Tecnologia com uso de
combustível renovável é alternativa à eletrificação, mais utilizada em sistemas
na Europa.
Trem da ex-Brightline, agora
Virgin Trains: biodiesel no lugar de eletricidade.
O secretário Alexandre Baldy,
responsável pela pasta dos Transportes Metropolitanos, e o presidente da CPTM,
Pedro Moro, postaram no Instagram uma experiência a bordo de
um trem da ex-Brightline (atual Virgin),
ferrovia da Flórida que utiliza biodiesel como combustível.
Segundo eles, a tecnologia pode ser usada no Trem Intercidades (TIC), projeto
iniciado por Geraldo Alckmin e assumido pelo atual governador João Doria como
uma de suas prioridades no setor ferroviário.
A proposta é mais um aspecto
em que o projeto original do trem regional se distancia da solução buscada pela
atual gestão. Quando começou os estudos para implantar o TIC, o governo do
estado pretendia criar uma rede de trens de média velocidade com vias praticamente próprias e eletrificadas.
Novas estações seriam construídas como terminal desses serviços como Água
Branca e Parque da Mooca no
conceito de “Gare”, como na Europa. No entanto, o alto custo desse projeto fez
a gestão Alckmin desistir dele e buscar uma alternativa híbrida em que se
usasse mais partes da infraestrutura atual, que é compartilhada com a CPTM e as
concessionárias de carga.
Já no governo Doria, o
projeto tem sido tocado às pressas e com isso deverá utilizar apenas as vias
existentes atualmente. A novidade é que, caso opte pelas locomotivas a
biodiesel, o governo deixará de investir na eletrificação de vários trechos
como o que vai de Jundiaí a Campinas e Americana, que hoje não têm trens de
passageiros. Segundo Pedro Moro, a economia com a essa opção é de mais de R$ 1
bilhão.
Pouco poluente
A
adoção de locomotivas a diesel é mais comum nos EUA enquanto Europa e Ásia têm
uma infraestrutura voltada para vias eletrificadas sobretudo pela questão
ecológica. Mas o advento do biodiesel, extraído de óleos vegetais, tem
impulsionado a conversão de ferrovias a diesel para o consumo desse tipo de
combustível. Embora se fale que não é poluente, como fez questão de afirmar
Baldy em seu vídeo, o biodiesel emite sim substâncias nocivas, mas em
quantidades muito baixas se comparado aos combustíveis fósseis.
Pedro Moro e Alexandre Baldy
testam o trem americano: espera-se que ideia seja positiva para os usuários.
Seu rendimento é pior que o
diesel e a manutenção é considerada um pouco mais complexa além de existirem
problemas de funcionamento em temperaturas baixas, segundo entidades
internacionais do setor de energia. Mas eles não tiram o mérito ecológico do
combustível que tem sido usado por algumas empresas como a Virgin
Trains, na Inglaterra.
Aliás, a Virgin adquiriu os
direitos de imagem da ferrovia Brightline, única empresa privada a levar
passageiros nos EUA. O serviço, que liga Miami a West Palm Beach com parada em
Fort Laudardale, estreou em janeiro de 2018 e pretende chegar a Orlando em
2022. Ele utiliza locomotivas Siemens que levam 8.300 litros de biodiesel e
movimentam quatro vagões de passageiros em duas classes. A viagem, que percorre
cerca de 100 km, praticamente a mesma distância de São Paulo e Campinas, leva
uma hora em velocidades que variam de 130 a 200 km/h.
Emobra
não sejam barulhentos, os trens a diesel emitem mais ruídos que os movidos a
eletricidade, como temos notado diariamente aqui em Londres. Com a preocupação
ambiental europeia, esses trens que utilizam combustível fóssil estão com os
dias contados, mas não parece haver consenso sobre qual a melhor tecnologia a
substituí-los.
Em São Paulo, a adoção de
locomotivas a biodiesel não só parece tornar o projeto mais barato em tempos de
orçamento curto. Ela também denota um prazo mais rápido para tirar do papel o
Trem Intercidades, o que pode ser ótimo para a população, desde que feito da
maneira correta e não apenas para ser inaugurado ainda nesse mandato. (metrocptm)
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