quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Greenpeace e as vítimas de Fukushima

Greenpeace denuncia situação precária das vítimas de Fukushima

Acordos de responsabilidade isentam fornecedores das usinas nucleares e limitam recursos indenizatórios. No Japão, a conta deve sobrar para os contribuintes.
Passados quase dois anos do acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão, em março de 2011, as mais de 160 mil pessoas obrigadas a abandonar suas casas às pressas não obtiveram qualquer tipo de compensação – assim como milhares de outras que saíram voluntariamente por temer a contaminação por radioatividade. A denúncia foi feita pelo Greenpeace em relatório divulgado nesta terça-feira (19/02). O documento revela a isenção de culpa das empresas envolvidas, e relata a precária situação das vítimas de um dos mais graves acidentes atômicos da historia, num país de indicadores sociais elevados.
“As pessoas foram deixadas no limbo, presas entre o passado e o futuro”, enfatiza o documento. O Greenpeace denuncia que as convenções sobre a responsabilidade no caso de desastres nucleares protegem as indústrias e não as pessoas. O especialista em políticas energéticas e energia nuclear do Greenpeace, Jan Haverkamp, explica que, no caso de Fukushima, a conta ficou para o contribuinte japonês, que não tem qualquer culpa do problema.
O documento apresenta detalhes dessa transferência de responsabilidades, e aponta problemas fundamentais. Um deles é a responsabilidade ter ficado centrada unicamente no operador da usina e não nos fornecedores que participaram da construção da central nuclear. Segundo o Greenpeace, isso resulta na limitação dos recursos disponíveis para compensações, situando-os muito abaixo do custo real dos danos causados.
Acidentes com a dimensão de Fukushima afetam mais frontalmente as populações locais, porém os efeitos são sentidos globalmente, explica Haverkamp. O fechamento de empresas, a remoção de funcionários, a suspensão de comércio estão entre as causas mais diretas. E esta é outra falha das convenções existentes: processos por perdas e danos só podem ser movidos nos tribunais do pais onde ocorreu o acidente, e não em cortes locais.
Culpa compartilhada
O relatório analisa a relação das empresas fornecedoras com a construção dos reatores, mostrando que os desastres não ocorrem apenas na operação das unidades, e sim estão diretamente relacionados a erros de design, construção, operação e manutenção. O Greenpeace cita diretamente a responsabilidade no desastre de empresas como General Eletric (GE), fornecedora dos reatores 1, 2 e 6; Toshiba, que proveu as unidades 3 e 5; e Hitachi, fabricante do reator número 4.
Haverkamp lembra que, no segmento petrolífero os fornecedores são corresponsabilizados por acidentes como o vazamento de óleo, e defende que o mesmo modelo seja aplicado às operadoras de energia nuclear. “Queremos apelar à comunidade internacional e aos governos para que mudem essa situação. As empresas que fornecem material e peças para a construção das usinas não pagam um centavo [de indenização], o que as deixa menos alerta para as questões de segurança”, alerta.
Queda da radiação permitirá a produtores rurais voltarem para algumas áreas
O Greenpeace afirma ainda que, além de não dividirem a conta das indenizações, alguns desses fornecedores estariam lucrando com o desastre, ao prestarem serviços no processo de descontaminação das áreas atingidas. As leis japonesas impedem que sejam movidos processos individuais diretamente contra os fornecedores, e definem a Tokyo Electric Power Company (Tepco) como única responsável pelo acidente. Após o desastre, a empresa entrou em bancarrota e foi estatizada. Com isso, as expensas do processo serão pagas, em ultima instância, pelo contribuinte japonês, avalia o relatório.
Situação precária
O colapso na usina nuclear de Fukushima aconteceu logo após um terremoto de 9 graus na escala Richter, seguido de um tsunami com ondas de até 40 metros de altura. Mais de 20 mil pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. “Das vítimas do tsunami e do terremoto, cerca de 3 mil ainda não foram acomodadas. Das 160 mil pessoas forçadas a deixar suas casas e outros milhares que o fizeram voluntariamente, cerca de 100 mil ainda não puderam retornar”, compara Haverkamp.
O relatório do Greenpeace conta histórias pessoais e detalha a burocracia enfrentada pelas vítimas para receber uma ajuda de custo mensal – a qual, conforme os depoimentos, é insuficiente. “As pessoas pensam que vão receber muito dinheiro quando uma coisa assim acontece, mas elas estão erradas”, declara uma senhora de 68 anos no relatório.
Para determinar o valor das compensações, a empresa estabeleceu três diferentes zonas em torno de Fukushima. Moradores de áreas que possam voltar a ser habitadas em menos de dois anos, receberão uma ajuda pelo período da interdição. Somente quem vivia em locais que levarão mais de cinco anos para apresentar níveis seguros de radiação, pode se candidatar a uma indenização vitalícia. No relatório, pequenos fazendeiros argumentam que, mesmo que possam retornar às suas propriedades em breve, não encontrarão consumidores dispostos a comprar seus produtos.
Alerta
Greenpeace acredita na força da pressão popular para mudança das matrizes energéticas
“Em Fukushima aprendemos que a energia nuclear nunca é segura”, enfatiza o documento. Para Haverkamp, o mais importante é que o acidente nuclear no Japão tenha servido como o último alerta para a necessidade de energias limpas. Ele avalia que a pressão popular pelo fim do uso da energia nuclear é importante, e funciona como um sintoma dos argumentos que estão na mesa.
Contudo, o trabalho de governos na mudança das convenções de responsabilidade é prioritário. “Se isso voltar a acontecer, não queremos que as pessoas sofram tanto quanto sofreram as vitimas de Tchernobil, e como estão sofrendo as de Fukushima”, prevê. (EcoDebate)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Novo modelo de geração de energia

Novo modelo de geração de energia em empreendimentos urbanos é visto com otimismo por prestadores de serviços do setor
Gerar energia eólica ou captar a energia solar nos centros urbanos, em empreendimentos como condomínios e parques, é uma perspectiva que tem deixado animadas empresas prestadoras de serviços do setor de energia no País. Pedro Cavalcanti, diretor de Engenharia da Multiempreendimentos, adianta que o sistema está em processo de estudo junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e deve trazer novidades importantes para o mercado.
"Com essa possibilidade, uma nova fronteira está se estabelecendo na geração de energia brasileira. Isso irá fomentar negócios tanto na área de equipamentos para geração de energia quanto na de consultorias para instalação das estruturas", comentou Cavalcanti, que participou do comitê de Energia da Amcham-Recife.
O executivo explica que, com a instalação de geradores de energia eólica em empreendimentos urbanos, eles poderão aproveitar a energia produzida e ainda repassar a parte não consumida para o sistema elétrico. “Este excedente será transformado em créditos; assim, quando não houver vento, bastará abatê-los do que foi fornecido ao sistema anteriormente”, apontou.
Cavalcanti aponta que o novo sistema estará disponível para empreendimentos com capacidade instalada acima de 1.000 kW (kilowatts).
Para locais onde não se aproveite o vento, o caminho alternativo será a instalação de painéis fotovoltaicos para captação solar.
“Acredito que em março ou maio a Aneel já deve publicar o marco regulatório desse novo modelo de compra e venda de energia e estamos otimistas para as possibilidades de negócios que virão”, afirmou o diretor da Multiempreendimentos.
Mercado eólico aquecido
Cavalcanti comentou que o mercado brasileiro está bastante aquecido para companhias que atuam na geração de energia eólica. “Fatores como o grande potencial que temos para explorar fontes de energia renováveis e as recentes declarações do governo que sinalizam uma prioridade para essas fontes são excelentes para o segmento”, comemorou.
“Ainda temos como outro fator positivo. A crise na Europa tem forçado fabricantes e fornecedores de equipamentos para geração de energia eólica a procurarem mercados emergentes como o Brasil para investir”, comentou Cavalcanti. (amcham)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Tecnologias para geração a partir do lixo

A geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil é bastante significativa. Assim, o gerenciamento adequado destes resíduos, inclusive com o aproveitamento energético, constitui-se um desafio para os municípios. Este trabalho tem como objetivo comparar o desempenho ambiental de três alternativas para tratamento e disposição de RSU: aterro sanitário, incineração e tratamento mecânico-biológico (TMB). A unidade funcional estabelecida para o estudo foi o tratamento e disposição de 1 t de resíduos gerados na região da cidade de São Paulo.
Além das alternativas de tratamento e disposição a serem comparadas serão analisados dois cenários com diferentes composições dos resíduos: (a) sendo 100% RSU e (b) sendo 90% RSU e 10% lodo proveniente do tratamento anaeróbio de uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE). A ACV foi feita com o auxílio do software EASEWASTE.
O inventário para cada tecnologia foi finalizado e foi realizada a avaliação de impactos preliminar associada à implantação, operação e desativação de cada alternativa, bem como os impactos decorrentes do consumo de insumos, disposição final de rejeitos e contabilização da energia elétrica disponível. Ressalta-se que os resultados poderão subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas para o gerenciamento dos RSU no país.
No dia 25 de fevereiro, o Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) e a Emae promovem o Seminário “Impactos Ambientais e Sociais do Tratamento e Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos”, para apresentar os resultados do projeto.
O projeto tem por objetivo principal elaborar estudo comparativo por meio da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) do potencial de geração de energia elétrica proveniente do aproveitamento energético de tecnologias de tratamento e disposição final de resíduos sólidos (de origem domiciliar, poda, varrição, comercial e industrial não perigoso), incluindo lodo proveniente de estação de tratamento de esgoto. Como objetivos secundários, estão incluídas as análises dos aspectos econômicos, mercadológicos e sociais das tecnologias de tratamento avaliadas. (ambienteenergia)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A crise de energia e as soluções

As causas da crise de eletricidade que enfrentamos têm sido amplamente discutidas na imprensa e parecem ser bem compreendidas: a expansão do sistema de hidrelétricas – a principal fonte de energia elétrica no Brasil – tem sido feita nas últimas décadas em usinas a fio d’água. Isto é, sem reservatórios de água que mantenham as usinas em funcionamento mesmo quando não chove durante longos períodos de tempo.
Isso não é culpa do atual governo federal, mas da incapacidade geral dos governos, desde 1990, de se engajarem num diálogo maturo com os ambientalistas e os movimentos sociais contrários à construção de barragens para a formação de reservatórios. A oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso estimulou esses movimentos e paga agora o preço elevado que deles resultou.
Várias organizações ambientalistas, como a WWF-Brasil, tentaram iniciar esse diálogo, mas suas propostas foram recebidas com indiferença pelo governo, apesar de serem eminentemente razoáveis: escolher na Amazônia as bacias hidrográficas nas quais barragens e hidrelétricas poderiam ser construídas e preservar outras bacias em seu estado natural.
Atualmente os reservatórios das hidrelétricas estão praticamente no mesmo nível de 2001 e certamente teríamos um racionamento se não tivessem sido instaladas usinas termoelétricas, que usam gás, óleo combustível e até carvão. Sua construção foi iniciada no fim do governo Fernando Henrique e o governo Lula/Dilma Rousseff deu-lhes andamento. Mas energia gerada por elas é muito mais cara do que a das hidrelétricas.
Mesmo assim, o risco de racionamento não foi afastado, porque todas as termoelétricas disponíveis já foram acionadas e se a seca continuar faltará energia. A razão para tal é simples: as alternativas de geração de eletricidade disponíveis – que são as usinas eólicas (movidas pela força do vento) e as termoelétricas queimando bagaço – não foram estimuladas pelo governo, no fundo, por motivos ideológicos.
A partir de 2002 o governo decidiu expandir o parque gerador de eletricidade por meio de leilões que a Empresa de Planejamento Energético (EPE) realiza regularmente. Recebem as concessões as empresas que apresentam preços mais baixos para a energia produzida, seja ela hidrelétrica, térmica, eólica ou solar. A justificativa para esse procedimento é a de garantir a “modicidade tarifária”, quer dizer, o preço mais baixo da energia produzida, que, em tese, favoreceria as camadas mais pobres da população.
Essa é uma visão equivocada: por motivos técnicos, diferentes formas de gerar eletricidade têm custos diferentes de produção e, também, fortes componentes regionais. Se a energia eólica for gerada no Estado do Piauí e consumida no Rio de Janeiro, é preciso construir as linhas de transmissão adequadas. Além disso, gerar eletricidade para ricos e para pobres custa o mesmo.
Se o governo federal deseja fazer programas sociais com eletricidade para beneficiar os pobres, deve fazê-lo na venda, e não na sua geração. Foi isso que o governo Franco Montoro fez em São Paulo, em 1982, estendendo as redes de eletricidade às favelas e cobrando preços reduzidos dos habitantes dessas áreas, por meio de subsídios cruzados, em que os mais ricos pagavam tarifas maiores do que os mais pobres.
Ao nivelar nos leilões da EPE todas as formas de energia, o governo federal tornou inviável, na prática, o uso de bagaço de cana para gerar eletricidade em grande escala no Estado de São Paulo. Essa energia pode até ser um pouco mais cara do que a das hidrelétricas, porém está perto dos centros de consumo, o que reduz significativamente os custos de transmissão.
Apesar dos esforços do governo paulista, menos de 20% do potencial do bagaço de cana-de-açúcar – que é comparável à potência da Usina de Itaipu – está sendo utilizado, por causa da falta de interesse do governo federal. O que torna a situação ainda mais paradoxal é que a ideologia da “modicidade tarifária” levou o governo a usar térmicas a gás, cujo custo da eletricidade é cerca de três vezes superior à média nacional.
Os problemas que enfrentamos na área de energia elétrica não serão resolvidos com medidas intempestivas como a Medida Provisória (MP) 579 e a redução forçada de cerca de 20% nas tarifas, que está tornando o Sistema Eletrobrás e outras empresas geradoras inviáveis. Como foi feita, essa medida tem claramente um conteúdo demagógico e o Tesouro Nacional – ou seja, toda a população brasileira – vai pagar por ela. Vamos ter agora, além da Bolsa-Família, uma “bolsa-eletricidade”, que, aliás, vai beneficiar grandes indústrias eletrointensivas.
As consequências negativas da MP 579 já são evidentes na queda do valor das empresas, que terão, daqui para a frente, mais dificuldades para fazer investimentos, o que, como consequência, vai dar origem a mais “interrupções de fornecimento”, na linguagem oficial.
Soluções para a crise atual existem.
No curto prazo, é preciso remover os obstáculos para que a eletricidade do bagaço de cana-de-açúcar possa competir nos leilões da EPE e tomar providências para completar a ligação de centrais eólicas ao sistema de transmissão.
No longo prazo, é preciso reanalisar o planejamento de novas hidrelétricas – incluindo reservatórios adequados de água – e acelerar medidas de racionalização do uso de eletricidade, que até agora são voluntárias. Não basta, por exemplo, etiquetar geladeiras alertando os compradores sobre quais são os modelos mais eficientes, é necessário proibir a comercialização das geladeiras com alto consumo de energia, como fazem muitos países. (EcoDebate)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Horário de verão economiza 2.477 MW

Com término marcado para a meia-noite de sábado, 16 de fevereiro de 2.013, o horário de verão economizou 2.477 megawatts (MW) no período de pico (entre as 18h e as 21h) nos estados em que foi implementado. Isso equivale a 4,5% da demanda máxima nos três subsistemas onde a mudança de horário vigorou. O balanço foi divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Em nota, o diretor-geral do ONS informou que, dos 2.477 MW economizados, 1.858 MW foram no Subsistema Sudeste/Centro-Oeste; 610 MW no Subsistema Sul; e 9 MW no Subsistema Norte (onde apenas o estado do Tocantins adotou o horário de verão).
A redução obtida no primeiro subsistema equivale a aproximadamente 55% da carga consumida durante o horário de pico da cidade do Rio de Janeiro, onde vivem 6,4 milhões de pessoas, ou duas vezes a carga no horário de pico de Brasília, que tem 2,6 milhões de moradores.
A economia verificada no Subsistema Sul equivale a 75% da carga no horário de pico de Curitiba (com 1,8 milhão de habitantes), e a obtida no Subsistema Norte, a 10% da carga no horário de ponta da cidade de Palmas (228 mil habitantes), informou a nota do ONS.
Com a implantação do horário de verão, a segurança operacional do sistema elétrico nacional é beneficiada graças à diminuição dos carregamentos na rede de transmissão. Segundo o governo, a mudança do horário possibilita também uma melhor manutenção de equipamentos e a redução de cortes de carga em situações emergenciais, além de favorecer a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas.
O ONS disponibilizou em seu portal a redução verificada na demanda por estado. O horário de verão está em vigor desde a meia-noite do dia 20 de outubro de 2012. No próximo sábado à meia-noite, os relógios devem ser atrasados em uma hora. (ambienteenergia)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Novos embaixadores dos carros híbridos elétricos

