quarta-feira, 30 de março de 2022

Efeito multiplicador da eólica é de 3 vezes

Efeito multiplicador da eólica é de três vezes, aponta estudo.
Pesquisa divulgada pela ABEEólica mostra que cada R$ 1,00 investido em EOLs tem impacto de quase R$ 3 na soma de todos bens e serviços finais produzidos no país.

Associação Brasileira de Energia Eólica/ABEEólica divulgou estudo que demonstra um efeito multiplicador de 3 vezes em impactos positivos da energia eólica sobre a economia brasileira. A metodologia calcula efeitos de diferentes tipos de aportes, o levantamento chegou a um valor superior a R$ 210,5 bilhões referentes a implicações indiretas e induzidas, totalizando R$ 321 bilhões.

Material elaborado pelo pesquisador-associado do FGV-IBRE e economista-sênior da LCA Consultores, Bráulio Borges, e objetivou quantificar as consequências dinâmicas dos investimentos na fonte para o PIB, geração de empregos e redução das emissões de CO2.

“Isso significa que cada R$ 1,00 investido num parque eólico tem impacto de R$ 2,9 sobre o PIB, após 10 a 14 meses, considerando todos os efeitos”, explica o pesquisador. No caso de efeitos ao PIB a análise considerou o valor de R$ 110,5 bilhões na construção de parques eólicos entre 2011 e 2020.

Para a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, os números mostram que além de ser uma fonte renovável fundamental para a operação do sistema elétrico, a eólica também tem um forte componente de aquecer atividades econômicas nas regiões aonde chegam parques, fábricas e toda a cadeia de sua indústria. “Esse número é fundamental no momento em que discutimos a retomada econômica verde”, pontua.

Investimentos em parques eólicos alcançaram R$ 110 bilhões entre 2011 e 2020.

Sobre a geração de empregos, considerando pesquisas prévias sobre o tema em outros países e no Brasil, bem como uma avaliação de cenário mais geral, o estudo chegou a uma estimativa de quase 196 mil vagas criadas entre 2011 e 2020, ou 10,7 empregos por MW instalado na fase de construção dos parques. O levantamento também aponta uma média de 0,6 empregos por MW instalado para Operação & Manutenção.

“Este é um número que permite a realização de alguns cenários para o futuro próximo, uma vez que o setor tem um bom mapeamento de quanto será instalado nos próximos anos”, pondera Bráulio.

Ele explica que, internacionalmente, os pesquisadores trabalham com valores que vão de 10 a 15 postos de trabalho por MW. E que o resultado, nesse caso, aponta para um cenário razoavelmente conservador de estimativa, recaindo foco agora em refinar estes dados para um cenário ainda mais detalhados das perspectivas de empregos que podem ser criados no país.

Durante o evento de apresentação, Elbia trouxe alguns dados de oportunidades geradas por meio dos quase 5 GW em construção no país. São mais de 50 mil trabalhadores nas obras dos parques, além dos mais de 15 mil em Operação & Manutenção.

Com relação às emissões de gases de efeito estufa como o CO2, o setor elétrico terá evitado entre R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões no acumulado de 2016 a 2024. Vale lembrar que o conceito do Custo Social do Carbono tenta quantificar, em termos monetários, os custos econômicos associados às emissões de poluentes.

Energia produzida nos aerogeradores evitou racionamento em 2021, afirma pesquisador.

Para calcular esse valor são construídos diversos cenários prospectivos para o PIB dos países, considerando distintos cenários de temperatura e seus impactos sobre a atividade econômica. As diferenças são trazidas a valor presente, o que gera a estimativa, geralmente apresentada em US$ por tonelada de CO2 equivalente.

Na visão do pesquisador responsável pelo estudo, outros setores da economia exibem um potencial de impacto maior para a geração de empregos, visto que os projetos eólicos são intensivamente ligados a equipamentos. Cerca de 80% dos volumes são destinados a  maquinários enquanto o resto se destina a mão de obra nos parques. “A questão do setor eólico é que são muitos recursos sem dinheiro público, sem contar nos impactos ambientais”, complementa.

Próximos estudos a serem realizados devem apontar projeções para a próxima década, talvez incorporando o segmento offshore, que tem despertado interesse no Brasil até de empresas petrolíferas, pela questão de associação ao hidrogênio verde no futuro. (canalenergia)

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