Qual o sistema de regulação do emergente mercado mundial de etanol e biocombustíveis é a principal pergunta de autoridades publicas e privadas em todos os continentes. É necessário um novo aparato regulatório para o biodiesel do futuro. Todos os mercados são direta ou indiretamente regulados pelo Estado. Na Europa e no Japão, o preço do petróleo foi mantido alto para preservar a malha ferroviária instalada. Nos Estados Unidos, os oligopólios das sete grandes empresas exploradoras do petróleo mantiveram os preços dos derivados baixos e as ferrovias perderam espaço para os transportes rodoviários.
Para este pesquisador no Brasil, o preço do petróleo foi mantido alto o suficiente para dar lucro excepcional a Petrobrás, que investiu pesadamente na busca da auto-suficiência. No Brasil, o álcool é barato porque, no distribuidor final, o preço da gasolina é onerado por quase 50% de impostos. Sem esta tarifa o álcool brasileiro não seria competitivo e como na esmagadora maioria dos outros países onde é produzido necessitaria de subsídios. Nos Estados Unidos o preço da gasolina é baixo. O álcool brasileiro não consegue entrar, nem conseguirá ser exportado para aquele país, porque àquele país possui visão estratégica acerca de sua autonomia e possibilidades energéticas. Mesmo que as atuais elevadas taxas sobre o etanol e os demais biocombustíveis importados para suprir seu mercado fossem diminuídas, o álcool brasileiro seria competitivo com o álcool americano devido a sua onerosa produção a partir da cultura do milho, mas não competiria com a gasolina que possui um nível de tributação comparativamente baixo.
Além do grande mercado consumidor de energia dos Estados Unidos, por pressões ambientais haverá substituição do MTBE por etanol em níveis em torno de 7% a 10%. Porém, para que os biocombustíveis causem uma grande revolução, os países produtores desta nova fonte de energia renovável não devem produzi-la para misturá-la com as energias fósseis, mas sim deveriam substituí-las. A melhor estratégia para o Brasil é desenvolver um mercado para os carros flex; isto é, vender carro e combustível para países pequenos criando pouco a pouco demanda para sua produção de tecnologia e combustíveis renováveis. Para os países de maior porte, essa estratégia não funcionaria, pois os Estados Unidos não irão abrir seu mercado. O Japão e União Européia também não abrirão, a menos que tenham fortes garantias de fornecimento em grande escala.
Os mercados agrícolas, principalmente dos países desenvolvidos, têm sido os mais protegidos por barreiras tarifárias e alfandegárias. Impasses nas negociações da Rodada de Doha têm se caracterizado pelas resistências dos países centrais em liberalizar seus mercados agrícolas. Baseado na experiência brasileira de desenvolvimento da produção de etanol discute suas vantagens e demanda a abertura dos mercados para o etanol brasileiro. Subsídios aos combustíveis fósseis, subsídios agrícolas e outras externalidades encobrem o foco central da discussão sobre os biocombustíveis, que é a rápida melhoria da curva de aprendizagem por meio do comércio internacional liberalizado e da exploração total do potencial produtivo de biocombustíveis nos países em desenvolvimento.
Apesar das resistências na liberalização do comércio internacional, dos problemas técnicos de classificação dos biocombustíveis como sendo um produto agrícola ou uma commodity energética como desde 2006 o governo brasileiro vem demandando, não existe certeza de que os mercados americano, europeu e japonês permanecerão sempre fechados para os biocombustíveis brasileiros. Aos lobbies protecionistas da agricultura, se contrapõem lobbies igualmente poderosos, que não querem se sujeitar ao preço interno elevado do milho nos EUA e do óleo de colza/canola na União Européia. Para ele, há enorme espaço para o Brasil aumentar a sua presença nos grandes países consumidores de energias fósseis, cujo mercado potencial para combustíveis renováveis é enorme.
Qualquer pequena abertura comercial nos mercados centrais pode representar um aumento expressivo da demanda por biocombustíveis uma vez que toda a atual produção brasileira de álcool representa um volume equivalente a apenas 2% de substituição de gasolina nos Estados Unidos. A imagem do Brasil está associada à sustentabilidade econômica, social e ambiental do setor de renováveis. Se o Brasil não for ecologicamente correto, pode enfrentar barreiras nos grandes mercados. Isso aponta para a necessidade de mecanização da colheita da cana de açúcar e para a intensificação do uso da terra pela pecuária, com crescimento vertical (e não horizontal) da produção. A contrapartida de curto prazo é que a colheita manual da cana de açúcar emprega hoje 250 mil trabalhadores, que podem ficar sem o emprego.
Ao problema do desemprego rural soma-se o temor da cana utilizada para a produção de etanol invadir áreas de produção de grãos que compõem a dieta das populações mais pobres do planeta. É errado temer a monocultura de cana de açúcar. Dados censitários mostram justamente o contrário: uma diversificação do uso da terra graças ao incremento tecnológico nos últimos sessenta anos. Para ele também é falso o dilema alimentos versus energia uma vez que o Brasil poderia suprir toda a demanda de etanol dos Estados Unidos, de 38,6 milhões de m3 e da UE, mais 11,4 milhões de m3, em 2010, com apenas 22 milhões de hectares de cultivo da cana de açúcar. O país utilizaria somente 6,5% da sua área agrícola ou 11% da área disponível em pastagens. Ele acredita que se as mais eficientes plantas brasileiras para produção de etanol tivessem espaço no mercado mundial, a discussão seria "alimento + combustíveis" além de se discutir o enorme potencial da bioeletricidade de origem vegetal e as certificações que atestem a sua sustentabilidade.
Essas preocupações também são consideradas por Homem de Melo, ao evidenciar que a demanda mundial por biocombustíveis exerce forte pressão nos preços dos produtos agrícolas destinados a sua produção. O ano de 2007 marca a transição de um período de crise (2005/2006) para um de crescimento na agricultura brasileira devido à nova demanda de fontes de bioenergia que até então não existia. Suas projeções mostram que nunca houve na história da agricultura brasileira época como a atual onde a produção de grãos é maior em uma menor área cultivada evidenciando claros aumentos de produtividade. Ressalta, porém, com base em dados do International Food Policy Research Institute (Ifpri) que os preços de alguns produtos que compõe a dieta alimentar das populações mais pobres estão duplicando seus preços em apenas 3 anos.
O aumento da produtividade agrícola é promissor para os agricultores e consumidores, mas o mesmo não é verdade quando os preços sobem de forma acelerada. Segundo Homem de Melo, os mais pobres gastam de 50% a 80% de sua renda na compra de alimentos e o consumo calórico cai 0,5% a cada aumento de 1% no preço. Ele indica ainda que o aumento de pessoas em situação de insegurança alimentar no Brasil pode subir em 16 milhões de habitantes para cada 1% de elevação nos preços da cesta básica. E, dando eco às apreensões expressas no artigo de Runge e Senauer, anteriormente mencionados, aponta para o fato de se essa alta for contínua, em 2025 o mundo poderá ter 1,2 bilhões de pessoas em estado de fome crônica: 600 milhões a mais do que é previsto atualmente. Potenciais ganhos de produtividade e aumentos de preços seguiram balizando o debate sobre "alimentos versus combustíveis" ou "alimentos mais combustíveis" no contexto mundial, asiático e latino-americano.
O entendimento vem com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. Aprendizagem, conhecimento e sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança em agregar novos valores aos já existentes.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
A produção mundial de etanol e biodiesel
Não existe tema mais universal que a questão dos recursos energéticos. É consenso entre estudiosos, autoridades, empresários e consumidores que o contínuo suprimento de energia pode propiciar um maior crescimento econômico e melhor qualidade de vida. Na maior parte dos trabalhos acadêmicos e relatórios governamentais a energia é relacionada à segurança nacional e a estabilidade econômica global. O crescimento da demanda por energia tem pressionado o desenvolvimento de sistemas e tecnologias mais eficientes e a diversificação de fontes de suprimento, especialmente de energias limpas e renováveis. Às tradicionais fontes energéticas de carvão, petróleo e gás gradativamente somam-se outras como a nuclear, a elétrica, a eólica e a dos biocombustíveis.
Além de melhores tecnologias e sistemas de geração energética são crescentes também as preocupações com a infra-estrutura de distribuição e regulamentação comercial das novas descobertas e do crescente aumento da demanda e oferta de novas soluções energéticas. Grande parte do aumento da demanda energética está atrelada à expansão econômica da China e da Índia. Estes dois países vêm desenvolvendo suas economias de forma mais acentuada que os demais e tornaram-se grandes consumidores de energia. Seus processos de desenvolvimento econômico somam-se às pressões para a busca de energias substitutas ao petróleo e, nesse sentido, os biocombustíveis na forma de etanol e de biodiesel vêm despertando o interesse de todos os agentes econômicos. Várias políticas governamentais, como relacionado no item seguinte, vêm incentivando sua maior presença na matriz energética de diferentes países.
No maior consumidor energético do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, o ex-presidente Bush estava demandando uma redução de 20% do consumo de gasolina nos próximos 10 anos e o Senado daquele país, por sua vez, tem legislado em favor da produção de biocombustíveis, especialmente do etanol produzido a partir do milho. De acordo com o Institute for 21st Century Energy e variados artigos acadêmicos e jornalísticos, o combustível de etanol (etil álcool) resulta da fermentação e destilação de açucares derivados de várias plantas como o milho e a cana de açúcar, sendo o cultivo desta última comum na faixa tropical do mundo onde o Brasil se destaca como grande produtor. Tradicionalmente o etanol é produzido em praticamente todos os países, não como combustível, mas como o principal componente das bebidas alcoólicas.
Como combustível, é empregado na mistura com a gasolina, sendo comum adicionar E10 (10% de etanol em 90% de gasolina). Na sua forma pura, E100 (100% etanol), é utilizado principalmente no Brasil de forma crescente desde os anos 70. Nos Estados Unidos, com base na cultura do milho, o estado de Iowa, secundado por Illinois, Minnesota, Nebraska e South Dakota, produz aproximadamente 75% do etanol do país. No Brasil, o fenômeno da concentração produtiva, com base na cultura da cana de açúcar, se repete sendo o estado de São Paulo o maior produtor (58%), seguido pelos estados do Paraná, Minas Gerais, Alagoas e Pernambuco. A Índia segue sendo o maior produtor de cana de açúcar do mundo, mas sua utilização como biocombustível ainda é pequena se contrastada com a produção brasileira.
Nos Estados Unidos, a mistura do etanol na gasolina representou em 2006 aproximadamente 3,6% de seu consumo total, ou seja, cinco bilhões de galões. No mesmo ano, segundo o Institute for 21st Century Energy existiam 120 refinarias em funcionamento e outras 80 estavam sendo construídas visando alcançar uma expansão adicional de sete bilhões de galões. O Energy Policy Act de 2005 estabeleceu o requisito nacional de utilização de 7,5 bilhões de galões de combustíveis renováveis até 2012 sendo que a maior parte deles será de etanol. Em 2007, em sua fala à nação, o Presidente Bush indicou a necessidade de o país utilizar 35 bilhões de galões de combustíveis renováveis até 2017. Nesse caso toda a atual produção de milho do país seria utilizada para a produção de etanol.
Ao longo de três décadas o Brasil liderou a produção de etanol combustível perdendo sua posição para os Estados Unidos após a compulsoriedade de sua utilização exigida pelo Energy Policy Act de 2005. Antes desta lei, segundo Swanson, Madden e Ghio4 o estabelecimento do American Jobs Creation Act em 2004 foi um marco na produção de biocombustíveis nos Estados Unidos. No centro dessa lei encontra-se a provisão de incentivos que permitem aos distribuidores de biodiesel receber créditos tributários que levaram segundo os autores a um crescimento de 300% da produção somente no ano de 2005. Medidas de incentivo à produção de etanol adotada pelos Estados Unidos ou outros países têm contribuído para uma vertiginosa expansão da produção mundial de etanol.
Na maioria dos países produtores de etanol combustível e em relatórios de agências oficiais como o The Global Biofuels Outlook 2007 os proponentes da expansão da produção argumentam que o mesmo possibilita uma maior diversidade da matriz energética e maior independência das fontes de energias fósseis. Argumentam que seu uso reduz a poluição e que propiciaria um maior desenvolvimento de regiões agrícolas. Uma maior utilização do etanol contribuiria para a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. A National Corn Growers Association, informa que 4,9 bilhões de galões de etanol combustível consumidos em 2006 reduziram 8 milhões de toneladas de emissões de CO2, equivale a remover 1,2 milhões de veículos das estradas.
Parte considerável da literatura sobre a expansão da produção de biocombustíveis ressalta vários aspectos negativos da mesma. O principal deles é o aumento dos preços dos produtos agrícolas e o seu impacto na alimentação da parcela mais pobre da população mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, o preço do milho no mercado de futuros cresceu de US$ 2,50 ao bushel (um bushel corresponde a 2,2 sacas de 60 quilos) em setembro de 2006 para US$ 4,16 por bushel em janeiro de 2007. O aumento nos preços dos produtos utilizados para a produção de etanol e biodiesel provoca um deslocamento da produção agrícola de outras culturas ou mesmo de suas funções originais ocasionando elevações de preços em outros produtos e indiretamente na produção animal.
Estudiosos e organizações não governamentais chamam a atenção para a limitada poupança de energia e de ganhos ambientais com a expansão da produção dos biocombustíveis. O impacto pode até mesmo ser negativo, pois o cultivo em larga escala de vegetais para a produção de bioenergia requer grandes quantidades de água, fertilizantes e pesticidas. Se o manejo não for adequado o plantio extensivo e intensivo pode também degradar o solo e destruir ecossistemas. Outro aspecto negativo e que gradativamente vem sendo superado pelos avanços tecnológicos é a baixa taxa de retorno energético de algumas plantas utilizadas no processo de produção de etanol e biodiesel. Enquanto o etanol de cana-de-açúcar possui uma taxa de aproximadamente 8 e o biodiesel de óleo de dendê aproximadamente 9, o etanol de milho apresenta uma taxa de retorno energética de 1,5 e 3 para o biodiesel de soja.
Nos cálculos das taxas de retorno energético dos biocombustíveis o rendimento das diferentes culturas por hectare de terra cultivada é uma das variáveis mais importantes. Fulton et al, contrastaram o rendimento das culturas mais utilizadas para a produção de etanol com as utilizadas para o processamento de biodiesel. Dado o baixo rendimento por hectare de grande parte das culturas utilizadas na produção de biocombustíveis a necessidade de significativas extensões de terra agricultáveis é indispensável para seu cultivo. Desmatamentos, queimadas e utilização dos solos com base em critérios econômicos de curto prazo visando a um rápido aumento da produção dos biocombustíveis têm se apresentado urgentes desafios a serem controlados e superados.
Outro problema relacionado à produção em larga escala de biocombustíveis está associado a necessidade de expansão da infra-estrutura de produção e de distribuição. Em várias regiões o etanol e o biodiesel continuam sendo mais caros que os combustíveis fósseis sendo subsidiados direta ou indiretamente para viabilizar sua produção. Nos Estados Unidos, por exemplo, os produtores de etanol recebem subsídios diretos de US$ 0,51 por galão e na União Européia, segundo Jank et al. os subsídios indiretos, em 2004, foram da ordem de US$ 1,6 bilhão para os produtores de azeites e US$ 15 bilhões para os produtores de cereais.
Existem centenas de usinas produtoras de etanol combustível principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, ainda são poucas as que se dedicam à produção de biodiesel. O crescimento do número de usinas produtoras de biodiesel vem expandindo a taxas superiores as produtoras de etanol. Nos primeiros cinco anos deste século o número de usinas produtoras de etanol dobrou enquanto as produtoras de biodiesel, partindo de uma base menor, quadruplicaram. A produção mundial de biodiesel ainda é embrionária se comparada com a produção de etanol.
Ao longo de todo o século XX, o biodiesel sempre foi um potencial combustível e utilizado em pequena escala em várias experiências desenvolvidas em diferentes ocasiões históricas. Quando da invenção dos motores á combustão no início do século passado Rudolph Diesel já o empregava em seus experimentos e considerava viável sua utilização. Durante a Segunda Guerra Mundial e mais tarde quando das duas grandes crises do petróleo de 1973 e 1976 a utilização de biocombustíveis para transporte proliferaram e desde então o interesse em seu aproveitamento como substituto dos combustíveis fósseis tem sido crescente.
O biodiesel pode ser produzido a partir de óleos vegetais ou animais. Entre os vegetais mais comuns utilizados na produção desta renovável fonte energética encontra-se a canola, o girassol, a soja e o óleo de palma produzido em grande escala na Malásia e na Indonésia. A Alemanha em 2005 processou 1.920 milhões de litros é o maior produtor mundial de biodiesel extraído basicamente da beterraba. Naquele ano, a França, o segundo maior produtor, beneficiou 511 milhões e os Estados Unidos, 290 milhões. Embora a Malásia e a Indonésia sejam os maiores produtores do insumo de maior rendimento na produção de biodiesel seu processamento nesses dois países ainda encontra-se em fase experimental. Em 2005, Estados Unidos, União Européia e o Brasil foram responsáveis por 95% da produção mundial de biocombustíveis sendo na seqüência o Canadá, a China e a Índia os maiores produtores.
Além de melhores tecnologias e sistemas de geração energética são crescentes também as preocupações com a infra-estrutura de distribuição e regulamentação comercial das novas descobertas e do crescente aumento da demanda e oferta de novas soluções energéticas. Grande parte do aumento da demanda energética está atrelada à expansão econômica da China e da Índia. Estes dois países vêm desenvolvendo suas economias de forma mais acentuada que os demais e tornaram-se grandes consumidores de energia. Seus processos de desenvolvimento econômico somam-se às pressões para a busca de energias substitutas ao petróleo e, nesse sentido, os biocombustíveis na forma de etanol e de biodiesel vêm despertando o interesse de todos os agentes econômicos. Várias políticas governamentais, como relacionado no item seguinte, vêm incentivando sua maior presença na matriz energética de diferentes países.
No maior consumidor energético do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, o ex-presidente Bush estava demandando uma redução de 20% do consumo de gasolina nos próximos 10 anos e o Senado daquele país, por sua vez, tem legislado em favor da produção de biocombustíveis, especialmente do etanol produzido a partir do milho. De acordo com o Institute for 21st Century Energy e variados artigos acadêmicos e jornalísticos, o combustível de etanol (etil álcool) resulta da fermentação e destilação de açucares derivados de várias plantas como o milho e a cana de açúcar, sendo o cultivo desta última comum na faixa tropical do mundo onde o Brasil se destaca como grande produtor. Tradicionalmente o etanol é produzido em praticamente todos os países, não como combustível, mas como o principal componente das bebidas alcoólicas.
