Setor acredita que etanol terá preços melhores no segundo semestre.
O setor sucroalcooleiro já começa a vislumbrar um cenário mais positivo para o etanol no segundo semestre deste ano. Depois de sofrerem um grande baque por causa da escassez de crédito, provocada pela crise mundial, as empresas acreditam que os preços do combustível possam atingir patamares mais vantajosos a partir de agosto, o que ajudaria a recompor o caixa e melhorar a situação financeira. Uma das principais explicações para o otimismo está na produção de açúcar, cujo preço no mercado internacional está bastante atrativo por causa da quebra da safra da Índia, que passará de exportadora a importadora.
"Boa parte das empresas tem flexibilidade para produzir mais açúcar, que tem demanda e preço. Isso vai influenciar o mercado de etanol", disse ontem em São Paulo o diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, durante a segunda edição do Etanol Summit. A expectativa para este ano é que 45% da safra seja destinada à produção de açúcar e o restante para o etanol. No ano passado, a participação era de 40% e 60%, respectivamente.
Pádua explica que a produção menor de etanol, aliada ao aumento do consumo, incentivado pelo preço baixo do produto e pela expansão da frota bicombustível, vai recuperar as receitas das empresas. "O fundo do poço já passou." Ele ressaltou, entretanto, que não se espera para este ano uma retomada aos níveis pré-crise.
O volume de investimentos continuará baixo este ano. O que deverá entrar em operação refere-se a projetos já iniciados no passado. O vice-presidente de Tecnologia e Desenvolvimento da Dedini, fabricante de equipamentos para usinas, confirma a informação. "Hoje, trabalhamos com 70% da capacidade instalada ocupada. Mas o problema não é agora, pois tínhamos encomendas feitas antes da crise. Nossa preocupação é a partir do último trimestre do ano."
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que hoje há 84 projetos do setor aguardando avaliação da instituição para financiamento. Desses, 46 empreendimentos já estão em análise, afirmou o executivo. Todos eles, no entanto, são de antes da crise financeira.
Sobre a dificuldade que as empresas têm enfrentado para conseguir acessar a linha de crédito para capital de giro do banco, Coutinho afirmou que gostaria de ser informado dos problemas. "Se o sistema não está disponibilizando o dinheiro, queremos saber o porquê para encontrarmos uma alternativa."
O empresário Rubens Ometto, presidente do Grupo Cosan, maior conglomerado sucroalcooleiro do mundo, afirmou que o setor ainda se ressente da falta de crédito para capital de giro. "O setor é muito intensivo em capital e, por isso, demora mais para se recuperar. É um setor que produz em sete meses, vende em doze e você, sem sombra de dúvida, precisa de capital de giro para isso", disse Ometto.
Indagado se sua empresa enfrentava problemas na obtenção de recursos para a estocagem de álcool na safra, Ometto disse que não podia fazer uma avaliação, mas que outros representantes do setor tinham reclamado do atraso na liberação de créditos pelo BNDES, um total de R$ 2,5 bilhões.
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