sexta-feira, 30 de junho de 2017

Geração eólica cresce 30% nos primeiros 4 meses de 2017

Geração de energia eólica cresce 30% nos primeiros 4 meses de 2017.
Na avaliação por estados, o Rio Grande do Norte permanece como maior produtor do país, com 1.087,6 MW médios neste ano.
Turbinas para geração de energia eólica
A produção de energia eólica em operação comercial no Sistema Interligado Nacional (SIN) ao longo dos primeiros quatro meses deste ano foi 30% superior à geração no mesmo período do ano passado. As usinas movidas pela força dos ventos produziram 3.286 MW médios entre janeiro e abril, frente aos 2.532 MW médios gerados em 2016, segundo dados da Câmara da Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Com essa expansão, a representatividade da fonte eólica em relação a toda energia gerada no período pelas usinas do sistema alcançou 5,1%. Já a fonte hidráulica, incluindo grandes usinas e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) foi responsável por 79,4% do total, enquanto as usinas térmicas responderam por 15,4% da geração no país.
Ao final de abril deste ano, havia 414 usinas eólicas em operação comercial no Brasil, que somavam 10.517 MW de capacidade instalada, o que corresponde a uma expansão de 17,6% frente às 352 unidades geradoras existentes no mesmo mês do ano passado.
Na avaliação por estados, o Rio Grande do Norte permanece como maior produtor do país, com 1.087,6 MW médios em 2017, aumento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado. Em seguida, aparece a Bahia com 678 MW médios (+30%), o Rio Grande do Sul, que produziu 533 MW médios (+9%), e o Ceará, com 465 MW médios (+12%).
Em termos de capacidade instalada, o Rio Grande do Norte também figura com a maior, somando 3.209 MW, aumento de 19% em relação ao ano anterior. Mas o Ceará - apenas quarto colocado em geração - aparece em segundo lugar, com 1.960 MW instalados (+21%). A Bahia manteve os 1.750 MW e o Rio Grande do Sul registra 1.682 MW (+11%). (globo)

Produção de energia eólica cresce 30% em 2017

O Rio Grande do Norte é, disparado, o maior produtor.
Turbinas de vento, para geração de energia eólica, instaladas na Prainha do Canto Verde, próximo a Fortaleza, Ceará.
A produção de energia eólica entre janeiro e abril de 2017 foi 30% maior em comparação ao mesmo período do ano passado. Os números são do boletim InfoMercado mensal da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
As usinas da fonte produziram um total de 3.286 MW médios frente aos 2.532 MW médios gerados em 2016. A representatividade da fonte eólica em relação a toda energia gerada no período pelas usinas do Sistema alcançou 5,1%. A fonte hidráulica foi responsável por 79,4% do total e as usinas térmicas responderam por 15,4% da geração no país.
Ao final de abril deste ano, havia 414 usinas eólicas em operação comercial no país, que somavam 10.517 MW de capacidade instalada, aumento de 17,6% frente às 352 unidades geradoras existentes no mesmo mês do ano passado.
O Rio Grande do Norte é, disparado, o estado maior produtor de energia eólica, com 1.087,6 MW médios em 2017, aumento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em seguida, aparece o estado da Bahia com 678 MW médios (+30%) produzidos, o Rio Grande do Sul, que alcançou 533 MW médios (+9%), e o Ceará com 465 MW médios (+12%). (veja)

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Crise hídrica no Nordeste impulsiona geração de energia eólica

“Cataventos gigantes” permitem o aproveitamento dos ventos para gerar eletricidade.
Os números não deixam dúvida quanto à condição favorável do Brasil, com ventos fortes e contínuos, para a geração de energia eólica. No ano de 2016, por exemplo, a média da relação entre a capacidade instalada nas usinas eólicas no país e a efetiva geração de energia foi de 40,7%, enquanto a média mundial é de apenas 23,8%.
Essas usinas têm sistema muito parecido com o de um catavento gigante, que permite o aproveitamento dos ventos para gerar eletricidade. Os aerogeradores, como são chamados, têm três pás que se movimentam e propulsionam um rotor, conectado a um eixo, que move um gerador elétrico. Uma engrenagem multiplica a velocidade o suficiente para garantir energia para a geração da eletricidade, que desce da torre por cabos que vão até a rede de transmissão.
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), essa modalidade em 2016 representou apenas 6% da matriz elétrica brasileira. No entanto, o avanço do uso da geração eólica, com um aumento de 55% de capacidade instalada em usinas espalhadas principalmente pelo litoral, mostra um mercado promissor alavancado pela crise hídrica severa na Região Nordeste.
Diretor de engenharia da empresa responsável pelo complexo eólico de Taíba, em Fortaleza (CE), Luciano Freire acredita que a geração por essa fonte renovável tende a se expandir e ocupar o espaço das usinas termelétricas nas novas demandas. Ele explica que é exatamente no período em que as hidrelétricas menos produzem energia que os ventos sopram mais forte no país. “O Brasil é privilegiado do ponto de vista energético, a nossa matriz é superlimpa, a geração hidrelétrica predomina, mas cada vez mais a gente vai perceber a inclusão da geração eólica e da geração solar. Sem falar da geração de biomassa, que nas regiões Centro-Oeste e Sudeste tem também uma importância muito grande.”
Na Região Nordeste, essa já é uma realidade. É lá que funciona o complexo Taíba, formado por três usinas que somam 27 aerogeradores. Com potência instalada de 57 megawatts (MW), o gerador foi vencedor do primeiro leilão de energia de reserva, em 2009, e hoje se soma aos 10,75 GW de potência eólica, espalhados pelo Brasil, em 430 parques. O estado do Ceará está entre os quatro maiores produtores de energia eólica do país, junto com Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. “A geração eólica tem uma importância capital hoje para o Nordeste. Ela representa cerca de 40% da necessidade de energia para a região. Em alguns períodos do ano, ela chega a suprir mais de 60% da demanda de energia daqui”, acrescenta Freire.
A empresa em que Luciano Freire trabalha tem quatro parques eólicos em funcionamento e dois em construção. Um deles funcionará de forma híbrida – geração eólica e solar fotovoltaica – devido ao regime de vento da região, que tem maior intensidade à noite. “Durante o dia você tem vale de vento, consequentemente um vale de produção de energia, que é totalmente complementar com a geração solar. Com a baixa geração eólica, se constrói nas adjacências um complexo solar que vai atuar como complemento”, explica Luciano. A estimativa, segundo ele, é de que o projeto que está em desenvolvimento em Caldeirão Grande, no Piauí, resulte em uma produção de 400 MW de geração eólica e 120 MW de geração solar. (ecodebate)

