domingo, 24 de maio de 2009

Brasil importa 1 bilhão de litros de diesel "limpo"

O Brasil vai importar este ano em torno de 1 bilhão de litros de diesel do tipo S50 (com 50 partes de enxofre por milhão ou ppm) para atender à determinação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) para redução das emissões de enxofre nos grandes centros urbanos. O volume importado vai representar dois terços do consumo total previsto para 2009 desse tipo de diesel menos poluente, que começou a ser produzido no País neste mês.
Em acordo firmado no ano passado com diversas entidades governamentais, a estatal se comprometeu a fornecer o S50 às frotas de ônibus urbanos de São Paulo e Rio. De acordo com o cronograma do acordo, a previsão é que toda a frota abastecida com diesel de Fortaleza, Recife e Belém passe a usar o S50 até o final do ano. O produto custa 10% a mais do que o diesel importado atualmente. Essas três capitais foram escolhidas por questões logísticas e receberão o diesel S50 ainda importado, sendo anunciado oficialmente o início da produção do S50 na Refinaria Duque de Caxias.
A unidade já processou este mês 10 milhões de litros e terá sua capacidade gradativamente elevada até atingir 360 milhões de litros este ano. Outros 22 milhões de litros foram importados no primeiro trimestre para abastecer São Paulo e Rio.
Também começarão a produzir o S50 ainda em 2009 as refinarias de Paulínia (Replan), Betim (Regap) e Cubatão (RPBC). Até o final de 2010, todas as refinarias da Petrobrás, com exceção da de Manaus, estarão produzindo o diesel S50 e também a gasolina 50 ppm.
A maior vantagem para a Petrobrás com relação à melhoria na qualidade da gasolina é que a estatal voltará a acessar o mercado americano, fechado para a importação de combustíveis com emissões superiores a 50 ppm. A gasolina fabricada no Brasil hoje está em 1.000 ppms.
Segundo testes realizados em 2,6 mil dos 8 mil ônibus que circulam no Rio, a redução das emissões foi de 16% nos veículos mais novos (de 2.000 para cá), mas insignificante nos veículos mais antigos. Por isso, haverá insistência no fato de que os motores têm de se adaptar a esse combustível. De nada adianta fazer a nossa parte se os fabricantes de veículos também não fizerem a sua parte.
CRÍTICA
Há também criticas ao governo do Estado de São Paulo por ter postergado os testes do combustível em sua frota. O governo do Rio está se antecipando, tornou-se pioneiro nesses testes no País. Os demais Estados deveriam seguir o que o Rio fez.
CRONOLOGIA
Em 2002, a Resolução 315 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) definiu que o índice de enxofre no óleo diesel usado no Brasil deveria cair para 50 partes por milhão (ppm) até janeiro de 2009.
Cinco anos depois, em 2007, o setor automobilístico ainda não tinha começado a se preparar para a mudança porque a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ainda não tinham divulgado as especificações desse novo diesel.
Um ano depois, em 2008, um acordo judicial para compensar o não cumprimento da Resolução 315 estabeleceu parâmetros bem menos rígidos: o diesel seria trocado gradualmente até 2014, quando o padrão seria de 500 ppm. Só os ônibus urbanos das maiores cidades seriam "limpos", seguindo um cronograma diferenciado.

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