Potencial da energia solar de geração fotovoltaica ainda é
pouco explorado no Brasil.
Placas de energia
solar instaladas para gerar eletricidade.
A energia solar de geração fotovoltaica
é a menos consumida entre as formas renováveis que compõem a matriz elétrica do
Brasil. Apenas 0,01% do que foi gerado no país em 2015 resultou dessa
tecnologia, que usa painéis de silício para coletar raios de luz solar. Essa
modalidade é, no entanto, a fonte preferida de quem escolhe gerar eletricidade
para consumo próprio.
De acordo com a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), das mais de 10 mil unidades de geração distribuída –
modalidade na qual o próprio consumidor gera e injeta eletricidade na rede da
cidade – 9,9 mil são usinas fotovoltaicas.
Como funciona
A energia solar é gerada pela luz do
sol, que incide diretamente ou por meio de reflexo em painéis de materiais
semicondutores (silício). Esses últimos contêm células menores, que ficam
dispostas em duas camadas, uma positiva e outra negativa. Quando a energia do
sol chega, o material semicondutor faz com que os elétrons se movimentem entre
as duas camadas e gerem uma corrente elétrica contínua.
Como
as pessoas consomem eletricidade por meio de uma corrente alternada, é
necessário o uso de um inversor para transformar a corrente contínua.
Distribuição
O diretor da Aneel, André Pepitone,
afirma que a Agência atua em duas vertentes para difundir a energia solar no Brasil.
Uma é a geração distribuída, que vem crescendo conforme diminui o prazo para
recuperar o investimento. Outra são os leilões para comprar energia solar de
forma centralizada.
Pepitone explica que o Brasil tem um
grande potencial para a geração de energia solar, superior até ao de outros
países onde esse tipo de fonte é bastante usado para gerar energia elétrica.
Segundo ele, a Alemanha, por exemplo, tem índice de irradiação que resulta em
900 e 1.250 quilowatts-hora (kWh) por m2 por ano divididos em
seu território e, na Espanha, o número varia de 1.200 a 1.850 KWh m2/ano.
Enquanto isso, o Brasil produz entre 1.500 e 2.400 KWh m2/ano. “Observe que o
pior sol do Brasil, que está lá no Paraná e tem uma irradiação de 1500KWh
m2/ano, é superior ao melhor sol da Alemanha”, compara.
Com o cenário promissor no mercado, em
2009, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Taguatinga,
cidade do Distrito Federal, passou a pensar na formação profissional de mão de
obra para atender à demanda e construiu um Centro de Demonstração de Energias
Renováveis, a Casa Solar. A diretora do Senai Taguatinga, Janaína Braga
D’Almeida, conta que inicialmente o local funcionava apenas como um centro de
demonstração, uma espécie de vitrine das novas tecnologias. Em 2016, um projeto
de cooperação técnica com a Agência Alemã de Cooperação Internacional GIZ o
transformou um centro de treinamento de energias renováveis.
Com
4,5 KW de potência instalada, a casa é estruturada de forma que possibilite
condições reais para todo o processo de montagem, instalação e manutenção do
sistema. São três telhados de materiais diferentes – metal, cimento e cerâmica
–, montados ao lado da casa com seis placas cada um. Justas elas geram ao mês
250 Kwh, que estão ligados à rede de distribuição da cidade e quando não
consumidos pelo próprio Senai voltam em forma de crédito para consumo futuro.
Além dos telhados, os aprendizes têm
acesso ao sistema de inversores que transformam a corrente contínua em
alternada e aprendem a fazer a instalação para funcionamento em baterias ou
ligado ao sistema de distribuição da cidade. Segundo Janaína, entre julho de
2016 a abril de 2017, 400 alunos participaram de três cursos voltados à energia
fotovoltaica e de outros dois cursos de energia solar térmica.
No campus da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), a geração de energia fotovoltaica também é uma
realidade. No estacionamento anexo ao Centro de Tecnologia, foi criada uma
cobertura para 51 carros que funciona como miniusina. Com 414 painéis de
energia solar, a estrutura tem capacidade instalada de 99 quilowatts-pico (Kwp)
e chega a gerar 140 mil Kwh por ano – eletricidade suficiente para abastecer
até 70 casas.
O estacionamento solar é um dos
projetos desenvolvidos pelo Fundo Verde de Desenvolvimento e Energia para a
Cidade Universitária da UFRJ – que é financiado com recursos da isenção do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na conta da própria
instituição – e foi criado com o objetivo de aumentar a eficiência energética,
melhorar a mobilidade e promover o uso consciente dos recursos hídricos no
campus. “Pensamos no benefício de gerar uma energia renovável, alimentar a rede
de energia e também promover a sombra para os carros”, explica a gerente do
escritório de projetos do Fundo Verde, Andrea Santos.
Além
do estacionamento solar, o Fundo Verde pretende implantar mais dois projetos de
geração de energia fotovoltaica na Ilha do Fundão: um prédio com placas solares
fotovoltaicas e uma usina solar. (ecodebate)
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