Como combustível, é empregado na mistura com a gasolina, sendo comum adicionar E10 (10% de etanol em 90% de gasolina). Na sua forma pura, E100 (100% etanol), é utilizado principalmente no Brasil de forma crescente desde os anos 70. Nos Estados Unidos, com base na cultura do milho, o estado de Iowa, secundado por Illinois, Minnesota, Nebraska e South Dakota, produz aproximadamente 75% do etanol do país. No Brasil, o fenômeno da concentração produtiva, com base na cultura da cana de açúcar, se repete sendo o estado de São Paulo o maior produtor (58%), seguido pelos estados do Paraná, Minas Gerais, Alagoas e Pernambuco. A Índia segue sendo o maior produtor de cana de açúcar do mundo, mas sua utilização como biocombustível ainda é pequena se contrastada com a produção brasileira.
Nos Estados Unidos, a mistura do etanol na gasolina representou em 2006 aproximadamente 3,6% de seu consumo total, ou seja, cinco bilhões de galões. No mesmo ano, segundo o Institute for 21st Century Energy existiam 120 refinarias em funcionamento e outras 80 estavam sendo construídas visando alcançar uma expansão adicional de sete bilhões de galões. O Energy Policy Act de 2005 estabeleceu o requisito nacional de utilização de 7,5 bilhões de galões de combustíveis renováveis até 2012 sendo que a maior parte deles será de etanol. Em 2007, em sua fala à nação, o Presidente Bush indicou a necessidade de o país utilizar 35 bilhões de galões de combustíveis renováveis até 2017. Nesse caso toda a atual produção de milho do país seria utilizada para a produção de etanol.
Ao longo de três décadas o Brasil liderou a produção de etanol combustível perdendo sua posição para os Estados Unidos após a compulsoriedade de sua utilização exigida pelo Energy Policy Act de 2005. Antes desta lei, segundo Swanson, Madden e Ghio4 o estabelecimento do American Jobs Creation Act em 2004 foi um marco na produção de biocombustíveis nos Estados Unidos. No centro dessa lei encontra-se a provisão de incentivos que permitem aos distribuidores de biodiesel receber créditos tributários que levaram segundo os autores a um crescimento de 300% da produção somente no ano de 2005. Medidas de incentivo à produção de etanol adotada pelos Estados Unidos ou outros países têm contribuído para uma vertiginosa expansão da produção mundial de etanol.
Na maioria dos países produtores de etanol combustível e em relatórios de agências oficiais como o The Global Biofuels Outlook 2007 os proponentes da expansão da produção argumentam que o mesmo possibilita uma maior diversidade da matriz energética e maior independência das fontes de energias fósseis. Argumentam que seu uso reduz a poluição e que propiciaria um maior desenvolvimento de regiões agrícolas. Uma maior utilização do etanol contribuiria para a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. A National Corn Growers Association, informa que 4,9 bilhões de galões de etanol combustível consumidos em 2006 reduziram 8 milhões de toneladas de emissões de CO2, equivale a remover 1,2 milhões de veículos das estradas.
Parte considerável da literatura sobre a expansão da produção de biocombustíveis ressalta vários aspectos negativos da mesma. O principal deles é o aumento dos preços dos produtos agrícolas e o seu impacto na alimentação da parcela mais pobre da população mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, o preço do milho no mercado de futuros cresceu de US$ 2,50 ao bushel (um bushel corresponde a 2,2 sacas de 60 quilos) em setembro de 2006 para US$ 4,16 por bushel em janeiro de 2007. O aumento nos preços dos produtos utilizados para a produção de etanol e biodiesel provoca um deslocamento da produção agrícola de outras culturas ou mesmo de suas funções originais ocasionando elevações de preços em outros produtos e indiretamente na produção animal.
Estudiosos e organizações não governamentais chamam a atenção para a limitada poupança de energia e de ganhos ambientais com a expansão da produção dos biocombustíveis. O impacto pode até mesmo ser negativo, pois o cultivo em larga escala de vegetais para a produção de bioenergia requer grandes quantidades de água, fertilizantes e pesticidas. Se o manejo não for adequado o plantio extensivo e intensivo pode também degradar o solo e destruir ecossistemas. Outro aspecto negativo e que gradativamente vem sendo superado pelos avanços tecnológicos é a baixa taxa de retorno energético de algumas plantas utilizadas no processo de produção de etanol e biodiesel. Enquanto o etanol de cana-de-açúcar possui uma taxa de aproximadamente 8 e o biodiesel de óleo de dendê aproximadamente 9, o etanol de milho apresenta uma taxa de retorno energética de 1,5 e 3 para o biodiesel de soja.
Nos cálculos das taxas de retorno energético dos biocombustíveis o rendimento das diferentes culturas por hectare de terra cultivada é uma das variáveis mais importantes. Fulton et al, contrastaram o rendimento das culturas mais utilizadas para a produção de etanol com as utilizadas para o processamento de biodiesel. Dado o baixo rendimento por hectare de grande parte das culturas utilizadas na produção de biocombustíveis a necessidade de significativas extensões de terra agricultáveis é indispensável para seu cultivo. Desmatamentos, queimadas e utilização dos solos com base em critérios econômicos de curto prazo visando a um rápido aumento da produção dos biocombustíveis têm se apresentado urgentes desafios a serem controlados e superados.
Outro problema relacionado à produção em larga escala de biocombustíveis está associado a necessidade de expansão da infra-estrutura de produção e de distribuição. Em várias regiões o etanol e o biodiesel continuam sendo mais caros que os combustíveis fósseis sendo subsidiados direta ou indiretamente para viabilizar sua produção. Nos Estados Unidos, por exemplo, os produtores de etanol recebem subsídios diretos de US$ 0,51 por galão e na União Européia, segundo Jank et al. os subsídios indiretos, em 2004, foram da ordem de US$ 1,6 bilhão para os produtores de azeites e US$ 15 bilhões para os produtores de cereais.
Existem centenas de usinas produtoras de etanol combustível principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, ainda são poucas as que se dedicam à produção de biodiesel. O crescimento do número de usinas produtoras de biodiesel vem expandindo a taxas superiores as produtoras de etanol. Nos primeiros cinco anos deste século o número de usinas produtoras de etanol dobrou enquanto as produtoras de biodiesel, partindo de uma base menor, quadruplicaram. A produção mundial de biodiesel ainda é embrionária se comparada com a produção de etanol.
Ao longo de todo o século XX, o biodiesel sempre foi um potencial combustível e utilizado em pequena escala em várias experiências desenvolvidas em diferentes ocasiões históricas. Quando da invenção dos motores á combustão no início do século passado Rudolph Diesel já o empregava em seus experimentos e considerava viável sua utilização. Durante a Segunda Guerra Mundial e mais tarde quando das duas grandes crises do petróleo de 1973 e 1976 a utilização de biocombustíveis para transporte proliferaram e desde então o interesse em seu aproveitamento como substituto dos combustíveis fósseis tem sido crescente.
O biodiesel pode ser produzido a partir de óleos vegetais ou animais. Entre os vegetais mais comuns utilizados na produção desta renovável fonte energética encontra-se a canola, o girassol, a soja e o óleo de palma produzido em grande escala na Malásia e na Indonésia. A Alemanha em 2005 processou 1.920 milhões de litros é o maior produtor mundial de biodiesel extraído basicamente da beterraba. Naquele ano, a França, o segundo maior produtor, beneficiou 511 milhões e os Estados Unidos, 290 milhões. Embora a Malásia e a Indonésia sejam os maiores produtores do insumo de maior rendimento na produção de biodiesel seu processamento nesses dois países ainda encontra-se em fase experimental. Em 2005, Estados Unidos, União Européia e o Brasil foram responsáveis por 95% da produção mundial de biocombustíveis sendo na seqüência o Canadá, a China e a Índia os maiores produtores.
domingo, 26 de abril de 2009
Etanol e biodiesel como recursos energéticos alternativos: perspectivas da América Latina e da Ásia
Em 1975 o governo brasileiro deu início ao Programa Brasileiro de Etanol, o Proálcool. O programa consistia em desenvolver o uso do etanol ou do etil álcool como combustível. Ele podia ser utilizado para substituir o methyl tert-butyl ether (MTBE) da gasolina ou utilizado na forma pura como combustível de veículos automotores. De 1975 a 2000, foram produzidos aproximadamente 5,6 milhões de automóveis com motores a álcool. Além dos automóveis a álcool em menos de um quarto de século o governo aprovou a mistura de etanol na gasolina de 1,1% a 25% em cada litro de combustível. O aspecto positivo dessa mistura foi evitar a emissão de 110 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera e a importação de 550 milhões de barris de petróleo, equivalentes a US$ 11,5 bilhões.
O Proálcool não foi a única tentativa brasileira de desenvolver combustíveis renováveis, tendo estes esforços se iniciado ainda nos anos 20 e impulsionados durante a II Guerra Mundial em função do risco de interrupção da importação de petróleo. Em 1975 o governo criou, mas não programou o Proóleo - Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos transformando-o em programa em 1983, quando dá início ao Programa Nacional de Óleos Vegetais para Produção de Energia, também chamado de Proóleo. O foco deste programa foi o desenvolvimento e a produção de biodiesel a partir de algodão, babaçu, resíduos, palma, algodão, canola, girassol, nabo forrageiro, mamona, soja e gordura animal para misturá-lo ao diesel. Os esforços foram descontinuados em 1985 devido à redução dos preços do petróleo e retomados em 2003, com Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).
Os esforços de investigação de novas formas de energia alternativa têm sido orientados pelo aumento da demanda por biocombustíveis que ser caracteriza por: a) aumentos contínuos do preço do petróleo que hoje é a principal fonte primária de energia e devido a sua crescente utilização tem causado o encarecimento das matrizes energéticas de várias nações dependentes da commodity, desencadeando sérios desequilíbrios em suas balanças comerciais; b) benefícios que a expansão da utilização dos biocombustíveis pode trazer para o setor agrícola por meio da implantação de projetos específicos para fins energéticos com o objetivo de promover o desenvolvimento regional sustentável; e, c) redução das emissões de gás carbônico que além do benefício em si poderá ser fonte de ganhos no mercado de carbono uma vez que a parcela de gases não emitidos por um país poderá ser comercializada na forma de créditos a outro participante interessado em não reduzir suas emissões.
Pressionados por esses fenômenos diferentes países procuram participar no novo e potencial mercado de energias alternativas ao petróleo. Nesse mercado ainda em formação, os países latino-americanos são vistos como potenciais fornecedores de etanol e biocombustíveis, enquanto as economias asiáticas, devido ao grande crescimento econômico e carência de recursos energéticos para mantê-lo, são vistas como grandes consumidores. Quais são as principais perspectivas latinas americanas e asiáticas sobre o desenvolvimento do mercado de biocombustíveis como fonte alternativa de energia?
Buscando responder a essa questão o texto segue apresentando a evolução da produção mundial de biocombustíveis, os principais produtos e produtores e alguns pontos positivos e negativos do desenvolvimento dessa nova indústria em escala global. Relata perspectivas de alguns especialistas sobre como a indústria vem se estruturando e como os países latino-americanos e asiáticos inserir-se-ão de forma competitiva nesse potencial novo mercado.
O Proálcool não foi a única tentativa brasileira de desenvolver combustíveis renováveis, tendo estes esforços se iniciado ainda nos anos 20 e impulsionados durante a II Guerra Mundial em função do risco de interrupção da importação de petróleo. Em 1975 o governo criou, mas não programou o Proóleo - Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos transformando-o em programa em 1983, quando dá início ao Programa Nacional de Óleos Vegetais para Produção de Energia, também chamado de Proóleo. O foco deste programa foi o desenvolvimento e a produção de biodiesel a partir de algodão, babaçu, resíduos, palma, algodão, canola, girassol, nabo forrageiro, mamona, soja e gordura animal para misturá-lo ao diesel. Os esforços foram descontinuados em 1985 devido à redução dos preços do petróleo e retomados em 2003, com Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).
Os esforços de investigação de novas formas de energia alternativa têm sido orientados pelo aumento da demanda por biocombustíveis que ser caracteriza por: a) aumentos contínuos do preço do petróleo que hoje é a principal fonte primária de energia e devido a sua crescente utilização tem causado o encarecimento das matrizes energéticas de várias nações dependentes da commodity, desencadeando sérios desequilíbrios em suas balanças comerciais; b) benefícios que a expansão da utilização dos biocombustíveis pode trazer para o setor agrícola por meio da implantação de projetos específicos para fins energéticos com o objetivo de promover o desenvolvimento regional sustentável; e, c) redução das emissões de gás carbônico que além do benefício em si poderá ser fonte de ganhos no mercado de carbono uma vez que a parcela de gases não emitidos por um país poderá ser comercializada na forma de créditos a outro participante interessado em não reduzir suas emissões.
Pressionados por esses fenômenos diferentes países procuram participar no novo e potencial mercado de energias alternativas ao petróleo. Nesse mercado ainda em formação, os países latino-americanos são vistos como potenciais fornecedores de etanol e biocombustíveis, enquanto as economias asiáticas, devido ao grande crescimento econômico e carência de recursos energéticos para mantê-lo, são vistas como grandes consumidores. Quais são as principais perspectivas latinas americanas e asiáticas sobre o desenvolvimento do mercado de biocombustíveis como fonte alternativa de energia?
Buscando responder a essa questão o texto segue apresentando a evolução da produção mundial de biocombustíveis, os principais produtos e produtores e alguns pontos positivos e negativos do desenvolvimento dessa nova indústria em escala global. Relata perspectivas de alguns especialistas sobre como a indústria vem se estruturando e como os países latino-americanos e asiáticos inserir-se-ão de forma competitiva nesse potencial novo mercado.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Tecnologia reduz resíduo do etanol
Pesquisadores da academia e da iniciativa privada descobriram uma maneira de reduzir pela metade a quantidade de vinhaça resultante da produção de etanol. A vinhaça é o principal resíduo da indústria da cana - uma mistura de água com matéria orgânica e sais que não pode ser despejada nos rios.
A solução desenvolvida pelos cientistas foi duplicar o teor alcoólico dos tanques de fermentação, o que permite produzir mais álcool (e menos vinhaça) de um mesmo volume de açúcar.
Hoje, a maioria das usinas trabalha com um teor alcoólico de 8% nos tanques. Mais do que isso e as leveduras responsáveis pela fermentação morrem intoxicadas no tanque. O resultado é que para cada 1 litro de álcool são produzidos até 12 litros de vinhaça.
Como a vinhaça é rica em potássio - e como a legislação proíbe o despejo no meio ambiente -, as usinas reaproveitam o líquido como adubo, que é lançado sobre as plantações de cana em sistemas de irrigação. O problema é que, como a quantidade de vinhaça é muito grande, o custo de dispersão no campo torna-se também muito alto. Para evitar esse custo, muitas empresas acabam lançando a vinhaça sobre áreas menores, mais próximas da usina. Isso causa uma concentração elevada do resíduo, que pode contaminar águas subterrâneas.
Pelo novo processo, o teor alcoólico da fermentação chega a 16%. Assim, é possível injetar um caldo de cana mais concentrado (com mais açúcar) nas dornas, sem matar as leveduras. O resultado final da fermentação é mais álcool e menos vinhaça no tanque.
O volume do resíduo cai pela metade - 6 litros de vinhaça por litro de álcool -, com o dobro da concentração de potássio. Assim, torna-se economicamente viável transportar e espalhar a vinhaça por uma área maior, com menos impacto sobre o meio ambiente.
"Em vez de dez caminhões, você precisa de cinco", resume Luiz Carlos Basso, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP). Ele é um dos cientistas parceiros da consultoria Fermentec, que financia e coordena a pesquisa.
Segundo o presidente da empresa, Henrique Amorim, a economia para a indústria - se todas as usinas do País adotassem a tecnologia - poderia passar de R$ 1 bilhão por ano, somadas as reduções de custo no setor agrícola (R$ 670 milhões) e industrial (R$ 425 milhões).
Como há menos água misturada ao álcool no final da fermentação, explica ele, as usinas gastam menos para evaporar o combustível e separar uma coisa da outra.
A principal adaptação para trabalhar com o teor alcoólico de 16% é o controle da temperatura de fermentação. Descobriu-se que a levedura tem um sinergismo com a temperatura. Para compensar o efeito do teor alcoólico maior, reduz-se a temperatura (de 33°C para 27°C). O processo requer a instalação de máquinas de resfriamento.
A pesquisa é feita há quatro anos em escala piloto na Usina da Pedra, em Serrana (SP). Mais três cientistas da USP e da Universidade Federal de Santa Catarina participam do projeto. O processo não pôde ser patenteado, segundo Amorim, porque já foi apresentado em uma reunião aberta em 2008.
Leveduras: fungos microscópicos unicelulares que fermentam o açúcar presente no caldo da cana e secreta álcool como subproduto desse metabolismo; diferentes raças são usadas na fermentação de outros produtos, como pães e vinhos. Para fermentar 500 mil litros de caldo de cana são necessárias 50 toneladas de levedura.
Vinhaça: também chamada de vinhoto, é a água que sobra da fermentação, depois que o álcool é separado por evaporação (cerca de 70% do caldo da cana é água e 30%, açúcar). É um líquido rico em sais, como cálcio e potássio, que podem ser usados como adubo irrigado nos plantios de cana.
A solução desenvolvida pelos cientistas foi duplicar o teor alcoólico dos tanques de fermentação, o que permite produzir mais álcool (e menos vinhaça) de um mesmo volume de açúcar.
Hoje, a maioria das usinas trabalha com um teor alcoólico de 8% nos tanques. Mais do que isso e as leveduras responsáveis pela fermentação morrem intoxicadas no tanque. O resultado é que para cada 1 litro de álcool são produzidos até 12 litros de vinhaça.
Como a vinhaça é rica em potássio - e como a legislação proíbe o despejo no meio ambiente -, as usinas reaproveitam o líquido como adubo, que é lançado sobre as plantações de cana em sistemas de irrigação. O problema é que, como a quantidade de vinhaça é muito grande, o custo de dispersão no campo torna-se também muito alto. Para evitar esse custo, muitas empresas acabam lançando a vinhaça sobre áreas menores, mais próximas da usina. Isso causa uma concentração elevada do resíduo, que pode contaminar águas subterrâneas.
Pelo novo processo, o teor alcoólico da fermentação chega a 16%. Assim, é possível injetar um caldo de cana mais concentrado (com mais açúcar) nas dornas, sem matar as leveduras. O resultado final da fermentação é mais álcool e menos vinhaça no tanque.
O volume do resíduo cai pela metade - 6 litros de vinhaça por litro de álcool -, com o dobro da concentração de potássio. Assim, torna-se economicamente viável transportar e espalhar a vinhaça por uma área maior, com menos impacto sobre o meio ambiente.