Taxistas em São Paulo, os novos embaixadores dos carros híbridos elétricos
Taxis híbridos da frota de São Paulo
Roberto e Erasmo Carlos não serão os únicos a lembrar do “ronco barulhento do seu carro”. Motores possantes como o do cabeludo da canção “Detalhes”, gravada em 1971, já provocaram muitos suspiros. Se a composição fosse, no entanto, escrita hoje, é provável que o sujeito da calça desbotada fizesse mais sucesso a bordo de um automóvel silencioso. O clássico de Roberto e Erasmo pode até ser reconhecido pelas novas gerações. Mas poucos hoje veriam qualquer romantismo num carro barulhento. Ao contrário, o deslumbramento do passageiro com a ausência de ruído é o que mais tem chamado a atenção dos motoristas de taxi que participam do programa de carros híbridos e elétricos em São Paulo.
“O motor deste carro está ligado? Mas não faz barulho algum.” O brasiliense Adeilson Xavier Soares já cansou de ouvir a mesma pergunta de manobristas teimosos. Justo ele, um dos poucos taxistas de São Paulo treinados para conduzir um modelo híbrido. O painel, luminoso como ele só, é a prova de que o veículo está, sim, ligado. Adeilson passou por rigoroso treinamento da Toyota, fabricante do Prius, o primeiro híbrido fabricado no mundo e que agora ele dirige em São Paulo.
“Durante o treinamento pensamos em tudo, mas não imaginávamos que a questão do silêncio iria ser a mais comentada. No entanto, é o que mais tem chamado a atenção dos passageiros”, afirma Murilo Moreno, diretor de marketing da Nissan, outra montadora que participa do programa paulistano. No caso do Leaf, que é totalmente elétrico, a ausência de ruído é ainda mais nítida. O híbrido da Toyota inclui um motor a combustão, que alimenta o elétrico. De qualquer forma, ambos são infinitamente mais silenciosos do que os veículos que os brasileiros costumam dirigir.
“O carro não faz barulho nenhum, não polui, é macio, confortável e os passageiros adoram, fazem mil perguntas”, afirma Alberto de Jesus Alves Ribeiro, taxista paulistano que já roda há sete meses com o elétrico Leaf.
Adeilson e Alberto não se conhecem. Mas estão entre os 30 motoristas escolhidos a dedo nas empresas de taxi que participam do programa. Ambos foram contemplados para testar as novidades por terem experiência e boa conduta no trânsito. Aos 29 anos de idade e sete de profissão, Adeilson diz nunca ter batido o carro da empresa e poucas vezes foi multado. Alberto, 53 anos, está há 30 na praça.
Tanto Nissan como Toyota não lucram com o programa, segundo garantem seus porta-vozes. Mas a exposição dos carros que funcionam com eletricidade lhes servirá para ganhar do consumidor a atenção que não receberam do governo ao reivindicar incentivos fiscais para esses veículos.
Aos passageiros mais empolgados com perspectiva de poder adquirir um carro 100% elétrico, Alberto logo avisa que o Leaf não está à venda no Brasil. O modelo é facilmente comprado em outros países, como Japão, Europa e Estados Unidos. Nesses mercados, a venda desse tipo de veículo sustenta-se com ajuda de dinheiro público.
No exterior, em regiões que oferecem mais incentivos as alternativas de energia sustentáveis, como a Califórnia, o elétrico custa em torno de US$ 30 mil. Mas no Brasil, sem incentivos, a soma de todos os impostos, incluindo os 30 pontos percentuais adicionais de IPI para modelos estrangeiros, faria o preço do elétrico da Nissan encostar em R$ 200 mil, segundo Moreno.
No Brasil, o Leaf não foi sequer homologado pelos órgãos de trânsito. Circula com autorização para os testes. “É como se fosse um tubo de ensaio dentro de um laboratório”, diz Moreno.
O Prius, o carro da Toyota, já está à venda. Está incluído na cota de importados isenta do IPI adicional a que a Toyota tem direito pelos investimentos que faz em produção nacional. Mesmo assim, o preço final – R$ 120.830 – está além do que a montadora considera adequado para o mercado brasileiro. Com incentivo tributário, o valor poderia baixar para algo em torno de R$ 95 mil a R$ 100 mil, segundo o gerente de relações governamentais da Toyota, Ricardo Bastos.
As discussões com o governo, no entanto, ainda não terminaram. Enquanto não retomam a conversa com a equipe econômica, as montadoras recorrem a seus “embaixadores” das ruas, os taxistas. Esses motoristas não têm do que se queixar. A curiosidade atrai a clientela. “Às vezes sou o terceiro da fila, mas o passageiro pede para testar o carro elétrico”, conta Alberto. Camaradas, os colegas do ponto costumam lhe conceder a vez.
Já Adeilson assume o papel de coadjuvante do espetáculo que se forma cada vez que para num posto para abastecer o híbrido. O carro, claro, é o protagonista. À plateia curiosa, de frentistas e clientes, o taxista esclarece: o híbrido é um automóvel com dois motores, um a combustão e outro elétrico. O primeiro é abastecido com gasolina, como nos veículos tradicionais.
O Prius ainda não é flex. Mas, segundo Ricardo Bastos, o porta-voz da empresa, a Toyota já se comprometeu com o governo a desenvolver a versão que pode ser abastecida com etanol, caso o modelo venha a ser produzido no Brasil. Será essa a moeda de troca de eventual programa de incentivos.
“Gasto de 20 minutos a meia hora cada vez que paro para abastecer”, conta, rindo, Adeilson. Mesmo para quem não pede detalhes técnicos, ele faz questão de fornecer um mínimo de explicação do funcionamento do motor elétrico no híbrido: É dotado de corrente elétrica e opera em sintonia com o motor a combustão. Em baixas velocidades, no trânsito da cidade, é o elétrico, abastecido pelo outro motor, que faz o carro rodar.
Já numa estrada, onde a velocidade requer mais potência, ambos os motores entram em ação. Segundo o fabricante, o Prius percorre, em média, 25 quilômetros por litro de gasolina. Mas Adeilson garante ter conseguido 27 numa corrida até Santos.
A função de apresentadores das novas tecnologias tornou o trabalho desses motoristas mais divertido. “Por que será que estão tirando fotos da gente?”, perguntou certo dia a cliente desligada, que não notou estar em um automóvel diferente. “A senhora não viu que troquei de carro?” Um início de conversa como esse é agora comum na rotina desses motoristas.
Adeilson também gosta quando entra no carro algum cliente familiar à tecnologia híbrida em razão de viagens ao exterior. Embora novidade no Brasil, o Prius é velho conhecido de consumidores de países como Japão e Estados Unidos. É de 1997 a primeira versão do modelo, que já está na terceira geração. Desde então, a Toyota vendeu mais de 3,5 milhões de unidades. No Brasil, entregou 20 para o programa de taxis paulistas e recebeu a encomenda de mais 80 para a mesma bateria de testes.
Ao contrário de Adeilson, Alberto já não precisa mais frequentar postos de combustível. Mas fica sempre atento para não passar o vexame de a bateria descarregar no meio de um trajeto com o cliente dentro do carro. Segundo o fabricante, com a carga da bateria completa, o elétrico Leaf roda 160 quilômetros. A direção da Nissan está atenta à experiência no Brasil, que a ajudará a avaliar os efeitos de uso mais frequente do ar-condicionado.
A autonomia é a única reclamação de Alberto. É a queixa de usuários de todo o mundo e uma das principais preocupações da indústria. Espera-se que a cada avanço no desenvolvimento de baterias consiga-se esticar a duração e tornar o equipamento mais leve.
Para Alberto, o ideal para um taxista é não ter de parar para a recarga, ainda que rápida. Ele sugere cargas suficientes para 300 quilômetros. No entanto, não vê problemas em recomendar o veículo em teste para quem vai e vem do trabalho de carro. Alberto está, aliás, a par de estudos que calculam em 50 quilômetros diários a distância máxima percorrida pela maioria dos usuários de automóveis em áreas urbanas.
A recarga dos veículos elétricos em teste em São Paulo pode ser feita em 30 minutos ou oito horas. Para a modalidade de meia hora, foram colocados alguns postos de recarga rápida em concessionárias Nissan. Já a de oito horas é feita nas sedes das empresas de taxi, ao fim da jornada do motorista.
O programa exige que o veículo passe a noite na empresa de taxis para ser totalmente recarregado. Assim, estará pronto para enfrentar a jornada do dia seguinte. Para as próximas fases, segundo Moreno, da Nissan, estuda-se a instalação do equipamento para carregar a bateria na casa do motorista. O objetivo é testar como seria a rotina de um consumidor comum.
O projeto paulistano para veículos elétricos tem parceria entre a aliança Renault-Nissan, a Prefeitura de São Paulo, a AES Eletropaulo e a Associação das Empresas de Taxi (Adetax). Na primeira fase, de junho a novembro de 2012, foram testados dois veículos. Este ano, entraram mais oito.
O presidente da Nissan no Brasil, François Dossa, disse ontem que o programa de carro elétrico para taxistas começará, em breve, a funcionar também no Rio. Segundo ele, falta apenas acertar com a Light os pontos de recarga de baterias pela cidade.
Tanto Adeilson como Alberto comprariam os carros que testam, caso o preço fosse, claro, atraente, com possibilidade de incluir os modelos em programas de redução de impostos para taxistas. O condutor do híbrido diz que a economia mensal com combustível chega a R$ 900. “Gastava R$ 50 a R$ 60 por dia e agora entre R$ 25 e R$ 30.”
O colega que ficou com o elétrico economiza ainda mais. Segundo informações da Nissan, com base em dados da AES Eletropaulo, o custo do carregamento da bateria é de R$ 0,0537 por quilômetro. Os dois elétricos usados na primeira etapa do projeto, de junho a novembro, rodaram cerca de 10 mil quilômetros cada, em jornada diária de seis horas, de segunda-feira a sexta-feira, e estimativa de 3 mil passageiros na soma dos dois.
Segundo a Nissan, ao longo de toda a primeira fase, gastou-se R$ 537 para carregar cada veículo. Para rodar em carro abastecido com etanol teriam que ser desembolsados R$ 2,1 mil para o mesmo percurso, segundo a montadora.
Em princípio, o programa paulistano de taxis híbridos e elétricos vai durar três anos. Ao final, poderá ser renovado, ampliado ou extinto. Caso seja suspenso, o modelo elétrico terá que sair das ruas se até lá não for homologado pelos órgãos de trânsito.
Os motoristas escolhidos para o teste evitam pensar no dia em que terão de reencontrar os velhos motores barulhentos. Alberto já nem lembra como era o ronco do Karmann Ghia, seu primeiro carro. Mas o tempo que ele passou ao lado do elétrico, não adiantará, como diria o cabeludo da canção de Roberto, “nem tentar esquecer”. (EcoDebate)

