Especialistas defendem energias renováveis para diminuir
impactos como a emissão de gases de efeito estufa.
Em meio a danos ambientais cada vez
mais aparentes no mundo, especialistas defendem o uso de energias renováveis
para diminuir impactos como a emissão de gases de efeito estufa e o aquecimento
global. Um dos meios para isso é a substituição do petróleo como elemento
principal da matriz energética global por formas de maior eficiência, como
solar e eólica. Segundo o diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético
do Ministério de Minas e Energia, Carlos Alexandre Pires, essa é uma das
principais linhas de investimento do governo federal em geração de energia.
O Brasil tem pouco mais de 40% de sua
energia gerada por fontes renováveis. Em relação à geração de eletricidade, as
hidrelétricas são as principais forças, responsáveis por 64% da produção. No
entanto, a matriz ainda pouco diversificada não garante segurança energética,
resultando muitas vezes em problemas de abastecimento, como a crise enfrentada
pelo Brasil em 2015.
O país ainda caminha lentamente para
disseminação de fontes alternativas de energia, ao contrário de países da
Europa como a Alemanha, onde a necessidade de reduzir as emissões de gases de
efeito estufa e o pouco potencial para gerar algumas energias renováveis
levaram ao desenvolvimento de uma matriz renovável, como a fotovoltaica (solar)
ou a eólica. Segundo Carlos Alexandre, essas são o futuro da geração de energia
no mundo, e o Brasil também caminha para expandi-las. “É aquela velha história
de não colocar todos os ovos em uma mesma cesta. Em termos de administração e
de operação de uma rede tão complexa como é a de energia, você precisa ter
várias fontes ofertando em diversos momentos do dia e se complementando, quando
necessário”, afirma.
A
lógica da complementariedade seria parecida com a que já funciona hoje no
sistema integrado: nos períodos de seca, em que as hidrelétricas operam com
menos capacidade, a geração de eletricidade acaba sendo suplementada pelas
termelétricas. A intenção é que cada vez mais as formas de energia renovável
ganhem espaço.
Dados do Boletim de Capacidade
Instalada de Geração Elétrica – Brasil e Mundo 2016, do Ministério de Minas e
Energia, ainda não demonstram esse movimento. Embora 90% do total dos 9,5 GW de
potência instalada tenham sido de fontes renováveis, as fontes hidráulica e de
biomassa permanecem liderando essa expansão.
Segundo o presidente da Associação
Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiap), Mário Menel,
embora o setor tenha um planejamento indicativo, é difícil controlar essa
expansão, já que em um leilão prevalece a fonte que oferece o menor custo. Ele
explica que a matriz elétrica brasileira comporta todas as fontes e tem
bastante variedade, mas fatores como o baixo custo e facilidade de estocagem
ainda favorecem as hidrelétricas.
“A melhor forma que nós temos de
armazenar energia é nos reservatórios das hidrelétricas. Se eu tenho um vento
favorável e estou gerando muita energia eólica, eu economizo água, então
aumento o volume do reservatório e estoco energia, praticamente dentro do meu
reservatório. Enquanto parou o vento, eu libero essa água para produzir energia
elétrica”, diz Menel.
Esse
cenário, no entanto, também vem sofrendo mudanças devido a outros fatores como
a questão ambiental, que limita cada vez mais a construção das hidrelétricas e
também a seca severa que algumas regiões vêm sofrendo. “O Nordeste, por
exemplo, que sofre com falta de água nos últimos dois, três anos, só não teve
um racionamento na região graças à [energia] eólica que está fornecendo hoje
cerca de 30% da necessidade da região.”
Para o Ministério de Minas e Energia, os principais desafios com a
entrada dessas fontes são econômicos e operacionais. Carlos Alexandre explica
que a questão das intermitências de fortes como a eólica, que não é gerada quando
falta vento, e da solar, que também fica parada durante a noite, impactam
diretamente no preço da energia elétrica ofertada. “Nosso Operador Nacional de
Sistema precisa, a cada instante, balancear o quanto é demandado de energia e o
quanto é despachado.” (ecodebate).
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