"Em vez de dez caminhões, você precisa de cinco", resume Luiz Carlos Basso, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP). Ele é um dos cientistas parceiros da consultoria Fermentec, que financia e coordena a pesquisa.
Segundo o presidente da empresa, Henrique Amorim, a economia para a indústria - se todas as usinas do País adotassem a tecnologia - poderia passar de R$ 1 bilhão por ano, somadas as reduções de custo no setor agrícola (R$ 670 milhões) e industrial (R$ 425 milhões).
Como há menos água misturada ao álcool no final da fermentação, explica ele, as usinas gastam menos para evaporar o combustível e separar uma coisa da outra.
A principal adaptação para trabalhar com o teor alcoólico de 16% é o controle da temperatura de fermentação. Descobriu-se que a levedura tem um sinergismo com a temperatura. Para compensar o efeito do teor alcoólico maior, reduz-se a temperatura (de 33°C para 27°C). O processo requer a instalação de máquinas de resfriamento.
A pesquisa é feita há quatro anos em escala piloto na Usina da Pedra, em Serrana (SP). Mais três cientistas da USP e da Universidade Federal de Santa Catarina participam do projeto. O processo não pôde ser patenteado, segundo Amorim, porque já foi apresentado em uma reunião aberta em 2008.
Leveduras: fungos microscópicos unicelulares que fermentam o açúcar presente no caldo da cana e secreta álcool como subproduto desse metabolismo; diferentes raças são usadas na fermentação de outros produtos, como pães e vinhos. Para fermentar 500 mil litros de caldo de cana são necessárias 50 toneladas de levedura.
Vinhaça: também chamada de vinhoto, é a água que sobra da fermentação, depois que o álcool é separado por evaporação (cerca de 70% do caldo da cana é água e 30%, açúcar). É um líquido rico em sais, como cálcio e potássio, que podem ser usados como adubo irrigado nos plantios de cana.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Álcool: solução para o passado, presente e futuro
Numa entrevista ao jornal The New York Times, publicada em 1925, Henry Ford já profetizava: "o álcool é o combustível do futuro". Demoram 50 anos, embalados por duas graves crises no abastecimento de petróleo, para que um país adotasse o conselho de um dos pioneiros da indústria automobilística e voltasse seus esforços para a criação de uma alternativa energética aos derivados fósseis. Por ironia, a solução veio, há 28 anos, de um país em desenvolvimento, que implantou um programa de álcool com o propósito de garantir sua segurança energética, iniciando uma verdadeira revolução no setor de combustíveis. Essa honra coube ao Brasil.
O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) começou tímido, com a proposta de aumentar a mistura de álcool na gasolina, ganhou corpo com os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, impulsionando a produção nacional de tal forma que, em meados da década de 80, os veículos movidos exclusivamente ao combustível renovável respondiam por mais de 70% das vendas de carros novos. O mesmo governo que levou o álcool ao seu auge, também provocou a derrocada na década seguinte. A queda nos preços internacionais do petróleo fez com que o governo revisse a sua estratégia, e abandonasse o Proálcool à própria sorte. Em uma década, as vendas de veículos a álcool se tornaram irrisórias e o setor só não quebrou de vez por conta da abertura das exportações de açúcar e da manutenção da mistura de álcool anidro na gasolina.
Mas o mundo dá voltas, e o que antes era tido como um anacronismo de outras décadas se tornou, no século XXI, uma grande oportunidade de negócios para o País. A principal matriz energética mundial continua a mesma, o petróleo, mas as preocupações mudaram, principalmente em relação ao meio ambiente, principalmente às mudanças do clima. O consenso da comunidade científica em relação ao aquecimento do planeta, devido ao aumento das emissões de poluentes provenientes da queima de combustíveis fósseis, reacendeu o interesse sobre os biocombustíveis.
Neste contexto, temos a oportunidade real de nos tornarmos o maior exportador de combustíveis renováveis do mundo. Países em desenvolvimento, como Índia, China e Tailândia, encontram-se em estágios variados em seus programas de mistura de álcool na gasolina para reduzir a poluição. Essa questão também preocupa dirigentes de países do Primeiro Mundo, como os do bloco europeu e o Japão, compromissados com a redução dos gases causadores do efeito estufa, conforme consta no Protocolo de Kyoto, sendo clientes potenciais do álcool brasileiro.
Sem a interferência do governo desde a década de 90, o setor produtivo de açúcar e álcool passou por uma reestruturação e soube atender às necessidades de consumo, garantindo o abastecimento do mercado interno, que se voltou para o álcool como opção econômica à gasolina. Colaborou para essa retomada o recente lançamento dos veículos "flexíveis", que rodam a álcool, à gasolina e a qualquer mistura entre os dois - usando uma tecnologia desenvolvida no Brasil.
As pesquisas para mistura de álcool no diesel e o desenvolvimento do biodiesel também abrem novas perspectivas de mercado. Com a tendência de aumento das exportações de álcool para países que não produzem como o Japão, e com a demanda maior pelos veículos flexíveis vislumbramos que o céu é o limite.
No entanto, para que a retomada do álcool carburante se consolide, está mais que na hora de o governo definir marcos regulatório do setor de combustíveis. Afinal, sem normas claras, poderão surgir problemas de abastecimento e fortes oscilações de preços, como ocorre agora, o que desorganiza o setor produtivo, impede o crescimento sustentável e provoca prejuízos para o País. Um primeiro passo foi dado pelo governo paulista no ano passado, quando reduziu o ICMS do álcool hidratado de 25% para 12%, medida que acarretou aumentos na arrecadação e fez com que o preço do produto ficasse extremamente competitivo em relação a gasolina.
Mas ainda é pouco. Uma definição clara do papel do álcool na matriz energética brasileira, a eliminação das distorções tributárias, a prospecção e abertura de novos mercados devem ser metas a serem alcançadas não apenas em discursos, mas em ações claras, que possam fazer do combustível limpo e renovável um produto de aplicação mundial.
O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) começou tímido, com a proposta de aumentar a mistura de álcool na gasolina, ganhou corpo com os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, impulsionando a produção nacional de tal forma que, em meados da década de 80, os veículos movidos exclusivamente ao combustível renovável respondiam por mais de 70% das vendas de carros novos. O mesmo governo que levou o álcool ao seu auge, também provocou a derrocada na década seguinte. A queda nos preços internacionais do petróleo fez com que o governo revisse a sua estratégia, e abandonasse o Proálcool à própria sorte. Em uma década, as vendas de veículos a álcool se tornaram irrisórias e o setor só não quebrou de vez por conta da abertura das exportações de açúcar e da manutenção da mistura de álcool anidro na gasolina.
Mas o mundo dá voltas, e o que antes era tido como um anacronismo de outras décadas se tornou, no século XXI, uma grande oportunidade de negócios para o País. A principal matriz energética mundial continua a mesma, o petróleo, mas as preocupações mudaram, principalmente em relação ao meio ambiente, principalmente às mudanças do clima. O consenso da comunidade científica em relação ao aquecimento do planeta, devido ao aumento das emissões de poluentes provenientes da queima de combustíveis fósseis, reacendeu o interesse sobre os biocombustíveis.
Neste contexto, temos a oportunidade real de nos tornarmos o maior exportador de combustíveis renováveis do mundo. Países em desenvolvimento, como Índia, China e Tailândia, encontram-se em estágios variados em seus programas de mistura de álcool na gasolina para reduzir a poluição. Essa questão também preocupa dirigentes de países do Primeiro Mundo, como os do bloco europeu e o Japão, compromissados com a redução dos gases causadores do efeito estufa, conforme consta no Protocolo de Kyoto, sendo clientes potenciais do álcool brasileiro.
Sem a interferência do governo desde a década de 90, o setor produtivo de açúcar e álcool passou por uma reestruturação e soube atender às necessidades de consumo, garantindo o abastecimento do mercado interno, que se voltou para o álcool como opção econômica à gasolina. Colaborou para essa retomada o recente lançamento dos veículos "flexíveis", que rodam a álcool, à gasolina e a qualquer mistura entre os dois - usando uma tecnologia desenvolvida no Brasil.
As pesquisas para mistura de álcool no diesel e o desenvolvimento do biodiesel também abrem novas perspectivas de mercado. Com a tendência de aumento das exportações de álcool para países que não produzem como o Japão, e com a demanda maior pelos veículos flexíveis vislumbramos que o céu é o limite.
No entanto, para que a retomada do álcool carburante se consolide, está mais que na hora de o governo definir marcos regulatório do setor de combustíveis. Afinal, sem normas claras, poderão surgir problemas de abastecimento e fortes oscilações de preços, como ocorre agora, o que desorganiza o setor produtivo, impede o crescimento sustentável e provoca prejuízos para o País. Um primeiro passo foi dado pelo governo paulista no ano passado, quando reduziu o ICMS do álcool hidratado de 25% para 12%, medida que acarretou aumentos na arrecadação e fez com que o preço do produto ficasse extremamente competitivo em relação a gasolina.
Mas ainda é pouco. Uma definição clara do papel do álcool na matriz energética brasileira, a eliminação das distorções tributárias, a prospecção e abertura de novos mercados devem ser metas a serem alcançadas não apenas em discursos, mas em ações claras, que possam fazer do combustível limpo e renovável um produto de aplicação mundial.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
O mundo se prepara para a nova era dos combustíveis renovados
A expressiva disponibilidade de água doce e grandes extensões de terras ainda não utilizadas é o que torna o Brasil um País sem competidores na nova era que se inicia para a humanidade.
O temor em relação ao fim da era dos combustíveis fósseis e de débâcle da energia nuclear acaba de ser confirmada pela realização do Fórum Mundial em Bonn, promovido pelo governo da Alemanha e mais 80 organizações sob o tema “Desafio do Século: Uma Estratégia Global para as Energias Renováveis”.
O governo alemão toma essa importante iniciativa depois de rejeitar o próprio programa de fissão nuclear, que já respondia por 30% da eletricidade que o país consome e também para favorecer a proposta de tentar aprovar no Parlamento da União Européia a retirada, a partir de 2007, dos impostos sobre fontes de energias renováveis. Ademais, a Alemanha transformou-se na principal potência industrial na geração de energia eólica, batendo o Japão e os EUA, como também consolidou sua intransigente defesa dos objetivos do Protocolo de Kyoto, que objetiva a redução da queima de combustíveis fósseis responsáveis pelas mudanças de clima no Planeta.
É surpreendente e estarrecedora a completa ausência do Brasil nesse importante encontro, considerando que foi o nosso País a única nação que realizou com sucesso o mais importante programa mundial de substituição de gasolina, graças à criação do Proálcool.
A circunstância reflete, igualmente, o profundo retrocesso do Brasil no concerto internacional lembrando que em 1980, logo após a segunda crise do petróleo ocorrida no ano anterior, na Conferência Mundial de Biomassa, realizada em Atlanta, nos EUA, o programa brasileiro de combustível renovável ocupou mais de 30% do temário, fazendo jus à mensagem inédita, altamente elogiosa, do próprio Presidente Carter.
Hoje o Brasil, conforme seminário recente promovido pelo BNDES, ainda é o maior produtor mundial de álcool combustível, embora seu uso - na versão hidratada - esteja em total decadência - menos de 1% dos carros a álcool no ano passado, em comparação com 96%, em 1986, mesmo sendo produzidos pela metade do preço do segundo produtor, os EUA. As condições brasileiras no campo tecnológico tornam o Brasil sem competidor, sendo o único país que não concede qualquer tipo de subsídio, o que ainda permite colocar o produto nas bombas por menos da metade do preço da gasolina.
Os EUA, que acabam de constatar o desastre ecológico causado pelo MTBE (Metil tercil butil éter), substância de origem petroquímica posta em uso para evitar importações de álcool no Brasil e que provocou a contaminação de 50% nos poços de água potável em 31 Estados estadunidenses, aplicam um subsídio de 100% de proteção ao álcool, produzido a partir do milho.
Concomitantemente, as ações bélicas promovidas pelo Governo Bush determinando a ocupação de regiões do mundo diretamente ligadas ao petróleo - Arábia Saudita, Afeganistão e Iraque - bem como a potencial ameaça ao Irã, estão criando em nações que também são grandes consumidoras de petróleo, um crescente interesse quanto à garantia no fornecimento de combustíveis alternativos aos derivados do petróleo tais como os oriundos da biomassa, como o etanol, o “biodiesel”, a partir de óleos vegetais e outros combustíveis renováveis e limpos.
Sendo esses produtos resultantes da captação da radiação solar pela fotossíntese nas plantas, eles são abundantes nas regiões tropicais com expressiva disponibilidade de água doce e grandes extensões de terras ainda não utilizadas. É exatamente isso que torna o Brasil um País sem competidores na nova era que se inicia para a humanidade, conforme será discutido em Bonn, no final deste mês, com vistas à criação de um novo processo civilizacional, a partir de energias renováveis. É inexplicável, por conseguinte, a atual omissão do Brasil nesse encontro em que se discutirá o futuro da humanidade. Temos uma incomparável contribuição a dar, graças às nossas extraordinárias e insuperáveis vantagens comparativas naturais, além da histórica vantagem tecnológica como executores do único programa mundial de sucesso em produção extensiva de energia renovável e limpa, embora submetido a condições financeiras e de mercado internacional de massacre, fruto da pusilanimidade do governo passado e de seu interesse em servir às forças econômicas mundiais o que, de certa forma e para a nossa tristeza, também está acontecendo no atual governo.
O temor em relação ao fim da era dos combustíveis fósseis e de débâcle da energia nuclear acaba de ser confirmada pela realização do Fórum Mundial em Bonn, promovido pelo governo da Alemanha e mais 80 organizações sob o tema “Desafio do Século: Uma Estratégia Global para as Energias Renováveis”.
O governo alemão toma essa importante iniciativa depois de rejeitar o próprio programa de fissão nuclear, que já respondia por 30% da eletricidade que o país consome e também para favorecer a proposta de tentar aprovar no Parlamento da União Européia a retirada, a partir de 2007, dos impostos sobre fontes de energias renováveis. Ademais, a Alemanha transformou-se na principal potência industrial na geração de energia eólica, batendo o Japão e os EUA, como também consolidou sua intransigente defesa dos objetivos do Protocolo de Kyoto, que objetiva a redução da queima de combustíveis fósseis responsáveis pelas mudanças de clima no Planeta.
É surpreendente e estarrecedora a completa ausência do Brasil nesse importante encontro, considerando que foi o nosso País a única nação que realizou com sucesso o mais importante programa mundial de substituição de gasolina, graças à criação do Proálcool.
A circunstância reflete, igualmente, o profundo retrocesso do Brasil no concerto internacional lembrando que em 1980, logo após a segunda crise do petróleo ocorrida no ano anterior, na Conferência Mundial de Biomassa, realizada em Atlanta, nos EUA, o programa brasileiro de combustível renovável ocupou mais de 30% do temário, fazendo jus à mensagem inédita, altamente elogiosa, do próprio Presidente Carter.
Hoje o Brasil, conforme seminário recente promovido pelo BNDES, ainda é o maior produtor mundial de álcool combustível, embora seu uso - na versão hidratada - esteja em total decadência - menos de 1% dos carros a álcool no ano passado, em comparação com 96%, em 1986, mesmo sendo produzidos pela metade do preço do segundo produtor, os EUA. As condições brasileiras no campo tecnológico tornam o Brasil sem competidor, sendo o único país que não concede qualquer tipo de subsídio, o que ainda permite colocar o produto nas bombas por menos da metade do preço da gasolina.
Os EUA, que acabam de constatar o desastre ecológico causado pelo MTBE (Metil tercil butil éter), substância de origem petroquímica posta em uso para evitar importações de álcool no Brasil e que provocou a contaminação de 50% nos poços de água potável em 31 Estados estadunidenses, aplicam um subsídio de 100% de proteção ao álcool, produzido a partir do milho.
Concomitantemente, as ações bélicas promovidas pelo Governo Bush determinando a ocupação de regiões do mundo diretamente ligadas ao petróleo - Arábia Saudita, Afeganistão e Iraque - bem como a potencial ameaça ao Irã, estão criando em nações que também são grandes consumidoras de petróleo, um crescente interesse quanto à garantia no fornecimento de combustíveis alternativos aos derivados do petróleo tais como os oriundos da biomassa, como o etanol, o “biodiesel”, a partir de óleos vegetais e outros combustíveis renováveis e limpos.
Sendo esses produtos resultantes da captação da radiação solar pela fotossíntese nas plantas, eles são abundantes nas regiões tropicais com expressiva disponibilidade de água doce e grandes extensões de terras ainda não utilizadas. É exatamente isso que torna o Brasil um País sem competidores na nova era que se inicia para a humanidade, conforme será discutido em Bonn, no final deste mês, com vistas à criação de um novo processo civilizacional, a partir de energias renováveis. É inexplicável, por conseguinte, a atual omissão do Brasil nesse encontro em que se discutirá o futuro da humanidade. Temos uma incomparável contribuição a dar, graças às nossas extraordinárias e insuperáveis vantagens comparativas naturais, além da histórica vantagem tecnológica como executores do único programa mundial de sucesso em produção extensiva de energia renovável e limpa, embora submetido a condições financeiras e de mercado internacional de massacre, fruto da pusilanimidade do governo passado e de seu interesse em servir às forças econômicas mundiais o que, de certa forma e para a nossa tristeza, também está acontecendo no atual governo.
sábado, 18 de abril de 2009
Brasil produzirá diesel de cana-de-açúcar a partir de 2010
Tecnologia, criada por empresa americana, será usada pela primeira vez em usina paulista
O mesmo caldo de cana que serve como matéria-prima para a produção de açúcar e álcool servirá em breve, também, para a produção de diesel. A nova tecnologia, desenvolvida pela empresa Amyris, da Califórnia, vai ser colocada em prática no interior paulista em 2010, em sociedade com a Votorantim Novos Negócios e a Usina Santa Elisa, de Sertãozinho. A meta é produzir 400 milhões de litros no primeiro ano e 1 bilhão de litros, em 2012.
O processo é muito parecido com o da produção de álcool combustível, que utiliza leveduras para fermentar os açúcares presentes na cana e secretar etanol. A diferença crucial que foi a grande inovação produzida pela Amyris está no DNA da levedura, que foi geneticamente modificada para secretar diesel no lugar de álcool.
Resultado da fermentação é uma molécula chamada farneceno, com 12 átomos de carbono e as propriedades essenciais do diesel de petróleo, mas nenhuma da indesejadas, como a mistura de enxofre, poluente altamente prejudicial à saúde.
Enquanto o diesel de petróleo e mesmo o biodiesel de óleos vegetais, contém uma mistura de várias moléculas combustíveis, o diesel de cana tem apenas o farneceno, que pode ser usado diretamente no motor. É um combustível puro.
