Em 10/05/17 o Reino Unido atingiu um novo recorde
na geração de energia solar. No começo da tarde daquele dia, a produção de
eletricidade solar chegou a 8,5 gigawatts (GW), segundo a Eletric Insights, um
site que acompanha a produção de energia no Reino Unido. Em seu pico, a fonte
de energia “verde” forneceu mais de 22% dos 38 GW que alimentavam a rede
nacional britânica, com a energia solar superando por algumas horas a produção
constante das usinas de energia nuclear do Reino Unido.
É um recorde que deverá ser superado logo, já que o
Reino Unido, assim como outros países, gera cada vez mais energia a partir de
fontes renováveis para atingir as metas relacionadas às mudanças climáticas. Em
2015, as fontes renováveis superaram o carvão e se tornaram a maior fonte de
geração de energia instalada no mundo.
A contribuição cada vez maior das energias
“limpas”, em especial a eólica e a solar, para as redes de eletricidade, no
entanto, traz o problema da imprevisibilidade e da intermitência dessas fontes.
A armazenagem ainda é uma parte bem pequena do
mercado de energia, mas vem se desenvolvendo rapidamente tanto em pequena
escala na esfera doméstica – onde os moradores podem usar baterias combinadas a
painéis solares em seus telhados – quanto em escalas muito maiores, com a
criação de “parques” de baterias projetados para equilibrar o fornecimento à
rede elétrica.
Em 2005, no mundo, havia capacidade de
armazenamento de 6 megawatts-hora (mWh) de energia nas empresas de distribuição
em grande escala, segundo a Bloomberg New Energy Finance (BNEF). Hoje, a
capacidade supera os 4.000 mWh. Ainda assim, isso é suficiente apenas para
garantir o fornecimento temporário de cerca de 130 mil residências por um dia.
“Em 2016, havia quase 1.100 megawatts-hora de
armazenamento de energia contratados nas distribuidoras em grande escala. Houve
um aumento enorme nos últimos dois anos”, diz Julia Attwood, da BNEF. Os números
da BNEF incluem todas as tecnologias de armazenagem. Segundo analistas, a
tecnologia “a ser superada” atualmente é a das baterias de íon de lítio.
“Um dos problemas mais básicos das fontes
renováveis é que seu fornecimento de eletricidade é intermitente, enquanto
grande parte da demanda é muito constante”, diz Attwood. “Nossas redes, nossas
indústrias e eletrodomésticos, são todos configurados para usar uma fonte de
energia muito constante, que não varie muito. A armazenagem de energia pode ser
uma solução para isso, atuando efetivamente como uma ponte entre a forma como
geramos energias renováveis e a forma como a queremos consumir.”
Nos Estados Unidos, as preocupações sobre a
segurança no fornecimento energético impulsionam o interesse no desenvolvimento
de baterias em grande escala. Em 2015, na Califórnia, onde um grande vazamento
de gás natural perto de Los Angeles afetou o fornecimento de energia
convencional, as autoridades reguladoras decretaram que fossem construídas
baterias de armazenamento para impedir novos cortes de energia.
No Japão, a tecnologia ganhou mais força depois do
desastre nuclear em Fukushima, em 2011, quando as baterias foram consideradas
uma ferramenta útil para lidar com interrupções no fornecimento da rede de
eletricidade.
Na
Alemanha, o declínio no custo dos painéis solares somado ao aumento dos preços
na rede de energia fez crescer o interesse nas baterias de armazenagem
doméstica.
“Agora, na maioria dos casos e na maioria dos
países, é mais barato gerar eletricidade solar em seu telhado do que comprar
eletricidade de uma distribuidora”, diz Sam Wilkinson, da empresa de dados IHS
Markit.
A popularidade dos sistemas de armazenagem da
eletricidade gerada pelos painéis solares domésticos é incentivada por subsídios
generosos na Alemanha e em outros países, que ajudam os moradores a pagar os
custos iniciais da compra da bateria.
Embora o custo das baterias esteja diminuindo,
Wilkinson admite que em muitos casos “são necessários incentivos” para expandir
o mercado de baterias de armazenamento e, assim, ajudar a equilibrar a rede.
“Os custos caíram radicalmente, mas ainda há um
longo caminho a percorrer antes de que [as baterias] sejam realmente
incorporadas em todos os lugares da rede e [ainda] vamos ver volumes imensos
delas”, diz Wilkinson.
Paralelamente, o crescimento do mercado de veículos
elétricos ajudou a reduzir os custos e a melhorar a concepção das baterias de
íon de lítio. A bateria para uso em veículos elétricos caiu de US$ 1 mil por
quilowatt-hora em 2010 para US$ 273 em 2016, segundo a BNEF, que prevê um
declínio de mais 73% no custo até 2030.
Analistas
destacam que o mercado ainda é muito novo, mas que novas melhoras tecnológicas
das baterias, tanto na rede quanto em casa ou na estrada, deverão permitir que
as fontes de energia intermitentes mais limpas ampliem seu papel na composição
energética geral. (energia.sp)
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