segunda-feira, 30 de junho de 2025

Energia, alimento e uma nova lógica para o uso da terra

Agrivoltaico no Brasil: energia, alimento e uma nova lógica para o uso da terra.
Produção de alimentos, geração de energia limpa e uso racional da água: a oportunidade agrivoltaico.

A frase "energia, alimento e uma nova lógica para o uso da terra" refere-se à necessidade de encontrar soluções sustentáveis para a produção de alimentos e energia, que considerem a utilização eficiente da terra e a redução do impacto ambiental. Essa lógica nova implica em integrar a produção de energia renovável (como a solar) na agricultura, através de sistemas como o agrivoltaico, que aproveitam a mesma terra para cultivar alimentos e gerar eletricidade.

Elaboração:

A Necessidade de uma Nova Lógica:

A produção de alimentos e energia, especialmente em um mundo com crescente população, exige soluções que não agravem os problemas ambientais, como o uso excessivo de água, o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa.

O Agrivoltaico como Solução:

O agrivoltaico é uma forma de integrar a produção de energia solar à agricultura, onde painéis solares são instalados sobre as culturas, permitindo a geração de energia e, ao mesmo tempo, a produção de alimentos.

Vantagens do Agrivoltaico:

Uso Eficiente da Terra: A mesma área pode ser usada para a produção de energia e de alimentos, evitando a expansão da agricultura para áreas não adequadas.

Redução do Impacto Ambiental: A energia solar é uma fonte renovável e limpa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa.

Acesso à Energia e Segurança Alimentar: O agrivoltaico pode contribuir para a autonomia energética e a segurança alimentar em áreas rurais, onde o acesso à energia e aos alimentos pode ser limitado.

O Brasil como Referência:

O Brasil possui um grande potencial para o desenvolvimento do agrivoltaico, devido à sua abundância de sol e à diversidade agrícola.

Importância da Cooperação:

A implementação do agrivoltaico exige a colaboração entre governo, universidades, empresas e instituições financeiras, para promover a pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação de soluções inovadoras.

A combinação entre energia solar e agricultura não é apenas uma inovação tecnológica: é uma alavanca concreta para a transformação do meio rural brasileiro. Os sistemas agrivoltaicos oferecem uma resposta sofisticada aos dilemas do uso eficiente da terra, da escassez hídrica, da pobreza energética e da insegurança alimentar — desafios centrais do século XXI, escreve Fernando Caneppele em novo artigo para a pv magazine.
A intensificação das mudanças climáticas, aliada ao aumento da demanda por alimentos e energia, impõe um desafio global: como produzir mais utilizando menos recursos naturais? Nesse contexto, surge o conceito de sistemas agrivoltaicos, que propõem o uso simultâneo da mesma área para cultivo agrícola e geração de energia solar. Essa solução inovadora alia tecnologia, sustentabilidade e geração de renda, especialmente para comunidades rurais e pequenos produtores.

O sistema agrivoltaico funciona com a instalação de painéis solares elevados sobre o solo cultivável, permitindo que a luz solar seja compartilhada entre as plantas e os módulos fotovoltaicos. O sombreamento parcial reduz o estresse térmico das culturas, melhora a eficiência hídrica e mantém a produtividade agrícola, enquanto gera energia limpa e renovável. Essa sinergia tem ganhado destaque em diversas regiões do mundo e começa a ganhar força também no Brasil.

Conceito e Fundamentos do Sistema Agrivoltaico

Os sistemas agrivoltaicos foram concebidos para otimizar o uso da terra em contextos onde há competição entre agricultura e geração energética. A estrutura envolve a instalação de painéis solares a uma altura suficiente para permitir o crescimento das plantas e o uso de máquinas agrícolas.

Essa disposição favorece uma relação simbiótica: enquanto os painéis solares oferecem sombreamento controlado às culturas, protegendo-as do excesso de radiação e reduzindo a evaporação da água no solo, as plantas ajudam a resfriar os painéis por evapotranspiração, aumentando sua eficiência energética.

Além dos benefícios ambientais, essa tecnologia também oferece ganhos econômicos: a produção de energia pode ser usada localmente ou vendida à rede elétrica, gerando uma segunda fonte de renda para o produtor rural.

Experiências Reais no Brasil

Embora o conceito ainda esteja em fase inicial de implementação no Brasil, há uma série de projetos-piloto promissores que demonstram o potencial do sistema agrivoltaico em diferentes regiões e culturas.

- Agri-PV system – IEE (USP), ESALQ (USP), RCGI (USP), Innova Power (USP) e TotalEnergies

Em Piracicaba SP, este projeto visa desenvolver e implementar um sistema agrivoltaico (Agri-PV) que integre geração fotovoltaica e cultivo agrícola no mesmo espaço físico, proporcione adaptação climática ao setor agropecuário e sirva como plataforma de pesquisa aplicada, demonstração tecnológica e modelo replicável para propriedades rurais.

O projeto, coordenado pelos professores Maurício Roberto Cherubin (ESALQ-USP) e Roberto Zilles (IEE-USP), está inserido no esforço de inovação tecnológica e transição energética promovido pela USP em parceria com instituições científicas e empresas do setor energético, visando sustentabilidade, segurança alimentar e energética e resiliência climática.
Sistema Agro-FV: combinando produção de energia solar com produção de alimentos e mudanças climáticas.