O diesel de petróleo é o mais poluente dos combustíveis fósseis. O diesel de cana-de-açúcar, além de ser livre de enxofre, o que reduz o impacto sobre a poluição urbana, é renovável em relação ao carbono que emite para a atmosfera, o que reduz o impacto sobre o aquecimento global. A exemplo do que já ocorre com o etanol, o CO2 que sai do escapamento é reabsorvido, via fotossíntese, pela nova cana que está brotando no campo. Quando a cana é colhida, o carbono é convertido novamente em combustível, reemitido, reabsorvido e assim por diante.
A cana não tem óleo, apenas fornece o açúcar necessário para alimentar as leveduras que vão produzir o combustível. É um processo completamente diferente do usado para produção de biodiesel, que é um combustível refinado de óleos vegetais, como de soja e mamona.
São necessários mais de 15 genes para transformar a levedura em uma fábrica biológica de diesel. A espécie usada no processo é a mesma da fermentação do álcool (Saccharomyces cerevisiae), a origem dos novos genes é mantida em segredo até que as patentes sejam publicadas.
A idéia, a princípio, é que o diesel de cana entre no mercado como um adicional ao diesel de petróleo, e não como um concorrente, já que a produção inicial será muito pequena. O Brasil consome cerca de 45 bilhões de litros de diesel, dos quais 5 bilhões precisam ser importados. O desenvolvimento do produto final será feito no Brasil, com a participação de cientistas brasileiros. O interesse em trazer a tecnologia para o Brasil é simples, a matéria-prima é o carbono, e o carbono mais barato do mundo é o carbono de cana do Brasil, é igual à cadeia do petróleo. A idéia é que a produção aumente e ganhe mercado gradativamente, com um custo igual ou inferior ao do diesel de petróleo. O custo inicial previsto é de US$ 60 o barril, já bastante competitivo.
As adaptações necessárias nas usinas para produzir diesel em vez de etanol são mínimas. De certo modo, basta trocar a levedura no fermentador. Em alguns anos, os usineiros poderão optar por produzir o que for mais vantajoso, álcool, diesel ou açúcar, com grande flexibilidade.
O diesel de cana surge como mais uma opção no menu de energias renováveis que o mundo procura para substituir os combustíveis fósseis (derivados de petróleo, carvão e gás), que são os principais responsáveis pelo aquecimento global. A cana já oferece duas dessas opções: o álcool combustível e o bagaço, que é queimado para produção de energia elétrica. Agora serão três (etanol, diesel e biomassa), com potencial para chegar a quatro, cinco, ou até seis. Com as mesmas técnicas de engenharia molecular, é possível "ensinar" a levedura a produzir quase qualquer tipo de molécula.
O mesmo caldo de cana que serve como matéria-prima para a produção de açúcar e álcool servirá em breve, também, para a produção de diesel. A nova tecnologia, desenvolvida pela empresa Amyris, da Califórnia, vai ser colocada em prática no interior paulista em 2010, em sociedade com a Votorantim Novos Negócios e a Usina Santa Elisa, de Sertãozinho. A meta é produzir 400 milhões de litros no primeiro ano e 1 bilhão de litros, em 2012.
O processo é muito parecido com o da produção de álcool combustível, que utiliza leveduras para fermentar os açúcares presentes na cana e secretar etanol. A diferença crucial que foi a grande inovação produzida pela Amyris está no DNA da levedura, que foi geneticamente modificada para secretar diesel no lugar de álcool.
Resultado da fermentação é uma molécula chamada farneceno, com 12 átomos de carbono e as propriedades essenciais do diesel de petróleo, mas nenhuma da indesejadas, como a mistura de enxofre, poluente altamente prejudicial à saúde.
Enquanto o diesel de petróleo e mesmo o biodiesel de óleos vegetais, contém uma mistura de várias moléculas combustíveis, o diesel de cana tem apenas o farneceno, que pode ser usado diretamente no motor. É um combustível puro.
O diesel de petróleo é o mais poluente dos combustíveis fósseis. O diesel de cana-de-açúcar, além de ser livre de enxofre, o que reduz o impacto sobre a poluição urbana, é renovável em relação ao carbono que emite para a atmosfera, o que reduz o impacto sobre o aquecimento global. A exemplo do que já ocorre com o etanol, o CO2 que sai do escapamento é reabsorvido, via fotossíntese, pela nova cana que está brotando no campo. Quando a cana é colhida, o carbono é convertido novamente em combustível, reemitido, reabsorvido e assim por diante.
A cana não tem óleo, apenas fornece o açúcar necessário para alimentar as leveduras que vão produzir o combustível. É um processo completamente diferente do usado para produção de biodiesel, que é um combustível refinado de óleos vegetais, como de soja e mamona.
São necessários mais de 15 genes para transformar a levedura em uma fábrica biológica de diesel. A espécie usada no processo é a mesma da fermentação do álcool (Saccharomyces cerevisiae), a origem dos novos genes é mantida em segredo até que as patentes sejam publicadas.
A idéia, a princípio, é que o diesel de cana entre no mercado como um adicional ao diesel de petróleo, e não como um concorrente, já que a produção inicial será muito pequena. O Brasil consome cerca de 45 bilhões de litros de diesel, dos quais 5 bilhões precisam ser importados. O desenvolvimento do produto final será feito no Brasil, com a participação de cientistas brasileiros. O interesse em trazer a tecnologia para o Brasil é simples, a matéria-prima é o carbono, e o carbono mais barato do mundo é o carbono de cana do Brasil, é igual à cadeia do petróleo. A idéia é que a produção aumente e ganhe mercado gradativamente, com um custo igual ou inferior ao do diesel de petróleo. O custo inicial previsto é de US$ 60 o barril, já bastante competitivo.
As adaptações necessárias nas usinas para produzir diesel em vez de etanol são mínimas. De certo modo, basta trocar a levedura no fermentador. Em alguns anos, os usineiros poderão optar por produzir o que for mais vantajoso, álcool, diesel ou açúcar, com grande flexibilidade.
O diesel de cana surge como mais uma opção no menu de energias renováveis que o mundo procura para substituir os combustíveis fósseis (derivados de petróleo, carvão e gás), que são os principais responsáveis pelo aquecimento global. A cana já oferece duas dessas opções: o álcool combustível e o bagaço, que é queimado para produção de energia elétrica. Agora serão três (etanol, diesel e biomassa), com potencial para chegar a quatro, cinco, ou até seis. Com as mesmas técnicas de engenharia molecular, é possível "ensinar" a levedura a produzir quase qualquer tipo de molécula.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Brasil tem o maior programa de energia limpa
A tecnologia Flex Fuel, que permite usar álcool ou gasolina no mesmo motor, foi lançada no mercado automotivo brasileiro em março de 2003. Rapidamente, a tecnologia ganhou a preferência dos consumidores e da indústria, de modo que, hoje, 25% da frota circulante e 70% dos veículos que saem das montadoras no País são do tipo flex, são dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).
A produção de álcool combustível (etanol) avançou no vácuo dos motores, pulando de 14,8 bilhões de litros na safra de cana 2004 para 22,4 bilhões de litros, na safra 2008, segundo estatísticas da União da Indústria de Cana- de- Açúcar (Única). Na próxima colheita, a expectativa é produzir 27 bilhões de litros de etanol, o que proporcionaria uma economia de 53 milhões de toneladas de CO2 em emissões evitadas, comparado ao que seria emitido com o uso de gasolina.
A conta inclui tanto o álcool anidro (puro) quanto o hidratado, que é misturado à gasolina, diferentemente da conta de 42,5 milhões de toneladas, que inclui só o combustível usado em motores flex. 'Nenhum país do mundo tem um programa de energia renovável da dimensão do Brasil. Os Estados Unidos consomem mais álcool do que o Brasil, mas isso não passa de 3% da matriz energética americana.
No Brasil, a cana-de-açúcar já supre 16% das necessidades energéticas do País. Estamos descarbonizando o nosso setor de transportes. O etanol é um combustível chamado 'renovável' porque o CO2 que ele emite é reabsorvido pelas lavouras de cana que estão crescendo no campo. Apenas uma pequena parte, cerca de 3%, fica na atmosfera. A cadeia do álcool só não é 100% renovável por causa do CO2 emitido pelo diesel que é usado para movimentar as máquinas agrícolas e os caminhões que transportam o etanol para distribuição.
Com a substituição desse diesel por biodiesel ou outras formas de transporte menos poluentes, é possível que o setor se torne até um sorvedor de carbono. Em cinco anos, esse porcentual que fica na atmosfera já deixará de existir. Vamos ter um sistema que absorve mais CO2 do que emite.
O etanol tenha outras vantagens ambientais, a fumaça produzida pela combustão do álcool é bem menos tóxica do que a dos derivados de petróleo e contém pouquíssimo enxofre e nenhum benzeno.A combustão de álcool no motor do carro emite menos CO2 do que a combustão de gasolina. Porém, o álcool rende menos, consome mais litros por km rodado. A vantagem do álcool sobre o clima não está no que sai pelo escapamento, mas no fato de que o CO2 emitido pela cadeia de produção e consumo é constantemente reciclado.
A produção de álcool combustível (etanol) avançou no vácuo dos motores, pulando de 14,8 bilhões de litros na safra de cana 2004 para 22,4 bilhões de litros, na safra 2008, segundo estatísticas da União da Indústria de Cana- de- Açúcar (Única). Na próxima colheita, a expectativa é produzir 27 bilhões de litros de etanol, o que proporcionaria uma economia de 53 milhões de toneladas de CO2 em emissões evitadas, comparado ao que seria emitido com o uso de gasolina.
A conta inclui tanto o álcool anidro (puro) quanto o hidratado, que é misturado à gasolina, diferentemente da conta de 42,5 milhões de toneladas, que inclui só o combustível usado em motores flex. 'Nenhum país do mundo tem um programa de energia renovável da dimensão do Brasil. Os Estados Unidos consomem mais álcool do que o Brasil, mas isso não passa de 3% da matriz energética americana.
No Brasil, a cana-de-açúcar já supre 16% das necessidades energéticas do País. Estamos descarbonizando o nosso setor de transportes. O etanol é um combustível chamado 'renovável' porque o CO2 que ele emite é reabsorvido pelas lavouras de cana que estão crescendo no campo. Apenas uma pequena parte, cerca de 3%, fica na atmosfera. A cadeia do álcool só não é 100% renovável por causa do CO2 emitido pelo diesel que é usado para movimentar as máquinas agrícolas e os caminhões que transportam o etanol para distribuição.
Com a substituição desse diesel por biodiesel ou outras formas de transporte menos poluentes, é possível que o setor se torne até um sorvedor de carbono. Em cinco anos, esse porcentual que fica na atmosfera já deixará de existir. Vamos ter um sistema que absorve mais CO2 do que emite.
O etanol tenha outras vantagens ambientais, a fumaça produzida pela combustão do álcool é bem menos tóxica do que a dos derivados de petróleo e contém pouquíssimo enxofre e nenhum benzeno.A combustão de álcool no motor do carro emite menos CO2 do que a combustão de gasolina. Porém, o álcool rende menos, consome mais litros por km rodado. A vantagem do álcool sobre o clima não está no que sai pelo escapamento, mas no fato de que o CO2 emitido pela cadeia de produção e consumo é constantemente reciclado.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Biomassa: uma energia brasileira
Biomassa é ainda um termo pouco conhecido fora dos campos da energia e da ecologia, mas já faz parte do cotidiano brasileiro. Fonte de energia não poluente, a biomassa nada mais é do que a matéria orgânica, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produção de energia. Para se ter uma idéia da sua participação na matriz energética brasileira, a biomassa responde por um quarto da energia consumida no País.
Esse percentual tende a crescer com a entrada em operação de novas usinas. Até 2006, devem começar a funcionar 26 novos empreendimentos de geração de energia a partir da biomassa selecionados pela Eletrobrás para o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). Todos os organismos biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia são chamados de biomassa. Entre as matérias-primas mais utilizadas estão a cana-de-açúcar, a beterraba e o eucalipto (dos quais se extrai álcool), o lixo orgânico (que dá origem ao biogás), a lenha e o carvão vegetal, além de alguns óleos vegetais (amendoim, soja, dendê). Em termos mundiais, os recursos renováveis representam cerca de 20% do suprimento total de energia, sendo 14% proveniente de biomassa e 6% de fonte hídrica. No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca de 40% de origem hídrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos renováveis suprem algo em torno de dois terços dos requisitos energéticos do País. A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da energia solar absorvida pelas plantas, já que resulta da conversão da luz do sol em energia química. Estima-se que existam dois trilhões de toneladas de biomassa no globo terrestre ou cerca de 400 toneladas por pessoa, o que, em termos energéticos, corresponde a 8 vezes o consumo anual mundial de energia primária (produtos energéticos providos pela natureza na sua forma direta, como o petróleo, gás natural, carvão mineral, minério de urânio, lenha e outros). Em 2004, três novas centrais geradoras a biomassa (bagaço de cana) entraram em operação comercial no País, acrescentando 59,44 MW à matriz de energia elétrica nacional. Projeções da Agência Internacional de Energia indicam que o peso relativo da biomassa na geração mundial de eletricidade deverá passar de 10 terawatts/hora (TWh), em 1995, para 27 TWh em 2020. Para se ter uma idéia de quanto isso representa, o Brasil consumiu 321,6 TWh em 2002.
Atuando no mercado há mais de 60 anos, a Companhia Energética Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), produz 30 MW/h de energia, o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. O custo da energia produzida é de US$ 30/megawatt/hora. Sai mais barato do que a energia produzida em uma hidrelétrica, se considerarmos que para construir uma usina desse tipo é necessário gastar muito dinheiro. Há também os problemas ambientais e sociais. Destacam-se as vantagens da biomassa em termos de controle da poluição: O uso desse tipo de fonte renovável de energia está diminuindo a emissão de gases poluentes no ambiente. Aproveitando o bagaço da cana para produzir energia elétrica, estamos preservando a natureza. Na produção de energia a partir de biomassa, não há emissão de dióxido de carbono e as cinzas são menos agressivas ao meio ambiente, em comparação com as provenientes de combustíveis fósseis, como o petróleo.
É muito importante para um país como o Brasil produzir energia onde ela será consumida e poder produzi-la sem o risco de que acabe. O uso dessa energia gera empregos e renda ao envolver mão-de-obra local na produção. Mais de 1 milhão de pessoas trabalham com Biomassa no Brasil e o número tende a crescer. Dados do Balanço Energético Nacional (edição 2003) revelam que a participação da biomassa na matriz energética brasileira é de 27%, a partir da utilização de lenha de carvão vegetal (11,9%), bagaço de cana-de-açúcar (12,6%) e outros (2,5%). O potencial autorizado para empreendimentos de geração de energia elétrica, de acordo com a ANEEL, é de 1.376,5 MW, quando se consideram apenas centrais geradoras que utilizam bagaço de cana-de-açúcar (1.198,2 MW), resíduos de madeira (41,2 MW), biogás ou gás de aterro (20 MW) e licor negro (117,1 MW).
Energia a partir da casca de cupuaçu
Um projeto pioneiro na produção de energia a partir de biomassa está sendo desenvolvido no município amazonense de Manacapuru. O Centro Nacional de Referência em Biomassa, em parceira com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), está testando a casca de cupuaçu como combustível para produção de eletricidade. Para o projeto, foram escolhidas 187 famílias de agricultores do assentamento de Aquidaban. Após a definição de como será feita a distribuição da eletricidade gerada, o sistema – que já está em funcionamento – deve ser inaugurado oficialmente no início de Setembro próximo. A Eletrobrás, a Eletronorte e a Companhia Energética do Amazonas (CEAM) deverão atuar como parceiros no projeto.
Para o CENBIO, o aproveitamento energético da casca de cupuaçu é um importante meio para integrar as famílias da região e gerar eletricidade de forma limpa e renovável para uma população carente. “É o primeiro projeto fora da Índia de gaseificação de biomassa num sistema isolado (não conectado à rede nacional interligada)”, explica o coordenador do projeto, Osvaldo Martins.
O princípio de transformação da casca do cupuaçu em combustível é relativamente simples. A casca, com umidade máxima de 6%, é queimada dentro de um gaseifica dor com pouco oxigênio. A combustão incompleta produz, no lugar da fumaça, um gás que tem poder calorífico equivalente a aproximadamente 25% daquele proporcionado pelo gás natural. Esse gás é jogado na entrada de ar do motor a diesel, reduzindo em até 80% o consumo desse combustível. Neste momento ocorre a substituição do diesel pelo gás da casca de cupuaçu. “Se o motor consumia cinco litros de diesel por hora, passará a usar apenas um litro”, explica Martins.
O objetivo do programa, segundo Martins, é mostrar a viabilidade técnica e econômica da geração de energia a partir da casca do cupuaçu na região. “Precisamos ter um cenário real do potencial da adaptação desse novo sistema no Norte do País”, diz Martins. O custo total do programa é de R$ 980 mil, financiados durante dois anos pelos fundos setoriais de energia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Antes de mandar os equipamentos – importados da Índia – para Manacapuru, os pesquisadores fizeram modificações: Trocar alguns acessórios por similares nacionais facilitará a manutenção. A geração de energia não é o único objetivo do programa: Queremos, além de implementar energia, inserir uma agroindústria à rede de processamento de cupuaçu para agregar mais valor ao produto e gerar renda para a comunidade.
Esse percentual tende a crescer com a entrada em operação de novas usinas. Até 2006, devem começar a funcionar 26 novos empreendimentos de geração de energia a partir da biomassa selecionados pela Eletrobrás para o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). Todos os organismos biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia são chamados de biomassa. Entre as matérias-primas mais utilizadas estão a cana-de-açúcar, a beterraba e o eucalipto (dos quais se extrai álcool), o lixo orgânico (que dá origem ao biogás), a lenha e o carvão vegetal, além de alguns óleos vegetais (amendoim, soja, dendê). Em termos mundiais, os recursos renováveis representam cerca de 20% do suprimento total de energia, sendo 14% proveniente de biomassa e 6% de fonte hídrica. No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca de 40% de origem hídrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos renováveis suprem algo em torno de dois terços dos requisitos energéticos do País. A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da energia solar absorvida pelas plantas, já que resulta da conversão da luz do sol em energia química. Estima-se que existam dois trilhões de toneladas de biomassa no globo terrestre ou cerca de 400 toneladas por pessoa, o que, em termos energéticos, corresponde a 8 vezes o consumo anual mundial de energia primária (produtos energéticos providos pela natureza na sua forma direta, como o petróleo, gás natural, carvão mineral, minério de urânio, lenha e outros). Em 2004, três novas centrais geradoras a biomassa (bagaço de cana) entraram em operação comercial no País, acrescentando 59,44 MW à matriz de energia elétrica nacional. Projeções da Agência Internacional de Energia indicam que o peso relativo da biomassa na geração mundial de eletricidade deverá passar de 10 terawatts/hora (TWh), em 1995, para 27 TWh em 2020. Para se ter uma idéia de quanto isso representa, o Brasil consumiu 321,6 TWh em 2002.
