domingo, 14 de junho de 2009

Empresa de etanol ligada à GM busca parceria no Brasil

Coskata, uma das líderes na pesquisa da nova tecnologia, começa neste ano a produzir o etanol de segunda geração.
Com uma fábrica-piloto já em testes na Pensilvânia (EUA), a Coskata iniciará no segundo semestre a produção de etanol de segunda geração derivado de diferentes tipos de dejetos, como grama, palha de milho e cana, restos de pneus, plásticos e madeira. A empresa informa que seu processo produtivo é inédito e que busca parceiros no Brasil para joint venture ou licenciamento de sua tecnologia.
O objetivo da empresa é vender o etanol no mercado americano por menos de US$ 1 o galão, ante US$2,50 a US$2,80 cobrado pela gasolina, que há um ano chegou ao pico de US$ 4. Com o fomento do uso, o etanol pode se transformar em commodity, o que facilitaria a exportação do produto brasileiro, aqui chamado de álcool.
No Brasil, explica o diretor de marketing e relações governamentais da Coskata, Wesley Bolsen, a vantagem seria o uso do bagaço da cana, subproduto da própria produção do álcool. Nos EUA, a empresa está fechando parceria com a companhia US Sugar Corporation para criar a maior fabricante de etanol de celulose usando folhas da cana de açúcar e bagaço. Também já ocorreram conversas com a Petrobrás.
A General Motors é sócia da Coskata nos EUA e será a primeira montadora a utilizar em seus automóveis o etanol produzido pela Coskata. "Queremos retirar o automóvel do debate ambiental", diz o Pedro Bentancourt, gerente de relações com a indústria da GM do Brasil ao explicar a parceria da matriz, anunciada em 2007. "Mesmo que a sede americana entre em concordata, os planos conjuntos não serão alterados, pois os investimentos já foram feitos", informa Bentancourt.
Segundo Bolsen, com uma tonelada de dejetos orgânicos é possível obter 400 litros de etanol, eficiência próxima à obtida na produção com cana-de-açúcar e superior ao obtido com milho, hoje a principal matéria-prima usada nos EUA.
A diferença maior está na obtenção do produto final. Com o método Coskata - cuja tecnologia é mantida em segredo -, o resultado é 50% a 60% de etanol concentrado. Com a cana, a concentração é de cerca de 20%, próximo ao obtido com o milho, que tem como desvantagem, um maior uso de água. O processo da Coskata usa menos de um litro de água por galão de etanol, enquanto o milho e outros cereais precisam de três a quatro litros.
Nos EUA, o etanol é usado apenas como mistura à gasolina, numa proporção de 85%. Veículos movidos com esse combustível são chamados de E85. O país tem cerca de 4 milhões desses carros, menos de 2% da frota circulante. O galão dessa mistura custa entre US$ 1,60 e US$ 1,95, mas está disponível em poucos postos.
As principais tecnologias da Coskata são os micro-organismos e o projeto do biorreator, ainda não patenteado. O objetivo da empresa é desenvolver, na produção de biocombustível com gasogênio, uma vantagem competitiva sustentável no longo prazo. As emissões no processo de produção e também no uso do etanol são inferiores aos demais processos e combustíveis. Criada em 2006, a Coskata tem entre seus parceiros, além da GM, a empresa de capital de risco Khosla Ventures, entre outras.
Poucas usinas têm ajuda do BNDES
Apenas um pequeno número de usinas conseguirá obter os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil para o programa de estocagem de álcool. Elas vão atuar como compradoras do etanol das usinas que não obtiverem os recursos. A afirmação é do diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), Antônio Pádua Rodrigues. Segundo ele, apenas as grandes empresas têm conseguido obter os recursos de R$ 2,3 bilhões para a estocagem e também para capital de giro. "Os bancos não estão aceitando novas garantias, o que cria um gargalo."

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