- Comunidade Indígena Pankará – Itacuruba (PE)

Um dos exemplos mais emblemáticos está no sertão pernambucano, na comunidade indígena Pankará. Um sistema agrivoltaico foi instalado sobre uma horta comunitária, com apoio de organizações da sociedade civil e institutos de pesquisa. Os painéis abastecem bombas para irrigação e ao mesmo tempo protegem as hortaliças do calor excessivo da Caatinga. O resultado tem sido uma melhoria significativa na segurança hídrica e alimentar da comunidade.

- Universidade Federal de Alagoas – Projeto com Cana-de-Açúcar

A UFAL conduz um estudo experimental, coordenado pelo professor Ricardo Araujo Ferreira Junior (UFAL), sobre o cultivo de cana-de-açúcar sob estruturas fotovoltaicas. Os resultados preliminares revelam aumentos de produtividade entre 6% e 23%, além da geração de energia elétrica. O sombreamento dos painéis solares resultou em maior índice de área foliar e altura das plantas, em comparação com a área sem sombreamento.

- Minas Gerais – EPAMIG, Cemig e CPQD

Projetos em Minas Gerais estão testando diferentes modelos de espaçamento entre módulos, combinações de culturas (hortaliças, frutas e gramíneas), além da pecuária e estruturas de fixação. O objetivo é encontrar a configuração ideal para maximizar o uso do solo em sistemas semiáridos e mecanizados. Os primeiros resultados indicam viabilidade técnica e econômica, com previsão de replicação em polos agrícolas do estado.

Sistema agro fotovoltaico em Alagoas – Uma integração cana-de-açúcar e geração de energia fotovoltaica.

Eficiência Hídrica e Microclima

Um dos aspectos mais relevantes dos sistemas agrivoltaicos é o ganho em eficiência no uso da água. Estudos apontam que o sombreamento dos painéis pode reduzir até 30% da evaporação da umidade do solo, fator crítico em regiões de seca prolongada. A sombra diminui a temperatura do solo e das plantas, reduzindo a perda de água por evaporação e transpiração.

Além disso, sensores e algoritmos podem ser integrados aos sistemas para ajustar o ângulo dos painéis conforme o ciclo das culturas, otimizando a quantidade de luz direta e difusa necessária em cada fase do crescimento vegetal.

As alterações no microclima (temperatura e umidade) sob os painéis beneficiam culturas sensíveis ao calor, equilibrando produção agrícola e energética.

No caso do semiárido brasileiro, onde a escassez hídrica limita a produtividade agrícola, a tecnologia pode transformar a lógica de produção, permitindo o cultivo em áreas antes inativas por conta do calor extremo e da limitação de irrigação.

A seguir, alguns resultados comparativos entre métodos convencionais e sistemas agrivoltaicos em cultivos experimentais:

Cultura 

Produção (Agrivoltaico x Convencional) 

Eficiência uso d’agua (AV x Convencional) 

Observações 

Pimenta silvestre 

3x maior no AV 

Sem diferença significativa 

Maior fotossíntese e adaptação ao sombreamento 

Pimenta jalapeño 

Praticamente igual 

157% maior no AV 

Menor perda d’água por transpiração (~65%) 

Tomate cereja 

2x maior no AV 

65% maior no AV 

Melhora por alívio de estresse térmico e hídrico 

Comparativo de Produção e Eficiência Hídrica em Cultivos Agrivoltaicos x Convencionais. BARRON-GAFFORD et al., 2019.
Impactos Econômicos e Sociais

A adoção de sistemas agrivoltaicos gera impactos sociais positivos significativos. Para os pequenos produtores, representa a possibilidade de diversificar a renda com a venda de excedentes de energia, além da economia direta na conta de luz. Em algumas regiões, a energia gerada tem sido utilizada para alimentar bombas d’água, sistemas de refrigeração ou pequenas agroindústrias.

Segundo o Senado Federal, mais de 200 mil produtores rurais já utilizam alguma forma de energia solar no Brasil, e muitos deles poderiam migrar para modelos agrivoltaicos com apoio técnico e acesso a financiamento.

Diversos estudos vêm reforçando a viabilidade técnica e financeira do agrivoltaico em contextos de agricultura familiar. Um estudo de 2024, apresentado no Congresso Brasileiro de Energia Solar, avaliou a viabilidade de sistemas agrivoltaicos em uma associação de agricultura familiar no estado do Amazonas. O projeto, que envolveu quatro famílias ribeirinhas produtoras de alimentos orgânicos, demonstrou que mesmo sem subsídios públicos, o sistema pode apresentar retorno financeiro atrativo: o payback descontado foi estimado em 7 anos e 10 meses, com Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 98 mil e Taxa Interna de Retorno (TIR) de 24,41%.

O estudo propôs dois arranjos tecnológicos (um sistema elevado e uma casa de vegetação com módulos solares), utilizando materiais já comuns na região. Além da economia direta de energia, observou-se o potencial de sinergia com modelos de negócios de energia compartilhada, aproveitando a estrutura organizacional da associação para distribuir créditos de energia elétrica entre os membros. Essa abordagem reforça a viabilidade da adoção do agrivoltaico por pequenos produtores em regiões remotas e com alto custo de energia.