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Calor do subsolo é usada em edifícios modernos

Geotermia: Calor do subsolo é usada para climatizar edifícios modernos
Prédios modernos aproveitam cada vez mais o calor do subsolo, rios ou canalização, para aquecer ou resfriar ambientes. Especialistas veem nessa tecnologia um grande potencial para abastecer casas com energia renovável.
O subsolo esconde muito potencial energético: na crosta terrestre a temperatura aumenta, em média, 3ºC a cada 100 metros de profundidade. E, com isso, diversas possibilidades de utilização dessa energia são abertas na Alemanha, onde há uma mudança de curso da política energética.
Mas até mesmo fora das fronteiras alemãs a energia geotérmica oferece um grande potencial: um estudo do Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), elaborado a pedido do Greenpeace, calcula que o potencial da geotermia supera em muitas vezes o atual consumo energético no mundo.
Climatização de edifícios
Sem muito esforço, as diferenças de temperatura da terra podem ser utilizadas para climatizar edifícios. Há poucos metros abaixo da superfície terrestre, a temperatura é quase constante e se aproxima da temperatura média anual de cada lugar – o que na Alemanha seria em torno de 6ºC a 10ºC.
Enterrados, canos vão transportar ar quente e frio para climatizar edifícios.
Assim surge uma possibilidade de produção de ar quente no inverno e de ar frio no verão: o ar fresco de edifícios passa previamente por uma tubulação colocada no subsolo. Dessa forma, o ar será aquecido pela terra no inverno e resfriado no verão.
Tal ideia já é utilizada há alguns anos em prédios modernos, e já é suficiente para a climatização usada durante o verão em zonas climáticas temperadas.
O Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar (ISE, na sigla em alemão), em Freiburg, é um exemplo. Antes de entrar nos escritórios do instituto, o ar externo é transportado por tubulações de plástico que estão enterradas a seis metros de profundidade.
Energia geotérmica de profundidade
Na utilização de energia geotérmica há duas variantes: a utilização do calor da superfície terrestre ou de profundidade. Na Alemanha, a chamada geotermia de profundidade utiliza o calor da terra abaixo de 400 metros. Através de temperaturas acima de 100ºC, é possível aquecer prédios ou também produzir energia elétrica.
Ao contrário da geotermia de profundidade, o calor próximo da superfície terrestre muitas vezes não é suficiente para aquecer um edifício e, portanto, é preciso uma bomba de calor para aumentar a temperatura. Na Alemanha são aquecidos dessa forma mais de 200 mil edifícios e, anualmente, outros 20 mil são incluídos nessa lista.
A bomba de calor trabalha de forma similar a um refrigerador, que resfria o interior e aquece a parte externa traseira. De forma parecida, retira-se parte do calor da terra com a ajuda de tubulações de água, enquanto que, ao mesmo tempo, a água para o aquecimento de espaços internos é aquecida – comparável à parte de trás de uma geladeira.
Maior central geotérmica da Europa se localiza na Toscana
Porém, essas bombas de calor precisam muitas vezes de energia elétrica. Combinadas com um sistema de calefação por piso radiante, elas atingem um chamado coeficiente de desempenho (COP, em inglês) entre três e quatro.
O COP é usado como método para definir a eficiência energética da bomba de calor. Isso significa que, com o uso de um quilowatt-hora de energia, podem ser produzidos de três até quatro quilowatts-hora de calor.
Energia retirada da canalização de dejetos
O calor também pode ser retirado do sistema de canalização de dejetos, que é relativamente quente. “Essa produção de energia é rentável para a calefação de edifícios, principalmente se considerarmos o preço crescente da energia”, explicou Olaf Westerhoff, especialista em energia da prefeitura de Konstanz, em entrevista à Deutsche Welle.
A referida prefeitura construiu um permutador de calor de 90 metros de comprimento num duto de dejetos, aquecendo assim três novas residências multifamiliares. Dessa maneira, a fornecedora de energia quer retirar 900 mil quilowatts-hora de calor por ano da tubulação de esgoto – isso corresponde ao potencial energético de 90 mil litros de óleo para aquecimento.
De acordo com informações de Westerhoff, compensa aproveitar o esgoto principalmente em grandes cidades e nas proximidades de indústrias com águas residuais quentes. Cidades como Berlim e Munique, na Alemanha; Paris e Dijon, na França; e Copenhague, na Dinamarca, já possuem esses tipos de instalações no subsolo. Instalações em outras cidades europeias já estão em planejamento. (EcoDebate)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Biomassa com certificação

Duas usinas termoelétricas movidas a biomassa da CPFL Renováveis acabam de receber três importantes certificações já na fase de construção. A UTE Coopcana, localizada em São Carlos do Ivaí, (PR), e a UTE Alvorada, de Araporã (MG), ganharam os selos ISO 9001:2008 de gestão de qualidade, ISO 14001:2004 de gestão ambiental, e OHSAS 18001:2007 de gestão de segurança e saúde ocupacional. Essas normas internacionais garantem o compromisso com a qualidade, a segurança e o meio ambiente.
Auditadas pela Fundação Vanzolini, as duas usinas estão entre as primeiras do País a serem certificadas já na fase de construção. “A CPFL Renováveis sempre trabalhou pela excelência de seus procedimentos, por isso a importância de alcançar esse resultado desde a fase de construção. Dessa forma, fica transparente ao mercado que estamos preparados para atendê-lo”, explica o diretor presidente da CPFL Renováveis, Miguel Saad.
Para conquistar essa certificação, a equipe de auditoria interna da CPFL Renováveis implantou o Sistema de Gestão Integrada (SGI). O projeto consiste no gerenciamento e controle dos processos com o objetivo de verificar sua eficiência. Foram seis meses de levantamento de dados e criação de procedimentos para atender a todos os requisitos necessários.
A implantação do SIG envolveu colaboradores de todas as áreas da companhia e mais de 20 empresas parceiras das duas usinas. A partir de agora, a CPFL Renováveis adotará os mesmos procedimentos em suas outras seis usinas termoelétricas.
A ISO 14001 exige que as empresas se comprometam com a prevenção de danos ao ambiente e com melhorias contínuas, como parte do ciclo normal de gestão empresarial. A ISO 9001:2000 garante que a companhia atue sob processos integrados e princípio de gestão da qualidade, com pessoas capacitadas, focadas nos objetivos da empresa e voltadas para a satisfação do cliente. Já a OHSAS 18001:2007 18001 tem caráter preventivo e visa à redução e ao controle dos riscos no ambiente de trabalho. (ambienteenergia)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Térmica no centro das atenções

