segunda-feira, 20 de abril de 2009

O mundo se prepara para a nova era dos combustíveis renovados

A expressiva disponibilidade de água doce e grandes extensões de terras ainda não utilizadas é o que torna o Brasil um País sem competidores na nova era que se inicia para a humanidade.
O temor em relação ao fim da era dos combustíveis fósseis e de débâcle da energia nuclear acaba de ser confirmada pela realização do Fórum Mundial em Bonn, promovido pelo governo da Alemanha e mais 80 organizações sob o tema “Desafio do Século: Uma Estratégia Global para as Energias Renováveis”.
O governo alemão toma essa importante iniciativa depois de rejeitar o próprio programa de fissão nuclear, que já respondia por 30% da eletricidade que o país consome e também para favorecer a proposta de tentar aprovar no Parlamento da União Européia a retirada, a partir de 2007, dos impostos sobre fontes de energias renováveis. Ademais, a Alemanha transformou-se na principal potência industrial na geração de energia eólica, batendo o Japão e os EUA, como também consolidou sua intransigente defesa dos objetivos do Protocolo de Kyoto, que objetiva a redução da queima de combustíveis fósseis responsáveis pelas mudanças de clima no Planeta.
É surpreendente e estarrecedora a completa ausência do Brasil nesse importante encontro, considerando que foi o nosso País a única nação que realizou com sucesso o mais importante programa mundial de substituição de gasolina, graças à criação do Proálcool.
A circunstância reflete, igualmente, o profundo retrocesso do Brasil no concerto internacional lembrando que em 1980, logo após a segunda crise do petróleo ocorrida no ano anterior, na Conferência Mundial de Biomassa, realizada em Atlanta, nos EUA, o programa brasileiro de combustível renovável ocupou mais de 30% do temário, fazendo jus à mensagem inédita, altamente elogiosa, do próprio Presidente Carter.
Hoje o Brasil, conforme seminário recente promovido pelo BNDES, ainda é o maior produtor mundial de álcool combustível, embora seu uso - na versão hidratada - esteja em total decadência - menos de 1% dos carros a álcool no ano passado, em comparação com 96%, em 1986, mesmo sendo produzidos pela metade do preço do segundo produtor, os EUA. As condições brasileiras no campo tecnológico tornam o Brasil sem competidor, sendo o único país que não concede qualquer tipo de subsídio, o que ainda permite colocar o produto nas bombas por menos da metade do preço da gasolina.
Os EUA, que acabam de constatar o desastre ecológico causado pelo MTBE (Metil tercil butil éter), substância de origem petroquímica posta em uso para evitar importações de álcool no Brasil e que provocou a contaminação de 50% nos poços de água potável em 31 Estados estadunidenses, aplicam um subsídio de 100% de proteção ao álcool, produzido a partir do milho.
Concomitantemente, as ações bélicas promovidas pelo Governo Bush determinando a ocupação de regiões do mundo diretamente ligadas ao petróleo - Arábia Saudita, Afeganistão e Iraque - bem como a potencial ameaça ao Irã, estão criando em nações que também são grandes consumidoras de petróleo, um crescente interesse quanto à garantia no fornecimento de combustíveis alternativos aos derivados do petróleo tais como os oriundos da biomassa, como o etanol, o “biodiesel”, a partir de óleos vegetais e outros combustíveis renováveis e limpos.
Sendo esses produtos resultantes da captação da radiação solar pela fotossíntese nas plantas, eles são abundantes nas regiões tropicais com expressiva disponibilidade de água doce e grandes extensões de terras ainda não utilizadas. É exatamente isso que torna o Brasil um País sem competidores na nova era que se inicia para a humanidade, conforme será discutido em Bonn, no final deste mês, com vistas à criação de um novo processo civilizacional, a partir de energias renováveis. É inexplicável, por conseguinte, a atual omissão do Brasil nesse encontro em que se discutirá o futuro da humanidade. Temos uma incomparável contribuição a dar, graças às nossas extraordinárias e insuperáveis vantagens comparativas naturais, além da histórica vantagem tecnológica como executores do único programa mundial de sucesso em produção extensiva de energia renovável e limpa, embora submetido a condições financeiras e de mercado internacional de massacre, fruto da pusilanimidade do governo passado e de seu interesse em servir às forças econômicas mundiais o que, de certa forma e para a nossa tristeza, também está acontecendo no atual governo.

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