Além da renda, os ganhos indiretos incluem o fortalecimento da autonomia energética de comunidades rurais, a melhora na segurança alimentar e o estímulo ao cooperativismo e empreendedorismo local.

Desafios e Oportunidades para Expansão

Apesar do seu grande potencial, a adoção em larga escala de sistemas agrivoltaicos ainda enfrenta desafios importantes. Um dos principais obstáculos é o custo inicial elevado, que pode limitar a implantação por pequenos e médios produtores. No entanto, esse investimento tende a se mostrar compensador ao longo do tempo, especialmente quando a energia gerada é utilizada para reduzir os custos operacionais da propriedade ou comercializada por meio da geração distribuída. Para viabilizar economicamente esses sistemas, já existem mecanismos de financiamento disponíveis, como o Fundo Clima do BNDES, linhas de crédito verdes e parcerias com cooperativas de crédito.

Outro ponto crucial é a capacitação técnica. A implementação de sistemas agrivoltaicos exige conhecimentos multidisciplinares que envolvem tanto a produção agrícola quanto a engenharia de sistemas solares. É fundamental promover ações coordenadas entre universidades, instituições como o SENAI, SENAR e os institutos federais, com o objetivo de formar profissionais aptos a projetar, instalar e manter essas estruturas. Esse processo, além de suprir a demanda técnica, também pode impulsionar a geração de empregos verdes no país.

Por fim, o avanço da regulamentação e dos incentivos específicos é indispensável para consolidar o agrivoltaico como um modelo híbrido de uso do solo. É necessário o desenvolvimento de um marco legal que reconheça as particularidades desse sistema e ofereça benefícios fiscais adequados. Além disso, os órgãos ambientais e de energia precisam atuar na definição de zonas prioritárias de implantação, à semelhança do que já ocorre em países como Índia e Alemanha, que vêm liderando iniciativas nessa área.

Exemplos Internacionais

Experiências ao redor do mundo reforçam o potencial do agrivoltaico:

- Alemanha: O projeto Fraunhofer ISE demonstrou aumento de 186% na produtividade agrícola total (alimento + energia).

- Japão: Sistemas foram instalados em arrozais e hortas, com impacto positivo na renda de agricultores familiares.

- Estados Unidos: Arizona e Colorado adotam o modelo em propriedades de frutas e outras culturas, com sensores automatizados para rotação dos painéis.

- França: Redução de até 63% na evapotranspiração das plantas e manutenção da qualidade das frutas em verões quentes. Foco em sombreamento inteligente com algoritmos que ajustam os painéis conforme as necessidades das plantas.

- Itália: Preservar a qualidade do vinho durante ondas de calor e integrar produção agrícola de alto valor com energia solar.
Sistemas agrivoltaicos unem agricultura e painéis solares e são uma oportunidade para a energia cooperativa

Energia solar e agricultura conectadas pela inovação

Fabricantes têm desenvolvido painéis solares especificamente voltados para o uso agrícola, com foco em eficiência energética e compatibilidade com as exigências das culturas. Os módulos bifaciais, por exemplo, captam luz solar em ambos os lados, aumentando a geração total de energia por metro quadrado. Painéis semitransparentes permitem a passagem parcial de luz, favorecendo culturas que se desenvolvem melhor sob sombreamento parcial, enquanto estruturas móveis e rastreáveis ajustam automaticamente a inclinação dos painéis ao longo do dia, otimizando tanto a captação solar quanto o microclima das plantações.

O avanço das tecnologias de monitoramento e controle também tem elevado a precisão no manejo agrivoltaico. Sensores IoT monitoram continuamente parâmetros como umidade do solo, temperatura, radiação solar e desempenho dos módulos, gerando dados em tempo real. Esses dados alimentam sistemas baseados em inteligência artificial, que analisam padrões e otimizam o posicionamento dos painéis e o manejo agrícola associado. Aplicativos móveis complementam essas soluções ao permitir que produtores acessem, acompanhem e ajustem remotamente o funcionamento dos sistemas, aumentando a autonomia operacional das propriedades.

Soluções de armazenamento de energia vêm se consolidando como parte essencial dos sistemas agrivoltaicos modernos. Baterias de alta capacidade viabilizam o uso da energia gerada mesmo durante a noite ou em dias nublados, enquanto microrredes inteligentes permitem a gestão descentralizada da energia elétrica em diferentes setores da propriedade. Em alguns casos, a integração com veículos elétricos agrícolas permite que as baterias dos próprios implementos funcionem como unidades móveis de armazenamento, contribuindo para a estabilidade energética e a redução do uso de combustíveis fósseis nas atividades rurais.
Sistemas agrivoltaicos fomenta a energia solar e a produção no campo

Conclusão

A combinação entre energia solar e agricultura não é apenas uma inovação tecnológica: é uma alavanca concreta para a transformação do meio rural brasileiro. Os sistemas agrivoltaicos oferecem uma resposta sofisticada aos dilemas do uso eficiente da terra, da escassez hídrica, da pobreza energética e da insegurança alimentar — desafios centrais do século XXI.

O Brasil, com sua abundância solar, diversidade agrícola e capacidade técnica instalada, está especialmente bem posicionado para liderar essa transição. Casos reais demonstram que a aplicação em pequena escala já é viável economicamente, inclusive sem subsídios, e que os impactos sociais são imediatos: autonomia energética, geração de renda, estímulo ao cooperativismo e valorização de práticas agroecológicas.