Brasil foi o 5° maior mercado eólico em 2016

Expansão da fonte foi de 2,2 GW o que colocou o país em 9º lugar no ranking global de capacidade instalada, investimentos somaram US$ 5,4 bilhões.
A Associação Brasileira de Energia Eólica apresentou em 04/05/17 o Boletim Anual de Geração Eólica com os dados do setor no ano de 2016. Nesse ano o Brasil alcançou o quinto lugar em termos de instalação de capacidade nova de geração com 2,2 GW, perdeu uma posição em relação ao ano de 2015, sendo ultrapassado pela Índia que acrescentou 3,6 GW. No geral o país terminou dezembro com 10,74 GW em parques eólicos, sendo o 9º maior mercado para a fonte. Atualmente está com volume bem próximo de 11 GW, apenas 900 MW a menos que o 8º colocado, o Canadá que fechou 2016 com 11,9 GW.
De acordo com os dados compilados pela entidade que representa o setor, os parques eólicos em operação no Brasil geraram 33,15 TWh ao longo dos 12 meses, aumento de 55% ante 2015. Esse volume, para efeitos de comparação, poderia atender a quase todo o consumo do estado de São Paulo, que ficou em 38,2 GWh de acordo com dados do Balanço Energético Nacional do ano passado. Os maiores meses de crescimento foram setembro e outubro com quase 5 GW médios produzidos, sendo que alcançou média de 3.772 MW médios no ano.
O fator de capacidade médio de 2016 ficou em 40,7%, isso ao considerar os parques existentes do Proinfa, que reduzem esse indicador. Segundo o diretor técnico da ABEEólica, Sandro Yamamoto, somente os parques contratados por meio de leilões esse índice estaria na casa de 50%. Em termos mensais, o fator de capacidade de setembro e outubro foram os mais elevados com 52% e 51,1%, respectivamente. Os mais baixos, como tradicionalmente ocorre, foram registrados no primeiro trimestre sendo janeiro 22,9%, fevereiro e março com 32,1%. Mesmo assim, destacou a presidente executiva da associação, Elbia Gannoum, os índices nacionais são muito melhores que o de outros países, a média mundial não chegou a 25%.
Nos cálculos da ABEEólica os investimentos do setor alcançaram US$ 5,4 bilhões, que a um câmbio de R$ 3,20, para fins de comparação, daria um valor aproximado de pouco mais de R$ 17 bilhões de aportes. Esse montante só perde para os valores de 2014 que ficaram em US$ 5,9 bilhões.
Ainda entre os números de destaque do ano, a associação apontou os recordes de geração no submercado Nordeste alcançado em 5 de novembro quando a produção média diária da fonte ficou em 5.077 MW médios, um fator de capacidade de 69%. Segundo a entidade, nesse dia, 52% de toda a energia consumida no Nordeste veio da força dos ventos. Na outra região onde está concentrada a geração eólica, o Sul do país contou com 1.191 MW médios em 30 de outubro. Em termos nacionais, o recorde foi registrado em 2 de outubro, quando o SIN teve 6.632 MW de geração instantânea às 7h56 com fator de capacidade de 75%. Neste dia e horário 15% da energia era de eólicas.
“A curva de geração eólica é caracterizada por uma menor produção no primeiro semestre e os maiores volumes ocorrem na segunda metade do ano. Agora é só esperar os novos recordes que serão registrados esse ano como tem sido usual, com o aumento da capacidade instalada no país”, comentou a presidente executiva da ABEEólica a jornalistas.
Segundo os dados da entidade, que são atualizados mensalmente, a previsão é de que ao final desse ano o país alcance uma capacidade instalada de 13,2 GW, ou seja, se essa previsão se confirmar o país terá aumentado a oferta da fonte em cerca de 2,5 GW. Ao final de 2020 o país deverá ter 17,3 GW ao descontar os 661 MW que constam em um campo como sem previsão de entrega. (canalenergia)

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Aumento da competitividade das fontes renováveis

Estudo da consultoria Make aponta aumento da competitividade das fontes renováveis.
Desenvolvimentos tecnológico, ganhos de escala e concorrência agressiva são os pontos que vem reduzindo os custos de geração eólica e solar.
Um relatório da consultoria Make aponta que os recordes em termos de preços baixos apresentados em leilões nos anos de 2016 e 2017 para as fontes solar e eólica apontam o incremento da competitividade das renováveis. Entre os principais pontos que direcionam a esse desempenho estão os desenvolvimentos tecnológicos, ganhos de escala e concorrência agressiva, que vem entregando um custo de eletricidade comparável (LCOE, na sigla em inglês) cada vez mais baixo em comparação às fontes de geração que se utilizam de combustíveis fósseis.
O LCOE é uma medida que compara diferentes formas de geração de energia de forma consistente. Trata-se de uma avaliação econômica do custo total médio para construir e operar um ativo de geração ao longo de sua vida útil dividido por sua produção total de energia ao longo desse período.
Segundo a pesquisa da consultoria, o LCOE para eólicas e solar nos Estados Unidos é competitiva, inclusive, ambas estão praticamente no mesmo patamar. O índice para a eólica naquele país deve-se à qualidade dos ventos, economia de escala no Texas e no Norte, próximo ao Canadá. Além disso, o lançamento da mais recente geração de pás e práticas avançadas de O&M permitem alcançar níveis  mais baixos desse comparativo, considerado um fator importante nesse momento em que o governo federal tem tirado os incentivos das renováveis.
Nas demais regiões das Américas que estão no alvo da Make, o Brasil aparece em uma posição que aponta um custo mais elevado que o México em decorrência da dinâmica de sua cadeia de produção. E ainda há o risco cambial significativo que vem elevando o LCOE para eólica e solar e podem impactar essa geração no longo prazo.
Já o mercado offshore europeu experimentará uma melhoria significativa no LCOE nos próximos cinco anos devido aos investimentos em infraestrutura no Mar do Norte, à mais recente geração de turbinas com 7 MW de capacidade e à otimização das práticas de O&M, um fator considerado fundamental para os recentes contratos colocados em leilão. As economias de escala, aponta a Make, têm contribuído para reduzir o LCOE que neste caso deverá convergir com outras tecnologias até 2022. (canalenergia)

ONU apoia projetos sustentáveis relacionados ao setor energético

ONU vai apoiar projetos sustentáveis relacionados ao setor energético.
ONU seleciona até 15 de junho projetos de energia sustentável.
 