Energia despachada pelas usinas na baixa dos reservatórios evidenciou papel da fonte na matriz.
Desde o último mês de outubro, quando começaram os despachos das usinas termelétricas a óleo em virtude da baixa no nível dos reservatórios das hidrelétricas, a fonte térmica tem sido observada com mais atenção.
Em setembro, usinas a gás natural já estavam despachando para a região Nordeste por ordem de mérito. As térmicas vem atuando como back up do sistema, garantindo a segurança no abastecimento.
Essa segurança no abastecimento é exatamente a maior virtude da fonte, de acordo com Marco Antônio Veloso, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Flexível. “O despacho vem reafirmar que a geração térmica é absolutamente indispensável para a segurança do suprimento de energia elétrica”, explica. (pontodevistaonline)

Térmicas permanecerão ligadas até abril

Térmicas devem permanecer ligadas pelo menos até abril, diz Tolmasquim
Avaliação será feita pelo governo somente após o término das chuvas.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, afirmou nesta quarta-feira, 6 de fevereiro, que o despacho maciço de usinas termelétricas deverá ser mantido pelo menos até abril desse ano. Ele explicou que somente após o término do período de chuvas será possível avaliar a necessidade de manutenção dessas usinas em operação. A geração termelétrica a plena carga tem com objetivo permitir a recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, ainda em níveis insuficientes para que o sistema opere com segurança dentro do atual ciclo hidrológico.
Ao sair da reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, Tolmasquim disse que "está chovendo o que se esperava e a situação é boa", mas o governo deve manter as térmicas em funcionamento. A geração de empreendimentos a gás, carvão, óleo diesel e óleo combustível é estimada em aproximadamente 14 mil MW. (canalenergia)

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Renda e Energia renovável

A Caixa Econômica Federal, por intermédio do Fundo Socioambiental Caixa, financiou projeto de geração de renda e Energia renovável, que vai beneficiar mil residências do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) na Bahia. A iniciativa promoveu o treinamento em Segurança no Trabalho em Altura para moradores dos condomínios Morada do Salitre e Praia do Rodeadouro, ambos em Juazeiro (BA).
O projeto consiste na instalação de sistemas de microgeração eólica e solar em unidades habitacionais do PMCMV, além do treinamento dos moradores como profissionais de instalação e manutenção de painéis solares. Das 40 pessoas que participaram da iniciativa, 17 são mulheres. Isso permitirá uma renda para famílias com rendimento inferior a três salários mínimos.
A energia gerada irá abastecer as áreas comuns de cada condomínio, devolvendo à rede de eletricidade o que não for utilizado. A estimativa é de que tal medida pode representar a geração de um valor mensal de renda extra de até R$ 110 para cada família. A energia não consumida pelo condomínio poderá ainda, ser vendida à concessionária ou a consumidores livres, gerando renda que será dividida entre os moradores, podendo também ser utilizada em melhorias das condições locais.
Além de beneficiar as famílias com uma renda extra, o projeto produzirá energia limpa e renovável, contribuindo para a redução de gases de efeito estufa, além de proporcionar incentivo à organização social, à formalização de empreendedores individuais e à participação em ações de formação e capacitação técnica.
Trabalho em Altura – Trabalho em altura é toda atividade executada acima de dois metros do nível inferior em que haja risco de queda. Foram realizadas práticas de colocação de cabo guia, uso de equipamentos e escadas, e técnicas de subidas e amarrações, conforme instruções normativas da NR35. Essa norma e estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos com essa atividade.
Além do treinamento prático, os participantes tiveram aulas teóricas, que abordaram os seguintes temas: normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura; análise de riscos potenciais inerentes em altura; condutas em situações de emergência, incluindo técnicas de resgate e primeiros socorros; sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva e individual.
Fundo Socioambiental – Desde 2006, o Programa Caixa Objetivos do Milênio (ODM) vem criando oportunidades nas áreas de educação e geração de trabalho e renda. O Fundo Socioambiental Caixa, instituído em 2010, destina recursos correspondentes a até 2% do lucro anual do banco para apoio a projetos socioambientais.
O acompanhamento dos projetos selecionados é realizado pelos Comitês Regionais Caixa ODM, vinculados às Superintendências Regionais da Caixa, de forma a garantir que o apoio do Fundo Socioambiental Caixa represente um avanço do compromisso do banco, na promoção da cidadania e da sustentabilidade econômica e socioambiental no país. (ambienteenergia)

Energia à moda da casa

O ano de 2012 foi marcado por muitas medidas do Governo Federal para o setor energético brasileiro. Além do anúncio feito em setembro pela Presidente Dilma Rousseff sobre a redução das taxas de energia para residências, comércios e indústrias que vão variar entre 16% e 28% a partir de 2013, já neste ano, o brasileiro contará com mais um incentivo para economizar em sua conta e ainda, contribuir para a manutenção dos recursos não renováveis geradores de energia no país.
A Resolução Normativa (RN) 482 de 17/04/12, publicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamenta a micro e mini produção de energia, ou seja, proprietários de residências, comércio e indústria poderão produzir sua própria energia e, a maior novidade, é que as concessionárias devem adequar seus medidores a um modelo que permita que a energia gerada e não consumida no local possa ser enviada à rede para consumo em outro ponto e gerar créditos para o consumidor na próxima fatura.
As distribuidoras de energia tem até 13/12/12 para se adequar e publicar as normas técnicas relacionadas ao novo sistema em seus endereços eletrônicos.
Entenda o Sistema de Compensação de Energia – O consumidor poderá instalar um sistema gerador de energia de fonte renovável com base em energia solar, por exemplo, com potência de até 100 kW – Microgeração Distribuída – ou central geradora com potência superior a 100 kW até 1 MW – Minigeração Distribuída – ambos conectados à rede elétrica.
Durante o mês, a unidade (casa, empresa ou indústria) é abastecida pela energia gerada por sua própria fonte sustentável de energia e a noite ou nos dias mais nublados a energia fornecida pela concessionária entra em funcionamento, complementando a energia solar. Neste período, toda energia produzida que não for consumida na unidade, entra no sistema de Compensação de Energia Elétrica, ou seja, o excedente é lançado à rede de distribuição e se torna um crédito que pode ser utilizado nas próximas faturas por até 36 meses. Para isso, o consumidor deverá trocar o medidor de energia convencional por um medidor bidirecional, que registra a energia consumida e a energia injetada na rede.
Essa energia excedente também pode ser revertida em créditos para abater o consumo de outras unidades consumidoras previamente cadastradas do mesmo proprietário ou para unidades cujos proprietários se reúnam em uma associação.
No caso do crédito exceder o valor a pagar na conta de energia, ficará estabelecida uma cobrança mínima referente ao custo da disponibilidade do sistema de distribuição.
Entendendo o Sistema Solar Conectado ou Grid Tie -Para o consumidor que pretende instalar um sistema gerador de energia de micro ou minigeração distribuída a partir da energia solar, o sistema fotovoltaico Conectado ou Grid Tie precisa de alguns componentes básicos para garantir o funcionamento:
Painel Solar é o componente responsável pela captação da luz solar e é formado por várias células fotovoltaicas que usam o silício como matéria-prima. A quantidade de painéis solares varia de acordo com o consumo de energia. Para uma residência com consumo de 200kwh/mês são necessários de 6 a 8 painéis de 1,7 m² cada.
Já os inversores transformam a energia elétrica vinda dos painéis solares em corrente alternada para ser usada na rede doméstica. Além disso, os inversores fazem o sincronismo da energia solar com a rede elétrica e o balanço entre a fonte solar e energia da rede convencional.
Além destes componentes, uma estrutura de alumínio é responsável pela fixação dos painéis no telhado garantindo a inclinação no ângulo adequado para a melhor captação da luz solar.
A Neosolar Energia há dois anos especializou-se em soluções em energia solar e, por meio de consultorias customizadas, seja para uso doméstico, rural ou voltado para a agroindústria, consegue adequar seus produtos às mais variadas necessidades.
É a única distribuidora autorizada pela Jetion Solar – empresa chinesa com sedes nos EUA e Europa, reconhecida pela qualidade dos painéis fotovoltaicos que produz – para revenda na América do Sul e já possui kits de instalação de energia solar para micro ou minigeração distribuída a venda em seu site. (ambienteenergia)