O avanço dessa agenda depende agora de ações coordenadas entre governo, universidades, empresas e instituições financeiras. É hora de transformar pilotos em políticas, e projetos-piloto em programas estruturantes. O agrivoltaico não é apenas uma tendência — é uma oportunidade estratégica de posicionar o Brasil na vanguarda da sustentabilidade global. (pv-magazine-brasil)

Palácio da Alvorada receberá usina fotovoltaica com capacidade de 1.095 kWp

Com investimento superior a R$ 3,5 milhões, Palácio da Alvorada em Brasília/DF passará a operar apenas com energia solar e deve economizar R$ 1 milhão por ano.

A previsão é que a construção da usina fotovoltaica com capacidade de 1.095 kWp seja iniciada ainda em maio/2025, com geração suficiente para cobrir integralmente o consumo do prédio. De acordo com o Governo Federal, a medida deve gerar uma economia anual de aproximadamente R$ 1 milhão aos cofres públicos.

Viabilizado pela Neoenergia por meio do Programa de Eficiência Energética (PEE) da Aneel, o sistema solar contará com investimento superior a R$ 3,5 milhões e será implantado na residência oficial da Presidência da República, em Brasília (DF), gerando uma economia estimada de R$ 1 milhão por ano.

O Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República em Brasília, Distrito Federal, inicia esse mês a construção de uma usina de energia solar com capacidade de 1.095 kWp, por meio de uma parceria entre a Neoenergia, Governo Federal, por meio da Casa Civil, do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Presidência da República.  A iniciativa proporcionará uma economia anual de mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos e atende ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7 da Assembleia Geral das Nações Unidas da ONU, denominado “Energia Acessível e Limpa”.

O investimento, superior a R$ 3,5 milhões, viabilizado pelo Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), permitirá a construção de uma usina solar com capacidade de 1.095 kWp. O volume de 1.500 MWh (por ano será suficiente para suprir integralmente o consumo do Palácio da Alvorada.

Desde março/2021, a Neoenergia Brasília tem implantado estratégias para reduzir os impactos ambientais em prédios públicos de Brasília e promover o uso sustentável da energia. Instituições como a Polícia Federal, Aeronáutica, Exército Brasileiro, Universidade de Brasília (UnB) e Supremo Tribunal Federal (STF) já contam com o sistema de geração de energia renovável. Novas parcerias estão previstas para 2025, incluindo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). (pv-magazine-brasil)

sábado, 28 de junho de 2025

Em 2025 vendas de veículos elétricos superarão os 20% do total

Vendas de veículos elétricos devem representar mais de 20% do total em 2025.

Se esse volume se concretizar, representará mais de um quarto dos carros vendidos em todo o mundo.
O Brasil descarta anualmente cerca de 40 milhões de celulares, cujas baterias equivalem ao impacto ambiental de pelo menos 20 mil baterias de carros elétricos.

Carros eletrificados serão 50% do total das vendas do mercado em 2030, diz estudo.

Estima-se que número de veículos eletrificados leves até 2030 seja de 1,5 milhões.

Relatório da AIE aponta que os primeiros e mês do ano de 2025, as vendas de carros elétricos aumentaram 35% em relação ao ano de 2024.

Veículos elétricos devem superar os modelos a combustão em 2025 na China.

Vendas de carros elétricos devem aumentar 30% em 2025, diz estudo.

Apesar das montadoras reduzirem seus planos de eletrificação, analistas acreditam que veículos elétricos representarão do mercado em 2025.

A China se prepara para dar um salto no mercado de veículos elétricos, superando pela primeira vez as vendas dos carros tradicionais. (canalenergia)

Descarbonizar a indústria marítima

Ajudando a descarbonizar a indústria marítima.
Descarbonizar a indústria marítima significa reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. Isso envolve diversos esforços, como a melhoria da eficiência energética, a otimização das rotas de transporte e, especialmente, a adoção de combustíveis de baixa emissão, como a amônia.

Como descarbonizar a indústria marítima:

Melhoria da eficiência energética:

Implementar tecnologias que reduzam o consumo de combustível e otimizem o desempenho dos navios.

Otimização das rotas de transporte:

Planejar rotas mais eficientes para reduzir a distância percorrida e o consumo de combustível.

Adoção de combustíveis de baixa emissão:

Utilizar combustíveis alternativos como amônia, hidrogênio verde ou biocombustíveis.

Investimento em infraestrutura:

Construir portos e instalações que suportem a utilização de combustíveis de baixo carbono e tecnologias de descarbonização.

Desenvolvimento de novas tecnologias:

Investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que possam reduzir ainda mais as emissões de GEE, como sistemas de captura e armazenamento de carbono.

Desafios da descarbonização:

Custo:

A transição para combustíveis alternativos e tecnologias de descarbonização pode ser cara.

Disponibilidade:

A disponibilidade de combustíveis alternativos e infraestrutura para suportá-los ainda é limitada.

Normatização:

É necessário estabelecer normas e regulamentos que incentivem a adoção de tecnologias de descarbonização.

Resistência:

A mudança para um novo modelo de transporte marítimo pode encontrar resistência de alguns operadores e partes interessadas.