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A iniciativa traz um prêmio de 1 milhão de dólares para financiar atividades do setor energético. As candidaturas podem ser feitas até 15 de junho, em inglês. O tema deste ano é “Energia sustentável para erradicar a pobreza e promover a prosperidade em um mundo em mudança”.
Com o tema “Energia sustentável para erradicar a pobreza e promover a prosperidade em um mundo em mudança”, o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DESA) está com um processo aberto de apoio a projetos energéticos para o desenvolvimento sustentável – o “2017 Grant on Energy for Sustainable Development”.
“Este foco é de grande relevância, pois aborda questões críticas que ajudarão a acelerar o progresso na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente aqueles que refletem os múltiplos papéis que a energia desempenha na erradicação da pobreza por meio de avanços na saúde, educação, abastecimento de água, industrialização e para combater as mudanças climáticas, entre outros”, disse o subsecretário-geral do DESA, Wu Hongbo.
O subsídio de 2017 procura avançar no desenvolvimento sustentável incentivando as inovações científicas e tecnológicas e promovendo iniciativas de liderança e ações inovadoras que melhorem a energia sustentável para erradicar a pobreza e promover a prosperidade, ao mesmo tempo em que aborda a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
As aplicações estão abertas para indivíduos, instituições ou parcerias com base em realizações passadas e atuais. Os beneficiários selecionados devem ser capazes de demonstrar liderança e inovação em energia sustentável para erradicar a pobreza, bem como a disposição e a capacidade de implementar a transferência de conhecimento através de atividades de capacitação destinadas a replicar e ampliar as experiências bem-sucedidas e as lições aprendidas.
A iniciativa traz um prêmio de 1 milhão de dólares para financiar tais atividades de capacitação. As candidaturas podem ser feitas até 15 de junho de 2017, em inglês, em https://poweringthefuture.un.org/apply2. – (ecodebate)

sábado, 24 de junho de 2017

Acréscimo de renováveis no mundo atingiu recorde em 2016

Acréscimo de renováveis no mundo atingiu nível recorde em 2016, diz estudo.
O acréscimo de fontes renováveis de energia no mundo atingiu níveis recordes em 2016, de acordo com o Relatório da Situação Global das Energias Renováveis 2017, publicado em 07/06/17 pela consultoria internacional REN21. O estudo aponta que foram instalados, ano passado, 161 GW de capacidade de energias renováveis, aumentando a capacidade global total em cerca de 9%, ou 2.017 GW, na comparação com o ano de 2015. A fonte com maior número de projetos instalados foi a solar fotovoltaica, representando 47% do total acrescido no ano passado, seguido da eólica (34%) e da hidrelétrica (15,5%).
Um dos aspectos relevantes apontados no estudo é que o acréscimo dos 161 GW ocorreu com investimentos 23% menor do que em anos anteriores, num total de US$ 241,6 milhões. O relatório revela que as renováveis podem se tornar a opção de menor custo. Nos negócios recentes fechados em mercados como Dinamarca, Egito, Índia, México, Peru e Emirados Árabes, a energia renovável foi fornecida a US$ 0,05/kWh, ou a valores até inferiores, patamar de custo este que está abaixo dos custos equivalentes para a capacidade de geração de energia proveniente de combustíveis fósseis e nuclear nesses países.
O relatório mostra também que as emissões globais de CO2 relacionadas ao setor energético, provenientes de combustíveis fósseis e da indústria, permaneceram estáveis pelo terceiro ano consecutivo, apesar do crescimento de 3% na economia mundial. Segundo o estudo, essa manutenção pode ser atribuída, principalmente, ao declínio do carvão, mas também ao crescimento da capacidade de energia renovável e das melhorias na eficiência energética. Apesar disso, os subsídios aos combustíveis fósseis ainda representam um entrave, superando ainda hoje as concessões de subsídios criadas para as fontes renováveis. (enercons)

Especialistas defendem energias renováveis para diminuir impactos

Especialistas defendem energias renováveis para diminuir impactos como a emissão de gases de efeito estufa.
Em meio a danos ambientais cada vez mais aparentes no mundo, especialistas defendem o uso de energias renováveis para diminuir impactos como a emissão de gases de efeito estufa e o aquecimento global. Um dos meios para isso é a substituição do petróleo como elemento principal da matriz energética global por formas de maior eficiência, como solar e eólica. Segundo o diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Carlos Alexandre Pires, essa é uma das principais linhas de investimento do governo federal em geração de energia.
O Brasil tem pouco mais de 40% de sua energia gerada por fontes renováveis. Em relação à geração de eletricidade, as hidrelétricas são as principais forças, responsáveis por 64% da produção. No entanto, a matriz ainda pouco diversificada não garante segurança energética, resultando muitas vezes em problemas de abastecimento, como a crise enfrentada pelo Brasil em 2015.
O país ainda caminha lentamente para disseminação de fontes alternativas de energia, ao contrário de países da Europa como a Alemanha, onde a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o pouco potencial para gerar algumas energias renováveis levaram ao desenvolvimento de uma matriz renovável, como a fotovoltaica (solar) ou a eólica. Segundo Carlos Alexandre, essas são o futuro da geração de energia no mundo, e o Brasil também caminha para expandi-las. “É aquela velha história de não colocar todos os ovos em uma mesma cesta. Em termos de administração e de operação de uma rede tão complexa como é a de energia, você precisa ter várias fontes ofertando em diversos momentos do dia e se complementando, quando necessário”, afirma.
A lógica da complementariedade seria parecida com a que já funciona hoje no sistema integrado: nos períodos de seca, em que as hidrelétricas operam com menos capacidade, a geração de eletricidade acaba sendo suplementada pelas termelétricas. A intenção é que cada vez mais as formas de energia renovável ganhem espaço.
Dados do Boletim de Capacidade Instalada de Geração Elétrica – Brasil e Mundo 2016, do Ministério de Minas e Energia, ainda não demonstram esse movimento. Embora 90% do total dos 9,5 GW de potência instalada tenham sido de fontes renováveis, as fontes hidráulica e de biomassa permanecem liderando essa expansão.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiap), Mário Menel, embora o setor tenha um planejamento indicativo, é difícil controlar essa expansão, já que em um leilão prevalece a fonte que oferece o menor custo. Ele explica que a matriz elétrica brasileira comporta todas as fontes e tem bastante variedade, mas fatores como o baixo custo e facilidade de estocagem ainda favorecem as hidrelétricas.
“A melhor forma que nós temos de armazenar energia é nos reservatórios das hidrelétricas. Se eu tenho um vento favorável e estou gerando muita energia eólica, eu economizo água, então aumento o volume do reservatório e estoco energia, praticamente dentro do meu reservatório. Enquanto parou o vento, eu libero essa água para produzir energia elétrica”, diz Menel.
Esse cenário, no entanto, também vem sofrendo mudanças devido a outros fatores como a questão ambiental, que limita cada vez mais a construção das hidrelétricas e também a seca severa que algumas regiões vêm sofrendo. “O Nordeste, por exemplo, que sofre com falta de água nos últimos dois, três anos, só não teve um racionamento na região graças à [energia] eólica que está fornecendo hoje cerca de 30% da necessidade da região.”
Para o Ministério de Minas e Energia, os principais desafios com a entrada dessas fontes são econômicos e operacionais. Carlos Alexandre explica que a questão das intermitências de fortes como a eólica, que não é gerada quando falta vento, e da solar, que também fica parada durante a noite, impactam diretamente no preço da energia elétrica ofertada. “Nosso Operador Nacional de Sistema precisa, a cada instante, balancear o quanto é demandado de energia e o quanto é despachado.” (ecodebate).

