CTG Brasil anuncia projeto
para converter biomassa de plantas aquáticas em biocombustível.
Em parceria com o SENAI,
iniciativa acontece no âmbito de P&D e pretende também reduzir impacto das
macrófitas nos reservatórios de hidrelétricas. Investimento será de R$ 4,6
milhões em três anos.
A geradora CTG Brasil irá
aplicar R$ 4,6 milhões num projeto de Pesquisa e Desenvolvimento que pretende
reduzir o impacto da vegetação aquática na operação de usinas hidrelétricas.
Realizado em parceria com o Instituto SENAI de Inovação Biomassa, a iniciativa
avaliará também a conversão da biomassa dessas plantas submersas para a
produção de biocombustíveis. O lançamento da pesquisa, batizada “Macrofuel:
Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para
Produção de Biocombustível”, foi realizado em 11/07/19, em Três Lagoas (MS).
O projeto tem duração
prevista de três anos para encontrar uma nova alternativa de destinação dos
resíduos das macrófitas, planta aquática presente nos reservatórios das UHEs.
Quando há excesso dessa vegetação, o que pode comprometer a operação das
usinas, a vegetação é retirada e submetidas a um processo de compostagem,
sendo, posteriormente, doada a prefeituras que a utilizam em viveiros e hortas.
Segundo a companhia, o estudo
busca uma destinação mais adequada aos resíduos das macrófitas por meio da
pirólise rápida, um processo de decomposição de materiais aplicando altas
temperaturas. O principal produto desse processo termoquímico é o bio-óleo, que
pode ser usado diretamente como combustível em motores a diesel ou ser
processado e dar origem a produtos de maior valor agregado. À curto prazo, a
iniciativa não abrange a comercialização direta desse produto, visto que o foco
é desenvolver uma metodologia de produção de biocombustível líquido para
geração de energia.
Além
de viabilizar o aproveitamento energético de um resíduo que pode se tornar um
problema com sua propagação excessiva, o projeto realizará o mapeamento,
monitoramento e a identificação das macrófitas – 86 espécies já foram
identificadas em outros estudos nos reservatórios das hidrelétricas Ilha
Solteira e Jupiá, localizadas na fronteira de Mato Grosso do Sul e São Paulo.
“Vamos usar ciência e tecnologia para propor uma solução inteligente e
ecológica a um problema que afeta o uso da água e a operação das usinas
hidrelétricas, exercendo o controle de macrófitas ao mesmo tempo em que
transformamos os resíduos dessas plantas em energia”, explicou Aljan Machado,
diretor de Saúde, Segurança, Qualidade, Meio Ambiente e Patrimônio da CTG
Brasil.
Para Carolina Maria Machado
de Carvalho Andrade, diretora do ISI Biomassa, incorporar inovações
tecnológicas ao controle das macrófitas traz grande ganho para comunidades,
especialmente em balneários e áreas de navegação. “Atuamos com projetos de
pesquisa aplicada para transformação de biomassa por rotas termoquímicas e
biotecnológicas. No caso essa parceria com a CTG Brasil tem por objetivo a
geração de um biocombustível a partir das plantas aquáticas, visando uma
integração de processos com aplicação do conceito de bioeconomia”, assinalou.
Já Rodolpho Mangialardo,
diretor-regional do SENAI de Mato Grosso do Sul, reforçou a importância da
instituição estar cada vez mais envolvida em parcerias desse tipo. “Entendemos
que o início dessa relação representará novos desafios ao setor de pesquisas e
inovações do SENAI, podendo atestar nossa capacidade para atendimento de
empresas não só do Mato Grosso do Sul, como do Brasil e também do mundo”,
afirmou.
Danos à operação
As macrófitas são importantes
para o ecossistema hídrico, pois fornecem alimento e abrigo a organismos
aquáticos, além de auxiliarem na proteção às margens dos rios. Sua reprodução
rápida e excessiva, no entanto, afeta a navegação, a pesca e, no caso dos
reservatórios, também a geração de energia hidrelétrica.
Desde 2016, só na Usina
Jupiá, a CTG Brasil retirou mais de 2.315 m³ de macrófitas das grades da usina,
equivalente a mais de 2 mil toneladas de plantas aquáticas. Em 2017, o
desprendimento dessas plantas no reservatório de Jupiá afetou a operação de 10
unidades geradoras, causando a indisponibilidade de aproximadamente cinco meses
para o sistema e um custo de manutenção de R$ 3,8 milhões para a empresa.
Investimentos em inovação
Além de reverter em ganho de
eficiência para suas operações, o investimento da companhia em Pesquisa &
Desenvolvimento (P&D) tem por objetivo gerar conhecimentos técnicos e
científicos que contribuam para o crescimento do setor elétrico brasileiro e,
consequentemente, do país. Em 2018, a empresa destinou R$ 8 milhões a
atividades da área.
Atualmente, somam-se ao
estudo para identificação, controle e reaproveitamento energético das
macrófitas outros projetos importantes – como a esterilização de
mexilhões-dourados para o controle populacional desta espécie invasora nos rios
brasileiros. Sem predadores naturais, o mexilhão, presente em 40% das UHEs
brasileiras, prolifera-se e compromete a geração de energia hidrelétrica.
(canalenergia)
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