terça-feira, 18 de agosto de 2009

Biocombustíveis como commodities globais

É praticamente unânime entre especialistas que os biocombustíveis já avançaram ao primeiro plano das discussões sobre energia em todo o mundo. O desafio agora, segundo os palestrantes presentes na conferência de ontem no SENAC Rio, é elevar na prática as fontes energéticas renováveis à condição de verdadeiras commodities globais.
- Estamos vivendo uma verdadeira revolução - disse Allan Kardec, diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). - Os biocombustíveis deixaram de ser tema em setores isolados e assumiram uma agenda de importância internacional.
Kardec rebateu críticas da imprensa internacional ao desmatamento da Amazônia para plantar cana e soja, com o argumento de que os 19,6 bilhões de litros de etanol consumiram em 2008, evitaram emissões da ordem de 37,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Só com os 5,18 bilhões de litros de etanol exportados no ano passado, dos quais cerca de 4,5 bilhões para fins combustíveis veiculares, segundo o diretor da ANP, o Brasil conseguiu "economizar" em efeito estufa um volume maior que o consumo de gasolina em Portugal em 2008.
Interesses conflitantes
Os palestrantes do segundo painel do evento deram destaque à importância da sustentação do tripé da sustentabilidade energética, composto por preocupações econômicas, sociais e ambientais.
O diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo de Gusmão Dornelles, argumentou que muitos países desenvolvidos não dispõem da tecnologia ou recursos naturais necessários para a produção efetiva de biocombustíveis e por isso não participam do debate ambiental ou mantêm o foco em questões secundárias.
- Alguns tratam a sustentabilidade apenas pelo pilar que lhes convém. O Brasil não pode ser a única exceção, ou os biocombustíveis nunca serão commodities - alertou Dornelles. - Se formos os únicos produtores, nunca teremos os biocombustíveis como vetores de desenvolvimento de fato.
Debate continuado
O presidente executivo da União Brasileira de Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein, também destacou a importância do apoio público ao desenvolvimento dos combustíveis de fontes renováveis.
- Há empresas produtoras de biodiesel porque há um programa nacional de biodiesel - disse Klein. - Se há cinco anos alguém dissesse que todos trafegariam com diesel com 5% de etanol, seria considerado um sonhador.
Na abertura do evento, o diretor do Conselho Editorial do Jornal do Brasil, Marcos Troyjo, disse que serão realizados mais dois debates semelhantes nos próximos meses, sendo um na Real Academia de Ciência da Suécia.

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