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Renováveis geraram em 2016 quase 10 milhões de empregos

Renováveis geraram mais de 9,8 milhões de empregos no mundo em 2016.
Relatório da Irena mostra que número de vagas cresceu de modo significativo desde 2012.
Mais de 9,8 milhões de pessoas no mundo estavam empregadas no setor de energias renováveis em 2016. O número é de relatório elaborado pela Agência Internacional de Energias Renováveis e foi apresentado na última reunião do conselho. De acordo com o diretor geral da Irena, Adnan Z. Amin, a queda nos custos e as políticas de capacitação tem elevado os investimentos em renováveis no mundo. No primeiro levantamento feito pela agência em 2012, pouco mais de sete milhões trabalhavam no setor. Ainda segundo Amim, o número de vagas para energia solar e eólicas somadas mais que dobraram nos últimos quatro anos.
O relatório deste ano incluiu os empregos gerados por grandes hidrelétricas, dando maior amplitude ao quadro. O relatório mostra que o número de empregos em energia renovável, excluindo as grandes hidrelétricas, chegaram a 8,3 milhões em 2016. Quando elas são adicionadas, o quantitativo chega a 9,8 milhões. Países como China, Brasil, Estados Unidos, Índia, Japão e Alemanha contribuíram com a maioria dos empregos em renováveis. Na China, o número de empregados alcança 3,4 milhões, crescendo 3,4%.
O levantamento da Irena mostra que a fonte solar fotovoltaica foi a maior empregadora em 2016, com 3,1 milhões de vagas e subindo 12% na comparação com 2015. Estados Unidos, China e Índia lideraram nas contratações. No país da América do Norte, o número de empregos na área solar cresceu 17 vezes mais rápido que a economia mundial, aumentando 24,5% na comparação com o ano anterior, com mais de 260 mil vagas. Novas plantas eólicas também fizeram com que a fonte tivesse um aumento de 7% no número de contratações, chegando a 1,2 milhão. Brasil, China, Estados Unidos e Índia mostraram ser mercados-chave para a bioenergia, com os biocombustíveis atingindo 1,7 milhão de empregos, a biomassa, 700 mil e o biogás gerando trabalho para 300 mil pessoas.
Cerca de 62% dos empregos globais estão concentrados no continente asiático. Vagas na instalação e na fabricação turbinam a região, de modo particular a Malásia e a Tailândia, que se tornaram centros mundiais de fabricação de placas fotovoltaicas. Na África, a escala de crescimento das renováveis fez com que África do Sul e o Norte do continente tivessem 62 mil vagas. A expectativa é que com o correto desenvolvimento das fontes, a quantidade de contratações só tende a aumentar. (energia.sp)

Suíços aprovam mais energias renováveis, sem usinas nucleares

Suíços aprovam em referendo futuro com mais energias renováveis e sem usinas nucleares.
Os suíços aprovaram dia 21/05/17 em referendo, por 58,2% dos votos, a chamada Estratégia 2050, que visa a reduzir o consumo de energia, aumentar a eficiência energética, promover as energias renováveis e proibir a construção de novas usinas nucleares. A informação é da Agência EFE.
Apenas quatro regiões, Argóvia, Glarus, Obwalden e Schwyz, rejeitaram a nova lei, na qual o governo da Suíça começou a trabalhar após o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, para deixar a era atômica para trás e estabelecer as bases de um ambicioso projeto de transformação energética na Europa.
A Suíça conta com cinco centrais nucleares, que serão desativadas assim que for cumprida sua vida útil, daqui a 20 ou 30 anos.
Um terço da energia produzida pelo país é de origem nuclear, 60% procedem de usinas hidrelétricas e o resto de usinas termelétricas e de várias fontes de energia renovável.
Considerando que, com a nova lei, a Suíça não poderá contar no futuro com um terço da energia que produz atualmente, a Estratégia 2050 estabelece uma redução do consumo de energia e eletricidade.
Em média, cada pessoa deve diminuir o consumo energético em 16% até 2020 e em 43% até 2035, em comparação com o ano 2000, e o de eletricidade em 3% e 13%, respectivamente.
Para compensar essa redução, a Suíça pretende aumentar a produção de energia por meio de recursos renováveis como solar, eólica e geotérmica, biomassa e o biogás.
O financiamento do estímulo às energias renováveis será bancado por aumento na conta de luz de residências e empresas. A estimativa para uma família de quatro pessoas e com um consumo médio é de um aumento de 40 francos (cerca de R$ 130).
Os opositores da iniciativa, entre eles alguns partidos políticos, alegam que os custos serão muito maiores e que o governo “omite” as despesas reais. Eles afirmam que a lei custará, nos próximos 30 anos, 200 bilhões de francos (R$ 668 bilhões), o que representa anualmente para uma família com quatro pessoas aumento de 3.200 francos (R$ 10.690) em impostos e despesas.
Eles também argumentam que a exigência de reduzir quase à metade o consumo energético nos próximos 18 anos requer “medidas drásticas” aos suíços, com instalações novas nas residências e com mais burocracia e proibições. Destacam que a lei provocará perdas de postos de trabalho e de conforto, sobretudo no turismo, no comércio varejista e nos setores manufatureiros, e que as instalações eólicas e fotovoltaicas adicionais “desfigurariam” a paisagem. (ecodebate)

terça-feira, 20 de junho de 2017

Energia eólica responde por 6,6% da matriz energética

Energia eólica deve responder por 6,6% da matriz de oferta elétrica
A energia eólica deve representar 6,6% da matriz de oferta elétrica este ano. No ano passado, a força gerada por ventos representou 5,4% da matriz. Os dados são do Boletim Mensal de Energia, do Ministério de Minas e Energia (MME).
De acordo com o documento, a demanda total de energia pode crescer entre 1,5 e 2,5% em 2017. Além disso, a produção industrial e o uso da energia sinalizaram pequena recuperação da economia em março.
A indústria do petróleo, aço e biodiesel estão em alta. A produção de petróleo acumula alta de 14,4% até março, se comparado ao mesmo período de 2016. A produção de aço também acumula expressiva alta de 12,1%. Já a produção de biodiesel cresceu 3,5% em março. (visaocidade)
 

