Expansão das renováveis vive
melhor ritmo em três décadas, diz AIE
A análise é a primeira mais
abrangente das tendências globais de implantação desses tipos de projetos desde
a conclusão da conferência COP28 em Dubai, durante em dezembro. O levantamento
indica que sob as políticas e condições de mercado existentes, é esperado que
as tecnologias verdes cresçam para 7.300 GW até 2028, um volume considerado
pela entidade como ‘uma oportunidade real’ de alcançar o objetivo de triplicar
a capacidade até 2030, meta estabelecida na conferência sobre alterações
climáticas no mês passado.
Desafios e caminhos
Para a AIE, o sucesso desses
movimentos varia significativamente conforme cada região e tecnologia. Num caso
apresentado, a implementação mais rápida de políticas impulsionaria o
crescimento da capacidade renovável 21% acima da previsão principal. Mas para
países em desenvolvimento isso significaria enfrentar desafios como a incerteza
política num ambiente econômico frágil, investimento insuficiente em
infraestruturas de rede para acomodar maiores quotas de energia limpa, além das
barreiras administrativas que atrasam os projetos.
Nas economias emergentes
avançadas e de grande dimensão, o acesso ao financiamento, uma governança forte
e quadros regulamentares robustos são fatores tidos como essenciais para
reduzir o risco e atrair recursos, incluindo o estabelecimento de novas metas e
políticas em nações onde ainda não existem.
Em seu trabalho publicado, a
agência nutre expectativas de que a implantação da energia fotovoltaica e
eólica onshore até 2028 mais que duplique nos Estados Unidos, União Europeia,
Índia e Brasil na comparação com os últimos cinco anos. Um bom indicativo é o
preço dos módulos diminuindo quase 50% no ano passado em relação a 2022, com
reduções de custos e implantação. Assim, a capacidade de produção global deverá
atingir 1.100 GW até ao final de 2024, excedendo significativamente a procura.
Em contrapartida, a indústria
dos aerogeradores fora da China enfrenta um ambiente mais desafiador, devido a
uma combinação de perturbações contínuas na cadeia de abastecimento, custos
mais elevados e longos prazos de licenciamento, que exigem uma maior atenção
política.
Brasil
A América Latina adicionará mais de 165 GW de capacidade de energia renovável de 2023 a 2028. Quatro mercados representam 90% das adições da região e o Brasil e de longe o líder com 108 GW. Bem atrás vem o Chile (25 GW), México (10 GW) e Argentina (4 GW). As implementações diminuem ao longo do período de previsão devido ao crescimento mais lento por aqui, o maior mercado da região. A energia hidrelétrica representou mais da metade das adições entre 2011 e 2016, mas desde então caiu significativamente e representará apenas 5% daqui prá frente.
No Brasil, que representa quase 90% dos quase 50 GW de adições de energia solar para a América Latina, acordos bilaterais no mercado livre permitiram mais de 85% das adições de energia solar e eólica em geração centralizada no período de previsão. Na Argentina, até 80% das adições são provenientes de PPAs corporativos, enquanto a maioria das adições no Chile se dá através de PPAs corporativos ou projetos comerciais.
Hidrogênio e biocombustíveis
O relatório também fornece uma verificação sobre a dinâmica por trás do hidrogênio verde, avaliando quantos projetos anunciados têm probabilidade de avançar. De todos firmados nesta década, espera-se que apenas 7% da potência proposta esteja operacional até 2030. O ritmo lento derivaria de uma decisão de investimento combinado com o apetite limitado dos compradores, além do aumento da produção custos. Para convencer plenamente os investidores, a visão é de que os anúncios ambiciosos terão de ser seguidos de políticas consistentes de apoio à demanda.
No ano que passou, o papel dos biocombustíveis também ganhou destaque. Nas economias emergentes, lideradas pelo Brasil e Índia, a perspectiva é de um impulsionamento de 70% da procura global nos próximos 5 anos, à medida que esse tipo de insumo começa a mostrar o seu verdadeiro potencial em setores difíceis de descarbonizar, como o de aviação. No entanto o relatório mostra que esse movimento não está acontecendo com rapidez suficiente, sendo necessário um aumento significativo na procura até 2030 para alinhar os biocombustíveis a um caminho de menos emissões.
(canalenergia)
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