Perspectiva é de que volume
transacionado no ano que vem pode alcançar 3 milhões unidades ante as 570 mil
comercializadas de 2013 a 2017, aponta Instituto Totum.
A mudança na regra do
protocolo GHG que passou a valer a partir desse ano no Brasil deverá elevar o
volume de transações envolvendo os certificados de energia renovável (REC) a um
novo patamar de grandeza. A estimativa do Instituto Totum é de que o volume
transacionado possa chegar a 3 milhões de certificados em 2019, um montante
três vezes maior do que o estimado para 2018, que por sua vez é quase o dobro
do acumulado dos últimos quatro anos.
O protocolo é uma ferramenta
utilizada para entender, quantificar e gerenciar emissões de gases de efeito
estufa e que foi originalmente desenvolvida nos Estados Unidos, em 1998, pelo
World Resources Institute (WRI). Está no Brasil há 10 anos e somente agora foi
aberto às empresas que participam desse programa reportarem a compra de energia
por este programa que visa a redução de emissão de gases de indústrias que
aderiram ao protocolo.
De acordo com Fernando Lopes,
diretor presidente do Instituto Totum, são três os segmentos que podem adquirir
os certificados de energia renovável no Brasil. Os dois primeiros respondem por
um menor volume em relação ao atribuído ao do programa GHG Protocol no Brasil.
Um deles é o de prédios verdes que buscam se enquadrar na certificação LEED e
suas regras. O segundo é de empresas que participam do RE 100 de empresas que
buscam 100% de sua demanda por fontes renováveis. Nesse grupo estão 145 empresas multinacionais
sendo que um terço dessas tem operações no Brasil e buscam esses RECs
localmente.
O executivo relatou que no
Brasil são 140 empresas que aderiram ao GHG Protocol e que sozinhas respondem
por 12% do consumo de energia. E como foi possível abrir essa opção de reportar
ao programa com a compra de RECs a demanda começou a crescer exponencialmente
este ano. A estimativa do Totum é de que este ano sejam verificadas a transação
de 1 milhão de RECs ante 570 mil no acumulado dos quatro anos anteriores.
“A abertura a empresas do GHG
Protocol é o principal motivo para vermos o aumento da comercialização desses
RECs. No ano passado, das 140 empresas
apenas 11 reportaram emissões para a compra de energia renovável e esperamos
que para 2019 mais ou menos um terço desse universo que reponde por 12% do
consumo de energia no Brasil façam seu report, indicando que pode ser superada
a marca de 3 milhões de RECs”, afirmou Lopes.
De acordo com as regras do
programa um certificado equivale a 1 MWh de energia renovável. Então, explicou
Lopes, como essas indústrias possuem elevado nível de consumo a quantidade de
certificados que demandam é elevada. “Em muitos casos uma indústrias apenas
pode responder por 100 mil, 200 mil RECs, mesmo com poucas empresas temos o
aumento significativo do volume que é transacionado”, acrescentou.
O
custo do REC varia de R$ 1,50 a R$ 6 e depende da fonte de energia gerada e da
chancela que é exigida, como por exemplo, quando há a necessidade de baixo
impacto ou boa relação com a comunidade onde a usina está inserida. Essa é uma
característica mundial para os certificados, aqui é chamado de REC Brazil. O
valor, comentou Lopes, e incluído no valor da energia que o consumidor deve
adquirir, sendo ele agente no mercado livre ou mesmo no mercado regulado e esse
certificado deve estar lastreado à injeção dessa energia no grid.
“O valor dessa energia é de
cerca de 1% a 2% a mais que a empresa já paga em seu contrato de fornecimento.
Ele terá que adicionar esse valor para ter a garantia documentada de que esta
consumindo um produto renovável”, comentou ele. “Aqui no Brasil os volumes
ainda são pequenos, mas por exemplo, na Europa ou nos Estados Unidos são da
ordem de 600 milhões de certificados por ano. Para a empresa que vende a
energia é um acréscimo de receita”, avaliou.
No Brasil estão cadastrados
no programa 136 empreendimentos, sendo 136 eólicos, oito hídricos – sendo seis
ou sete PCHs -, dois a biomassa e outros dois solares. Esse número está em
crescimento, relatou Lopes. Até porque há essa perspectiva de expansão com o
GHG Protocol. São 10 novos geradores para registrarmos nos próximos 30 dias.
Esse registro, continuou, é rápido, em 15 dias é possível participar do
programa para a geração de RECs.
Por aqui, disse o executivo
do Instituto Totum, o mercado é ascendente, mas ainda longe dos dois exemplos
citados anteriormente. Isso porque no país as iniciativas de adesão são
voluntárias, enquanto nas outras duas geografias já há um mercado regulado para
os RECs, bem como a existência dessa ação voluntária.
Cronologia
O REC Brazil foi lançado há
cinco anos com o apoio das associações fundadoras a Associação Brasileira de
Geração de Energia Limpa (Abragel) e Associação Brasileira de Energia Eólica
(ABEEólica) e gestão do Instituto Totum. No ano seguinte, 2014, o Programa foi
oficialmente aceito pela Certificação Internacional LEED, que atesta a
sustentabilidade de edifícios comerciais e residenciais em todo o mundo.
Em termos institucionais, o
Programa passou a ter apoio formal da Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE) e da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia
(Abraceel) em 2016. Ao final do mesmo ano, o REC Brazil foi formalmente
reconhecido e incorporado ao sistema de rastreamento global do IREC Standard.
A partir de 2016, o País
passou a integrar o grupo de países que segue o padrão internacional I-REC. O
I-REC é uma plataforma internacional de transações que permite aos consumidores
adquirirem o certificado de uma energia de fonte renovável rastreada para
compensar as emissões pelo consumo de energia de origem fóssil ou de difícil
comprovação de origem. Com isso, apontou, é possível alcançar metas de aumento
de energia renovável para grandes empresas energointensivas, sem a necessidade
de investimento em geração de energia própria.
A preocupação das empresas e
dos consumidores brasileiros em utilizar energia limpa e contribuir para a
redução das emissões de gases poluentes na atmosfera fez disparar no ano
passado a demanda por Certificados de Energia Renovável, os chamados RECs (na
sigla em inglês). (abraceel)
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