integrar as opções de oferta e demanda.
IHU On-Line – Como o Brasil pode reformular a estrutura de produção e consumo de energia, e ao mesmo tempo, controlar o crescimento de emissão de gases estufa?
Gilberto Jannuzzi – Nós realizamos um estudo específico para eletricidade, no ano passado, para a WWF, onde fizemos esse tipo de hipótese. E sugerimos maneiras de estabilizar o nível de emissões, mas continuar atendendo a população com os serviços de eletricidade. O estudo trabalha muito a questão da eficiência energética, que nós podemos melhorar bastante e também analisa uma maior participação de fontes renováveis. Essa é a estratégia possível para estabilizar as emissões do setor.
IHU On-Line – Qual é a importância de pensar numa prospecção tecnológica ampla para a área de energia?
Gilberto Jannuzzi – Isso é fundamental. O Brasil, especialmente em algumas fontes, tem toda a capacidade de inovar e ter um papel importante no panorama internacional, competitivamente. A biomassa é um dos elementos em que temos vantagens comparativas, recursos e capacidade intelectual, mesmo do setor industrial, de desenvolver tecnologias de ponta, que possam ser utilizadas em muitos outros lugares pelo mundo afora. A prospecção tecnológica é algo importante para o futuro e não podemos perder essa chance de jeito nenhum.
IHU On-Line – Que medidas devem ser tomadas para criar uma matriz energética limpa?
Gilberto Jannuzzi – No estudo que fizemos para a WWF, elencamos nove medidas que ajudariam a ter uma matriz mais limpa, tentando reverter, no caso da eletricidade, o aumento da participação de fontes fósseis e o aumento das emissões. Naquele estudo, há detalhes dessas sugestões para tornar nossa matriz de eletricidade mais limpa. Tudo passa por uma necessidade de tornarmos a nossa estrutura de consumo muito mais eficiente do que ela é hoje, e também de um esforço forte para viabilizar uma maior escala na utilização de fontes renováveis que não a hidroeletricidade de grande porte.
IHU On-Line – Se existem opções energéticas para o Brasil, com grande potencial de uso como a eólica, a solar ou a de biomassa, por que a demora em investir nessas alternativas?
Gilberto Jannuzzi – Existem várias dificuldades. Essas alternativas têm também vários problemas, que é importante serem considerados. Um deles é que são fontes de energia mais caras. Outro problema é o da nossa escala de consumo, com grandes exigências de energia. E essas fontes são descentralizadas, de pequeno porte, não são constantes, ou seja, não duram o ano inteiro. Elas têm uma série de dificuldades, e não poderíamos estar somente dependendo delas. O que temos que fazer é saber usar todas essas fontes. Todas elas podem ter um papel importante. No entanto, nossos planejadores não têm sido muito criativos. São preferidas fontes convencionais, porque o planejamento do País ainda privilegia essas soluções. Também não podemos negar que existem grandes interesses, já mobilizados, em favor das fontes convencionais e existe maior dificuldade de mobilização desses mesmos interesses econômicos e políticos em favor das fontes renováveis. Esse é um outro fator importante. Não é só uma questão técnica nem econômica, mas também envolve a participação de agentes que têm maior interesse na solução tecnológica convencional.
IHU On-Line – Que relações o senhor estabelece entre a eficiência energética brasileira e a americana, no livro Políticas públicas para eficiência energética e energia renovável no novo contexto de mercado: uma análise da experiência recente dos EUA e do Brasil?
Gilberto Jannuzzi – No caso dos Estados Unidos, durante muito tempo, eles tiveram um papel bastante inovador, exatamente concebendo essas políticas e criando um mercado. Eles tiveram grandes oportunidades, grandes experimentos, criando um mercado para fontes renováveis e eficiência energética. Nessa Era Bush, muito foi erodido, mas conseguimos ver novamente um papel importante dessas políticas públicas em vários estados, na Califórnia, por exemplo, e a questão ambiental sendo o pano de fundo para essas mudanças. No Brasil, ainda não temos nada nessa escala. Não temos uma política pública para a eficiência energética e não temos uma política pública para fontes renováveis ainda. Essa é uma grande diferença que nós ainda guardamos em relação aos Estados Unidos. (EcoDebate)