Em 2016 a energia eólica representou 5,4% da matriz

 
Energia eólica deve responder por 6,6% da matriz de oferta elétrica.
A energia eólica deve representar 6,6% da matriz de oferta elétrica este ano. No ano passado, a força gerada por ventos representou 5,4% da matriz. Os dados são do Boletim Mensal de Energia, do Ministério de Minas e Energia (MME).
De acordo com o documento, a demanda total de energia pode crescer entre 1,5 e 2,5% em 2017. Além disso, a produção industrial e o uso da energia sinalizaram pequena recuperação da economia em março.
A indústria do petróleo, aço e biodiesel estão em alta. A produção de petróleo acumula alta de 14,4% até março, se comparado ao mesmo período de 2016. A produção de aço também acumula expressiva alta de 12,1%. Já a produção de biodiesel cresceu 3,5% em março. (ecodebate)

domingo, 18 de junho de 2017

Carros elétricos mudarão o mundo

Carros elétricos devem mudar o mundo: impactos dessa revolução sobre diversos setores.
A mudança iminente para veículos elétricos e digitalmente conectados terá implicações dramáticas para o setor de transporte. Mas este é só uma parte da revolução que afetará diversos segmentos.
Uma das principais características de sistemas complexos, como os setores mundiais de energia e transporte, é que o processo de transformação vivenciado por eles tende a não ser linear. Eles alternam de um estado para o outro em um modo que tem forte analogia à mudança de fase das substâncias, conforme estudamos nas aulas de ciências.
Uma segunda característica importante desse tipo de mudança de fase econômica é que, quando um grande setor se transforma, o resultado pode trazer consequências para toda a economia, gerando impactos em escala social.
A rápida aceitação das energias renováveis pelo sistema energético não pode mais ser freada devido à redução de custos proporcionada pelas fontes eólicas e solares.
Estamos vendo esse efeito no setor elétrico neste momento. A rápida aceitação das energias renováveis pelo sistema energético não pode mais ser freada devido à redução de custos proporcionada pelas fontes eólicas e solares. Elas transformaram a forma como o mercado de energia funciona, tornando investimentos em outras fontes praticamente impossíveis; elas alteraram o paradigma do controle da rede baseado em cargas e picos para um de previsão e equilíbrio; elas mudaram o fluxo de investimentos, que passou dos sistemas de energia para os fornecedores de tecnologia; elas forçaram uma digitalização acelerada de todos os equipamentos. E elas também estão mudando a maneira como os prédios são projetados, os funcionários do setor de construção são treinados e as infraestruturas são financiadas.
Nós já vimos esse efeito antes – e não foi em um passado distante. Quando os primeiros celulares apareceram, a suposição era de que eles iriam funcionar como telefones normais, mas móveis. Entretanto, com a redução dos custos, os usos desses aparelhos foram ampliados e eles demandaram a digitalização da rede de telefonia, exatamente como a energia renovável está fazendo a rede elétrica.
Três décadas depois, os celulares empurraram os telefones fixos para as margens. O que é mais importante, no entanto, é que eles levaram a profundas transformações no setor e, depois disso, em toda a economia — o tipo de férias que vamos tirar, como fazemos as reservas, a presença de lojas nas principais ruas e centros comerciais, o modo como nos movemos pela cidade.  Telefones celulares engoliram indústrias inteiras (câmeras fotográficas, despertadores, mapas) e devem fazer o mesmo com outras (jornais impressos, pagamentos, músicas). Nenhum setor está imune, desde o design de móveis e o tamanho dos bolsos costurado nas peças de vestuário até a quantidade de jantares que um restaurante planeja servir em uma única noite.
Nos últimos anos, a equipe da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) tem dedicado mais e mais atenção ao setor de transporte. Como aconteceu em 2004, quando sentimos que a indústria energética e seus principais analistas haviam falhado para entender a escala, a iminência e as implicações da revolução da energia renovável, em 2010 começamos a sentir o mesmo com relação aos veículos elétricos. Uma das sete tendências de longo prazo que citamos em nosso evento daquele ano foi “A Transformação do Transporte”, a qual ilustramos com fotografias dos veículos elétricos daquele momento – carrinhos britânicos para transporte de leite, o Sinclair C5 e vários carros pequenos e de aparência estranha, como o G-Wiz – seguidas por imagens dos veículos elétricos do futuro, que se pareciam com carros normais.
Este ano, a BNEF foi a primeira grande empresa de pesquisas do setor energético a publicar uma previsão compreensiva sobre a penetração dos veículos elétricos no mercado de carros. O cenário principal mostrava que, até 2040, 35% das novas vendas seriam de elétricos, com a possibilidade desse número chegar até a 47% dentro de certas condições (preços altos do petróleo e ampliação do uso de automóveis compartilhados).
Se algo mudou desde a publicação daquela previsão, é que nós agora acreditamos em uma entrada ainda mais rápida nesse mercado, mesmo com os persistentes preços baixos do petróleo. Na primeira metade deste ano, as vendas mundiais de veículos elétricos foram de 285 mil unidades, uma alta de 57% na comparação com 2015.
Os veículos elétricos estão ultrapassando seus concorrentes a combustão interna em muitas dimensões importantes.
A razão do nosso otimismo com relação aos veículos elétricos não se deve somente ao fato de que o custo das baterias está caindo em taxas similares ao que vimos acontecer com a indústria de energia solar, com uma redução de 65% nos últimos cinco anos. O que acontece é que os veículos elétricos estão ultrapassando seus concorrentes a combustão interna em muitas dimensões importantes: com uma direção mais macia e com melhor aceleração, eles podem ser carregados em casa ou no trabalho, requerem menos manutenção, ajudam a solucionar os problemas da qualidade do ar e aumentam a autonomia energética de países importadores de petróleo.
Claro, eles têm um alcance limitado e demoram para carregar, mas isso é, na prática, irrelevante para a grande maioria das situações de uso. Mais de 40% dos carros nos Estados Unidos são de segunda mão. Alguém pode pensar em uma boa razão para comprar um carro usado a diesel ou a gasolina daqui a 15 anos?