GE lança nova turbina a gás com 61% de eficiência

GE lança nova turbina a gás com 61% de eficiência
Tecnologia oferece equilíbrio e flexibilidade para atender à rede de geração no país.
Apostando no desenvolvimento do mercado e prevendo que cerca de 26% da energia que será adicionada à rede até o ano de 2020 seja proveniente da usinas de gás natural, a GE lançou em 04/10/12, no Rio de Janeiro, o portfólio Flex Efficiency 60, que inclui quatro turbinas a gás desenvolvidas para atender às necessidades dos clientes.
Uma das turbinas é a 7F 7-series, que, com um investimento de US$ 500 milhões para desenvolvimento e mais US$ 170 milhões para uma unidade de teste, apresenta recorde de 61% de eficiência em ciclo combinado.
A turbina, desenvolvida para o mercado de 60 hertz com operação contínua ou cíclica em aplicações de ciclo simples ou combinado, opera com 250 MW de capacidade e visa complementar a rede com energia quando hidrelétricas ou eólicas não puderem atender de forma plena. Uma termoelétrica de ciclo combinado com duas turbinas a gás e uma a vapor, é capaz de trabalhar com uma carga parcial de 14% da planta, devido a intermitências das fontes renováveis. Além disso, a tecnologia permite um rápido aumento da quantidade de energia gerada, na ordem de 100 MW por minuto.
O lançamento visa atender o mercado nacional, o qual assiste a um crescimento das energias renováveis face à dificuldade de construção de novas usinas hidrelétricas com reservatórios. De acordo com o presidente e CEO de Soluções Térmicas para a GE Power & Water, Paul Brownig, "o Brasil hoje é um dos melhores lugares do mundo para produtos como esses, por isso fizemos nossa quarta parada aqui. Com o aumento do número de projetos de energia renovável surge também a necessidade por soluções mais eficientes e flexíveis de geração".
De acordo com o gerente geral de Soluções Térmicas na América Latina para a GE Power & Water, Alfredo Dematos, a empresa já fechou contratos na ordem de US$ 1,2 bilhão para entrega de 19 turbinas, sendo seis no Japão, oito na Arábia Saudita e cinco dos Estados Unidos. No Brasil, o executivo afirma já estar em fase de negociação com um cliente e espera fechar, até o primeiro trimestre de 2013, o primeiro negócio para um país na América Latina.
As turbinas do novo portfólio da empresa serão fabricadas nos Estados Unidos, mas todo o serviço de manutenção e operação será feito através das 14 fábricas que a GE mantém no Brasil. (canalenergia)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Pense, reflita e diga não a energia nuclear

As decisões tomadas pelos governos da França, Alemanha, Japão, Bélgica, Itália, entre outros, de reverem seus programas de instalação de novas usinas nucleares, e desativarem as existentes, são mais do que um indicativo que esta fonte de energia perdeu espaço considerável no século XXI. Por trás (e a frente) das decisões governamentais, está a pressão popular. A conscientização sobre os reais riscos desta tecnologia tem levado milhares de pessoas a se manifestarem publicamente contrárias ao uso da energia nuclear. Dificilmente por vontade de novos governos haverá mudanças na política não nuclear destes países. Nem mesmo no Japão, onde o atual primeiro ministro tem insinuado que não só reativará as 50 usinas fechadas pós Fukushima, mas construirá novas centrais núcleo-elétricas. A razão é simples a população não quer conviver com o perigo constante de uma catástrofe nuclear.
A China, utilizada como exemplo na rota pró-nuclear, não deve ser imitada. Suas situação política, social e ambiental, não serve como exemplo. O país que é o mais populoso do mundo (mais de 1,3 bilhões de habitantes), tolhe a liberdade de expressão e impede pela força, a participação popular. Por outro lado, os Estados Unidos da América, citado como exemplo de modelo nuclear, vive um grande dilema com relação a sua economia, a seu modo de vida, e as suas posições nos fóruns internacionais referentes às mudanças climáticas. As contradições são enormes, em um país que já foi à locomotiva do mundo ocidental capitalista. Hoje, ao mesmo tempo, propõe a produção e a utilização do gás do xisto betuminoso (verdadeiro crime ambiental), acena para o fortalecimento de políticas na área de energias renováveis.
O Brasil é que deveria servir de exemplo e modelo para outros paises na área energética. Com recursos naturais abundantes como o Sol, o vento, as águas, a biomassa, deveríamos estar à frente e propor novos caminhos para sociedade mundial, na utilização destes recursos, de maneira eficiente, sem desperdício, e sem impacto ambiental e agressão social, levando em conta para que e para quem os recursos energéticos são destinados. Complementando a rede elétrica nacional com geração de energia descentralizada, substituindo os chuveiros elétricos, a iluminação e motores ineficientes, por novas tecnologias disponíveis. Enfim priorizando o uso das novas fontes renováveis e políticas de conservação.
Mas infelizmente, estamos andando para trás, no que concerne a matriz elétrica. Cada vez mais se instalam termelétricas a combustíveis fósseis, menosprezando os recursos naturais disponíveis. O planejamento tecnocrático indica o aumento das termelétricas nos próximos anos, desenhando para o futuro uma matriz hidro-térmica. Verdadeiro crime lesa-pátria que está sendo cometido com as gerações futuras, e com o planeta, ao desprezar as novas fontes renováveis.
Ainda, o que chama a atenção, são as posições dos eternos lobistas da energia nuclear, uns mais belicistas que outros. Aquele mesmo, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, que defendeu e defende que o país se insira no “clube da bomba”, volta nestes tempos de crise elétrica, a propor que a energia nuclear seja “tratada com mais carinho” pelo governo federal. Empregados ilustres da Eletronuclear utilizam velhos argumentos, os mesmos que respaldaram a assinatura do acordo Brasil-Alemanha em plena ditadura militar. Defendem que o Brasil necessita da energia nuclear para atender as necessidades elétricas de agora e futura, daí não pode abrir mão, nem de suas reservas de urânio (para os negócios), e nem da construção de novos reatores nucleares. Propõem não só Angra III em construção, e mais 4 outras usinas até 2030, sendo dois destes complexos nucleares no Nordeste brasileiro, ao lado do Rio São Francisco. Verdadeiro descalabro ao povo sertanejo.
No próximo mês, no dia 11 de março, lembraremos 2 anos da catástrofe de Fukushima. Não se pode esquecer a gravidade, e as repercussões para a vida de tal acidente, que esta sendo abafado pelas agências de notícia. A população brasileira não se deixará enganar, e mais uma vez continuará afirmando “Não queremos energia nuclear, nem em Pernambuco, nem no Nordeste, e nem no Brasil”. (EcoDebate)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Matriz elétrica: Velhas desculpas recicladas

A crise do apagão de energia em 2001 foi atribuída à predominância da fonte hídrica na matriz elétrica. Onze anos depois, nos vemos novamente às voltas com a ameaça de racionamento. A justificativa se recicla, colocando-se a culpa na ausência de grandes reservatórios. Pelo menos desta vez, o secretário de Planejamento Energético do Ministério das Minas e Energia, Altino Ventura, admite que a tendência recente de construir hidrelétricas sem reservatórios veio menos por pressões de grupos ambientalistas do que pela dificuldade técnica de alagar enormes áreas para compensar a baixa queda d”água dos rios da região Norte.
É por isso que, antes da discussão sobre o resgate dos grandes reservatórios, cabe discutir os problemas de transmissão e distribuição. Há usinas eólicas aptas a suprir a demanda de Salvador que não estão conectadas ao sistema, devido a atrasos na entrega das linhas de distribuição. As falhas do sistema se refletem em um acúmulo considerável de horas no escuro. No ano passado, somando todos os “apaguinhos”, o país perdeu um dia inteiro de energia.
A vergonha maior é que os problemas do sistema de distribuição ameaçam o fornecimento de luz para a Copa do Mundo de 2014. Relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica afirma que, em dez das 12 cidades que sediarão os jogos da Copa, as obras das linhas de transmissão e modernização de subestações de energia estão atrasadas.
O governo não encara a decisão de descentralizar a matriz elétrica, proporcionando mais espaço às fontes renováveis, como biomassa e solar, que poderiam ser utilizadas para aplacar o déficit energético. É incompreensível negligenciar uma fonte como a solar, que seria capaz de atender a toda a demanda do Rio de Janeiro utilizando apenas 5% da área urbanizada do estado. Para efeito de comparação, a Alemanha, que não é exatamente conhecida pelos dias ensolarados, acaba de atingir a marca de 8 milhões de residências com sistemas fotovoltaicos instalados.
O Plano Decenal de Energia menospreza a energia solar e fixa metas irrisórias de eficiência energética – a opção mais imediata para minimizar os efeitos de períodos de menor oferta de energia. Estudo da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia afirma que 10% dos 430 TWh consumidos no país a cada ano são desperdiçados, volume superior ao consumo de energia de toda a população do Estado do Rio, que alcança 36 TWh. Isso representa aproximadamente R$ 15 bilhões jogados fora anualmente.
Em suma, a complexidade do debate exige mais sofisticação e argumentos técnicos que não levem novamente a análises incorretas dos reais desafios energéticos do Brasil, reciclando desculpas velhas que servem apenas para culpar os mesmos suspeitos de sempre. (EcoDebate)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Itaipu é menos poluente

