sexta-feira, 12 de junho de 2009

Empresa produz diesel da cana-de-açúcar

Combustível já é fabricado em Campinas/SP, com tecnologia desenvolvida na Califórnia/EUA.
Tudo começou com uma doação de US$ 42 milhões da Fundação Bill & Melinda Gates para a Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), desenvolver alternativas que barateassem o custo de medicamentos contra a malária no mundo, em 2003. Por meio de uma reengenharia genética, o grupo de pesquisadores não só encontrou a solução para reduzir o preço do remédio como também descobriu a fórmula para produzir diesel 100% feito de cana-de-açúcar - considerado biocombustível de terceira geração.
Foi assim que surgiu a empresa californiana Amyris, hoje com subsidiária em Campinas, no interior de São Paulo. O projeto foi apresentado no Fórum de Davos, em 2005, e caiu nas graças de megainvestidores, que decidiram financiar a inovação. Entre os sócios da empresa estão os fundos de investimentos Kleiner Perkins (do americano John Doerr), Texas Pacific Group (TPG), Khosha Venture (do indiano Vinod Khosha) e a brasileira Votorantim Novos Negócios. Até pouco tempo, a empresa tinha uma parceria também com a trading brasileira Crystalsev, mas recomprou as ações da companhia.
A partir de 25 de junho de 09, a Amyris inaugurará uma planta demonstração para a produção do diesel de cana-de-açúcar em escala maior, que permitirá inclusive a comercialização do combustível. Em primeiro momento, a empresa comprará o melaço (cana esmagada) de outras usinas para fabricar o diesel, afirma o diretor-geral da Amyris, Roel Collier.
O objetivo é adquirir duas usinas para facilitar a produção. Estamos conversando com alguns possíveis vendedores, mas ainda não fechamos nada. O executivo também não quis informar o volume de investimento que a empresa está disposta a investir no setor. Ele apenas frisou que, até 2011, a expectativa é produzir 150 milhões de litros de diesel. Isso exigiria entre 2 e 5 milhões de toneladas de cana.
A tecnologia da Amyris pode ser usada não só na produção do diesel de cana-de-açúcar como também na da querosene de aviação e hidrocarbonetos, livres de enxofre. Para chegar ao produto, usa o processo de fermentação da sacarose da na cana, utilizando praticamente a mesma infraestrutura da produção do etanol. O setor sucroalcooleiro subestima o potencial da cana, a melhor matéria-prima para desenvolvimento de uma nova rota tecnológica de combustíveis renováveis.
Mesmo caminho está sendo seguido pela BP Biofuels, que estuda nova tecnologia para produção de biobutanol a partir da conversão de açúcares. Por enquanto, as experiências estão sendo feitas no exterior em parceria com a Du Pont. Mas o Brasil está nos planos da companhia, diz o presidente da BR Biofuels, Mario Lindenhayn. Ele destaca que, em 2008, a empresa comprou 50% de uma usina no Estado de Goiás, com capacidade para moer 2,4 milhões de toneladas.
O projeto é duplicar essa capacidade nos próximos anos, além de adquirir, mas uma nova unidade no País. O Brasil tem uma posição privilegiada em biocombustíveis. O mercado interno tem grande potencial de crescimento. Lindenhayn comenta que a BP também desenvolve tecnologia para produção do etanol de segunda geração na Flórida, onde uma planta será inaugurada em 2012.

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