Outro poderoso motivador para a ascensão dos veículos elétricos é que eles são uma plataforma muito superior para a direção autônoma, sistema de informação ou entretenimento para os passageiros e para tecnologias que transformam o transporte em um serviço. De forma simples, é possível dizer que o sistema de transporte está se digitalizando, assim como aconteceu com os telefones e com a rede energética, e que isso trará benefícios drásticos em termos de utilização de recursos (em outras palavras: custos), flexibilidade, níveis de serviço e limpeza. E simplesmente não faz sentido ter uma unidade de geração de energia análoga – que vibra, queima combustíveis líquidos e é altamente poluidora – no coração de um veículo totalmente digitalizado, repleto de sensores e controlado por um sólido sistema eletrônico.
Outro poderoso motivador para a ascensão dos veículos elétricos é que eles são uma plataforma muito superior para a direção autônoma, sistema de informação ou entretenimento para os passageiros e para tecnologias que transformam o transporte em um serviço.
A mudança iminente para veículos elétricos e digitalmente conectados terá implicações dramáticas para o setor de transporte. Boa parte da atenção da mídia está focada na Tesla Motors, o novo participante dessa corrida e que estacionou os carros elétricos de modo firme no gramado da indústria automobilística.
A habilidade da Tesla em manter sua liderança inicial dependerá de seu contínuo acesso a capital barato, particularmente durante os próximos três anos, enquanto lida com a produção em escala de seu primeiro modelo para um mercado de massa ao mesmo tempo em que enfrenta as críticas rigorosas a respeito da tecnologia de direção autônoma. Pode ser que, por enquanto, os principais investidores não estejam se importando muito com quanto dinheiro a companhia está perdendo ou quão longe a empresa está de suas metas de produção. Mas isso deve mudar com o tempo, o que explica (para quem enxerga pela lente de confiança dos investidores) porque a aquisição da SolarCity se parece com um risco desnecessário.
Enquanto a Tesla se aquece com a atenção, houve pouca ou nenhuma crítica robusta com relação às estratégias de outras empresas para os veículos elétricos. Há muita admiração para os carros-conceito, os lançamentos de modelos elétricos e os anúncios de plantas industriais ambiciosas. Mas quais companhias estão realmente comprometidas com os carros elétricos e quais estão simplesmente seguindo a onda?
Quais estão apostando em veículos exclusivamente à bateria e quais estão buscando opções híbridas? Quais ainda estão esperando que as células de combustível a hidrogênio caiam do céu? Não dá para saber apenas acompanhando as notícias de grandes veículos.
Ao invés disso, estamos recebendo uma cobertura ampla sobre o potencial de novos competidores no mercado de carros. A Dyson faz um bom aspirador de pó e tem um conhecimento mundialmente reconhecido sobre baterias e motores. Mas isso será suficiente para bater a GM, a Ford e a Toyota? A Faraday Future apresentou um batmóvel elétrico e a imprensa internacional adorou.
E tem a Apple. Em Abu Dhabi, fiquei na ilha Al Maryah, recuperada do mar em 2007, mas o Apple Maps ainda mostra uma rede de estradas no meio do mar. Se a Apple não consegue mostrar onde fica o estacionamento do meu hotel, alguém acredita seriamente que ela pode me vender um carro com direção autônoma? Até mesmo o Google – embora ele pareça ter estabelecido uma posição forte nas tecnologias de inteligência artificial que irão definir as funcionalidades dos carros – dificilmente se descobrirá suficiente para assumir a liderança da indústria automobilística do futuro.
Para quem quer entender o futuro do carro na próxima década, o caminho mais provável é observar as principais companhias do setor, os grandes nomes dos Estados Unidos, da Europa, do Japão, da Índia e da China.
A notícia mais importante deste ano não é qual executivo deixou o Google ou se juntou à Apple; talvez não seja o lançamento do Model 3, da Tesla. Ao invés disso, podem ser os processos judiciais de US$ 15 bilhões contra a Volkswagen por conta do dieselgate, que incluíram um comprometimento de US$ 2 bilhões para a promoção de veículos de emissão zero nos Estados Unidos. Isso é apenas uma parcela dos US$ 11,2 bilhões que a Volkswagen pretende gastar na próxima década com veículos elétricos – um compromisso que, segundo as expectativas da empresa, deve resultar em um aumento de 25% nas vendas de unidades de carros elétricos até 2025. Colocando em contexto: isso significaria chegar a 2,5 milhões de veículos vendidos por ano em menos de uma década; 30 vezes mais que a atual marca de 85 mil unidades da Tesla.
É difícil prever quando uma mudança de fase em um sistema complexo vai começar e é ainda mais difícil estimar quando ela vai terminar. Nenhuma lista de potenciais impactos da transformação nos transportes está completa. No entanto, uma coisa é certa: nossas previsões sobre a ascensão dos veículos elétricos estão corretas. E nenhum segmento da economia global deixará de ser afetado, de uma maneira ou de outra.
A seguir, confira alguns setores que podem ser atingidos já nos primeiros impactos.
Cadeia de fornecimentos automotivos
As empresas de carros representam a principal espécie em um ecossistema de fornecedores de serviços e tecnologia. Todos eles devem vivenciar uma ruptura com a mudança para os veículos elétricos e digitais.
Os maiores beneficiários provavelmente serão os grandes fornecedores de baterias, como Panasonic, LG Chem e Samsung, mas também haverá muitos outros novos provedores de softwares e de sensores para rastreamento e cyber-proteção, sem mencionar aqueles que irão fornecer a tecnologia para a direção autônoma. Mas, à medida que o mercado para motores a combustão encolher, aparecerão perdedores em toda essa enorme cadeia de suprimento, incluindo fabricantes de marchas, montadores de sistemas de combustível, fornecedores de sistemas de exaustão e catalisação e toda uma indústria associada de suprimentos e componentes.
Traçando um paralelo: em 1904, havia 61.306 pessoas empregadas na fabricação de vagões e carruagens nos Estados Unidos. Em 1921, esse número havia caído para 8.025.
A indústria de químicos também será profundamente impactada. A demanda por químicos de baterias – em particular lítio, no futuro próximo – irá aumentar, assim como a demanda por outros metais de terras raras, necessários para muitos motores e outros componentes elétricos modernos. O uso de aço nos veículos elétricos irá cair, com os fabricantes buscando pela redução do peso para contrabalancear o efeito inevitável da solidez das baterias, motivando um uso maior de resinas, materiais compostos e aerogéis.
Redes de concessionárias e mecânicas
Não são apenas os fabricantes e os preços do petróleo que serão afetados. A expectativa é que o número de concessionárias, revendas e mecânicas também caiam ao longo das próximas décadas.