Usina é uma das que menos emitem gases poluentes.
Classificadas como fontes de energia limpa, as hidrelétricas não estão livres da emissão de gás carbônico e metano, que se dá pela decomposição de matéria orgânica acumulada no fundo do lago. Um levantamento com dados do reservatório de 12 usinas do País, porém, aponta que Itaipu está entre as que menos liberam gases do efeito estufa.
O estudo, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ, mostrou que a hidrelétrica emite, por metro quadrado (m2), 10,7 miligramas (mg) de metano e 170 mg de gás carbônico a cada dia.
Segundo os pesquisadores, a explicação é a profundidade do lago e a grande potência energética. A usina de Tucuruí (TO) é a recordista de gás carbônico (8,4 mil mg), enquanto Três Marias (MG) lidera a emissão de metano, com 196 mg – o que a torna mais poluiente do que algumas termoelétricas movidas a carvão mineral ou a gás natural. (OESP)

Influência do lago de Itaipu chega a 400 km

Em Itaipu, o enchimento do reservatório nos anos 1980 afetou biodiversidade de locais distantes dali, como a bacia do Tietê.
Em duas semanas de outubro de 1982, Itaipu iniciou uma transformação que perdura há três décadas na fauna aquática da região. O enchimento do reservatório, que deslocou a barreira natural de Sete Quedas, em Guaíra, mudou a proporção de peixes migradores no lago da usina e, a longo prazo, teve impacto na biodiversidade de locais distantes como a Bacia do Tietê, a 400 quilômetros dali.
Itaipu tem hoje 189 espécies conhecidas de peixes: eram 113 antes da usina
Com a inundação, 23 tipos de peixes subiram a antiga catarata, enquanto 3 desceram. Estudos recentes da Universidade Estadual de Maringá (UEM) mostraram que o número atual de espécies na região de Itaipu é de 189, ante 113 em levantamentos anteriores à construção da usina. "Não é que hoje existam tantas mais, mas temos um conhecimento melhor", diz o veterinário Domingo Rodriguez Fernandez, da área de ecossistemas aquáticos da usina.
As águas paradas do reservatório afugentaram grandes espécies migradoras, como o jaú, o dourado e o piapara. Peixes menores como a corvina e o mapará, que se alimentam de micro-organismos, se tornaram abundantes. Mas, segundo dados da usina, após a formação do reservatório a produção aumentou 250% entre os 850 pescadores que atuam no lago.
Pioneiro no estudo de ictiofauna de Itaipu, o biólogo Angelo Antonio Agostinho, da UEM, diz que um dos casos de peixes beneficiados pelo deslocamento da barragem foi uma espécie de piranha que quase extinguiu a variação nativa do Alto Paraná - forma hoje 95% da população local de piranhas.
"As duas espécies são muito parecidas e têm dietas semelhantes, mas a que vivia na parte baixa é menor, mais competitiva e tem tendência a formar cardumes. Pelo que analisamos, ela já chegou a locais distantes como a usina de Ilha Solteira (SP), passando pelas eclusas", diz Agostinho, cujos estudos na usina deram origem ao Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupelia) da UEM.
Arraia. Outro animal que se proliferou rio acima após a construção de Itaipu é a arraia. Um estudo da Universidade Estadual Paulista (UNESP) documentou a invasão de três espécies no Alto Paraná, onde não têm predadores naturais.
"Silenciosamente, as arraias foram subindo o rio desde 1993 e avançaram pelas eclusas de usinas como Jupiá, chegando à entrada da Bacia do Tietê”, diz Domingos Garrone Neto, um dos autores da pesquisa. "Como têm grande capacidade de camuflagem, esses animais com alguma frequência são pisados por pescadores e reagem, causando ferimentos", diz. O biólogo acredita que, caso a colonização siga neste ritmo, as arraias podem chegar até a região de Barra Bonita, a 300 quilômetros de São Paulo.
Para permitir a subida dos peixes para a reprodução (piracema), Itaipu construiu em 2002 um canal de 10,3 quilômetros que liga a parte anterior da usina ao lago. O desafio está em evitar que esta migração interfira de forma negativa na biodiversidade da bacia. "Mesmo com Itaipu, calculamos que até 20 espécies não subiram o rio, o que é bom para evitar invasores. Mas o canal tem permitido isso e temos nos manifestado para que ele não seja totalmente permeável", diz Angelo Agostinho. "Abaixo da usina tem espécies como a piranha preta, que come outros peixes e torna difícil a vida do pescador."
Em 2011, estudos em Itaipu comprovaram que quase 170 das 190 espécies da região já haviam passado pelo canal. "O canal favorece o intercâmbio genético, mas não é possível o controle total das espécies que sobem", diz Fernandez. "Podemos ampliar a passagem de espécies reduzindo a velocidade das águas e aumentando o grau de dificuldade. Mas a ideia, por enquanto, é manter a eficiência atual." (OESP)

Itaipu e os programas socioambientais

Usina de Itaipu expande programas socioambientais
Cidades beneficiadas passaram de 16 para 29; meta é proteger nascentes e, por tabela, a água que chega ao reservatório
O gigante de aço e concreto que por décadas buscou remediar o inevitável impacto ambiental de suas obras, encerradas há 30 anos, hoje quer reduzir a influência que sofre de seu entorno. Desde 2003, Itaipu expandiu os programas socioambientais de 16 para 29 cidades, atuando em toda a bacia do Rio Paraná 3. O motivo, porém, vai além de contrapartidas obrigatórias: é também uma questão de sobrevivência.
Vertedouro evita cheias no lago de Itaipu: qualidade da água define vida útil da hidrelétrica.
Mensurar a extensão da influência da hidrelétrica sobre o ecossistema local é quase impossível - na época da construção, a prioridade era econômica, e não ambiental, e não foi feito um inventário detalhado da fauna e flora. Sabe-se, por exemplo, que hoje há cerca de 70 novas espécies de peixe na região, mas os dados anteriores à usina são pouco abrangentes.
Há quem se apoie nesta fragilidade de informações para questionar as mudanças na região. Corre na Justiça um pedido de indenização de R$ 2 bilhões feito por 1,3 mil produtores rurais de 13 municípios que margeiam o lago de Itaipu. Eles alegam que a usina causou alterações microclimáticas em uma área de 700 km2, supostamente provocando queda de 40% na produtividade. Uma comissão técnica, com a participação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), estuda a alegação, descartada pela empresa. A "cortina verde" formada no reservatório, alegam ainda, causa danos às lavouras e seria responsável por supostos prejuízos acumulados há 25 anos.
A reconstrução da mata ciliar ao redor do reservatório, porém, é um dos maiores orgulhos de Itaipu e está praticamente concluída. O desafio agora é fazer o mesmo nos 540 km de sub-bacias que desembocam no lago.
"Começamos elegendo uma bacia por município para recuperar com áreas de proteção, em acordo com os prefeitos. Hoje, já há cidades que estão perto de 100% de reflorestamento", diz o diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek. "O processo só não tem sido mais ágil por conta da discussão sobre o novo Código Florestal, que causou indefinição."
Desvio do rio (1977) - Um dos momentos mais críticos do projeto foi a mudança no fluxo do poderoso Rio Paraná para a construção da barragem.
Indenizações (1981) - Mais de 40 mil receberam compensação para deixar a área onde seria feito o reservatório, levando consigo casas inteiras.
Reflorestamento (4/1982) - Para garantir a qualidade da água, foi demarcada uma área de proteção com 1 milhão de árvores ao redor do futuro lago.
Inundação (10/1982) - Área de 1.350 km2 foi alagada durante 14 dias para encher o reservatório, submergindo regiões férteis de 16 municípios.
Funcionamento (11/1982) - O vertedouro, com uma vazão equivalente a 40 Cataratas do Iguaçu, foi aberto no dia 5 e inaugurou oficialmente a usina.
O programa Cultivando Água Boa intensificou a preocupação com as nascentes, que podem prejudicar a qualidade da água e ameaçar a vida útil da usina pela aceleração do assoreamento, entre outros problemas. Após redefinir o ecossistema da região de Foz do Iguaçu, no oeste paranaense, a maior obra de engenharia já realizada no País foi atrás de comunidades que, desde 1991, eram beneficiadas apenas pelo pagamento de royalties.
"Ainda há muita desconfiança quanto aos programas. A percepção de meio ambiente é associada a multas e fechamento de fazendas", afirma o diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich.
A construção da usina, porém, deixou marcas duradouras. A maior delas foi o fim das míticas cataratas de Sete Quedas de Guaíra - decisão unilateral do regime militar. Centrada só no fornecimento de energia por muitos anos, a binacional deu margem a mitos que sobrevivem até hoje: um estudo recente da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP mostrou que 75% da população de Foz acreditam que há possibilidade real de a barragem ruir.
O valor da produção de energia de Itaipu, porém, é inquestionável. Responsável por cerca de 20% do total produzido no País, a usina deve superar a própria marca - por conta das chuvas no início do ano, já produz 3% a mais que o mesmo período de 2008, quando atingiu o recorde mundial de 94,6 milhões de megawatts/hora. (OESP)

