Em junho, 34 ônibus elétricos
entraram em circulação, um crescimento de 278% em comparação com o mesmo mês do
ano anterior (9 veículos). Esses números refletem o avanço da eletromobilidade
no transporte público, impulsionado por políticas públicas, ampliação da oferta
de modelos e maior comprometimento de gestores municipais com descarbonização.
Mercado de São Paulo
São Paulo é o epicentro da
revolução elétrica no transporte público brasileiro. Dos 306 ônibus elétricos
emplacados no primeiro semestre, 275 estão em operação na capital paulista, o
que equivale a 90% do total nacional. Os dados evidenciam que a adoção de
ônibus de emissão zero deixou de ser apenas uma tendência para se consolidar
como política pública, sustentada por legislação específica e forte engajamento
municipal.
A transição para ônibus
elétricos em São Paulo começou na gestão do então prefeito João Doria, quando
entrou em vigor a Lei Municipal nº 16.802/2018. Esta lei fixou um prazo de 20
anos, até 2038, para a emissão zero de gás carbônico (CO2) da frota
paulistana de ônibus, mais redução de 95% de material particulado (MP) e de 95%
de óxidos de nitrogênio (NOx).
Ao mesmo tempo, abriu uma
licitação para renovar os contratos com as empresas de ônibus com base em metas
anuais compulsórias de descarbonização das frotas, conforme a nova lei.
A implementação efetiva
começou em 2019, com testes e contratos de operação com as concessionárias, já
na gestão Bruno Covas. O maior avanço ocorreu a partir de outubro de 2022, com
a decisão do atual prefeito Ricardo Nunes de proibir a entrada de novos ônibus
a diesel no sistema de transporte paulistano, impulsionando a eletrificação das
frotas.
Desde então, a cidade vem
incorporando dezenas de ônibus elétricos ao transporte público anualmente,
consolidando-se como referência nacional em mobilidade urbana sustentável. São
Paulo já tinha experiência em transporte elétrico desde 1949, quando lançou a
primeira rede de trólebus da América Latina. Hoje, tem 201 trólebus em
operação.
Além disso, em 2009, o então
prefeito Gilberto Kassab lançou uma pioneira Lei de Mudança do Clima (Lei
14.933) que, já naquela época, fixava um prazo de dez anos para a total
descarbonização das frotas de ônibus. Por vários motivos, a lei não foi
aplicada, o que obrigou à reprogramação dos prazos e a edição da nova Lei
16.802, em janeiro de 2018.
Outras cidades
Outras cidades do Estado de
São Paulo também avançam no processo de transição de suas frotas no primeiro
semestre de 2025, como São Bernardo do Campo (11 ônibus elétricos), Ribeirão
Preto (4), Campinas (2) e Barueri (1), reforçando a liderança paulista em nível
regional.
Nos outros Estados, embora as
maiores capitais concentrem grandes frotas de ônibus coletivos, a participação
de veículos elétricos ainda é baixa em relação ao total. São Paulo lidera a eletrificação
do transporte público com ampla vantagem, seguida por algumas capitais do
Centro-Oeste e Nordeste.
A transição vem sendo acelerada por legislações locais e iniciativas federais, como o PAC Cidades, que oferece financiamento e incentiva a produção nacional de tecnologias limpas. Ainda assim, a expansão é desigual, com entraves de financiamento, infraestrutura e planejamento em diversas regiões.
Municípios que emplacaram ônibus elétricos no 1º semestre de 2025:
- São Paulo/SP: 275
- São Bernardo do Campo/SP: 11
- Resende/RJ: 4
- Ribeirão Preto/SP: 4
- Salvador/BA: 3
- Goiânia/GO: 3
- Campinas/SP: 2
- Taboão da Serra/SP: 2
- Cariacica/ES: 1
- Barueri/SP: 1
Capitais com as maiores
frotas de ônibus:
- São Paulo (SP): 15.000
- Goiânia (GO): 3.000
- Brasília (DF): 2.967
- Belo Horizonte (MG): 2.874
- Recife (PE): 2.800
Fabricantes de ônibus
Atualmente, 10 fabricantes
atuam nesse segmento no Brasil: Ankai, BYD, Eletra, Higer, Induscar, Yutong,
Mercedes-Benz, Marcopolo, Volvo e VW Truck & Bus, com um portfólio de 28
modelos diferentes. No primeiro semestre de 2025, sete fabricantes foram
responsáveis pela comercialização dos 306 ônibus elétricos no país. O destaque
fica para a Eletra e BYD que são responsáveis por 65,3% das vendas do período, sendo
34,3% e 31%, respectivamente.
Vendas por fabricantes no 1º
semestre de 2025:
- Eletra: 105 (34,3%)
- BYD: 95 (31,0%)
- Mercedez Benz: 70 (22,8%)
- Induscar: 15 (4,9%)
- Higer: 11 (3,6%)
- Ankai: 6 (1,9%)
- VW Truck & Bus: 4
(1,3%)
Os números do primeiro semestre indicam que alguns fabricantes tradicionais do setor de ônibus, como Marcopolo e Volvo, não registraram vendas de modelos elétricos no país. Essa ausência não sinaliza necessariamente um desinteresse ou recuo das empresas no segmento de eletromobilidade. Ela pode ser explicada pela própria dinâmica mais complexa do mercado de ônibus elétricos, que envolve processos de licitação pública.
A comercialização desse tipo de veículo costuma ocorrer em lotes maiores, vinculados a contratos firmados com prefeituras e operadores de transporte coletivo, o que pode resultar em períodos mais longos de ausência de entregas. A Marcopolo, por exemplo, entregou em julho (portanto, fora do primeiro semestre) 95 ônibus a uma operadora da cidade de São Paulo. (pv-magazine-brasil)
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