Aperfeiçoamento de garantias
é bem visto por investidores em energia eólica e solar.
Proposta que pode facilitar
execução e garantias está prevista no edital do Leilão A-6, em audiência
publica na Aneel.
Discussão antiga no setor que
não se limita ao segmento de geração de energia elétrica, o aperfeiçoamento do
sistema de garantias que a Aneel pretende aplicar no próximo Leilão A-6 recebeu
avaliações positivas dos segmentos de energia eólica e solar fotovoltaica. A
agência reguladora quer incluir no edital e nas outorgas mecanismos que
facilitem a aplicação de penalidades por atraso de empreendimentos e a execução
das garantias de fiel cumprimento.
A presidente da Associação
Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum, considera a mudança importante
para o mercado e afirma que ela deve funcionar como um mecanismo de seleção de
melhores projetos e de investidores com capacidade de entrega dos
empreendimentos. “A quantidade de players não é tão vantajosa se a qualidade
não é boa”, argumenta a executiva. Em sua opinião, o setor está altamente
atrativo e competitivo, e “a busca incessante por deságios não é benéfica.” “O
deságio é bom, mas tem certo limite, porque quando os preços começam a cair
demais você começa a ter dúvida se os projetos vão parar de pé”.
Para o presidente executivo
da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, a
sinalização da Aneel com as novas regras foi vista de forma positiva pela
Absolar e pelo segmento, pois vai trazer ainda mais responsabilidade para os empreendedores
participantes dos leilões, e também na apresentação de ofertas durante os
certames. “A medida trará mais credibilidade aos ganhadores dos leilões, dado o
aumento do nível de compromisso dos mesmos com a entrega dos projetos”, afirma
Sauaia. “Por outro lado, é importante notar que esta medida pode dificultar a
obtenção de seguro garantia para projetos nos leilões”, ressalva.
O edital com as regras Leilão
A-6 entrou em audiência publicada em 25/07/19, e ficará aberto a contribuições
até 26/08/19. O leilão marcado para 17/10/19 é destinado à contratação de
energia por quantidade para empreendimentos de fonte hídrica, eólica e solar
fotovoltaica. Para termelétricas a biomassa, a carvão mineral nacional e a gás
natural, os contratos serão por disponibilidade. O início de suprimento é em
janeiro/2025.
Sazonalização
Tanto empreendedores eólicos
quanto fotovoltaicos apoiam a manutenção para o certame da regra de
sazonalização e de modulação de contratos adotada nos leilões A-6 de 2018 e A-4
de 2019 para a fonte eólica. Ele seria aplicada à contratação das duas fontes
no A-6, que será por quantidade. A sazonalização seria em montantes mensais em
MW médios, utilizados para o cálculo da garantia física da usina, enquanto a
modulação acompanharia o perfil de geração da usina. A Empresa de Pesquisa
Energética discorda, no entanto, dessa posição e sugere que os contratos por
quantidade devem seguir os parâmetros já estabelecidos para empreendimentos de
hidrelétricos, com a alocação de riscos ao gerador.
“Um
dos destaques do setor elétrico brasileiro no que se refere a sinalização
positiva de longo prazo e atração de investimentos é a segurança jurídica e
regulatória dos contratos de energia bem como a previsibilidade e estabilidade
das regras dos leilões”, disse Élbia, que considera acertadas as decisões
tomadas nos leilões anteriores pelo Ministério de Minas e Energia e pela Aneel.
Para a presidente da Abeeólica, “a sazonalização e a modulação dos contratos,
além de proporcionar ao investidor segurança de uma precificação ao risco
correta, previne a não assunção de um prêmio de risco superestimado dadas
incertezas imensuráveis”.
Sauaia também concorda “com a
visão da Aneel de manter as regras vigentes para a sazonalização e modulação da
energia elétrica a partir da curva de geração das usinas contratadas, não sendo
apropriado alterar este modelo na atual conjuntura”. “Alterar esta regra
levaria ao aumento de riscos aos empreendimentos, o que se refletiria
diretamente em aumento de preços-médios dos projetos, prejudicando a modicidade
tarifária aos consumidores”, alertou o presidente da Absolar. (ctee)
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