“Cataventos gigantes” permitem o aproveitamento dos ventos para
gerar eletricidade.
Os números não deixam dúvida quanto à
condição favorável do Brasil, com ventos fortes e contínuos, para a geração de
energia eólica. No ano de 2016, por exemplo, a média da relação entre a
capacidade instalada nas usinas eólicas no país e a efetiva geração de energia
foi de 40,7%, enquanto a média mundial é de apenas 23,8%.
Essas usinas têm sistema muito
parecido com o de um catavento gigante, que permite o aproveitamento dos ventos
para gerar eletricidade. Os aerogeradores, como são chamados, têm três pás que
se movimentam e propulsionam um rotor, conectado a um eixo, que move um gerador
elétrico. Uma engrenagem multiplica a velocidade o suficiente para garantir
energia para a geração da eletricidade, que desce da torre por cabos que vão
até a rede de transmissão.
Segundo dados divulgados pela
Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), essa modalidade em 2016
representou apenas 6% da matriz elétrica brasileira. No entanto, o avanço do
uso da geração eólica, com um aumento de 55% de capacidade instalada em usinas
espalhadas principalmente pelo litoral, mostra um mercado promissor alavancado
pela crise hídrica severa na Região Nordeste.
Diretor de engenharia da empresa
responsável pelo complexo eólico de Taíba, em Fortaleza (CE), Luciano Freire
acredita que a geração por essa fonte renovável tende a se expandir e ocupar o
espaço das usinas termelétricas nas novas demandas. Ele explica que é
exatamente no período em que as hidrelétricas menos produzem energia que os
ventos sopram mais forte no país. “O Brasil é privilegiado do ponto de vista
energético, a nossa matriz é superlimpa, a geração hidrelétrica predomina, mas
cada vez mais a gente vai perceber a inclusão da geração eólica e da geração
solar. Sem falar da geração de biomassa, que nas regiões Centro-Oeste e Sudeste
tem também uma importância muito grande.”
Na Região Nordeste, essa já é uma
realidade. É lá que funciona o complexo Taíba, formado por três usinas que
somam 27 aerogeradores. Com potência instalada de 57 megawatts (MW), o gerador
foi vencedor do primeiro leilão de energia de reserva, em 2009, e hoje se soma
aos 10,75 GW de potência eólica, espalhados pelo Brasil, em 430 parques. O
estado do Ceará está entre os quatro maiores produtores de energia eólica do
país, junto com Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. “A geração
eólica tem uma importância capital hoje para o Nordeste. Ela representa cerca
de 40% da necessidade de energia para a região. Em alguns períodos do ano, ela
chega a suprir mais de 60% da demanda de energia daqui”, acrescenta Freire.
A empresa em que Luciano Freire
trabalha tem quatro parques eólicos em funcionamento e dois em construção. Um
deles funcionará de forma híbrida – geração eólica e solar fotovoltaica –
devido ao regime de vento da região, que tem maior intensidade à noite.
“Durante o dia você tem vale de vento, consequentemente um vale de produção de
energia, que é totalmente complementar com a geração solar. Com a baixa geração
eólica, se constrói nas adjacências um complexo solar que vai atuar como
complemento”, explica Luciano. A estimativa, segundo ele, é de que o projeto
que está em desenvolvimento em Caldeirão Grande, no Piauí, resulte em uma
produção de 400 MW de geração eólica e 120 MW de geração solar. (ecodebate)
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