A importância da descarbonização:

A descarbonização da indústria marítima é essencial para combater as mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável. A Organização Marítima Internacional (OMI) estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões de GEE do setor até 2050. A descarbonização também pode trazer benefícios econômicos, como a criação de novos empregos e a redução dos custos com combustível.

A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) destaca o potencial transformador do hidrogênio verde e da amônia derivada do hidrogênio para a descarbonização da indústria marítima. De acordo com seus especialistas, o hidrogênio poderá ser usado em breve como combustível marítimo, já que a inovação contínua está programada para tornar o armazenamento e o transporte de hidrogênio mais viáveis ao longo do tempo.
O hidrogênio é uma das opções previstas para o futuro do transporte marítimo sustentável. As normas IEC e a avaliação da conformidade estão garantindo sua implementação segura e eficiente.

A indústria naval está lutando com a necessidade urgente de descarbonizar. De acordo com a maioria das estimativas, atualmente é responsável por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) e espera-se que reduza essa pegada na corrida para atingir o zero líquido. O hidrogênio de baixa emissão ou baixo carbono (muitas vezes chamado de hidrogênio verde com base em como é produzido, ou seja, por eletrólise alimentada por energia renovável), bem como os combustíveis derivados do hidrogênio, surgiram como soluções promissoras para ajudar a cumprir as metas de emissão zero para 2050. No entanto, vários desafios ainda precisam ser enfrentados para que sejam usados com segurança e baixo custo. Uma combinação de políticas, regulamentos e padrões robustos é essencial para garantir sua segurança, eficiência e ampla adoção.

Ênfase inicial em combustíveis derivados de hidrogênio

Iniciativas como a Getting to Zero Coalition (lançada em 2019) e a Green Hydrogen Catapult (2020), que começaram a defender combustíveis à base de hidrogênio no transporte marítimo, deram o pontapé inicial estabelecendo metas ambiciosas para a descarbonização. “O transporte marítimo é um dos cinco principais setores de uso final identificados, onde os esforços de descarbonização podem ter o impacto mais profundo”, diz Jaidev Dhavle, Diretor de Programas da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). Em uma entrevista para o de e-tech, ele destaca o potencial transformador do hidrogênio verde e da amônia derivada do hidrogênio. “O hidrogênio verde é um vetor de energia que pode ser usado para processos mais ecológicos em setores como a produção de aço e produtos químicos. No transporte marítimo, oferece o potencial de alimentar navios por meio de combustíveis mais sustentáveis, como a e-amônia.

Até 2022, na COP 27, as principais organizações assinaram a Joint Statement on Green Hydrogen and Green Shipping, comprometendo-se com a rápida adoção de combustíveis à base de hidrogênio para atingir emissões zero até 2050. A COP 29 enfatizou a necessidade de combustíveis derivados de hidrogênio para atender às metas globais de descarbonização. A adoção de 5 a 10% desses combustíveis menos poluentes, como amônia e metanol, até 2030, foi reforçada como um ponto de inflexão para a descarbonização marítima. Mais de 50 líderes marítimos assinaram um “Chamado à Ação” para acelerar essa transição.

O hidrogênio se combina com o CO₂ capturado para produzir metanol, auxiliando nos esforços de reciclagem de carbono. O uso de hidrogênio de baixo carbono para esse processo ajuda a reduzir as emissões no final da produção. Quando usado, o metanol é um combustível de combustão de emissão zero para o transporte. Enquanto 125 portos em todo o mundo estão equipados para lidar com isso, o estoque de amônia derivada de hidrogênio também tem aumentado, pois é uma alternativa mais barata do que o metanol verde.

Como acontece com o metanol, o hidrogênio é a chave para a síntese de amônia. Quando usada como combustível, a combustão da amônia em si não emite dióxido de carbono, mas o hidrogênio usado na produção de amônia tradicionalmente vem do gás natural ou do carvão, o que envolve emissões significativas de dióxido de carbono. No entanto, a atenção está se voltando para o hidrogênio de baixo carbono para reduzir ou descarbonizar o processo de produção de amônia.

Como explica a Organização Marítima Internacional (IMO), a amônia tem vários prós e contras. “A amônia, derivada do hidrogênio, emergiu como um combustível marítimo promissor devido à sua combustão livre de carbono. Pode ser usado diretamente em motores de combustão interna modificados ou células de combustível. A amônia tem a vantagem de produzir zero emissões de CO2 durante a combustão e é mais fácil de armazenar e transportar em comparação com o hidrogênio. No entanto, sua toxicidade apresenta preocupações de segurança durante o armazenamento e manuseio, enquanto as tecnologias do motor ainda exigem mais desenvolvimento para otimizar a combustão de amônia “, descreve.

A IMO tem como meta uma redução de 50% no total de emissões de GEE do transporte marítimo até 2050, em comparação com os níveis de 2008. Fez progressos significativos no estabelecimento de um conjunto de regulamentos globais vinculativos para as emissões do transporte marítimo. O projeto de estrutura líquida zero da IMO inclui um padrão de combustível marítimo baseado em metas e um mecanismo global de precificação de emissões de GEE marítima, com o objetivo de introduzir combustíveis de baixa intensidade de GEE e incentivar o investimento em tecnologias verdes. Espera-se que essas medidas sejam formalmente adotadas no final de 2025.

