Um novo biocombustível para a
aviação, feito de soja e outros vegetais, tem propriedades idênticas ao
querosene, derivado de óleo fóssil.
Engenheiros químicos
americanos transformaram com sucesso óleo de plantas ─ canola, coco e soja ─ em
combustível para aeronaves, indistinguível dos combustíveis convencionais, de
acordo com testes feitos pelo governo americano. Trabalhando com a Agência de
Projetos de Pesquisa Avançada para Defesa (DARPA, na sigla em inglês) do
Departamento de Defesa dos Estados Unidos, cientistas do Centro de Pesquisa de
Energia e Meio Ambiente (EERC, na sigla em inglês) da University of North
Dakota converteram o óleo derivado dessas plantas em combustível com densidade,
conteúdo energético e, até ponto de congelamento, similares aos derivados de
petróleo.
“O novo biocombustível
congela somente a – 47º C. Qualquer pessoa familiarizada com biodiesel sabe que
esse resultado é uma grande conquista”, observa o engenheiro químico Chad
Wocken, gerente de pesquisas em tecnologia ambiental do EERC. “O óleo é
processado para ter as mesmas moléculas de hidrocarbonetos do combustível
fóssil”.
Biocombustíveis para aviões a
jato: Cientistas americanos transformam óleo de plantas, como soja, em um
combustível para jatos, com características semelhantes ao querosene, derivado
do petróleo.
Embora tenha se recusado a
explicar os detalhes exatos do processo, Wocken comenta que o processo é termocatalítico
─ em outras palavras, os engenheiros aquecem o óleo vegetal na presença de um
catalizador (não revelado) para criar uma grande quantidade de produtos
semelhantes aos derivados de petróleo. O processo não é diferente do refino
convencional de petróleo, processo que produz vários subprodutos, desde
querosene, usado como combustível para aviação, até a gasolina comum.
“O custo do processo é
comparável ao do refino de petróleo”, e talvez até mais barato, ressalta
Wocken, “e neste caso não estamos lidando com contaminantes como o enxofre”.
O preço final do
biocombustível vai depender da capacidade de produção das usinas. No momento, a
quantidade produzida ainda é pouco significativa, relativamente aos mais de 225
milhões de litros de consumidos diariamente por aviões comerciais nos Estados
Unidos. O valor dependerá, em grande parte do custo da produção da
matéria-prima ─ o que tem flutuado muito nos últimos meses devido à
volatibilidade do mercado de commodities.
Um jumbo da empresa aérea
Virgin Atlantic voou com uma mistura de combustível convencional e
biocombustível de óleo de palmeira. Outro jato abastecido somente com biodiesel
permaneceu no ar por mais de 30 minutos ─ embora com um dispositivo especial
para evitar o congelamento do combustível em altitudes de cerca de dez mil
metros.
O biocombustível da EERC não
é o único disponível para jatos; a UOP LLC, uma divisão especial da Honeywell
Specialty Materials, produz combustível similar à base de óleos vegetais e
animais, enquanto a Solazyme Inc. - criadora de algas - desenvolveu um
biocombustível a partir de algas que atende os padrões internacionais seguidos
pela Sociedade Americana para Testes e Materiais (ASTM, na sigla em inglês).
“Desenvolvemos o produto fora
do programa da DARPA”, comenta o diretor executivo da Solazyme, Jonathan
Wolfson. “As pessoas querem ser ‘verdes’, mas não querem pagar mais pelo
combustível”.
A EERC produz biocombustível
para testes em laboratório de um motor a jato que deverá entrar em operação em
abril. “Nossa expectativa é de que a força aérea envie uma ordem de compra,
assim, poderemos conseguir o investimento necessário para construir a primeira
usina para produção em grande escala”, avalia Wocken. “Podemos ter uma usina
operacional em dois a cinco anos, desde que haja um mercado garantido para o
consumo do combustível”. (uol)
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