Após iniciar no Brasil em 1982 ainda no Governo Figueiredo, com testes positivos pela COCAMAR do Paraná, nosso Programa de Biodiesel foi oficializado em 2004, mas desde então está sendo visivelmente prejudicado por ciúmes, lentidões e/ou espertezas de grupos e de Entidades que, simplesmente, não se entendem, sobretudo, em termos de pesquisas e de disseminação. Na Índia iniciou em 1999 e, de forma séria, já se planeja chegar a 13,4 milhões de há de pinhão-manso.
Enquanto isto, nossas Empresas processadoras vão fechando, desempregando e retirando a esperança de muitas pequenas Cidades de regiões pobres e o Presidente Lula que tanto lutou por elas e, inclusive, as inaugurou, vêm perdendo credibilidade no Tema. De todas as usinas de biodiesel autorizadas pela ANP somente 30% estão em funcionamento e precariamente. Pior ainda é que para o SEBRAE Agroenergia, o biodiesel brasileiro já teria em torno de 82 mil famílias da agricultura familiar envolvidas na produção de culturas alternativas, principalmente de mamona.
Também, há muita teimosia e desconhecimento. Desde o inicio algumas Universidades informaram que seria impossível produzi-lo, economicamente, a partir de mamona, pois o óleo tem viscosidade muito acima do biodiesel e o seu preço de venda como óleo lubrificando especial sempre estará bem acima do valor do biodiesel.
Também agora se sabe e se AVISA que o biodiesel de soja está com os dias contados, pois se trata de alimento especial e cujos preços pagos estão bem acima da realidade mundial, sendo preciso desenvolver-se, rapidamente e desde 2004, outras fontes como de palmáceas, aí destacando a palma e o babaçu; de crambe; de tungue; de pequi, e, principalmente, de pinhão-manso.
Atualmente, o preço de venda no último leilão da ANP foi de US$ 1,35/litro (R$ 2,70/litro) e para um custo de produção de R$ 1,70/litro, sendo que o biodiesel de pinhão-manso da Índia é vendido no mercado por apenas US$ 0,75/litro e com tendências de baixar, à medida de ampliação da oferta. Considera-se que para ser consumido nas bombas brasileiras, o biodiesel deveria ter preço máximo de R$ 2,00/litro ao consumidor, isto é, exceto fretes, impostos e margens. Assim, nosso Ponto de Equilíbrio do menor preço necessário está distante de ser alcançado e nunca o será via soja (aliás, hoje, comandada até especulativamente pelas Bolsas de Dalian e de Chicago). Atualmente, o óleo de soja se tornou um dependente e quase subproduto do farelo de soja, que vinha sendo embalado pelas maiores produções e crescentes exportações de carnes de aves e carne de suínos, mas agora no pós-crise tudo mudou e deve demorar até 2011 para reverter.
Hoje a principal aposta asiática e de sucesso comprovado para biodiesel, inclusive superando a palma que tem custo de introdução e de produção elevadíssimos, o pinhão-manso é hoje, palavra quase proibida no Brasil do biodiesel, exatamente pelos ciúmes, lentidão e/ou espertezas? Trata-se de cultivo não-alimentício que nunca gerou interesses da pesquisa no Brasil, exatamente por ser pouco comercial anteriormente, mas que agora pode ser o alvo da vez de grandes empresas como a PETROBRÁS e grandes multinacionais como a British Petroleum.
A partir de janeiro/2010, o Brasil se prepara para adicionar 5% de biodiesel ao óleo diesel derivado do petróleo. Contudo, para a adoção deste padrão sabe-se que nem soja temos. A saída seria importamos biodiesel. Aproximadamente 80% do biodiesel comercializado nos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) vêm da soja, especialistas alertam que, a partir do B5, o volume do grão produzido no País não será suficiente para abastecer a demanda do mercado interno, já que, além do crescimento do consumo nacional, a cotação da commodity define a oferta no mercado interno. Quando o produto está em alta, o interesse da produção se volta para a exportação. Atualmente, a soja está cotada em R$ 1,7 mil a tonelada, mas o grão já atingiu o dobro deste valor, estimulando as vendas internacionais. Desde julho/2009, já estamos com o B4 e, certamente, já vai ser bem mais difícil obter-se óleo de soja para tanto.
Enquanto internamente brigamos sobre os resultados das pesquisas; a posse dos cultivares mais produtivos sem nunca pensarmos em importar, tais cultivares já foram plenamente desenvolvidos e amplamente testados na Índia e outros países semelhantes ao Brasil e poderiam facilmente serem importados como se deu no caso do algodão, também não-comestivel e até do trigo. Enquanto o biodiesel de pinhão evolui rapidamente na Ásia, nós continuamos naquela de “quanto pior melhor” e dizendo “bem que nós avisamos que a produtividade do pinhão seria irrisória, pois não há cultivares e nem tecnologia testadas” ou ainda “bem que dissemos que a mamona não serviria”. Só que se esquece de dizer por que isto ocorre e que a mamona pode e deve ser cultivada, só que como não paga bons “royalties” quase não interessa a pesquisa, embora seja produtora de óleo bem mais nobre e vendido por valor bem maior que o biodiesel.
Estudo mostra como a Índia vem implementando seu projeto de pinhão-manso, sendo que o Governo no inicio cultivou experimentalmente 10,0 mil hectares em Hyderabad para testes e produção de sementes e mudas.
Agora, em 27 de julho de 2009, chegou a vez de se debater sobre o famoso “zoneamento econômico-ecológico do pinhão-manso” na EMBRAPA e sem o qual o Crédito Rural necessário para o Setor é proibido. Duvido que saia agora.
Aliás, somente com uma grande produção de sementes e mudas distribuídas gratuitamente (isto é sem royalties) pelas Prefeituras, Associações, Cooperativas, Sindicatos e Empresas é que poderíamos ter um projeto inicial de cultivo, isto como foi e continua sendo feito no caso do café e de algumas frutas. Incentivar Empresas desconhecidas com seus técnicos de outros Estados e humildes produtores locais a irem para o interior cultivar, como foi feito, é quase um suicídio negocial. Sem viveiros locais bem conduzidos e sem, realmente, uma boa atuação da Extensão Rural não há como ter produção local segura. Sem boa oferta e sem escala mínima, as Empresas fecham e mesmo recebendo muitos créditos inclusive subsidiados. Produzir em áreas com menos chuva é possível, mas sem mudas, fertilizantes e agroquímicos adequados e nos volumes e momentos recomendados é só por Milagre e Divino.
No Brasil, com tanto erros, a produtividade “experimental” do pinhão ainda é de 600 kg/ha e o rendimento de óleo entre 17% e 35%. Na Índia, já se chega a 7.000 kg/há/ano e com rendimento de 28% de óleo.
Por outro lado, estudos já comprovam a possibilidade de se utilizar o biodiesel diretamente nos motores, após prensagem simples, e até nas pequenas propriedades, inclusive há Projeto de Lei, recente, do Senador Gilberto Goellner (MT) autorizando e incentivando tais usos.
Obviamente, tudo o que os pesquisadores e extensionistas mais detestam são articulistas estudando bem os assuntos, externa e internamente, e divulgando/comparando os erros e acertos dos programas, mas, neste caso, eles estão nos devendo acertos e resultados desde 1982, ou seja, não estão fazendo o que lhes é solicitado e para que seja realmente pagos, e não adianta chiar.
Assim, o programa de biodiesel no Brasil precisa urgente, ser melhorado, e repensado, inclusive banindo/punindo rapidamente interesses e ciúmes institucionais e/ou pessoais.
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