Em março de 2025, o lançamento bem-sucedido do que se afirma ser o primeiro navio movido a amônia com combustível duplo do mundo, o Fortescue Green Pioneer, demonstrou a viabilidade da amônia como um combustível marítimo mais sustentável. Este marco destaca o potencial dos combustíveis derivados do hidrogênio para o transporte marítimo de longa distância e exemplifica como a política pode promover a inovação.

Em seu lançamento bem-sucedido, o Dr. Andrew Forrest, presidente executivo e fundador da Fortescue, foi citado como tendo dito que “Nos próximos meses, os reguladores globais de transporte marítimo da IMO terão a chance de acelerar o afastamento do combustível sujo do bunker. Com o caráter e a liderança certos, eles podem traçar um curso em direção a um futuro mais sustentável para o planeta e promover uma redução drástica nos custos de transporte por meio da ampla adoção e dimensionamento de fontes renováveis. Esta oportunidade não pode ser perdida”.

Por meio do foco inicial em e-combustíveis, a indústria naval pode atingir metas de emissão zero mais prontamente, ao mesmo tempo em que acelera indiretamente a expansão de tecnologias de hidrogênio de baixo carbono necessárias para descarbonizar o final da produção. Essa abordagem não exclui a adoção futura do próprio hidrogênio como combustível marítimo, pois a inovação contínua está programada para tornar o armazenamento e o transporte de hidrogênio mais viáveis ao longo do tempo.

O uso de hidrogênio poderá chegar a industrial naval, que contribui hoje emissões de gases de efeito (GEE).

Navio movido a hidrogênio poderia transformar a indústria naval, ajudando na diminuição dos gases de efeito estufa.

Usando hidrogênio para alimentar navios

Vários países anunciaram planos para estabelecer hubs de hidrogênio nos principais portos, para enfrentar os desafios de infraestrutura e apoiar o reabastecimento de hidrogênio em larga escala. Em março de 2025, a Autoridade Portuária do Estado de Klaipėda, na Lituânia, lançou a primeira embarcação movida a hidrogênio verde e eletricidade do país, visando melhorar as operações de gerenciamento de resíduos portuários.

Na Índia, o porto de Kandla, em Gujarat, deve se tornar o primeiro do país a ter uma usina de hidrogênio verde operacional usando eletrolisadores nativos até julho de 2025. Espera-se que a planta produza cerca de 18 kg de hidrogênio verde por hora, o que contribuirá para uma perspectiva de energia mais limpa por meio de células de combustível e futura integração de amônia verde.

Vários outros portos, principalmente na Espanha, Veneza, França e Egito, estão investindo em usinas de reabastecimento de hidrogênio verde e suporte de infraestrutura relacionado. Essas iniciativas são exemplos de progresso em todo o mundo com o objetivo de integrar o hidrogênio à logística marítima e reduzir as emissões das operações portuárias.

Houve também desenvolvimentos no lançamento de navios movidos a hidrogênio. Em maio de 2023, um navio porta-contêineres interior movido a hidrogênio H2 Barge 1 usando células de combustível de hidrogênio para propulsão foi lançado na Holanda. Seguiu-se uma segunda barcaça de contêineres terrestre, que iniciou suas operações em 2024, transportando carga ao longo do rio Reno, entre Roterdã e Duisburg. A barcaça foi adaptada com células de combustível de hidrogênio, armazenamento de hidrogênio e baterias, tornando-a uma embarcação de emissão totalmente zero. Em abril/abril foi anunciado um navio de cruzeiro totalmente movido a hidrogênio, 2 modelos dos quais devem estrear entre 2026 e 2027, ambos funcionando com sistemas de propulsão a hidrogênio.

Desafios para o hidrogênio de baixo carbono

Embora vários portos estejam se adaptando gradualmente para incluir o reabastecimento de hidrogênio, a adoção generalizada do hidrogênio verde ainda enfrenta desafios notáveis. Os altos custos de produção continuam sendo uma barreira importante, com o hidrogênio verde lutando para competir economicamente com combustíveis fósseis e outras alternativas como amônia ou metanol. Sua baixa densidade de energia também apresenta dificuldades de armazenamento, exigindo compressão intensiva em energia ou sistemas criogênicos complexos para liquefação a -253 C. O armazenamento criogênico e os transportadores de hidrogênio em estado sólido estão sendo explorados para melhorar a viabilidade. A pesquisa e o desenvolvimento na área ainda exigem investimentos substanciais para refinar os sistemas de propulsão e melhorar as medidas de segurança para o manuseio desse combustível altamente inflamável. No entanto, avanços promissores estão sendo feitos neste domínio, com vários projetos-piloto e iniciativas de pesquisa em andamento em todo o mundo.

Alimentando o futuro da indústria naval: como o hidrogênio traz estabilidade e sustentabilidade aos mares.

A necessidade de política, regulamentação e padronização

Embora os avanços tecnológicos ofereçam esperança, são as políticas, a regulamentação e a padronização que, em última análise, impulsionarão a implementação segura e eficiente. Para preencher a lacuna entre ambição e realidade, a indústria deve adotar uma estratégia multifacetada, combinando hidrogênio verde com outras soluções de baixo carbono, maior eficiência energética e esforços coordenados para criar a infraestrutura de suporte.