Atuando no mercado há mais de 60 anos, a Companhia Energética Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), produz 30 MW/h de energia, o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. O custo da energia produzida é de US$ 30/megawatt/hora. Sai mais barato do que a energia produzida em uma hidrelétrica, se considerarmos que para construir uma usina desse tipo é necessário gastar muito dinheiro. Há também os problemas ambientais e sociais. Destacam-se as vantagens da biomassa em termos de controle da poluição: O uso desse tipo de fonte renovável de energia está diminuindo a emissão de gases poluentes no ambiente. Aproveitando o bagaço da cana para produzir energia elétrica, estamos preservando a natureza. Na produção de energia a partir de biomassa, não há emissão de dióxido de carbono e as cinzas são menos agressivas ao meio ambiente, em comparação com as provenientes de combustíveis fósseis, como o petróleo.
É muito importante para um país como o Brasil produzir energia onde ela será consumida e poder produzi-la sem o risco de que acabe. O uso dessa energia gera empregos e renda ao envolver mão-de-obra local na produção. Mais de 1 milhão de pessoas trabalham com Biomassa no Brasil e o número tende a crescer. Dados do Balanço Energético Nacional (edição 2003) revelam que a participação da biomassa na matriz energética brasileira é de 27%, a partir da utilização de lenha de carvão vegetal (11,9%), bagaço de cana-de-açúcar (12,6%) e outros (2,5%). O potencial autorizado para empreendimentos de geração de energia elétrica, de acordo com a ANEEL, é de 1.376,5 MW, quando se consideram apenas centrais geradoras que utilizam bagaço de cana-de-açúcar (1.198,2 MW), resíduos de madeira (41,2 MW), biogás ou gás de aterro (20 MW) e licor negro (117,1 MW).
Energia a partir da casca de cupuaçu
Um projeto pioneiro na produção de energia a partir de biomassa está sendo desenvolvido no município amazonense de Manacapuru. O Centro Nacional de Referência em Biomassa, em parceira com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), está testando a casca de cupuaçu como combustível para produção de eletricidade. Para o projeto, foram escolhidas 187 famílias de agricultores do assentamento de Aquidaban. Após a definição de como será feita a distribuição da eletricidade gerada, o sistema – que já está em funcionamento – deve ser inaugurado oficialmente no início de Setembro próximo. A Eletrobrás, a Eletronorte e a Companhia Energética do Amazonas (CEAM) deverão atuar como parceiros no projeto.
Para o CENBIO, o aproveitamento energético da casca de cupuaçu é um importante meio para integrar as famílias da região e gerar eletricidade de forma limpa e renovável para uma população carente. “É o primeiro projeto fora da Índia de gaseificação de biomassa num sistema isolado (não conectado à rede nacional interligada)”, explica o coordenador do projeto, Osvaldo Martins.
O princípio de transformação da casca do cupuaçu em combustível é relativamente simples. A casca, com umidade máxima de 6%, é queimada dentro de um gaseifica dor com pouco oxigênio. A combustão incompleta produz, no lugar da fumaça, um gás que tem poder calorífico equivalente a aproximadamente 25% daquele proporcionado pelo gás natural. Esse gás é jogado na entrada de ar do motor a diesel, reduzindo em até 80% o consumo desse combustível. Neste momento ocorre a substituição do diesel pelo gás da casca de cupuaçu. “Se o motor consumia cinco litros de diesel por hora, passará a usar apenas um litro”, explica Martins.
O objetivo do programa, segundo Martins, é mostrar a viabilidade técnica e econômica da geração de energia a partir da casca do cupuaçu na região. “Precisamos ter um cenário real do potencial da adaptação desse novo sistema no Norte do País”, diz Martins. O custo total do programa é de R$ 980 mil, financiados durante dois anos pelos fundos setoriais de energia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Antes de mandar os equipamentos – importados da Índia – para Manacapuru, os pesquisadores fizeram modificações: Trocar alguns acessórios por similares nacionais facilitará a manutenção. A geração de energia não é o único objetivo do programa: Queremos, além de implementar energia, inserir uma agroindústria à rede de processamento de cupuaçu para agregar mais valor ao produto e gerar renda para a comunidade.
domingo, 12 de abril de 2009
Marxismo e Biomassa
Se a condição para implantar a biomassa é ou não o socialismo, fica na dependência de antes esclarecer qual a relação entre energia e o sistema sócio-político, tendo em vista a era dos combustíveis fósseis que ocupou os últimos 200 anos de história. Podemos verificar que o petróleo, a fissão nuclear, as grandes hidroelétricas, o carvão mineral, o xisto betuminoso, entre outros, pelas suas dimensões de escala são incompatíveis com um sistema socialmente igualitário e, contrariamente, são harmônicos com o grande capital financeiro.
Recordemos que o socialismo foi concebido e implantado sob a égide das formas energéticas fósseis. Trata-se assim de problema até hoje insondável que provavelmente esteja na raiz do fracasso de experiências socialistas que comprometeram alguns de seus objetivos. Como essas formas energéticas predispõem a necessidade de volumes ponderáveis de capital, isso explica, pelo menos em parte, o imperativo do capitalismo de Estado na ex-União Soviética. É necessário enfatizar porém que as formas energéticas derivadas da biomassa condicionam mas não determinam o sistema político, socialista ou não, ou seja, sempre é possível a exploração da biomassa em regime social e politicamente espúrio.
Infere-se daí que historicamente, sobretudo a partir dos finais do Século XVIII, a forma energética fóssil dominante impediu de modo excludente que as potencialidades das regiões tropicais fossem avaliadas em sua função civilizatória. Nascemos como parte do Ocidente centrado na Europa ibérica no Século XVI sob os influxos da biomassa, a qual está na base da expansão mercantil de então.
Esse marco energético vai até o aparecimento do carvão mineral e o seu uso na máquina a vapor, que promoveu a hegemonia inglesa, seguida pela dos Estados Unidos da América e, na seqüência, a exploração intensiva e extensiva do petróleo.
Assim, esse período de 200 anos representou uma pausa na exploração da biomassa, deixando-a submersa e latente, com o predomínio das formas fósseis acumuladas em eras geológicas. Isso, embora tivesse representado apenas breve intervalo da história da humanidade, em suas conseqüências erigiu-se em paradigma inexorável e único como modelo energético de desenvolvimento. Ele resultou de imensa concentração temporal e espacial do combustível fóssil em cotejo com as formas energéticas vegetais tropicais.
Enquanto essas formas energéticas renováveis – hidratos de carbono – exigem plantio, irrigação e colheita, em processo de produção incomparavelmente mais árduo e trabalhoso do que a energia concentrada nos combustíveis fósseis. Estes resultam da transformação dos hidratos de carbono em hidrocarbonetos ao longo de centenas de milhões de anos em processo de fossilização. Disso resultam formas energéticas concentradoras, de reduzidíssimas localizações no planeta, o que favorece a cobiça e o domínio pelo grande capital. Sendo formas não-renováveis têm limitações de uso enquanto as reservas vão se depauperando com o tempo. O mundo hoje vive em estado de guerra devido ao vislumbre do seu término. As grandes potências econômico-militares, dependentes de modo crucial do petróleo, procuram de modo crescente, por meios militares e outros, preservar para si o que sobra dessas reservas em crescente decréscimo.
Sublinhamos anteriormente não haver determinismo sócio-político no uso da energia da biomassa, o que significa que ela pode ter utilização libertária ou liberticida, dependendo da organização política a que está subordinada e, sobretudo, do regime de propriedade. Nesse contexto é preciso esclarecer a questão brasileira do latifúndio, o qual tem se demonstrado ser incompatível com um projeto nacional libertário, esteja ancorado na biomassa ou não. Trata-se de uma apropriação concentrada da terra em mãos de um pequeno número de proprietários, em geral associados ao grande capital financeiro. É processo imanente ao domínio de corporações transnacionais, cuja influência é cada vez mais acentuada nos últimos 10 anos.
O governo FHC quase destruiu o Estado e desmontou a estrutura produtiva industrial de empresas de economia mista e as de capital privado nacionais. Com a política dos transgênicos do governo petista de Luís Inácio Lula delineia-se no horizonte a entrega da terra às grandes corporações transnacionais. Este é um processo novo do domínio colonialista que acarretará crescente desemprego pelos excludentes mecanismos tecnológicos das “plantations”, os quais afastam a absorção da mão de obra extensiva. Se o processo industrial já havia desempregado muita gente pela internacionalização da indústria e sua progressiva e desnecessária automação, agora essa tendência ao desemprego estende-se à área agrícola.
As “plantations” transnacionais da biomassa significariam o genocídio do povo brasileiro. O Clube de Roma anunciou desde o início da década dos 70 que 3/4 da humanidade é dispensável para fins produtivos. É a ideologia do extermínio que, paradoxalmente, convive carnalmente com o Fome Zero e a prosápia da cidadania do governo petista. É a apoteose da ideologia do emprego contra o trabalho.
A internacionalização da terra e sua concentração econômica culminam na política criminosa dos transgênicos resultantes da lei das patentes, que enfeixam sob o regime de monopólio mundial a propriedade das sementes. Isso redunda no adeus à agricultura em mãos de brasileiros e na impossibilidade de sermos os produtores de energia renovável e limpa diante do ocaso do petróleo. Com esse panorama a miragem de uma reforma agrária sob a bandeira petista é uma mistificação.
É desnorteante que setores que poderiam ser dos mais beneficiados com uma política energética da biomassa, como é o caso dos “sem terra”, fazem resistência a essa política.
Associando-a com o regime de latifúndio, manifestam-se reticentes ao uso da biomassa na produção de energia. São menos refratários, porém a outras produções agrícolas como feijão, arroz, trigo etc. ou ao domínio do mercado externo da soja brasileira por meia dúzia de corporações transnacionais.
Há que colocar em discussão o papel do Estado, cuja participação no desenvolvimento econômico brasileiro – em particular no processo de industrialização – foi decisivo. Nas últimas décadas as corporações transnacionais instalaram-se no Brasil com auxilio de amplo programa de subsídios e incentivos dados pelo Estado. Esse processo teve o seu sustentáculo na substituição de importações, tendo por objetivo a incorporação de pacotes tecnológicos trazidos para o país tendo como origem corporações transnacionais. Se esse modelo teve a vantagem de queimar etapas no processo dito de desenvolvimento, em contrapartida consolidou modelo de dependência tecnológica externa.
O historiador Nelson Werneck Sodré assinala em seu livro “Brasil: Radiografia de um Modelo” que desde o plano de metas o imperialismo colocou o Estado brasileiro a seu serviço, sob a aparência da modernização do aparato estatal. Disso é exemplo o setor petroquímico em que houve a junção da Petrobrás com corporações transnacionais e a participação de empresas privadas de capital nacional. É o chamado “Modelo Tripartícipe”. Com as privatizações essas empresas foram internacionalizadas, excluindo a participação das empresas de economia mista, após usufruírem inúmeras vantagens concedidas pelo Estado. Isso consolidou o domínio imperialista com o apoio do Estado. Nas últimas décadas o Estado nacional vem se enfraquecendo sendo aparentemente substituído por supostos investimentos de controle externo que ademais não têm ocorrido como previstos.
O Estado brasileiro foi fundamental na implantação de uma política energética nas áreas de petróleo, energia elétrica e no Programa Nacional do Álcool. O enfraquecimento crescente do Estado debilitou de modo substantivo o desenvolvimento de infra-estruturas energéticas do país, como foram exemplo os setores do álcool e o elétrico, culminando neste último caso com o famigerado afegão, fruto da política de estabilidade financeira do FMI. Este considera investimentos do Estado com o objetivo de aumentar a oferta de energia em resposta ao aumento da demanda, utilizando recursos próprios das empresas, como sendo de efeitos inflacionários. Simplesmente incrível!
Dir-se-ia então que hoje o projeto imperialista objetiva a destruição do Estado, o qual está sendo substituído por corporações transnacionais, ONGs e agentes externos atuando em postos chave das estruturas governamentais. Essa destruição facilita o controle externo dos recursos naturais estratégicos localizadas nas regiões intertropicais, os quais as nações hegemônicas carecem para dar solução a suas necessidades vitais no campo energético.
Assim, o imperialismo utilizou-se do Estado e, agora, o descarta com a ideologia neoliberal: não são mais necessários nem o Estado nem as gentes brasileiras. Noutras palavras, a internacionalização, o extermínio e o desemprego estão indissoluvelmente vinculados. O governo do Presidente Lula, entretanto, nada faz para reverter esse quadro antinacional. Apenas interrompeu as privatizações, porém isso de pouco adianta se não houver a recomposição do Estado. Sob o argumento falseado da governabilidade, o país é submetido às garras do imperialismo. Isso analisado do ângulo energético ganha conotação nociva ante a sobrevivência nacional. Trata-se de dupla omissão na etapa histórica em que a questão energética é essencial ante o esgotamento do petróleo: a cegueira em relação ao trópico e o descuido diante da oportunidade mundial em que o Brasil poderia afirmar-se como potência econômica.
É importante enfatizar que essa oportunidade é única em toda a história: nenhum outro país a teve nas circunstâncias atuais do Brasil. Por mais louvável que seja a atuação do chanceler Amorim, a sua política externa não encontra suporte interno, apesar das nossas excepcionais condições natural. Não existe projeto prevendo o aproveitamento dessas oportunidades e, pelo contrário, caminha-se em direção oposta: a internacionalização destrutiva, incompatível com a necessidade de fortalecimento do Estado nacional. Por suporte interno designamos uma estratégia de poder que mude a matriz energética dando prioridade às potencialidades dos trópicos, fundamento imprescindível a uma política externa independente. Nesse campo as vantagens comparativas brasileiras são incomparáveis.
No panorama contemporâneo observa-se uma situação dramática do ponto de vista energético, envolvendo países da importância da China, Índia, Japão e Alemanha. Eles necessitam soluções energéticas renováveis e limpas que somente se encontram disponíveis nas condições naturais do continente tropical brasileiro. As demais regiões tropicais (Austrália, Indonésia, África Central e Sudeste Asiático) não desfrutam de enormes áreas territoriais ainda vazias, recursos hídricos abundantes, intensa e exuberante radiação solar como ocorrem no continente brasileiro.
O relacionamento da nação brasileira com esses países deve ser equacionado de maneira equânime, e não pela via submissa e colonial que tem caracterizado a postura do Brasil diante do poder mundial.
Essa mudança interna da matriz energética e sua correspondente política externa é a maneira de o Brasil assumir um papel de independência fortalecendo-se com pactos externos com esses países e caminhando na direção que lhe cabe de sujeito da história neste crucial momento de colapso dos combustíveis fósseis. Isso implica em superar a deplorável condição colonial das últimas duas décadas de neoliberalismo deplorável.
O nosso desafio é romper com a dependência, e não a covardia de administrá-la ao erigir a impotência como signo da identidade nacional. Com a iminência do ocaso dos combustíveis fósseis estamos diante de um fato novo relacionado com os limites do capital, que vão além das contradições internas entre as forças produtivas e as relações de produção, porque agora o que está em jogo, pela primeira vez na história do homem, é a possibilidade da destruição entrópica da natureza, ao tornar-se problemática a sua capacidade de produzir trabalho. É por isso que o epicentro energético do futuro da humanidade situa-se nas regiões intertropicais, onde está banido o aumento da entropia do universo por causa do permanente fluxo eletromagnético irradiado pelo astro rei: o sol. Este fluxo permite a estabilidade de um mundo auto-sustentável, crucial no futuro do processo de desenvolvimento das civilizações.
Os essenciais condicionantes da natureza, os recursos naturais variados e abundantes, as vantagens comparativas incomparáveis, todas as oportunidades oferecidas são porém inócuos diante da falsa simbologia de valor de sistema financeiro internacional, representando todas as riquezas em processo espúrio de emissão arbitrária e monopólica exercido por gangues internacionais a serviço de potências bélicas hegemônicas que condicionam a humanidade a sua brutal capacidade de matar.
A atitude de um governo nacional deve conduzir necessariamente a sociedade brasileira para a libertação desse esquema iníquo de dominação. O Brasil não tem qualquer alternativa dentro desse sistema financeiro internacional, comandado o poder nacional de maneira absoluta por meio de seus prepostos em todas as esferas que transforma os dirigentes eleitos pelo voto universal em marionetes e a justiça em instrumentos de interesse antinacionais.
Isso se evidencia atualmente de maneira escandalosa com as violentas pressões para desvincular o Banco Central de qualquer poder interno, subordinando-o ao controle externo. A semântica é um escárnio quando menciona que esse processo visa a um Banco Central autônomo. O Partido dos Trabalhadores, hoje no poder, que deveria supostamente defender o valor do trabalho e a liberdade de seu povo, na verdade é o agente de orgia financeira a favor de opulenta e nefasta oligarquia financeira internacional.
Nesse contexto, o poder imperial atua para impedir qualquer veleidade de autonomia na estrutura produtiva com a imposição da ALCA. A isso se dá, cinicamente, o nome de “associação de livre comércio”, ou seja, mais um escárnio semântico para humilhar a inteligência e a dignidade dos brasileiros e conduzir o nosso povo à ruína.
Recordemos que o socialismo foi concebido e implantado sob a égide das formas energéticas fósseis. Trata-se assim de problema até hoje insondável que provavelmente esteja na raiz do fracasso de experiências socialistas que comprometeram alguns de seus objetivos. Como essas formas energéticas predispõem a necessidade de volumes ponderáveis de capital, isso explica, pelo menos em parte, o imperativo do capitalismo de Estado na ex-União Soviética. É necessário enfatizar porém que as formas energéticas derivadas da biomassa condicionam mas não determinam o sistema político, socialista ou não, ou seja, sempre é possível a exploração da biomassa em regime social e politicamente espúrio.
Infere-se daí que historicamente, sobretudo a partir dos finais do Século XVIII, a forma energética fóssil dominante impediu de modo excludente que as potencialidades das regiões tropicais fossem avaliadas em sua função civilizatória. Nascemos como parte do Ocidente centrado na Europa ibérica no Século XVI sob os influxos da biomassa, a qual está na base da expansão mercantil de então.
Esse marco energético vai até o aparecimento do carvão mineral e o seu uso na máquina a vapor, que promoveu a hegemonia inglesa, seguida pela dos Estados Unidos da América e, na seqüência, a exploração intensiva e extensiva do petróleo.
Assim, esse período de 200 anos representou uma pausa na exploração da biomassa, deixando-a submersa e latente, com o predomínio das formas fósseis acumuladas em eras geológicas. Isso, embora tivesse representado apenas breve intervalo da história da humanidade, em suas conseqüências erigiu-se em paradigma inexorável e único como modelo energético de desenvolvimento. Ele resultou de imensa concentração temporal e espacial do combustível fóssil em cotejo com as formas energéticas vegetais tropicais.