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Combustível com menos poluente

A Petrobras lançou, no dia 1º de janeiro, o Diesel S-10, com ultra baixo teor de enxofre, para todo o Brasil. O combustível, disponível em torno de 5.900 postos de serviço, sendo mais de 2.400 postos da Petrobras, substitui integralmente o Diesel S-50. Os benefícios ambientais do diesel com baixo teor de enxofre são mais efetivos nos veículos produzidos a partir de 2012. Esses veículos utilizam motores com tecnologia para redução de emissões veiculares atendendo a fase P7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve).
Além do teor de enxofre ainda menor, o novo Diesel S-10 tem número de cetano (medida de qualidade de ignição) 48 contra 46 do Diesel S-50 com benefícios de melhor partida a frio, redução de fumaça branca, redução na formação de depósitos e aumento da vida útil do óleo lubrificante que podem ser facilmente percebidos pelos motoristas. Esses benefícios também podem ser observados inclusive nos motores de tecnologia anteriores a 2012.
Modernização - A Petrobras investe continuamente na melhoria da qualidade dos combustíveis. Entre 2005 e 2011, foram investidos R$ 38,5 bilhões para modernizar seu parque de refino e adequar a logística para atendimento ao mercado interno, dos quais R$ 19,6 bilhões para a produção e movimentação do diesel de baixo teor de enxofre. Entre 2012 e 2016, ainda serão investidos R$ 27,2 bilhões na modernização das refinarias e adequação da logística para o atendimento do mercado interno, dos quais R$ 20,7 bilhões no programa de qualidade do diesel.
O Diesel S-10 está disponível em 15 polos de venda e terá a oferta ampliada para 17 polos durante o primeiro trimestre de 2013, propiciando o abastecimento de 78 bases de distribuição espalhadas pelo país. A lista completa de postos Petrobras que comercializam o Diesel S-10, que inclui também os pontos de venda do Flua Petrobras (marca própria do Arla 32), está disponível no site www.br.com.br. (ambienteenergia)

Marca d’água de reservatório

Vista da marca d'água marcando o volume dentro da hidrelétrica de Itumbiara, na fronteira entre os Estados de Goiás e Minas Gerais. Os reservatórios de usinas hidrelétricas da região Nordeste.
Vista da marca d'água marcando o volume dentro da hidrelétrica de Itumbiara, na fronteira entre os Estados de Goiás e Minas Gerais. Os reservatórios de usinas hidrelétricas da região Nordeste apresentaram uma leve recuperação, subindo de 29,33 % no domingo para 29,62 % em 08/01/13, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). (yahoo)

Sistema elétrico brasileiro depende do clima

Sistema elétrico brasileiro depende cada vez mais das condições climáticas
Desde 2001, novas usinas e linhas de transmissão foram construídas, mas País perdeu capacidade de armazenamento de água.
O traumático racionamento ocorrido em 2001 ensinou algumas lições importantes para o Brasil. De lá pra cá, a capacidade do parque gerador brasileiro - que vivia sob intensa paralisia - cresceu 56%, e o sistema de transmissão, um dos principais vilões do contingenciamento ocorrido naquele ano, avançou 54%. Mas, apesar dos investimentos feitos e do incremento de novas fontes de energia na matriz elétrica, o sistema nacional está cada dia mais vulnerável e sujeito ao humor de São Pedro.
No ano passado, embora o crescimento da economia tenha decepcionado e a seca que atingiu o País não esteja entre as piores da história, o nível dos reservatórios caiu mais rápido que o previsto. Com as represas em baixa e chuvas ainda escassas, o risco de um novo racionamento voltou a rondar a vida dos brasileiros, apesar de o governo federal afirmar que vai garantir o abastecimento com a operação das térmicas - em 2001, essas usinas praticamente não existiam.
Um dos principais motivos da maior fragilidade do sistema nacional está nas restrições para construir hidrelétricas com reservatório. Por questões ambientais, as grandes usinas que estão sendo construídas Brasil afora são a fio d'água e não têm represa para guardar água, a exemplo das Hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Isso significa que o País está perdendo capacidade de poupança para suportar períodos com hidrologia desfavorável, como agora. "Temos de contar com a natureza", diz o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa.
Limites
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que em 2001 a capacidade dos reservatórios era suficiente para seis meses de carga de energia de todo o sistema interligado nacional. Em 2009, o volume tinha caído para cinco meses. E, em 2019, será suficiente para apenas três meses.
Portanto, o fato de o País escapar de um racionamento agora não elimina os riscos no próximo ano. Se não chover bastante até o fim do período úmido, os reservatórios vão terminar 2013 piores do que em 2012. Foi assim que ocorreu o racionamento de 2001. No fim de 1999, choveu pouco e os reservatórios caíram bastante. No início de 2000, as chuvas conseguiram recuperar o volume de armazenamento, mas não foi o suficiente para evitar o contingenciamento no ano seguinte, quando as chuvas minguaram novamente.
As usinas a fio d'água tendem a agravar a dependência climática. Além da falta de reservatório, as hidrelétricas do Norte ainda sofrem de outro mal: a forte variação do volume de água no período seco e no período úmido. No Rio Xingu, por exemplo, onde está sendo construída Belo Monte, a diferença é de 25 vezes. Em Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, é de 11 vezes. No Sudeste, de apenas 5 vezes.
"Com a entrada em operação das novas hidrelétricas, a operação do sistema vai virar um inferno", diz o consultor Mario Veiga, presidente da PSR Consultoria. Segundo ele, os prejuízos desse modelo são enormes, já que afetam outras fontes de energia, como a viabilidade das eólicas. Um reservatório tem capacidade de armazenar tanto água como vento. Se num determinado período está ventando muito, o operador pode diminuir a produção da hidrelétrica, guardar água e atender à demanda com as eólicas.
Sem represa, no entanto, o operador precisa de outras garantias, já que as eólicas também são dependentes das condições climáticas. "Pior: quando não venta o calor aumenta. Por um lado a geração de energia diminui e, por outro, o consumo sobe", destaca a coordenadora do Núcleo de Energia do FGV in company, Gorete Pereira Paulo.
Equilíbrio
Na opinião dela, o País precisa apostar mais na energia térmica para dar segurança ao sistema. Quanto mais usinas a fio d'água forem construídas, maior a necessidade de termoelétricas para garantir o abastecimento em momentos de instabilidade climática. Dois outros especialistas também defendem maior participação das usinas na matriz brasileira.
Roberto Pereira D'Araújo e Luiz Pinguelli Rosa acreditam que a situação atual poderia ter sido evitada se as térmicas tivessem entrado em operação mais cedo. "Hoje 70% da capacidade de geração é hidráulica, mas as usinas geram 90% da energia do País. As térmicas representam mais de 20% do parque gerador, mas produzem apenas 10%. Isso precisa mudar", diz D'Araújo.
O professor da Coppead, Nivalde Castro, vai além: algumas térmicas precisariam gerar na base, sem parar. Hoje as usinas são contratadas por disponibilidades. Ficam paradas à espera de um chamado do ONS. "A quantidade de água nos reservatórios não é mais suficiente para atender ao período seco. O governo terá de fazer leilões por fonte, por região e numa forma de contrato diferente da atual."
Apesar dos prejuízos e dos transtornos que virão, poucos acreditam numa reversão do atual modelo das hidrelétricas por causa da pressão ambiental. Foi uma escolha que diminui os impactos ambientais, especialmente na Região Norte, mas aumenta a instabilidade do sistema e também pode aumentar o custo da energia, com a necessidade de mais térmicas. "Ninguém quer construir hidrelétricas a qualquer custo. Mas também não podem proibir a qualquer custo", diz Mario Veiga. (OESP)