Os veículos elétricos terão uma menor necessidades de manutenção, pois eles terão menos partes móveis, com apenas algumas vedações no motor elétrico, na direção e na suspenção. As estatísticas ainda são esparsas nesse estágio da indústria, mas parece razoável esperar que a bateria principal dure por pelo menos 110 mil quilômetros – e ainda mais no futuro. Muitos ajustes no sistema podem ser feitos remotamente por meio de atualizações no software ao invés de nas mãos de um mecânico e as revisões anuais passariam a ser principalmente sobre a troca de pneus, a substituição ocasional do pedal de freio e a reposição do fluído para limpar o para-brisas.
Ao mesmo tempo, softwares de suporte ao motorista – prevenção de colisões, estado de manutenção de pista, alerta de cansaço, estacionamento sem motorista, acompanhamentos em geral e outros – também devem reduzir o número de acidentes.
Ainda que veículos completamente autômatos ainda pareçam muito distantes, o que reduziria o número de empregos de motorista em todo o mundo, a redução da manutenção e dos trabalhos de reparo já está acontecendo e deve apenas ganhar velocidade.
Em relação ao varejo, a ameaça econômica do quase fim das manutenções e reparos deve quebrar a atual racionalidade do clássico vendedor de carros suburbano. A expectativa é que passem a existir mais showrooms em localizações convenientes (como o centro das cidades e áreas de grande fluxo) e lojas de usados fora das cidades.
Sistema de eletricidade
Em nossas previsões para o futuro do setor de energia, publicadas em junho, nós estimamos que os veículos elétricos devem acrescentar 2,7 TWh à demanda global anual por eletricidade até 2040 – ou 8% do total – ou ainda mais, caso o segmento cresça de forma mais acelerada. Essa é uma boa notícia para as usinas, especialmente em um período onde produtos mais eficientes energeticamente trabalharão no sentido contrário, para reduzir a demanda.
Mas não se trata apenas do consumo de energia: uma grande frota ativa de veículos elétricos implica em um enorme potencial para a relação entre demanda e capacidade de resposta. Os veículos elétricos podem ser carregados quando o preço da energia está baixo ou quando a geração de energia solar ou eólica está em alta. E eles também podem – assumindo que esteja em vigor uma regulação própria para isso – descarregar a energia de volta à rede quando a geração de eletricidade estiver baixa. Isso cria novas oportunidades para quem oferece serviços auxiliares.
Além disso, embora o benefício para a rede proporcionado pelas baterias de segunda mão dos veículos elétricos ainda não seja uma realidade, ele pode ser substancial.
Quando a performance da bateria diminuir em torno de 30%, ela pode ser disponibilizada para armazenagem estacionária. Pesquisas em andamento feitas pela equipe de transporte avançado da BNEF sugerem que, até 2018, essas segundas vidas das baterias podem custar aproximadamente US$ 49 por kWh redirecionado, um valor bem menor que os atuais US$ 300 por kWh das opções disponíveis atualmente. Se isso acontecer, as baterias irão dar um suporte adicional à economia tanto por meio de veículos elétricos quanto de energias renováveis, acelerando a vantagem de ambos.
Para completar, também existem os mercados que não fazem parte da rede elétrica, onde uma melhora na tecnologia das baterias proporcionada pelos veículos elétricos poderia trazer grandes benefícios. Uma possibilidade é a substituição dos geradores a diesel, que seriam trocados por uma mini rede, uma opção mais limpa, silenciosa e de baixa manutenção.
Empresas produtoras e exportadoras de petróleo
O outro lado da demanda adicional por eletricidade por causa dos veículos elétricos é, obviamente, a redução na demanda por petróleo em uma frota que, até o momento, é totalmente dependente de combustíveis líquidos. Em nosso cenário-base, a redução diária será de 13 milhões de barris de petróleo até 2040. Contudo, existem outras questões quando se trata dos níveis absolutos da demanda por gasolina, incluindo o impacto do crescimento do PIB em mercados emergentes na compra de carros, melhoras na eficiência interna dos motores à combustão, mudanças nos modelos de transporte e a penetração de gás natural comprimido, biocombustíveis e outros combustíveis alternativos. Mas o que está claro é que uma rápida mudança para os veículos elétricos, na escala em que estamos esperando, seria cruel para a demanda por gasolina.
No mês passado, a consultoria Wood Mackenzie relatou que a previsão de investimentos na indústria do petróleo entre 2015 e 2020 sofreu um corte de US$ 1 trilhão como consequência da queda nos preços observada em 2014. A visão ortodoxa – certamente compartilhada pelo ministro do petróleo da Arábia Saudita, Ali Al Naimi, no momento em que seu país decidiu ‘abrir as comportas’ – é que o preço do petróleo inevitavelmente voltará a subir em seu próprio tempo, especialmente à medida em que o crescimento da demanda absorva a capacidade excedente sem que surjam novos fornecimentos. Mas um rápido crescimento dos veículos elétricos, como o previsto pela BNEF, faz com que esse quadro se torne bem menos provável.
O fato é que, agora, existe uma nova tecnologia em escala competitiva para concorrer com os veículos a combustão interna. Isso significa que há uma limitação para os preços do petróleo no longo prazo – que atualmente está em torno de US$ 80 por barril, mas que deve cair rapidamente. Esqueça a ideia de “preços baixos por mais tempo”, pois existe a possibilidade de que eles se tornem “preços baixos para sempre”. Isso levaria a muitos prejuízos para as companhias internacionais de petróleo e os fornecedores de serviços no setor. A Venezuela dificilmente será a última nação produtora de petróleo a pedir por um resgate internacional.
Infraestrutura de estradas e pontos de carregamento
O aumento no número de veículos elétricos deve ser, obviamente, acompanhado por uma melhora na infraestrutura para carregamento. Será algo similar ao surgimento de empresas provedoras de internet nos primeiros anos da popularização da tecnologia.
Boa parte do foco de atenção está atualmente no carregamento nas ruas, mas o fato é que o dono médio do carro elétrico irá esperar que seja possível carregar seu carro na rua, em casa, no trabalho, no centro comercial ou em grandes rodovias durante viagens mais longas. Isso representa uma grande quantidade de pontos de carregamento que precisarão ser construídos.