Enquanto essas formas energéticas renováveis – hidratos de carbono – exigem plantio, irrigação e colheita, em processo de produção incomparavelmente mais árduo e trabalhoso do que a energia concentrada nos combustíveis fósseis. Estes resultam da transformação dos hidratos de carbono em hidrocarbonetos ao longo de centenas de milhões de anos em processo de fossilização. Disso resultam formas energéticas concentradoras, de reduzidíssimas localizações no planeta, o que favorece a cobiça e o domínio pelo grande capital. Sendo formas não-renováveis têm limitações de uso enquanto as reservas vão se depauperando com o tempo. O mundo hoje vive em estado de guerra devido ao vislumbre do seu término. As grandes potências econômico-militares, dependentes de modo crucial do petróleo, procuram de modo crescente, por meios militares e outros, preservar para si o que sobra dessas reservas em crescente decréscimo.
Sublinhamos anteriormente não haver determinismo sócio-político no uso da energia da biomassa, o que significa que ela pode ter utilização libertária ou liberticida, dependendo da organização política a que está subordinada e, sobretudo, do regime de propriedade. Nesse contexto é preciso esclarecer a questão brasileira do latifúndio, o qual tem se demonstrado ser incompatível com um projeto nacional libertário, esteja ancorado na biomassa ou não. Trata-se de uma apropriação concentrada da terra em mãos de um pequeno número de proprietários, em geral associados ao grande capital financeiro. É processo imanente ao domínio de corporações transnacionais, cuja influência é cada vez mais acentuada nos últimos 10 anos.
O governo FHC quase destruiu o Estado e desmontou a estrutura produtiva industrial de empresas de economia mista e as de capital privado nacionais. Com a política dos transgênicos do governo petista de Luís Inácio Lula delineia-se no horizonte a entrega da terra às grandes corporações transnacionais. Este é um processo novo do domínio colonialista que acarretará crescente desemprego pelos excludentes mecanismos tecnológicos das “plantations”, os quais afastam a absorção da mão de obra extensiva. Se o processo industrial já havia desempregado muita gente pela internacionalização da indústria e sua progressiva e desnecessária automação, agora essa tendência ao desemprego estende-se à área agrícola.
As “plantations” transnacionais da biomassa significariam o genocídio do povo brasileiro. O Clube de Roma anunciou desde o início da década dos 70 que 3/4 da humanidade é dispensável para fins produtivos. É a ideologia do extermínio que, paradoxalmente, convive carnalmente com o Fome Zero e a prosápia da cidadania do governo petista. É a apoteose da ideologia do emprego contra o trabalho.
A internacionalização da terra e sua concentração econômica culminam na política criminosa dos transgênicos resultantes da lei das patentes, que enfeixam sob o regime de monopólio mundial a propriedade das sementes. Isso redunda no adeus à agricultura em mãos de brasileiros e na impossibilidade de sermos os produtores de energia renovável e limpa diante do ocaso do petróleo. Com esse panorama a miragem de uma reforma agrária sob a bandeira petista é uma mistificação.
É desnorteante que setores que poderiam ser dos mais beneficiados com uma política energética da biomassa, como é o caso dos “sem terra”, fazem resistência a essa política.
Associando-a com o regime de latifúndio, manifestam-se reticentes ao uso da biomassa na produção de energia. São menos refratários, porém a outras produções agrícolas como feijão, arroz, trigo etc. ou ao domínio do mercado externo da soja brasileira por meia dúzia de corporações transnacionais.
Há que colocar em discussão o papel do Estado, cuja participação no desenvolvimento econômico brasileiro – em particular no processo de industrialização – foi decisivo. Nas últimas décadas as corporações transnacionais instalaram-se no Brasil com auxilio de amplo programa de subsídios e incentivos dados pelo Estado. Esse processo teve o seu sustentáculo na substituição de importações, tendo por objetivo a incorporação de pacotes tecnológicos trazidos para o país tendo como origem corporações transnacionais. Se esse modelo teve a vantagem de queimar etapas no processo dito de desenvolvimento, em contrapartida consolidou modelo de dependência tecnológica externa.
O historiador Nelson Werneck Sodré assinala em seu livro “Brasil: Radiografia de um Modelo” que desde o plano de metas o imperialismo colocou o Estado brasileiro a seu serviço, sob a aparência da modernização do aparato estatal. Disso é exemplo o setor petroquímico em que houve a junção da Petrobrás com corporações transnacionais e a participação de empresas privadas de capital nacional. É o chamado “Modelo Tripartícipe”. Com as privatizações essas empresas foram internacionalizadas, excluindo a participação das empresas de economia mista, após usufruírem inúmeras vantagens concedidas pelo Estado. Isso consolidou o domínio imperialista com o apoio do Estado. Nas últimas décadas o Estado nacional vem se enfraquecendo sendo aparentemente substituído por supostos investimentos de controle externo que ademais não têm ocorrido como previstos.
O Estado brasileiro foi fundamental na implantação de uma política energética nas áreas de petróleo, energia elétrica e no Programa Nacional do Álcool. O enfraquecimento crescente do Estado debilitou de modo substantivo o desenvolvimento de infra-estruturas energéticas do país, como foram exemplo os setores do álcool e o elétrico, culminando neste último caso com o famigerado afegão, fruto da política de estabilidade financeira do FMI. Este considera investimentos do Estado com o objetivo de aumentar a oferta de energia em resposta ao aumento da demanda, utilizando recursos próprios das empresas, como sendo de efeitos inflacionários. Simplesmente incrível!
Dir-se-ia então que hoje o projeto imperialista objetiva a destruição do Estado, o qual está sendo substituído por corporações transnacionais, ONGs e agentes externos atuando em postos chave das estruturas governamentais. Essa destruição facilita o controle externo dos recursos naturais estratégicos localizadas nas regiões intertropicais, os quais as nações hegemônicas carecem para dar solução a suas necessidades vitais no campo energético.
Assim, o imperialismo utilizou-se do Estado e, agora, o descarta com a ideologia neoliberal: não são mais necessários nem o Estado nem as gentes brasileiras. Noutras palavras, a internacionalização, o extermínio e o desemprego estão indissoluvelmente vinculados. O governo do Presidente Lula, entretanto, nada faz para reverter esse quadro antinacional. Apenas interrompeu as privatizações, porém isso de pouco adianta se não houver a recomposição do Estado. Sob o argumento falseado da governabilidade, o país é submetido às garras do imperialismo. Isso analisado do ângulo energético ganha conotação nociva ante a sobrevivência nacional. Trata-se de dupla omissão na etapa histórica em que a questão energética é essencial ante o esgotamento do petróleo: a cegueira em relação ao trópico e o descuido diante da oportunidade mundial em que o Brasil poderia afirmar-se como potência econômica.
É importante enfatizar que essa oportunidade é única em toda a história: nenhum outro país a teve nas circunstâncias atuais do Brasil. Por mais louvável que seja a atuação do chanceler Amorim, a sua política externa não encontra suporte interno, apesar das nossas excepcionais condições natural. Não existe projeto prevendo o aproveitamento dessas oportunidades e, pelo contrário, caminha-se em direção oposta: a internacionalização destrutiva, incompatível com a necessidade de fortalecimento do Estado nacional. Por suporte interno designamos uma estratégia de poder que mude a matriz energética dando prioridade às potencialidades dos trópicos, fundamento imprescindível a uma política externa independente. Nesse campo as vantagens comparativas brasileiras são incomparáveis.
No panorama contemporâneo observa-se uma situação dramática do ponto de vista energético, envolvendo países da importância da China, Índia, Japão e Alemanha. Eles necessitam soluções energéticas renováveis e limpas que somente se encontram disponíveis nas condições naturais do continente tropical brasileiro. As demais regiões tropicais (Austrália, Indonésia, África Central e Sudeste Asiático) não desfrutam de enormes áreas territoriais ainda vazias, recursos hídricos abundantes, intensa e exuberante radiação solar como ocorrem no continente brasileiro.
O relacionamento da nação brasileira com esses países deve ser equacionado de maneira equânime, e não pela via submissa e colonial que tem caracterizado a postura do Brasil diante do poder mundial.
Essa mudança interna da matriz energética e sua correspondente política externa é a maneira de o Brasil assumir um papel de independência fortalecendo-se com pactos externos com esses países e caminhando na direção que lhe cabe de sujeito da história neste crucial momento de colapso dos combustíveis fósseis. Isso implica em superar a deplorável condição colonial das últimas duas décadas de neoliberalismo deplorável.
O nosso desafio é romper com a dependência, e não a covardia de administrá-la ao erigir a impotência como signo da identidade nacional. Com a iminência do ocaso dos combustíveis fósseis estamos diante de um fato novo relacionado com os limites do capital, que vão além das contradições internas entre as forças produtivas e as relações de produção, porque agora o que está em jogo, pela primeira vez na história do homem, é a possibilidade da destruição entrópica da natureza, ao tornar-se problemática a sua capacidade de produzir trabalho. É por isso que o epicentro energético do futuro da humanidade situa-se nas regiões intertropicais, onde está banido o aumento da entropia do universo por causa do permanente fluxo eletromagnético irradiado pelo astro rei: o sol. Este fluxo permite a estabilidade de um mundo auto-sustentável, crucial no futuro do processo de desenvolvimento das civilizações.
Os essenciais condicionantes da natureza, os recursos naturais variados e abundantes, as vantagens comparativas incomparáveis, todas as oportunidades oferecidas são porém inócuos diante da falsa simbologia de valor de sistema financeiro internacional, representando todas as riquezas em processo espúrio de emissão arbitrária e monopólica exercido por gangues internacionais a serviço de potências bélicas hegemônicas que condicionam a humanidade a sua brutal capacidade de matar.
A atitude de um governo nacional deve conduzir necessariamente a sociedade brasileira para a libertação desse esquema iníquo de dominação. O Brasil não tem qualquer alternativa dentro desse sistema financeiro internacional, comandado o poder nacional de maneira absoluta por meio de seus prepostos em todas as esferas que transforma os dirigentes eleitos pelo voto universal em marionetes e a justiça em instrumentos de interesse antinacionais.
Isso se evidencia atualmente de maneira escandalosa com as violentas pressões para desvincular o Banco Central de qualquer poder interno, subordinando-o ao controle externo. A semântica é um escárnio quando menciona que esse processo visa a um Banco Central autônomo. O Partido dos Trabalhadores, hoje no poder, que deveria supostamente defender o valor do trabalho e a liberdade de seu povo, na verdade é o agente de orgia financeira a favor de opulenta e nefasta oligarquia financeira internacional.
Nesse contexto, o poder imperial atua para impedir qualquer veleidade de autonomia na estrutura produtiva com a imposição da ALCA. A isso se dá, cinicamente, o nome de “associação de livre comércio”, ou seja, mais um escárnio semântico para humilhar a inteligência e a dignidade dos brasileiros e conduzir o nosso povo à ruína.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Uso de Biomassa para a Produção de Energia
O Brasil encontra-se em situação privilegiada no que se refere a suas fontes primárias de oferta de energia. Verifica-se que a maioria da energia consumida no país é proveniente de fontes renováveis de energia (biomassa em forma de lenha e derivados da madeira, como serragem, carvão vegetal, derivados da cana-de-açúcar, hidroeletricidade, etc).
O "apagão" tornou evidente e conseqüentemente, o racionamento de energia começou as discussões sobre a matriz energética brasileira.
A utilização de biomassa para produção de energia, tanto elétrica como em forma de vapor, em caldeiras ou fornos já é uma realidade no Brasil. O uso da madeira para a geração de energia apresenta algumas vantagens e desvantagens, quando relacionadas com combustíveis à base de petróleo.
Vantagens:
Baixo custo de aquisição;
Não emite dióxido de enxofre;
As cinzas são menos agressivas ao meio ambiente que as provenientes de combustíveis fósseis;
Menor corrosão dos equipamentos (caldeiras, fornos);
Menor risco ambiental;
Recurso renovável;
Emissões não contribuem para o efeito estufa.
Desvantagens:
Menor poder calorífico;
Maior possibilidade de geração de material particulado para a atmosfera. Isto significa maior custo de investimento para a caldeira e os equipamentos para remoção de material particulado;
Dificuldades no estoque e armazenamento.
Além das citadas, existem algumas vantagens indiretas, como é o caso de madeireiras que utilizam os resíduos do processo de fabricação (serragem, cavacos e pedaços de madeira) para a própria produção de energia, reduzindo, desta maneira, o volume de resíduo do processo industrial.
Algumas das desvantagens podem ser compensadas através de monitoramento de parâmetros do processo. Para o controle do processo de combustão devem ser monitorados o excesso de ar, CO e, para instalações de grande porte, também, deve existir o monitoramento da densidade colorimétrica da fumaça por um sistema on-line instalado na chaminé. Esses controles do processo de combustão são medidas para impedir a geração de poluentes e, assim chamadas indiretas. As Medidas Indiretas visam reduzir a geração e o impacto de poluentes sem aplicação de equipamentos de remoção. O uso de equipamentos de remoção é uma medida direta que visa remover aquela parte de poluentes impossíveis de remover com as medidas indiretas. Deve-se sempre que possível, tentar implantar as medidas indiretas antes de aplicar as diretas.
Medidas Indiretas no Controle de Poluição do ar:
Impedir a geração de poluente
Diminuir a quantidade gerada
Diluição através de chaminé alta
Adequada localização da fonte
Medidas Diretas no Controle de Poluição do ar:
Ciclones e multiciclones
Lavadoras
Lavador venturi
Filtro de tecido
Precipitadores eletrostáticos
Adsorvedores
Incineradores de gases
Condensadores
O "apagão" tornou evidente e conseqüentemente, o racionamento de energia começou as discussões sobre a matriz energética brasileira.
A utilização de biomassa para produção de energia, tanto elétrica como em forma de vapor, em caldeiras ou fornos já é uma realidade no Brasil. O uso da madeira para a geração de energia apresenta algumas vantagens e desvantagens, quando relacionadas com combustíveis à base de petróleo.
Vantagens:
Baixo custo de aquisição;
Não emite dióxido de enxofre;
As cinzas são menos agressivas ao meio ambiente que as provenientes de combustíveis fósseis;
Menor corrosão dos equipamentos (caldeiras, fornos);
Menor risco ambiental;
Recurso renovável;
Emissões não contribuem para o efeito estufa.
Desvantagens:
Menor poder calorífico;
Maior possibilidade de geração de material particulado para a atmosfera. Isto significa maior custo de investimento para a caldeira e os equipamentos para remoção de material particulado;
Dificuldades no estoque e armazenamento.
Além das citadas, existem algumas vantagens indiretas, como é o caso de madeireiras que utilizam os resíduos do processo de fabricação (serragem, cavacos e pedaços de madeira) para a própria produção de energia, reduzindo, desta maneira, o volume de resíduo do processo industrial.
Algumas das desvantagens podem ser compensadas através de monitoramento de parâmetros do processo. Para o controle do processo de combustão devem ser monitorados o excesso de ar, CO e, para instalações de grande porte, também, deve existir o monitoramento da densidade colorimétrica da fumaça por um sistema on-line instalado na chaminé. Esses controles do processo de combustão são medidas para impedir a geração de poluentes e, assim chamadas indiretas. As Medidas Indiretas visam reduzir a geração e o impacto de poluentes sem aplicação de equipamentos de remoção. O uso de equipamentos de remoção é uma medida direta que visa remover aquela parte de poluentes impossíveis de remover com as medidas indiretas. Deve-se sempre que possível, tentar implantar as medidas indiretas antes de aplicar as diretas.
Medidas Indiretas no Controle de Poluição do ar:
Impedir a geração de poluente
Diminuir a quantidade gerada
Diluição através de chaminé alta
Adequada localização da fonte
Medidas Diretas no Controle de Poluição do ar:
Ciclones e multiciclones
Lavadoras
Lavador venturi
Filtro de tecido
Precipitadores eletrostáticos
Adsorvedores
Incineradores de gases
Condensadores
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Sistemas de Cogeração da Biomassa
Os sistemas de cogeração, que permitem produzir simultaneamente energia elétrica e calor útil, configuram a tecnologia mais racional para a utilização de combustíveis. Este é o caso das indústrias sucro-alcooleira e de papel e celulose, que além de demandar potência elétrica e térmica, dispõem de combustíveis residuais que se integram de modo favorável ao processo de cogeração. A cogeração é usada em grande escala no mundo, inclusive com incentivos de governos e distribuidoras de energia.
Usinas de Açúcar a Álcool
A produção elétrica nas usinas de açúcar e álcool, em sistemas de cogeração que usam o bagaço de cana como combustível, é uma prática tradicional deste segmento, em todo o Mundo. O que diferencia seu uso é a eficiência com que o potencial do bagaço é aproveitado.
No Brasil, maior produtor mundial de cana-de-açúcar, a cogeração nas usinas de açúcar e álcool também é uma prática tradicional, produzindo-se entre 20 a 30 kWh por tonelada de cana moída, como energia elétrica e mecânica, esta última usada no acionamento direto das moendas.
A cogeração com bagaço irá certamente melhorar a economicidade da produção sucroalcooleira, aumentando a competitividade do álcool carburante. O bagaço volumoso é de difícil transporte, implicando em gasto adicional, tornando a geração de eletricidade na própria região da usina mais barata. Mais econômica é gerar eletricidade associada à geração de calor de processo para uso na usina, conservando-se energia.
A disponibilidade de combustíveis derivados do petróleo é superior a de bagaço de cana, pois existe uma rede de distribuição de combustíveis em todo o país. Trata-se de substituir o óleo combustível pelo bagaço da cana apenas em regiões onde há viabilidade. O conteúdo de energia do álcool produzido chega a 6,23 unidades para cada unidade de energia utilizada em sua fabricação.
A forma mais eficiente e limpa de gerar energia elétrica com bagaço é através de tecnologias modernas, como a Integrated Gasification Combined Cicle (IGCC). O processo gaseifica o bagaço e o gás produzido alimenta a câmara de combustão de uma turbina a gás. Esta tecnologia possibilita o aproveitamento integral da cana-de-açúcar.
Indústria de Papel e Celulose
Do mesmo modo que na indústria sucro-alcooleira, a produção de papel e celulose apresenta interessantes perspectivas para a produção combinada de energia elétrica e calor útil, tendo em vista suas relações de demanda de eletricidade e vapor de baixo-média pressão e a disponibilidade de combustíveis residuais de processo, como o licor negro e as cascas e resíduos de biomassa.
A tecnologia de produção de celulose mais difundida no Brasil é o processo Kraft, que emprega uma solução de hidróxido de sódio/sulfito de sódio, o licor branco, para separar a celulose da matéria prima lenhosa, na etapa denominada digestão.
