Os argumentos dos defensores
da energia nuclear como fonte de energia elétrica se baseiam principalmente em
minimizar os riscos da ocorrência de acidentes nas usinas nucleares. Se
referenciam em informações citando cientistas, instituições e organismos pró
nuclear para suas alegações, e se aliam a setores econômicos que se beneficiam
diretamente ou indiretamente da expansão desta tecnologia.
Uma das irresponsabilidades
maiores dos defensores dos “negócios nucleares” é a insistência em minimizar, e
mesmo de negar a possibilidade de acidentes nas usinas nucleoelétricas. Sendo o
mais grave, chamado de acidente severo, que consiste na liberação de material
radioativo do interior da usina para o meio ambiente.
Nas usinas nucleares existem
distintas barreiras físicas para conter os gases radioativos produzidos. Desde
as varetas de combustível, o vaso de pressão do reator, o envoltório de aço que
abriga componentes e circuitos hidráulicos; até o invólucro de concreto que
reveste a carcaça de aço, chamado edifício do reator. Apesar de todas estas
proteções e cuidados para impedir que o material radioativo gerado pela reação
de fissão nuclear (processo de divisão do núcleo atômico em outros núcleos,
liberando grande quantidade de energia usada para produzir eletricidade),
chegue ao meio ambiente, acidentes severos ocorreram em passado recente.
E porque a radioatividade
(capacidade que alguns elementos possuem de emitir energia sob forma de
partículas ou radiação eletromagnética) de inúmeros elementos fabricados
artificialmente no processo de fissão nuclear é tão perigosa para os seres
vivos?
A radiação emitida por estes
elementos provoca basicamente nos seres vivos a destruição das células com o
calor, e modificações celulares, e consequentemente mutações genéticas.
Os
rejeitos produzidos pelo reator nuclear podem ser classificados em três níveis
de radioatividade: alta, média e baixa. Considerando somente os rejeitos de
alta radioatividade (também conhecido popularmente como lixo nuclear), ainda
não há no mundo um lugar seguro para o depósito definitivo do lixo nuclear. No
Brasil, assim como em outros países que tem usinas nucleares, este lixo de alta
radioatividade fica no interior do edifício do reator, em piscinas. São
rejeitos com longa meia vida (tempo necessário para a atividade de um elemento
radioativo ser reduzida a metade), podendo alguns chegar a emitir radiação por
dezenas de milhares de anos.
Maquete do submarino nuclear
brasileiro. Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo/SP.
Quando nos referimos a
radiação emitida por materiais radioativos estas podem ser: alfa, beta e gama.
A mais perigosa é a radiação gama (radiação eletromagnética), altamente
energética e de grande frequência, capaz de penetrar na matéria mais
profundamente que a radiação do tipo alfa e beta. Devido à sua elevada energia,
podem causar danos, no caso dos seres humanos, provocando graves lesões, e até
a morte. Efeitos na saúde advindos da exposição à radiação são definidos como
efeitos imediatos, e efeitos tardios.
Os efeitos somáticos podem
ser imediatos, se a dose absorvida for muito alta, em torno de 1 Gray (unidade
no Sistema Internacional de Unidades de dose absorvida), e recebida toda de uma
só vez, os sintomas são náusea e vômitos, efeito conhecido como síndrome da
radiação. No caso de doses absorvidas acima de 2 Grays podem levar a morte. À
medida que a dose aumenta, as chances de sobrevivência diminuem.
Já os efeitos somáticos tardios
são resultado de pequenas doses, mas continuadas num longo intervalo de tempo.
São casos que ocorrem em pessoas ocupacionalmente expostas, como os
radiologistas e os trabalhadores da mineração de urânio, por exemplo. Estes
efeitos são: maior incidência de câncer, possibilidade de formação de catarata,
e há evidências de que a expectativa de vida seja reduzida.
A investigação de efeitos
somáticos, como por exemplo, alguns tipos de câncer e a leucemia, nos leva a
questionar a existência de um limiar de radiação que seja responsável pelo
desencadeamento desses efeitos. A tendência atual, é de não aceitar a
existência de um limiar de segurança absoluta. Pelo contrário, postula-se que
haja uma relação contínua entre exposição e risco.
Diante do quadro dos efeitos
da radiação através de elementos químicos criado no interior de uma usina
nuclear, que podem ser liberados para o meio ambiente, caso ocorra um
vazamento, as consequências são dramáticas e trágicas para a vida.
Logo,
para que não corramos o risco de material radioativo ser liberado pelas usinas
nucleares em um acidente, a única decisão acertada seria não construir tais
usinas. O Brasil não precisa de usinas nucleares.
Há uma zona de exclusão em
Chernobyl que ninguém pode cruzar, ao norte da Ucrânia. (ecodebate)