As atividades de Itaipu
Binacional em projetos de gestão ambiental, monitoramento e melhoria da
qualidade da água que chega a seu reservatório resultou no aumento da produção
de 17% do recurso que a usina usa para a produção de energia. A perspectiva,
contudo, é de que esse volume pode aumentar e representar até 25% da água que
chega ao lago, derivado de trabalhos junto ao solo e águas subterrâneas para
preservação das bacias auxiliares, adjacentes à central.
Entre as iniciativas estão a
minimização do aporte de sedimentos no lago para a melhoria do fluxo de água.
Isso porque um solo com estrutura adequada para evitar erosões permite maior
fluxo de água e menor carregamento de sedimentos, bem como o prolongamento da
vida útil do reservatório. Há ainda a chamada água subterrânea, principalmente
do aquífero mais próximo à superfície, o de Serra Geral, que alimenta o lago da
usina por meio de fraturas no solo e nos rios que chegam ao lago.
Esse dado vem de um
monitoramento que ocorre há pouco menos de cinco anos. Foram coletadas
informações junto a 30 poços localizados na bacia Paraná 3, na margem
brasileira ao longo do reservatório de Itaipu, em micro bacias que chegam à usina.
Notou-se que esses cursos receberam água originada, muito
provavelmente, dessas fontes subterrâneas. O resultado foi verificado
principalmente na época de estiagem onde se notou uma redução de afluência
menor do que a crise hídrica de 2021 sugeriu. Esse estudo, inclusive, será
apresentado em agosto no Congresso Nacional de Águas Subterrâneas.
Além de ações para produzir mais água, segundo a empresa, o processo de modernização e atualização tecnológica é mais um passo para que a central localizada na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, cujo contrato foi recentemente assinado, representa mais um passo de preparar a usina para apresentar mais eficiência na geração.
De acordo com o diretor de Coordenação da Itaipu Binacional, Luiz Otávio Carbonell, e companhia atua com princípios de resiliência e cita como exemplo que mesmo sob a crise hídrica de 2021 a usina foi importante na manutenção a geração de energia para o Brasil e seu sócio, o Paraguai.
“Estamos iniciando o processo
de modernização da estrutura e equipamentos e isso é uma forma de nos
prepararmos de ter mais eficiência e eficácia mesmo frente à crise hídrica.
Precisamos influenciar para conservar e ter água no futuro, para isso temos o
trabalho de biodiversidade e reflorestamento para educação ambiental visando
ter o território saudável, porque assim podemos passar por crises futuras”,
destacou o executivo.
E quando se olha para a
matriz energética de 2050, ano chave para a questão da descarbonização da
matriz elétrica global, a hídrica no Brasil que já foi de 85% no início do
século deverá chegar a apenas 26% do total. Essa redução deve-se ao avanço das
fontes eólica e solar. Então, segundo Igor Ribeiro, coordenador Geral de
Monitoramento de Desempenho do Sistema Elétrico do MME, essa redução coloca em
xeque a questão da segurança energética em relação à fonte hídrica, já que a
grande parte de capacidade de armazenamento de água no Brasil está em UHEs com
reservatórios.
Ele
lembrou que a forma de enfrentar e garantir a manutenção da capacidade nacional
em garantir a segurança está em ações como a recuperação de bacias, citando
como exemplos os projetos aprovados na lei 14.182, que viabilizou a
privatização da Eletrobras.
“Água e energia está na pauta
do MME, No Brasil, a maior capacidade de reservação de água está nas UHEs”,
comentou. “A água nas usinas foi fundamental para lidar com a questão da
escassez hídrica, pois viabilizou o uso múltiplo das águas em condições que
poderiam ser atendidas”, pontuou ele em sua participação no primeiro Seminário
Global de Soluções Sustentáveis em Água-Energia, realizado pela Itaipu
Binacional e o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Undesa),
em Foz do Iguaçu.
A geradora promove nesta
semana o evento em que destaca as ações desenvolvidas nesse sentido. Como por
exemplo, a manutenção de matas ciliares que somam 100 mil hectares ao longo das
margens do lago da usina hidrelétrica.
A Binacional lembra que atualmente mais de 700 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade e que mais de 2 bilhões são afetadas pelo estresse hídrico. E que, a interdependência de água e energia deverá se intensificar nos próximos anos, com implicações significativas para a segurança energética e hídrica, inclusive para os usos múltiplos.
Segundo a Agência Internacional de Energia, até 2035 o consumo de energia deverá aumentar em até 50% o que por sua vez demandará a elevação do consumo de água do setor energético em 85%. (canalenergia)
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