Outras Indústrias
Ainda podem ser citadas as agroindústrias que empregam este combustível em sistemas de cogeração, como é o caso de diversas unidades de processamento de suco de laranja no Estado de São Paulo, que adotam tecnologias bastante similares as usinas de açúcar e álcool, utilizando turbinas a vapor de contrapressão com tipicamente 21 bar e 280 °C como condições para o vapor vivo.
Pode-se ainda citar neste contexto o aproveitamento de resíduos sólidos urbanos gerados à taxa média diária de 1 kg per capita, cada vez mais problemáticos quanto à sua disposição final. Estes resíduos contêm:
• material reciclável (vidro, metais, papel limpo, alguns plásticos, etc.)
• compostos biodegradáveis passíveis de serem convertidos em adubo orgânico
• outros materiais, em sua maior parte celulósicos, de difícil reciclagem e de razoável poder calorífico
Gaseificação Industrial
A energia química da biomassa pode ser convertida em calor e daí em outras formas de energia:
• Direta - através da combustão na fase sólida, sempre foi a mais utilizada
• Indireta - quando através da pirólise, são produzidos gases e/ou líquidos combustíveis.
O processo de produção de um gás combustível a partir da biomassa é composto por três etapas:
• Secagem - a secagem ou retirada da umidade pode ser feita quando a madeira é introduzida no gaseificador, aproveitando-se a temperatura ali existente, contudo a operação com madeira seca é mais eficiente.
• Pirólise ou carbonização - durante a etapa de pirólise formam-se gases, vapor d'água, vapor de alcatrão e carvão
• Gaseificação - é liberada a energia necessária ao processo, pela combustão parcial dos produtos da pirólise.
Assim, o processo de gaseificação da biomassa, como da madeira, consiste na sua transformação em um gás combustível, contendo proporções variáveis de monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidrogênio, metano, vapor d'água e alcatrões. Esta composição do gás combustível depende de diversos fatores, tais como, tipo de gaseificador, introdução ou não de vapor d'água, e principalmente do conteúdo de umidade da madeira a ser gaseificada.
Vantagens da gaseificação da biomassa:
• As cinzas e o carbono residual permanecem no gaseificador, diminuindo assim a emissão de particulados
• O combustível resultante é mais limpo e, na maioria dos casos não há necessidade de controle de poluição.
• Associada a catalisadores, como alumínio e zinco, a gaseificação aumenta a produção de hidrogênio e de monóxido de carbono e diminui a produção de dióxido de carbono.
Usinas de Açúcar a Álcool
A produção elétrica nas usinas de açúcar e álcool, em sistemas de cogeração que usam o bagaço de cana como combustível, é uma prática tradicional deste segmento, em todo o Mundo. O que diferencia seu uso é a eficiência com que o potencial do bagaço é aproveitado.
No Brasil, maior produtor mundial de cana-de-açúcar, a cogeração nas usinas de açúcar e álcool também é uma prática tradicional, produzindo-se entre 20 a 30 kWh por tonelada de cana moída, como energia elétrica e mecânica, esta última usada no acionamento direto das moendas.
A cogeração com bagaço irá certamente melhorar a economicidade da produção sucroalcooleira, aumentando a competitividade do álcool carburante. O bagaço volumoso é de difícil transporte, implicando em gasto adicional, tornando a geração de eletricidade na própria região da usina mais barata. Mais econômica é gerar eletricidade associada à geração de calor de processo para uso na usina, conservando-se energia.
A disponibilidade de combustíveis derivados do petróleo é superior a de bagaço de cana, pois existe uma rede de distribuição de combustíveis em todo o país. Trata-se de substituir o óleo combustível pelo bagaço da cana apenas em regiões onde há viabilidade. O conteúdo de energia do álcool produzido chega a 6,23 unidades para cada unidade de energia utilizada em sua fabricação.
A forma mais eficiente e limpa de gerar energia elétrica com bagaço é através de tecnologias modernas, como a Integrated Gasification Combined Cicle (IGCC). O processo gaseifica o bagaço e o gás produzido alimenta a câmara de combustão de uma turbina a gás. Esta tecnologia possibilita o aproveitamento integral da cana-de-açúcar.
Indústria de Papel e Celulose
Do mesmo modo que na indústria sucro-alcooleira, a produção de papel e celulose apresenta interessantes perspectivas para a produção combinada de energia elétrica e calor útil, tendo em vista suas relações de demanda de eletricidade e vapor de baixo-média pressão e a disponibilidade de combustíveis residuais de processo, como o licor negro e as cascas e resíduos de biomassa.
A tecnologia de produção de celulose mais difundida no Brasil é o processo Kraft, que emprega uma solução de hidróxido de sódio/sulfito de sódio, o licor branco, para separar a celulose da matéria prima lenhosa, na etapa denominada digestão.
Outras Indústrias
Ainda podem ser citadas as agroindústrias que empregam este combustível em sistemas de cogeração, como é o caso de diversas unidades de processamento de suco de laranja no Estado de São Paulo, que adotam tecnologias bastante similares as usinas de açúcar e álcool, utilizando turbinas a vapor de contrapressão com tipicamente 21 bar e 280 °C como condições para o vapor vivo.
Pode-se ainda citar neste contexto o aproveitamento de resíduos sólidos urbanos gerados à taxa média diária de 1 kg per capita, cada vez mais problemáticos quanto à sua disposição final. Estes resíduos contêm:
• material reciclável (vidro, metais, papel limpo, alguns plásticos, etc.)
• compostos biodegradáveis passíveis de serem convertidos em adubo orgânico
• outros materiais, em sua maior parte celulósicos, de difícil reciclagem e de razoável poder calorífico
Gaseificação Industrial
A energia química da biomassa pode ser convertida em calor e daí em outras formas de energia:
• Direta - através da combustão na fase sólida, sempre foi a mais utilizada
• Indireta - quando através da pirólise, são produzidos gases e/ou líquidos combustíveis.
O processo de produção de um gás combustível a partir da biomassa é composto por três etapas:
• Secagem - a secagem ou retirada da umidade pode ser feita quando a madeira é introduzida no gaseificador, aproveitando-se a temperatura ali existente, contudo a operação com madeira seca é mais eficiente.
• Pirólise ou carbonização - durante a etapa de pirólise formam-se gases, vapor d'água, vapor de alcatrão e carvão
• Gaseificação - é liberada a energia necessária ao processo, pela combustão parcial dos produtos da pirólise.
Assim, o processo de gaseificação da biomassa, como da madeira, consiste na sua transformação em um gás combustível, contendo proporções variáveis de monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidrogênio, metano, vapor d'água e alcatrões. Esta composição do gás combustível depende de diversos fatores, tais como, tipo de gaseificador, introdução ou não de vapor d'água, e principalmente do conteúdo de umidade da madeira a ser gaseificada.
Vantagens da gaseificação da biomassa:
• As cinzas e o carbono residual permanecem no gaseificador, diminuindo assim a emissão de particulados
• O combustível resultante é mais limpo e, na maioria dos casos não há necessidade de controle de poluição.
• Associada a catalisadores, como alumínio e zinco, a gaseificação aumenta a produção de hidrogênio e de monóxido de carbono e diminui a produção de dióxido de carbono.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
O que é a biomassa?
Através da fotossíntese, as plantas capturam energia do sol e transformam em energia química. Esta energia pode ser convertida em eletricidade, combustível ou calor. As fontes orgânicas que são usadas para produzir energias usando este processo são chamadas de biomassa.
Os combustíveis mais comuns da biomassa são os resíduos agrícolas, madeira e plantas como a cana-de-açúcar, que são colhidos com o objetivo de produzir energia. O lixo municipal pode ser convertido em combustível para o transporte, indústrias e mesmo residências.
Os recursos renováveis representam cerca de 20% do suprimento total de energia no mundo, sendo 14% proveniente de biomassa e 6% de fonte hídrica. No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca de 35% de origem hídrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos renováveis suprem algo em torno de 2/3 dos requisitos energéticos do País.
Em condições favoráveis a biomassa pode contribuir de maneira significante para com a produção de energia elétrica. O pesquisador Hall, através de seus trabalhos, estima que com a recuperação de um terço dos resíduos disponíveis seria possível o atendimento de 10% do consumo elétrico mundial e que com um programa de plantio de 100 milhões de hectares de culturas especialmente para esta atividade seria possível atender 30% do consumo.
A produção de energia elétrica a partir da biomassa, é muito defendida como uma alternativa importante para países em desenvolvimento e também outros países. Programas nacionais começaram a ser desenvolvidos visando o incremento da eficiência de sistemas para a combustão, gaseificação e pirólise da biomassa. Segundo pesquisadores, entre os programas nacionais bem sucedidos no mundo citam-se:
• O Proálcool, Brasil
• Aproveitamento de biogás na China
• Aproveitamento de resíduos agrícolas na Grã - Bretanha
• Aproveitamento do bagaço de cana nas Ilhas Maurício
• Coque vegetal no Brasil
No Brasil cerca de 30% das necessidades energéticas são supridas pela biomassa sob a forma de:
• Lenha para queima direta nas padarias e cerâmicas
• Carvão vegetal para redução de ferro gusa em fornos siderúrgicos e combustível alternativo nas fábricas de cimento do norte e do nordeste
• No sul do país queimam carvão mineral, álcool etílico ou álcool metílico para fins carburantes e para industria química
• O bagaço de cana e outros resíduos combustíveis são utilizados para geração de vapor para produzir eletricidade, como nas usinas de açúcar e álcool, que não necessitam de outro combustível, pelo contrário ainda sobra bagaço para indústria de celulose
Outra forma de aproveitamento da biomassa é o Biogás, que é uma fonte abundante, não poluidora e barata de energia.
Biomassa e Eletricidade
A tabela abaixo demonstra a situação de empreendimentos termelétricos no Brasil, classificando por fonte e situação. O bagaço de cana e o licor negro estão entre as fontes mais importantes, nos setores sucro-alcooleiro e de papel e celulose, respectivamente, além de diversos tipos de sistemas híbridos com combustíveis fósseis. O Plano Decenal de Expansão 2000/2009 estima o potencial técnico de cogeração nestes dois setores em 5.750 MW, com um potencial de mercado de pouco mais de 2.800 MW, em 2009.
Os combustíveis mais comuns da biomassa são os resíduos agrícolas, madeira e plantas como a cana-de-açúcar, que são colhidos com o objetivo de produzir energia. O lixo municipal pode ser convertido em combustível para o transporte, indústrias e mesmo residências.
Os recursos renováveis representam cerca de 20% do suprimento total de energia no mundo, sendo 14% proveniente de biomassa e 6% de fonte hídrica. No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca de 35% de origem hídrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos renováveis suprem algo em torno de 2/3 dos requisitos energéticos do País.
Em condições favoráveis a biomassa pode contribuir de maneira significante para com a produção de energia elétrica. O pesquisador Hall, através de seus trabalhos, estima que com a recuperação de um terço dos resíduos disponíveis seria possível o atendimento de 10% do consumo elétrico mundial e que com um programa de plantio de 100 milhões de hectares de culturas especialmente para esta atividade seria possível atender 30% do consumo.
A produção de energia elétrica a partir da biomassa, é muito defendida como uma alternativa importante para países em desenvolvimento e também outros países. Programas nacionais começaram a ser desenvolvidos visando o incremento da eficiência de sistemas para a combustão, gaseificação e pirólise da biomassa. Segundo pesquisadores, entre os programas nacionais bem sucedidos no mundo citam-se:
• O Proálcool, Brasil
• Aproveitamento de biogás na China
• Aproveitamento de resíduos agrícolas na Grã - Bretanha
• Aproveitamento do bagaço de cana nas Ilhas Maurício
• Coque vegetal no Brasil
No Brasil cerca de 30% das necessidades energéticas são supridas pela biomassa sob a forma de:
• Lenha para queima direta nas padarias e cerâmicas
• Carvão vegetal para redução de ferro gusa em fornos siderúrgicos e combustível alternativo nas fábricas de cimento do norte e do nordeste
• No sul do país queimam carvão mineral, álcool etílico ou álcool metílico para fins carburantes e para industria química
• O bagaço de cana e outros resíduos combustíveis são utilizados para geração de vapor para produzir eletricidade, como nas usinas de açúcar e álcool, que não necessitam de outro combustível, pelo contrário ainda sobra bagaço para indústria de celulose
Outra forma de aproveitamento da biomassa é o Biogás, que é uma fonte abundante, não poluidora e barata de energia.
Biomassa e Eletricidade
A tabela abaixo demonstra a situação de empreendimentos termelétricos no Brasil, classificando por fonte e situação. O bagaço de cana e o licor negro estão entre as fontes mais importantes, nos setores sucro-alcooleiro e de papel e celulose, respectivamente, além de diversos tipos de sistemas híbridos com combustíveis fósseis. O Plano Decenal de Expansão 2000/2009 estima o potencial técnico de cogeração nestes dois setores em 5.750 MW, com um potencial de mercado de pouco mais de 2.800 MW, em 2009.
sábado, 4 de abril de 2009
Biomassa
A biomassa é uma fonte energética derivada dos produtos e subprodutos da floresta, resíduos da indústria da madeira, de culturas agrícolas e sólidos urbanos. Processos permitem fazer o aproveitamento da biomassa é combustão direta, gaseificação e a pirólise. A partir da plantação de certos vegetais, como beterraba, sorgo, pinheiro, eucalipto e cana-de-açúcar, converte-se a matéria orgânica em álcool etílico.
A energia de biomassa é fornecida por matérias de origem vegetal que podem ser renovadas em intervalos curtos. A lenha das florestas, o bagaço da cana, os resíduos da indústria de papel, além do biogás, obtido pela decomposição do lixo, são alguns exemplos dos recursos que podem ser utilizados na produção de energia.
A biomassa pode ser aproveitada para produzir calor como também eletricidade. Exemplo interessante é o desenvolvimento de projetos de geração de energia a partir do bagaço da cana utilizada pela indústria do álcool e do açúcar e de projetos de geração térmica a partir da queima da casca do arroz.
Atividades tradicionais, disseminadas pela maior parte do país, praticada com métodos rudimentares, desempenha papel de importância econômica, na Amazônia e no Nordeste.
Condições naturais e a pobreza da população favorecem o envolvimento de milhares de famílias nessa atividade englobada no setor primário da economia, às vezes praticadas ilegalmente em áreas de reservas tombadas como patrimônio ou reservas florestais, visando complementar a renda ou a sobrevivência do grupo familiar.
A biomassa é uma das fontes energéticas principais do Brasil, ficando atrás do petróleo e da eletricidade. As árvores plantadas com o objetivo de retirar carbono da atmosfera podem ser utilizadas como matrizes energéticas, em substituição a combustíveis fósseis.
Há três classes de biomassa: a biomassa sólida, líquida e gasosa.
A biomassa sólida tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos das florestas e a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.
A biomassa líquida existe em uma série de biocombustíveis líquidos com potencial de utilização, todos com origem nas chamadas "culturas energéticas". Exemplo é o biodiesel, obtido a partir de óleos de colza ou girassol; o etanol, produzido com a fermentação de hidratos de carbono (açúcar, amido, celulose); e o metanol, gerado pela síntese do gás natural.
Já a biomassa gasosa é encontrada nos efluentes agropecuários provenientes da agroindústria e do meio urbano. É achada também nos aterros urbanos. Estes resíduos são resultado da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica, e são constituídos por uma mistura de metano e gás carbônico, que são submetidos à combustão para a geração de energia.
A crise do Petróleo entre 73 e 79, fez que países buscassem fontes alternativas que substituíssem ou reduzissem os gastos com o combustível importado e ameaçado pelo esgotamento. As condições de espaço e a tropicalidade de nosso território propiciam intensificar o cultivo da cana-de-açúcar, para obter álcool combustível.
De tecnologia nacional, o álcool é um substituto da gasolina, movimentando boa parte da frota nacional, não substitui o diesel e os derivados do petróleo responsável pelas máquinas industriais, caminhões, ônibus, tratores e indústrias. A maior experiência mundial de uso de energia renovável no transporte é o Proálcool brasileiro. Bagaço de cana, palha de arroz, trigo, soja e milho podem ser transformados em etanol com o uso de uma bactéria recombinante (Escherichia coli geneticamente modificada a partir de genes da bactéria Zymomonas mobilis).
O bagaço é potencial no incremento da capacidade elétrica através da co-geração. A experiência brasileira de produção de energia com biomassa é a queima de bagaço nas caldeiras. Praticamente todas as usinas são alto suficientes em energia e geram excedentes para a rede elétrica. A eficiência na queima do bagaço poderia aumentar em 35% com a gaseificação ou a redução da umidade, que chega a 50%.
O Proálcool é uma realidade, os interesses dos proprietários e das montadoras estavam em jogo. A denominação biomassa se junta variados produtos energéticos. No Brasil têm muita importância os produtos derivados da agroindústria açucareira, como o etanol e o bagaço de cana. Outros energéticos são os carvões e os óleos vegetais. A produção é em torno de 200 mil barris por dia de etanol, proveniente da indústria açucareira, onde principal consumidor é o transporte.
A área plantada com cana de açúcar no Brasil deve saltar de cerca de 7 milhões de hectares para 12,2 milhões de hectares na safra 2015/2016. Com isso será capaz de produzir 902,8 milhões de toneladas para usinas e destilarias, o dobro da produção atual. O crescimento se dará pela febre de demanda pelo álcool, com previsão de produção de 36 bilhões de litros de 90 novas usinas e destilarias construídas até 2015 no país.
As matérias de florestas, campos e lavouras não estão disponíveis em massa ou de forma ilimitada, o nosso alvo é que a humanidade de amanhã, sem a abundância das energias fósseis dos últimos 100 anos, possa viver de forma sustentável e digna. Supre as necessidades alimentares de todos os seres superiores, a produção florestal e agrícola poderá servir para cobrir por um lado às necessidades de matérias primas e por outro as necessidades de energia e combustíveis dos seres humanos. Deve haver suficientes substâncias naturais e nutrientes de teor energético, nos solos florestais e agrícolas, para que a biosfera e os solos não empobreçam, nem diminua a sua produtividade.
O álcool virou a principal estrela do mercado energético global e nenhuma economia tem tanto a ganhar quanto a nossa. O álcool desponta como a principal promessa.
O despertar mundial coloca o Brasil à frente da corrida da energia alternativa. Estimula potenciais produtores. Jamaica, Nigéria, Índia, cultivam cana e tentam organizar a produção inspirada nos moldes brasileiros. A criação de mercados pelo mundo é considerada fundamental pelos produtores locais. A percepção é que, enquanto o Brasil for quase monopolista no comércio internacional de álcool, dificilmente será possível convencer os países desenvolvidos a misturá-lo à gasolina. A experiência do petróleo ensinou que a concentração da produção de combustível não é boa para os países consumidores, que se tornam dependentes. É importante que vários países fabriquem etanol para que haja segurança de abastecimento.
