O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton afirmou hoje que o Brasil precisa provar para o mundo que pode produzir combustível renovável sem afetar seu próprio meio ambiente. Segundo ele, o Brasil vai ter de provar que pode reduzir as emissões de gás carbônico do mundo sem afetar sua própria sustentabilidade. "O Brasil terá de resolver este problema interno, local, para depois tentar resolver o problema global", disse ele, durante plenária do Ethanol Summit 2009.
Clinton disse que o mundo tem certeza de que o etanol de cana-de-açúcar é o biocombustível mais eficiente para combater os problemas de aquecimento global. Porém, ele ponderou que, se o etanol de cana começar a ser utilizado em larga escala, a produção de cana poderá se expandir de forma expressiva para as áreas de pastagem de gado, empurrando o gado e os grãos para a Amazônia. "O Brasil precisa provar para o mundo que isto não vai acontecer", disse.
O ex-presidente disse ainda que o Brasil pode ser líder mundial na questão da eficiência energética, assim como fez na produção de energia, e cobrou um trabalho conjunto entre o País e os Estados Unidos na criação de um modelo de sustentabilidade que valorize reduções de emissões e os créditos de carbono.
Durante a plenária, Clinton também cobrou do Brasil uma redução nas emissões vindas de agricultura e desmatamento, que correspondem a 75% das emissões totais do País, segundo ele. "Vocês têm uma eficiência grande na redução de emissões dos transportes e na produção de energia a partir de hidrelétricas", lembrou. "Mas vocês são o oitavo maior país em emissões e estão próximos de Índia e China", completou.
Para o ex-presidente norte-americano, a sustentabilidade é única forma de se reduzir a instabilidade e a desigualdade mundiais. Em relação à desigualdade social, Clinton lembrou que apenas países europeus que cumprem as metas do Protocolo de Kyoto, assinado em 1990, conseguiram reduzi-la.
Segundo Clinton, Dinamarca, Suécia, Alemanha conseguiram, ao mesmo tempo, reduzir a desigualdade e serem os únicos entre as mais de 140 nações signatárias do Protocolo de Kyoto a conseguir cumprir as metas previstas. "O Reino Unido também conseguiu cumprir as metas e só não conseguiu reduzir a desigualdade devido ao crescimento dos níveis salariais", concluiu.
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