Padrões de infraestrutura e esquemas de certificação são necessários para garantir harmonização, interoperabilidade e compatibilidade globais e gerar confiança entre as partes interessadas. Felizmente, muito do trabalho já está em andamento. Os padrões IEC para tecnologias de hidrogênio e células de combustível estão abrindo caminho para uma adoção mais segura e eficiente dessas fontes alternativas de energia. O comitê técnico da IEC, TC 105, desenvolve padrões internacionais para aplicações de células de combustível, inclusive para transporte. A IEC TC 31 prepara padrões para equipamentos usados em atmosferas explosivas e perigosas.

Para garantir a conformidade e a segurança globais, o IECEx – o Sistema de Avaliação de Conformidade IEC que supervisiona as certificações relacionadas ao hidrogênio – também está expandindo seu escopo relacionado a testes e certificação na área de tecnologias de hidrogênio. A IECEx fez parceria com muitas outras organizações internacionais, incluindo a ISO. A IECEx também estabeleceu ligações formais com a ISO TC/197, relacionada a testes e certificação na área de tecnologias de hidrogênio e, mais recentemente, com a IEC TC 105 para células de combustível. Ambas as parcerias estão promovendo uma infraestrutura segura para o uso de hidrogênio no setor de energia.  Em uma estreita colaboração contínua com a IRENA, bem como com o Conselho de Hidrogênio, o IECEx está contribuindo para o desenvolvimento de um roteiro futuro para infraestrutura de qualidade para a produção de hidrogênio limpo.

Em uma economia de baixo carbono que depende do hidrogênio, a IECEx e suas organizações globais colaboradoras terão um papel vital a desempenhar na navegação cuidadosa pelos desafios da produção de hidrogênio limpo no futuro, ao mesmo tempo em que abordam os desafios de segurança.

A promessa do hidrogênio reside não apenas em seu potencial técnico, mas também na estrutura que rege seu uso. À medida que o setor marítimo navega em direção a um futuro mais sustentável, os formuladores de políticas devem traçar um curso que priorize a segurança, a eficiência e a harmonização, com base nos padrões internacionais.

A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) é uma organização global sem fins lucrativos que reúne 174 países e coordena o trabalho de 30.000 especialistas em todo o mundo. As Normas Internacionais IEC e a avaliação da conformidade sustentam o comércio internacional de produtos elétricos e eletrônicos. Eles facilitam o acesso à eletricidade e verificam a segurança, o desempenho e a interoperabilidade de dispositivos e sistemas elétricos e eletrônicos, incluindo, por exemplo, dispositivos de consumo, como telefones celulares ou geladeiras, equipamentos médicos e de escritório, tecnologia da informação, geração de eletricidade e muito mais.

Agência Internacional de Energias Renováveis aponta que o transporte de hidrogênio via navios, na forma de amônia, será a forma mais competitiva de fazer o novo energético atravessar longas distâncias. (pv-magazine-brasil)

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Genial Solar anuncia duas novas usinas fotovoltaicas em RJ

Genial Solar anuncia duas novas usinas fotovoltaicas no Rio de Janeiro.
Genial Solar inaugura duas usinas no RJ e prevê mais dez até o fim do ano de 2025.

A Companhia GD afirma que seu portfolio deva atingir 104,5 MWp entre 24 complexos operacionais

Genial Solar inaugurou mais 2 usinas fotovoltaicas no Rio de Janeiro, dessa vez em Casimiro de Abreu e Barra do Piraí. A UFV Casimiro possui 6,6 MWp e capacidade de geração anual de 12,5 GWh, além de possuir uma estrutura de fixação dos módulos com rastreadores.

As usinas de Casimiro e Ipiabas contam com potências de 6,6 MWp e 6,5 MWp respectivamente. Com um portfólio de 14 plantas até o momento, a expectativa da empresa é que mais 10 usinas sejam conectadas até o fim do ano, totalizando 24 unidades, com potência conjunta instalada de 104,5 MWp.

A UFV Ipiabas possui potência de 6,5 MWp, e capacidade de geração anual de 9,8 GWh, e está localizada na Barra do Piraí.

Parte do Grupo Genial Investimentos, a Genial Solar, empresa focada em geração de energia distribuída compartilhada (GD) no Rio de Janeiro, anuncia o lançamento de duas novas usinas solares: a Usina Fotovoltaica (UFV) Ipiabas e a UFV Casimiro. Localizada no município de Casimiro de Abreu, a UFV Casimiro é a primeira usina da Genial Solar conectada à distribuidora Enel RJ. Com essa conexão, a empresa passa a atender clientes das duas principais distribuidoras do Estado, a Light e Enel RJ.

UFV Casimiro possui potência instalada de 6,6 MWp com capacidade de geração anual de 12,5  giga watt-hora (GWh), além de possuir uma estrutura de fixação dos módulos com tracker solar, que acompanha a movimentação do sol e proporciona maior eficiência energética. UFV Ipiabas possui potência de 6,5 MWp, e capacidade de geração anual de 9,8 GWh, e está localizada na Barra do Piraí.

