sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Combustível verde pode substituir petróleo em aviões

Um novo biocombustível para a aviação, feito de soja e outros vegetais, tem propriedades idênticas ao querosene, derivado de óleo fóssil.
Engenheiros químicos americanos transformaram com sucesso óleo de plantas ─ canola, coco e soja ─ em combustível para aeronaves, indistinguível dos combustíveis convencionais, de acordo com testes feitos pelo governo americano. Trabalhando com a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada para Defesa (DARPA, na sigla em inglês) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, cientistas do Centro de Pesquisa de Energia e Meio Ambiente (EERC, na sigla em inglês) da University of North Dakota converteram o óleo derivado dessas plantas em combustível com densidade, conteúdo energético e, até ponto de congelamento, similares aos derivados de petróleo.
“O novo biocombustível congela somente a – 47º C. Qualquer pessoa familiarizada com biodiesel sabe que esse resultado é uma grande conquista”, observa o engenheiro químico Chad Wocken, gerente de pesquisas em tecnologia ambiental do EERC. “O óleo é processado para ter as mesmas moléculas de hidrocarbonetos do combustível fóssil”.
Biocombustíveis para aviões a jato: Cientistas americanos transformam óleo de plantas, como soja, em um combustível para jatos, com características semelhantes ao querosene, derivado do petróleo.
Embora tenha se recusado a explicar os detalhes exatos do processo, Wocken comenta que o processo é termocatalítico ─ em outras palavras, os engenheiros aquecem o óleo vegetal na presença de um catalizador (não revelado) para criar uma grande quantidade de produtos semelhantes aos derivados de petróleo. O processo não é diferente do refino convencional de petróleo, processo que produz vários subprodutos, desde querosene, usado como combustível para aviação, até a gasolina comum.
“O custo do processo é comparável ao do refino de petróleo”, e talvez até mais barato, ressalta Wocken, “e neste caso não estamos lidando com contaminantes como o enxofre”.
O preço final do biocombustível vai depender da capacidade de produção das usinas. No momento, a quantidade produzida ainda é pouco significativa, relativamente aos mais de 225 milhões de litros de consumidos diariamente por aviões comerciais nos Estados Unidos. O valor dependerá, em grande parte do custo da produção da matéria-prima ─ o que tem flutuado muito nos últimos meses devido à volatibilidade do mercado de commodities.
Um jumbo da empresa aérea Virgin Atlantic voou com uma mistura de combustível convencional e biocombustível de óleo de palmeira. Outro jato abastecido somente com biodiesel permaneceu no ar por mais de 30 minutos ─ embora com um dispositivo especial para evitar o congelamento do combustível em altitudes de cerca de dez mil metros.
O biocombustível da EERC não é o único disponível para jatos; a UOP LLC, uma divisão especial da Honeywell Specialty Materials, produz combustível similar à base de óleos vegetais e animais, enquanto a Solazyme Inc. - criadora de algas - desenvolveu um biocombustível a partir de algas que atende os padrões internacionais seguidos pela Sociedade Americana para Testes e Materiais (ASTM, na sigla em inglês).
“Desenvolvemos o produto fora do programa da DARPA”, comenta o diretor executivo da Solazyme, Jonathan Wolfson. “As pessoas querem ser ‘verdes’, mas não querem pagar mais pelo combustível”.
A EERC produz biocombustível para testes em laboratório de um motor a jato que deverá entrar em operação em abril. “Nossa expectativa é de que a força aérea envie uma ordem de compra, assim, poderemos conseguir o investimento necessário para construir a primeira usina para produção em grande escala”, avalia Wocken. “Podemos ter uma usina operacional em dois a cinco anos, desde que haja um mercado garantido para o consumo do combustível”. (uol)

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