A indústria da construção será uma das maiores beneficiadas, assim como os fornecedores de equipamentos elétricos e de softwares associados. Em um primeiro momento, haverá muito trabalho com escavação de estradas e pavimentação para a instalação de pontos de carregamento e dos cabeamentos para residências, estacionamentos e grandes varejistas. No médio e longo prazo, as construções serão adaptadas com designs que já apresentam pontos de carregamento em garagens e residências, sendo que também haverá a necessidade de trocas de equipamentos para alguns dos pontos já existentes.
Em relação a estradas, nos Estados Unidos, a infraestrutura da era da gasolina conta com postos de abastecimento localizados fora das cidades em intervalos de aproximadamente 15 a 30 km de distância em eixos rodoviários e a cada 30 a 50 km de distância em autoestradas. O destino disso tudo ainda está em aberto. É muito cedo para dizer como será a formatação final da rede de distribuição: em um primeiro momento, muitos potenciais compradores de veículos elétricos podem mudar de ideia se não perceberem que existe um maciço número de estações de carregamento. Com o tempo, os números serão alterados ao sabor do nível real de demanda, assim como acontece com os postos atuais.
Ao final, muitos motoristas de veículos elétricos podem tentar evitar usar estações de carregamento nas principais estradas e rodovias por motivos de tempo e custo. Aqueles que tiverem que fazê-lo – talvez por estarem em viagens mais longas – terão que passar um longo tempo no local, criando novas oportunidades para serviços de alimentação e compras. Enquanto isso, os postos de gasolina e diesel irão continuar em sua tendência de diminuição ao passo em que os veículos elétricos engolem suas demandas.
Cidades e mobilização urbana
Há uma literatura ampla sobre como a invenção do carro moldou a cidade moderna, levando à criação dos subúrbios. A mudança para a eletrificação e digitalização do transporte não irá mudar essa tendência – inclusive, veículos autônomos provavelmente devem tornar possível deslocamentos maiores, uma vez que os motoristas poderão usar seu tempo de modo mais produtivo.
Além disso, a alteração para a frota elétrica deve trazer mudanças em nosso ambiente físico. A mais óbvia delas será a construção dos pontos para carregamento. Cidade após cidade verá serem retirados seus parquímetros, que serão substituídos nas ruas por estações de carregamento.
De forma ainda mais perceptível, os pontos para carregar os carros estarão presentes em vagas de estacionamento, sejam públicas ou privadas, na frente de supermercados e em centros comerciais, hotéis e restaurantes. Como a maior parte dos proprietários não será dona de garagens adaptadas, o varejo deve liderar o carregamento, percebendo que cargas gratuitas serão uma boa forma de assegurar clientes regulares.
A eletrificação do transporte urbano também terá consequências inesperadas. Muitas áreas comerciais famosas em cidades mais antigas estão atualmente sendo afetadas por uma conjuntura que envolve alto tráfego de veículos, barulhos nas ruas e poluição. Ao mesmo tempo, a digitalização dos serviços de ônibus pode reduzir a concentração em um pequeno número de rotas superlotadas. Será que os veículos elétricos e o transporte digitalizado poderão, sem querer, motivar a retomada de nossas principais avenidas e criar um novo valor de mercado para diversas propriedades?
Outros setores de transporte
A eletrificação do transporte não ficará restrita ao mercado de carros. Na verdade, já existem 200 milhões de bicicletas elétricas apenas na China e seu uso está se espalhando pelo mundo todo. Melhores baterias, motores e tecnologias de controle de energia irão desafiar o domínio de pequenos veículos movidos a combustíveis fósseis em cada setor: barcos a motor, cortadores de grama, veículos para neve e motocicletas.
Com a redução dos custos das baterias, a eletrificação irá se espalhar também para os veículos pesados. Vans de entrega serão um mercado inicial natural, pois circulam por distâncias relativamente pequenas e há uma vantagem comercial na eliminação de barulhos e poluição atmosférica. Balsas elétricas também estão começando a aparecer. E Tesla, Mercedes e outras estão trabalhando duro para produzir caminhões para cargas pesadas.
No mês passado, dois aventureiros suíços, Bertrand Piccard e André Borschberg, completaram a primeira volta ao mundo realizada a bordo de uma aeronave solar, a Solar Impulse II. Em 2009, na primeira vez que ouvi Piccard falar sobre esse desafio, questionaram se algum dia teríamos aviões para passageiros movidos a energia solar e a resposta foi um simples “não”. Afinal, o projeto havia sido visionado como um gigantesco desafio de engenharia. Contudo, este ano, depois de completar a circum-navegação, ele disse: “Estou certo de que, em 10 anos, nós veremos aviões elétricos transportando 50 passageiros em voos curtos e médios”. Essa é uma boa analogia para mostrar a velocidade com que a tecnologia de eletrificação está progredindo, com uma variedade de aplicabilidades que podem encontrar usos práticos.
Economia mundial
Se estivermos certos sobre a escala e a rapidez das transformações nos transportes, a área final que será transformada serão os ministérios da economia pelo mundo.
Embora seja óbvio que qualquer coisa que reduza a demanda por petróleo pode ser vista como negativa pelos governos das nações produtoras do óleo, o fato é que, até mesmo em países consumidores, a mudança para veículos elétricos e conectados deve gerar dores de cabeça consideráveis.
Em primeiro lugar, na Europa, o petróleo e o diesel estão sujeitos a altas taxações e representam até 7% das receitas governamentais. Reduzir a demanda e, talvez, o preço fará com que caiam também as arrecadações do países. Embora haja estímulos econômicos, ainda existe a questão de onde os governantes irão encontrar substitutos para essa repor essa perda na receita.
Ao mesmo tempo, como descrito anteriormente, é provável que ocorra uma grande redução na quantidade de trabalhadores envolvidos com manutenção, reparo e, eventualmente, direção. Por mais que seja esperada uma eventual recuperação econômica, à medida que essas pessoas estiverem livres para ocuparem outros papeis na força de trabalho, é questionável se elas conseguirão formações relevantes. Assim, o debate sobre projetos de renda garantida deve crescer se o setor de transporte começar a gerar milhões de desempregados pelo mundo mesmo em um contexto de crescimento econômico.
Por fim, energias limpas e tecnologias de transporte, quase que por definição, requerem investimentos iniciais muito maiores, com menos gastos ao longo da produção. Dessa forma, qualquer mudança significativa nessa direção precisará da criação de novos investimentos de capital em longo prazo, gerando impactos macroeconômicos com relação à produtividade e às taxas de juros. (novacana)