Atualmente, a Genial Solar está presente em 13 municípios do Rio de Janeiro. Com as duas novas usinas, a empresa chega ao total de 14 parques solares em operação. Até o fim do ano, a previsão é que mais 10 usinas sejam conectadas, totalizando 24 complexos solares, com potência instalada de 104,5 MWp e capacidade de geração anual de 154 GWh. (pv-magazine-brasil)

Governo deve propor abertura total do mercado livre até 2028

Governo deve propor abertura total do mercado livre até 2028 e fim de descontos para renováveis.

Uma minuta do projeto de lei de reforma do setor elétrico detalha as propostas, incluindo a criação da figura de Supridor de Última Instância, possível flexibilização para consumidores descontratados e fim dos descontos de TUST e TUSD para usinas de fontes renováveis no mercado livre. Texto também impõe carga mínima de 30 MW para autoprodução por equiparação e determina mudanças em rateio de custos do setor.
A reforma do setor elétrico avança, com uma minuta de projeto de lei que detalha as propostas circulando entre agentes do setor.

Entre as determinações, está a abertura do mercado livre para todos os consumidores a partir de 2028 e o fim dos descontos para o consumo de fontes renováveis no mercado livre, incluindo a autoprodução, após o término dos contratos vigentes. Se de fato remetido ao Congresso para votação, o texto poderá ser modificado.

Pela minuta, a escolha do fornecedor de energia elétrica será livre aos consumidores atendidos por tensão inferior a 2,3 kV, a partir de 01/03/2027 no caso dos consumidores industriais e comerciais e a partir de 01/03/2028, para os demais consumidores.

Além disso, o projeto de lei também pode flexibilizar, através de regulação, a obrigatoriedade de o consumidor livre contratar energia para atender à totalidade de sua carga, atualmente sujeita a penalidade por descumprimento. Simultaneamente, cria a figura do Supridor de Última Instância que será responsável por garantir o fornecimento de energia elétrica contínuo — com as regras para o exercício dessa atividade devendo ser definidas pelo Poder Concedente até 01/07/2026.

Fim de descontos e mudanças na autoprodução de renováveis no mercado livre

A produção e o consumo de energia proveniente de usinas hidrelétricas de até 5 MW e solares, eólicas, térmicas a biomassa e cogeração qualificada com potência entre 30 MW e 300 MW têm desconto de 50% nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição, seja para comercialização ou autoprodução, conforme estabelece o artigo 26 da lei 9.427 de 1996.

Minuta propõe que esses descontos sejam aplicados exclusivamente até a data de término do contrato vigente. Também veda a incidência dos descontos para o consumidor por meio de alterações de contrato ou cláusulas de duração indeterminada, contratos não registrados na CCEE ou contratos registrados após trinta dias da publicação da nova lei. Além disso, o texto do projeto de lei também vedaria a aplicação dos descontos de TUSD dessas usinas para os consumidores atendidos exclusivamente em tensão igual ou inferior a 2,3 kV.

Autoprodução por equiparação mais restrita

A minuta do projeto de reforma do setor elétrico também afunila os casos em que consumidores podem ser equiparados a autoprodutores, passando a equiparar a autoprodutor apenas a unidade de consumo com demanda contratada agregada a partir de 30 MW que participe do capital social da empresa titular da outorga.

No caso em que as ações sem direito a voto emitidas pela sociedade titular da outorga atribuam aos acionistas direitos econômicos maiores que os das ações com direito a voto, a participação mínima do grupo econômico de cada acionista deverá ser de no mínimo 30% do capital social total dessa sociedade.

Pela minuta proposta, esses limites de demanda contratada e de capital social não seriam aplicados às unidades de consumo que já foram equiparadas à autoprodução ou que tenham protocolado pedido de aprovação de ato de concentração econômica ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica até a data de publicação da lei.

O modelo de autoprodução por equiparação motivou a maior parte das transações no segmento de geração solar centralizada em 2024 e foi criticado pelo Ministro de Minas e Energia.

Mercado Livre de Energia deve chegar às residências em 2028

Mudanças nas tarifas de energia

A minuta do projeto de lei também estabelece mudanças no rateio de tarifas incidentes sobre consumidores livres e cativos. As tarifas de energia de Angra 1 e 2, por exemplo, seriam rateadas por todos os consumidores de energia, incluindo os do mercado livre, exceto os consumidores residenciais de baixa renda. Atualmente, são pagas por todos os consumidores cativos.

As famílias de baixa renda seriam beneficiadas ainda pela criação de uma Tarifa Social, que concede gratuidade na tarifa em casos de consumo de até 80 kWh por mês para. A medida pode beneficiar cerca de 17 milhões de famílias, sendo que 4,5 milhões teriam a conta de luz integralmente zerada. Para famílias com renda entre meio e um salário mínimo per capita seria concedido um desconto social, com isenção da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no consumo de até 120 kWh por mês.

Além disso, determina que os efeitos financeiros da sobre contratação ou exposição involuntária das distribuidoras serão rateados entre todos os consumidores mediante encargo tarifário.

MME (Ministério das Minas e Energia) abriu consulta pública que propôs liberdade de escolha e redução de preço para todos os consumidores de energia elétrica

A proposta permitiu que consumidores residenciais, comerciais e industriais possam escolher o fornecedor de energia elétrica. Objetivo é ampliar a competição e a eficiência do setor elétrico, gerando preços menores e condições melhores para todos os consumidores. (pv-magazine-brasil)