Térmica a biogás é inaugurada
e já ilumina prédios públicos no Oeste do Paraná.
Iniciativa aproveita a grande
quantidade de dejetos suínos em Entre Rios do Oeste para produção do
biocombustível, resolvendo um problema ambiental e resultando em economia na
conta de energia de 72 pontos da prefeitura.
Com a promessa de zerar a
conta de energia de 72 unidades consumidoras da prefeitura de Entre Rios do
Oeste (PR) e ainda resolver o problema ambiental causado pela grande quantidade
de dejetos gerada pela produção animal local, uma minicentral termoelétrica
movida à biogás foi inaugurada na última quarta-feira (24) no município,
localizado no extremo Oeste do Paraná. O empreendimento reúne o Parque
Tecnológico Itaipu, o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e
a Copel, sendo inaugurado oficialmente pelo governador Carlos Massa Ratinho
Júnior e diretores das instituições envolvidas na parceria.
O que era um problema
ambiental foi transformado em solução de eficiência e desenvolvimento para a
cidade, que produz uma grande quantidade de resíduos orgânicos, equivalente à
de uma cidade de mais de 500 mil habitantes. São muitos animais, especialmente
porcos, em mais de 150 mil cabeças. Os dejetos de 18 propriedades rurais agora
são tratados, transformados em biocombustível e utilizados para a geração de
energia elétrica pela mini usina de 480 kW de potência, que irá resultar, a
longo prazo, numa importante economia para a população local, de menos de 5 mil
habitantes.
Durante
a solenidade, o governador do Paraná ressaltou que irá trabalhar pelo aumento
de iniciativas voltadas à produção de biogás e de biometano – combustível
originado a partir do biogás. A intenção, de acordo com o governador, é
transformar o Paraná em pioneiro e no estado mais sustentável do país. O
presidente da Copel, Daniel Slaviero, assinalou durante a cerimônia que o
empreendimento inaugura a visão do governo para os próximos dez anos, aliando
uma competência do estado – a produção animal – à geração de energia.
Para o presidente do
CIBiogás, Rodrigo Régis de Almeida, o legado do projeto fica não apenas para
Entre Rios do Oeste e o Paraná, mas para todo país. A iniciativa dos
produtores, conforme ele, foi essencial para o sucesso da proposta, “do mesmo
jeito que os produtores que desbravaram a área e a transformaram na maior
produtora de suínos do Brasil”. Ele ainda comparou o potencial de produção do
biogás do estado ao pré-sal no litoral do Brasil, chamando a região de “pré-sal
caipira”. No caso da minicentral termoelétrica, são 215 toneladas de dejetos de
suínos por dia que agora são transformados em um ativo econômico.
O diretor técnico do Parque
Tecnológico Itaipu, Rafael José Deitos, comentou que uma das expectativas do
diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, general Joaquim Silva e Luna, em
relação à atuação do PTI é quanto à diversificação das fontes energéticas.
“Esse projeto em Entre Rios do Oeste demonstra a nossa capacidade de produzir
pesquisa e desenvolvimento de qualidade na área”, disse, afirmando que a missão
do parque tecnológico é promover o desenvolvimento sustentável da região. “A
sensação de missão cumprida, mas com muito mais trabalho para o futuro”,
projetou.
Um dos 18 produtores que
integra a iniciativa, Claudinei Jardel Stein, demonstrou alegria pela
eficiência que o projeto vem sendo desenvolvido, mas disse que os produtores
sabem do compromisso que assumiram com a cultura do biogás. “Não somos mais
poluidores e o biogás vai se tornar outra fonte de renda”, analisou.
Projeto P&D
O projeto, denominado
“Arranjo técnico e comercial de geração distribuída de energia elétrica a
partir do biogás de biomassa residual da suinocultura em propriedades rurais no
município”, é resultado de uma chamada pública de 2012 da Aneel.
Segundo Itaipu, a execução
teve duração de 36 meses e um investimento total de R$ 17 milhões, custeado
pela Copel, como parte do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da
Agência. O PTI teve papel preponderante desde o início, a partir da análise e
adaptação das tecnologias para a geração de energia a partir do biocombustível.
A
equipe de Infraestruturas e Obras do parque ficou responsável pela elaboração
do projeto e implantação da minicentral termoelétrica. Por meio do Laboratório
de Automação e Simulação de Sistemas Elétricos (Lasse), foi feita a análise dos
impactos do empreendimento na rede elétrica e desenvolvido um sistema de
monitoramento para garantir a eficiência do projeto, que avalia aspectos como
pressão, vazão e temperatura do gás gerado a partir dos dejetos dos suínos.
O PTI também fez o mapeamento
dos locais mais adequados no Paraná para geração de energia elétrica produzida
a partir do biogás, que vai servir de base para que outras regiões possam
replicar o modelo de Entre Rios do Oeste e criar seus próprios arranjos.
(canalenergia)
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