No mesmo período, o mercado total de automóveis e comerciais leves
caiu 18%, no comparativo com igual intervalo do ano passado. Esse nicho passou
a representar 2,3% das vendas totais do setor, ante 0,4% há três anos.
De forma lenta, mas constante, os modelos eletrificados (isto é,
elétricos e híbridos) vêm conquistando consumidores que querem um carro menos
poluente ou que estão curiosos para testar a nova tecnologia.
Embora em números absolutos as vendas ainda
sejam pequenas, de 16,4 mil veículos em cinco meses, o Brasil tem hoje 70
modelos disponíveis entre os 100% elétricos (conhecidos pela sigla BEV); os
híbridos (HEV, que têm motor a combustão e elétrico, com bateria
autorrecarregável); e os híbridos plug-in (PHEV, que também recarregam na
tomada). Esse número deve ficar próximo de 100 até o fim do ano com a chegada
de novos produtos já anunciados.
Para Adalberto Maluf, presidente da ABVE (Associação Brasileira do
Veículo Elétrico), a maior oferta tem a ver com o interesse do consumidor por
novas tecnologias. Como comparativo, ele informa que nos EUA também há 70
modelos elétricos e híbridos à venda. Lá, a participação no mercado total foi
de 4,5% em 2021. Na Alemanha, onde os elétricos e os híbridos plug-in já
respondem por 26% do mercado, há 160 modelos à venda.
“Mesmo sem uma política de incentivos, o brasileiro está comprando carros elétricos; se tivesse incentivo, como na maioria dos países, o mercado já seria bem maior hoje”, avalia Maluf.
Maior oferta
O crescimento da oferta de veículos elétricos e híbridos reflete a
disputa entre as montadoras para não ficar para trás na corrida pela
eletrificação no País. Com exceção da Volkswagen, todas as fabricantes têm
algum modelo do tipo à venda, ou terão até o fim do ano. Entre as importadoras,
só a Ford, que quando tinha fábrica no Brasil foi a primeira a vender um carro
híbrido, agora está fora desse nicho.
Nas últimas semanas, duas montadoras de marcas chinesas, a Caoa
Chery e a Great Wall Motors, anunciaram a produção local de carros híbridos
flex, indicando que a eletrificação ganha força e investimentos no Brasil. Até
agora, só a japonesa Toyota fabricava esse tipo de veículo no País.
A Caoa Chery também iniciou a pré-venda do subcompacto elétrico
iCar por R$ 140 mil, o que faz dele o mais barato do mercado. O carro é
importado da China e tem capacidade para quatro passageiros.
Já a General Motors (GM), dona da Chevrolet, voltará a vender o
Bolt no País, em versão atualizada, e promete para 2023 o SUV Bolt, além da
Blazer e do Equinox, todos elétricos.
O diretor de Estratégia da GM América do Sul, Marcos Paiva,
ressalta que a venda desses veículos cresce no mundo todo, e só modelos
elétricos tiveram vendas de 4,9 milhões de unidades em 2021, mais que o dobro
do ano anterior.
“Políticas voltadas à redução de emissões e o aumento nos preços dos
combustíveis contribuem para o maior interesse global pelos elétricos, assim
como a maior oferta de modelos e a redução da diferença de preço em relação aos
demais automóveis”, diz Paiva.
A maior oferta de elétricos também atende o mercado de locação de veículos. A Movida, empresa de aluguel de carros, tem 600 modelos elétricos híbridos em sua frota de 191 mil veículos. No ano passado, o grupo inaugurou na Zona Leste de São Paulo uma loja-conceito com 11 carregadores de alta velocidade e ultrarrápidos, que permitem uma carga completa em 40 minutos.
Preços
No Brasil, os preços dos eletrificados vão dos R$ 140 mil cobrados
pelo iCar, da Caoa Chery, até R$ 7,4 milhões da Ferrari Stradale ou, ainda, R$
8,4 milhões da versão Spider, ambas híbridas plug-in. De janeiro a abril, foram
vendidas quatro unidades de ambos os modelos.
Apesar dos valores altos, a relação de preços entre elétricos e carros a combustão vem diminuindo. Em 2019, o elétrico mais barato à venda no mercado brasileiro era o JAC iEV, que também custava R$ 140 mil. O valor era 4,88 vezes maior do que o do modelo a combustão mais barato na época, o Chery QQ, vendido a R$ 28,7 mil. Hoje, o novato iCar custa 2,23 a mais do que o Mobi, o mais em conta entre os carros a combustão (R$ 62,7 mil). “Os preços dos elétricos estão caindo no mundo todo com o aumento de escala de produção e a redução do custo da bateria”, diz Adalberto Maluf, da associação Brasileira do Veículo Elétrico. (radiopampa)
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