Outro país não será capaz de tirar a liderança brasileira nesse campo em curto prazo. O Brasil tornou-se uma Meca na produção em larga escala de combustíveis renováveis graças a uma perfeita combinação de clima, extensão territorial e reservas de água. A produtividade é a maior do mundo. De cada hectare de cana plantada no país, produzem-se 6.800 litros de álcool. Nos Estados Unidos, o álcool é feito de milho, cada hectare da cultura gera 3.200 litros de álcool, abaixo da metade do rendimento brasileiro. O litro do álcool brasileiro é cerca de US$ 0,20, ante US$ 0,47 do álcool de milho americano e US$ 0,32 do álcool de cana produzido na Austrália. A beleza do processo brasileiro está principalmente na eficiência ambiental. No Brasil, as máquinas que fabricam o álcool são movidas à energia elétrica produzida pela queima do bagaço de cana, o que reduz os custos. Nos Estados Unidos, o processo depende da energia gerada do carvão, do óleo combustível ou do gás natural, o que encarece o produto final. Para proteger os produtores americanos de milho, a importação do álcool brasileiro é taxada, fere a competitividade. Dois projetos que tramitam no Congresso americano suspendem a cobrança. Jeb Bush, governador da Flórida e irmão do presidente vêm fazendo uma cruzada para derrubar a taxação sobre o produto brasileiro. O Brasil será um pólo ainda maior de atração de investidores, muitos consideram a senha para a transição de um setor com ilhas de atraso para a modernidade.
Os produtores brasileiros dominam a fabricação de álcool, é difícil prever por quanto tempo essa realidade se manterá.
A supremacia brasileira não é definitiva. Faltam investimentos em ciência e tecnologia, para desenvolver novas espécies de cana, resistentes a pragas e adaptadas a regiões mais áridas, será fundamental para abrir novos pólos de produção e elevar a produtividade. A cultura está migrando, novas usinas serão erguidas em Minas Gerais, Goiás, Paraná e Pará.
A maior parte do álcool produzido no país deixa a usina em caminhões, transporte caro que compromete a rentabilidade de áreas no interior do país. Falta estrutura nos portos. Se algum importador comprar álcool hoje, vai ter de esperar meses para receber. Parte da solução do problema estaria na construção de álcool dutos cortando o país. Um projeto da Petrobrás prevê a abertura de um duto que ligaria Goiás à refinaria de Paulínia, em São Paulo, passando pelas principais regiões produtoras.
O ponto fraco para o sucesso do Brasil são os usineiros garantir a produção do álcool. Parece primário na sofisticada agenda do setor de energia, os usineiros reduzem a produção de álcool toda vez que o preço do açúcar sobe. Essa artimanha para aumentar o faturamento da usina tende a minar a confiança dos consumidores externos. O mercado de combustíveis trabalha com contratos de longo prazo que precisam ser respeitados.
A energia de biomassa é fornecida por matérias de origem vegetal que podem ser renovadas em intervalos curtos. A lenha das florestas, o bagaço da cana, os resíduos da indústria de papel, além do biogás, obtido pela decomposição do lixo, são alguns exemplos dos recursos que podem ser utilizados na produção de energia.
A biomassa pode ser aproveitada para produzir calor como também eletricidade. Exemplo interessante é o desenvolvimento de projetos de geração de energia a partir do bagaço da cana utilizada pela indústria do álcool e do açúcar e de projetos de geração térmica a partir da queima da casca do arroz.
Atividades tradicionais, disseminadas pela maior parte do país, praticada com métodos rudimentares, desempenha papel de importância econômica, na Amazônia e no Nordeste.
Condições naturais e a pobreza da população favorecem o envolvimento de milhares de famílias nessa atividade englobada no setor primário da economia, às vezes praticadas ilegalmente em áreas de reservas tombadas como patrimônio ou reservas florestais, visando complementar a renda ou a sobrevivência do grupo familiar.
A biomassa é uma das fontes energéticas principais do Brasil, ficando atrás do petróleo e da eletricidade. As árvores plantadas com o objetivo de retirar carbono da atmosfera podem ser utilizadas como matrizes energéticas, em substituição a combustíveis fósseis.
Há três classes de biomassa: a biomassa sólida, líquida e gasosa.
A biomassa sólida tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos das florestas e a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.
A biomassa líquida existe em uma série de biocombustíveis líquidos com potencial de utilização, todos com origem nas chamadas "culturas energéticas". Exemplo é o biodiesel, obtido a partir de óleos de colza ou girassol; o etanol, produzido com a fermentação de hidratos de carbono (açúcar, amido, celulose); e o metanol, gerado pela síntese do gás natural.
Já a biomassa gasosa é encontrada nos efluentes agropecuários provenientes da agroindústria e do meio urbano. É achada também nos aterros urbanos. Estes resíduos são resultado da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica, e são constituídos por uma mistura de metano e gás carbônico, que são submetidos à combustão para a geração de energia.
A crise do Petróleo entre 73 e 79, fez que países buscassem fontes alternativas que substituíssem ou reduzissem os gastos com o combustível importado e ameaçado pelo esgotamento. As condições de espaço e a tropicalidade de nosso território propiciam intensificar o cultivo da cana-de-açúcar, para obter álcool combustível.
De tecnologia nacional, o álcool é um substituto da gasolina, movimentando boa parte da frota nacional, não substitui o diesel e os derivados do petróleo responsável pelas máquinas industriais, caminhões, ônibus, tratores e indústrias. A maior experiência mundial de uso de energia renovável no transporte é o Proálcool brasileiro. Bagaço de cana, palha de arroz, trigo, soja e milho podem ser transformados em etanol com o uso de uma bactéria recombinante (Escherichia coli geneticamente modificada a partir de genes da bactéria Zymomonas mobilis).
O bagaço é potencial no incremento da capacidade elétrica através da co-geração. A experiência brasileira de produção de energia com biomassa é a queima de bagaço nas caldeiras. Praticamente todas as usinas são alto suficientes em energia e geram excedentes para a rede elétrica. A eficiência na queima do bagaço poderia aumentar em 35% com a gaseificação ou a redução da umidade, que chega a 50%.
O Proálcool é uma realidade, os interesses dos proprietários e das montadoras estavam em jogo. A denominação biomassa se junta variados produtos energéticos. No Brasil têm muita importância os produtos derivados da agroindústria açucareira, como o etanol e o bagaço de cana. Outros energéticos são os carvões e os óleos vegetais. A produção é em torno de 200 mil barris por dia de etanol, proveniente da indústria açucareira, onde principal consumidor é o transporte.
A área plantada com cana de açúcar no Brasil deve saltar de cerca de 7 milhões de hectares para 12,2 milhões de hectares na safra 2015/2016. Com isso será capaz de produzir 902,8 milhões de toneladas para usinas e destilarias, o dobro da produção atual. O crescimento se dará pela febre de demanda pelo álcool, com previsão de produção de 36 bilhões de litros de 90 novas usinas e destilarias construídas até 2015 no país.
As matérias de florestas, campos e lavouras não estão disponíveis em massa ou de forma ilimitada, o nosso alvo é que a humanidade de amanhã, sem a abundância das energias fósseis dos últimos 100 anos, possa viver de forma sustentável e digna. Supre as necessidades alimentares de todos os seres superiores, a produção florestal e agrícola poderá servir para cobrir por um lado às necessidades de matérias primas e por outro as necessidades de energia e combustíveis dos seres humanos. Deve haver suficientes substâncias naturais e nutrientes de teor energético, nos solos florestais e agrícolas, para que a biosfera e os solos não empobreçam, nem diminua a sua produtividade.
O álcool virou a principal estrela do mercado energético global e nenhuma economia tem tanto a ganhar quanto a nossa. O álcool desponta como a principal promessa.
O despertar mundial coloca o Brasil à frente da corrida da energia alternativa. Estimula potenciais produtores. Jamaica, Nigéria, Índia, cultivam cana e tentam organizar a produção inspirada nos moldes brasileiros. A criação de mercados pelo mundo é considerada fundamental pelos produtores locais. A percepção é que, enquanto o Brasil for quase monopolista no comércio internacional de álcool, dificilmente será possível convencer os países desenvolvidos a misturá-lo à gasolina. A experiência do petróleo ensinou que a concentração da produção de combustível não é boa para os países consumidores, que se tornam dependentes. É importante que vários países fabriquem etanol para que haja segurança de abastecimento.
Outro país não será capaz de tirar a liderança brasileira nesse campo em curto prazo. O Brasil tornou-se uma Meca na produção em larga escala de combustíveis renováveis graças a uma perfeita combinação de clima, extensão territorial e reservas de água. A produtividade é a maior do mundo. De cada hectare de cana plantada no país, produzem-se 6.800 litros de álcool. Nos Estados Unidos, o álcool é feito de milho, cada hectare da cultura gera 3.200 litros de álcool, abaixo da metade do rendimento brasileiro. O litro do álcool brasileiro é cerca de US$ 0,20, ante US$ 0,47 do álcool de milho americano e US$ 0,32 do álcool de cana produzido na Austrália. A beleza do processo brasileiro está principalmente na eficiência ambiental. No Brasil, as máquinas que fabricam o álcool são movidas à energia elétrica produzida pela queima do bagaço de cana, o que reduz os custos. Nos Estados Unidos, o processo depende da energia gerada do carvão, do óleo combustível ou do gás natural, o que encarece o produto final. Para proteger os produtores americanos de milho, a importação do álcool brasileiro é taxada, fere a competitividade. Dois projetos que tramitam no Congresso americano suspendem a cobrança. Jeb Bush, governador da Flórida e irmão do presidente vêm fazendo uma cruzada para derrubar a taxação sobre o produto brasileiro. O Brasil será um pólo ainda maior de atração de investidores, muitos consideram a senha para a transição de um setor com ilhas de atraso para a modernidade.
Os produtores brasileiros dominam a fabricação de álcool, é difícil prever por quanto tempo essa realidade se manterá.
A supremacia brasileira não é definitiva. Faltam investimentos em ciência e tecnologia, para desenvolver novas espécies de cana, resistentes a pragas e adaptadas a regiões mais áridas, será fundamental para abrir novos pólos de produção e elevar a produtividade. A cultura está migrando, novas usinas serão erguidas em Minas Gerais, Goiás, Paraná e Pará.
A maior parte do álcool produzido no país deixa a usina em caminhões, transporte caro que compromete a rentabilidade de áreas no interior do país. Falta estrutura nos portos. Se algum importador comprar álcool hoje, vai ter de esperar meses para receber. Parte da solução do problema estaria na construção de álcool dutos cortando o país. Um projeto da Petrobrás prevê a abertura de um duto que ligaria Goiás à refinaria de Paulínia, em São Paulo, passando pelas principais regiões produtoras.
O ponto fraco para o sucesso do Brasil são os usineiros garantir a produção do álcool. Parece primário na sofisticada agenda do setor de energia, os usineiros reduzem a produção de álcool toda vez que o preço do açúcar sobe. Essa artimanha para aumentar o faturamento da usina tende a minar a confiança dos consumidores externos. O mercado de combustíveis trabalha com contratos de longo prazo que precisam ser respeitados.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Biodigestores
Biodigestor é um tanque protegido do contato com o ar atmosférico, onde a matéria orgânica contida nos efluentes é metabolizada por bactérias anaeróbias (que se desenvolvem em ambiente sem oxigênio). Neste processo, os subprodutos obtidos são o gás (Biogás), uma parte sólida que decanta no fundo do tanque (Biofertilizante), e uma parte líquida que corresponde ao efluente mineralizado (tratado).
Este efluente pode ser utilizado para produção de microalgas que podem servir de insumo para piscicultura em sistemas de policultivo. Este processo de tratamento de efluentes por biodigestor e produção de subprodutos com valor agregado é um exemplo de Biossistema Integrado.
O Biofertilizante apresenta alta qualidade para uso como fertilizante agrícola, devido principalmente: a diminuição no teor de carbono do material, pois a matéria orgânica ao ser digerida perde exclusivamente carbono na forma de CH4 e CO2; ao aumento no teor de nitrogênio e demais nutrientes, em conseqüência da perda do carbono; a diminuição na relação C/N da matéria orgânica, o que melhora as condições do material para fins agrícola; as maiores facilidades de imobilização do biofertilizante pelos microorganismos do solo, devido ao material já se encontrar em grau avançado de decomposição o que vem aumentar a eficiência do biofertilizante; a solubilização parcial de alguns nutrientes.
O Biogás é um gás inflamável produzido por microorganismos, e quando matérias orgânicas em um ambiente impermeável ao ar, são fermentadas em determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez.
O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor de alho ou de ovo podre.
O biogás por ser extremamente inflamável, oferece condições para:
Uso em fogão doméstico; em lampião; como combustível para motores de combustão interna; em geladeiras; em chocadeiras; em secadores de grãos ou secadores diversos; geração de energia elétrica; aquecimento e balanço calorífico.
A redução das necessidades de lenha poupa as matas. A produção de biogás representa um importante meio de estímulo a agricultura, promovendo a devolução de produtos vegetais ao solo e aumentando o volume e a qualidade de adubo orgânico. Os excrementos fermentados aumentam o rendimento agrícola.
O biogás, substituindo o gás de petróleo no meio rural, elimina também os custos do transporte de bujão de gás dos estoques do litoral ao interior.
O uso do biogás na cozinha é higiênico, não desprende fumaça e não deixa resíduos nas panelas. O desenvolvimento de um programa de biogás também representa um recurso eficiente para tratar os excrementos e melhorar a higiene e o padrão sanitário do meio rural. O lançamento de dejetos humanos e animais num digestor de biogás solucionam os problemas de dar fins aos ovos dos esquistossomos e ancilóstomos, bem como de bactérias, bacilos disentéricos e paratíficos e de outros parasitas.
A tecnologia de biodigestores já tem pelo menos duas décadas no Brasil. Iniciou-se com modelos provenientes da China e Índia. No entanto, o Brasil teve algumas dificuldades na sua implementação, fazendo com que esta tecnologia caísse no descrédito no meio rural.
Nestas duas décadas houve avanços tecnológicos significativos que possibilitaram a solução de várias dificuldades. Assim, o modelo de biodigestor adotado para o Biossistema Integrado agrega avanços, além de levar em conta a simplicidade de manejo e baixo custo de construção.
Os objetivos dos biodigestores podem variar de localidade para localidade, podem ser empregados na obtenção de combustível de alta qualidade para as áreas rurais, sendo, ao mesmo tempo, preservado o valor do efluente como adubo; pode visar atender ao duplo objetivo de produção de energia e de tratamento de dejetos, principalmente de animais em fazendas, o que possibilita o manuseio de um material sem odores.
O Brasil dispõe de condições climáticas favoráveis (localidade de clima tropical onde a temperatura é praticamente constante, com média acima de 20°C, os digestores dispensam sistemas adicionais para aquecimento) para explorar a imensa energia derivada dos dejetos animais e restos de cultura e liberar o gás de bujão e o combustível líquido (querosene, gasolina, óleo diesel) para o homem urbano aliviando com isso o país de uma significativa parcela de importação de derivados do petróleo.
Este efluente pode ser utilizado para produção de microalgas que podem servir de insumo para piscicultura em sistemas de policultivo. Este processo de tratamento de efluentes por biodigestor e produção de subprodutos com valor agregado é um exemplo de Biossistema Integrado.
O Biofertilizante apresenta alta qualidade para uso como fertilizante agrícola, devido principalmente: a diminuição no teor de carbono do material, pois a matéria orgânica ao ser digerida perde exclusivamente carbono na forma de CH4 e CO2; ao aumento no teor de nitrogênio e demais nutrientes, em conseqüência da perda do carbono; a diminuição na relação C/N da matéria orgânica, o que melhora as condições do material para fins agrícola; as maiores facilidades de imobilização do biofertilizante pelos microorganismos do solo, devido ao material já se encontrar em grau avançado de decomposição o que vem aumentar a eficiência do biofertilizante; a solubilização parcial de alguns nutrientes.
O Biogás é um gás inflamável produzido por microorganismos, e quando matérias orgânicas em um ambiente impermeável ao ar, são fermentadas em determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez.
O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor de alho ou de ovo podre.
O biogás por ser extremamente inflamável, oferece condições para:
Uso em fogão doméstico; em lampião; como combustível para motores de combustão interna; em geladeiras; em chocadeiras; em secadores de grãos ou secadores diversos; geração de energia elétrica; aquecimento e balanço calorífico.
A redução das necessidades de lenha poupa as matas. A produção de biogás representa um importante meio de estímulo a agricultura, promovendo a devolução de produtos vegetais ao solo e aumentando o volume e a qualidade de adubo orgânico. Os excrementos fermentados aumentam o rendimento agrícola.
O biogás, substituindo o gás de petróleo no meio rural, elimina também os custos do transporte de bujão de gás dos estoques do litoral ao interior.
O uso do biogás na cozinha é higiênico, não desprende fumaça e não deixa resíduos nas panelas. O desenvolvimento de um programa de biogás também representa um recurso eficiente para tratar os excrementos e melhorar a higiene e o padrão sanitário do meio rural. O lançamento de dejetos humanos e animais num digestor de biogás solucionam os problemas de dar fins aos ovos dos esquistossomos e ancilóstomos, bem como de bactérias, bacilos disentéricos e paratíficos e de outros parasitas.
A tecnologia de biodigestores já tem pelo menos duas décadas no Brasil. Iniciou-se com modelos provenientes da China e Índia. No entanto, o Brasil teve algumas dificuldades na sua implementação, fazendo com que esta tecnologia caísse no descrédito no meio rural.
Nestas duas décadas houve avanços tecnológicos significativos que possibilitaram a solução de várias dificuldades. Assim, o modelo de biodigestor adotado para o Biossistema Integrado agrega avanços, além de levar em conta a simplicidade de manejo e baixo custo de construção.
Os objetivos dos biodigestores podem variar de localidade para localidade, podem ser empregados na obtenção de combustível de alta qualidade para as áreas rurais, sendo, ao mesmo tempo, preservado o valor do efluente como adubo; pode visar atender ao duplo objetivo de produção de energia e de tratamento de dejetos, principalmente de animais em fazendas, o que possibilita o manuseio de um material sem odores.
O Brasil dispõe de condições climáticas favoráveis (localidade de clima tropical onde a temperatura é praticamente constante, com média acima de 20°C, os digestores dispensam sistemas adicionais para aquecimento) para explorar a imensa energia derivada dos dejetos animais e restos de cultura e liberar o gás de bujão e o combustível líquido (querosene, gasolina, óleo diesel) para o homem urbano aliviando com isso o país de uma significativa parcela de importação de derivados do petróleo.
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