sábado, 10 de agosto de 2019

Converter biomassa de plantas aquáticas em biocombustível

CTG Brasil anuncia projeto para converter biomassa de plantas aquáticas em biocombustível.
Em parceria com o SENAI, iniciativa acontece no âmbito de P&D e pretende também reduzir impacto das macrófitas nos reservatórios de hidrelétricas. Investimento será de R$ 4,6 milhões em três anos.
A geradora CTG Brasil irá aplicar R$ 4,6 milhões num projeto de Pesquisa e Desenvolvimento que pretende reduzir o impacto da vegetação aquática na operação de usinas hidrelétricas. Realizado em parceria com o Instituto SENAI de Inovação Biomassa, a iniciativa avaliará também a conversão da biomassa dessas plantas submersas para a produção de biocombustíveis. O lançamento da pesquisa, batizada “Macrofuel: Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para Produção de Biocombustível”, foi realizado em 11/07/19, em Três Lagoas (MS).
O projeto tem duração prevista de três anos para encontrar uma nova alternativa de destinação dos resíduos das macrófitas, planta aquática presente nos reservatórios das UHEs. Quando há excesso dessa vegetação, o que pode comprometer a operação das usinas, a vegetação é retirada e submetidas a um processo de compostagem, sendo, posteriormente, doada a prefeituras que a utilizam em viveiros e hortas.
Segundo a companhia, o estudo busca uma destinação mais adequada aos resíduos das macrófitas por meio da pirólise rápida, um processo de decomposição de materiais aplicando altas temperaturas. O principal produto desse processo termoquímico é o bio-óleo, que pode ser usado diretamente como combustível em motores a diesel ou ser processado e dar origem a produtos de maior valor agregado. À curto prazo, a iniciativa não abrange a comercialização direta desse produto, visto que o foco é desenvolver uma metodologia de produção de biocombustível líquido para geração de energia.
Além de viabilizar o aproveitamento energético de um resíduo que pode se tornar um problema com sua propagação excessiva, o projeto realizará o mapeamento, monitoramento e a identificação das macrófitas – 86 espécies já foram identificadas em outros estudos nos reservatórios das hidrelétricas Ilha Solteira e Jupiá, localizadas na fronteira de Mato Grosso do Sul e São Paulo. “Vamos usar ciência e tecnologia para propor uma solução inteligente e ecológica a um problema que afeta o uso da água e a operação das usinas hidrelétricas, exercendo o controle de macrófitas ao mesmo tempo em que transformamos os resíduos dessas plantas em energia”, explicou Aljan Machado, diretor de Saúde, Segurança, Qualidade, Meio Ambiente e Patrimônio da CTG Brasil.
Para Carolina Maria Machado de Carvalho Andrade, diretora do ISI Biomassa, incorporar inovações tecnológicas ao controle das macrófitas traz grande ganho para comunidades, especialmente em balneários e áreas de navegação. “Atuamos com projetos de pesquisa aplicada para transformação de biomassa por rotas termoquímicas e biotecnológicas. No caso essa parceria com a CTG Brasil tem por objetivo a geração de um biocombustível a partir das plantas aquáticas, visando uma integração de processos com aplicação do conceito de bioeconomia”, assinalou.
Já Rodolpho Mangialardo, diretor-regional do SENAI de Mato Grosso do Sul, reforçou a importância da instituição estar cada vez mais envolvida em parcerias desse tipo. “Entendemos que o início dessa relação representará novos desafios ao setor de pesquisas e inovações do SENAI, podendo atestar nossa capacidade para atendimento de empresas não só do Mato Grosso do Sul, como do Brasil e também do mundo”, afirmou.
Danos à operação
As macrófitas são importantes para o ecossistema hídrico, pois fornecem alimento e abrigo a organismos aquáticos, além de auxiliarem na proteção às margens dos rios. Sua reprodução rápida e excessiva, no entanto, afeta a navegação, a pesca e, no caso dos reservatórios, também a geração de energia hidrelétrica.
Desde 2016, só na Usina Jupiá, a CTG Brasil retirou mais de 2.315 m³ de macrófitas das grades da usina, equivalente a mais de 2 mil toneladas de plantas aquáticas. Em 2017, o desprendimento dessas plantas no reservatório de Jupiá afetou a operação de 10 unidades geradoras, causando a indisponibilidade de aproximadamente cinco meses para o sistema e um custo de manutenção de R$ 3,8 milhões para a empresa.
Investimentos em inovação
Além de reverter em ganho de eficiência para suas operações, o investimento da companhia em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) tem por objetivo gerar conhecimentos técnicos e científicos que contribuam para o crescimento do setor elétrico brasileiro e, consequentemente, do país. Em 2018, a empresa destinou R$ 8 milhões a atividades da área.
Atualmente, somam-se ao estudo para identificação, controle e reaproveitamento energético das macrófitas outros projetos importantes – como a esterilização de mexilhões-dourados para o controle populacional desta espécie invasora nos rios brasileiros. Sem predadores naturais, o mexilhão, presente em 40% das UHEs brasileiras, prolifera-se e compromete a geração de energia hidrelétrica. (canalenergia)

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