Câmara
aprova MP que cria programa de incentivos ao setor automotivo Rota 2030.
A Câmara dos
Deputados aprovou em 07/11/18 a medida provisória que cria o Rota 2030, novo
programa de incentivos para o setor automotivo brasileiro. O texto segue para o
Senado.
O programa
Rota 2030 estipula regras que as montadoras deverão seguir para melhorar o
consumo de combustível (eficiência energética) e a segurança.
Por meio
desta iniciativa do governo federal, os fabricantes também poderão obter
descontos em tributos se realizarem no Brasil investimentos em projetos de
pesquisa e inovação.
Os
benefícios previstos na MP valerão pelo prazo de cinco anos, mas a expectativa
é de que o novo programa de estímulo ao setor automotivo deverá vigorar pelos
próximos 15 anos.
De acordo
com o governo e as fabricantes, o objetivo é oferecer carros mais seguros e
eficientes ao consumidor brasileiro e tornar a indústria automotiva nacional
mais competitiva.
A principal
medida do novo regime é a concessão de até R$ 1,5 bilhão por ano de crédito
tributário à indústria, caso as montadoras participantes do Rota 2030 invistam,
pelo menos, R$ 5 bilhões ao ano em pesquisa e desenvolvimento.
Pelos
cálculos do governo, a renúncia total de receita deverá ser da ordem de R$
2,113 bilhões para 2019 e de R$ 1,646 bilhão para 2020. A medida não terá
impacto em 2018.
Alterações
na MP
Uma das
emendas aprovadas pelos deputados retirou trecho da proposta que determinava
que uma das diretrizes do programa Rota 2030 seria "automatizar o processo
de manufatura e o incremento da produtividade". Autor do destaque, o PT
justificou que o objetivo da proposta de mudança no texto era "assegurar
que tal aumento da produtividade não ocorra às custas da redução do nível de
emprego".
Outra
mudança aprovada foi a inclusão de um dispositivo que especifica que os
veículos híbridos equipados com motor Flex (gasolina ou álcool) poderão ter
redução de, no mínimo, três pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) em relação aos veículos convencionais, de
classe e categoria similar, equipados com esse mesmo tipo de motor.
Foi aprovada
ainda a retirada de trecho que previa que poderiam se habilitar ao Rota 2030 as
empresas que não produzem, mas apenas comercializam tratores e veículos para
transporte de pessoas e mercadorias.
'Jabutis'
O texto-base
da MP aprovado na íntegra os pontos do programa propostos pelo Executivo, mas,
durante a tramitação do projeto na comissão especial, foram incluídos outros
temas que não estavam relacionados ao conteúdo original.
No jargão
legislativo, esses dispositivos que não tem relação com a matéria principal do
projeto são chamados de "jabutis". Geralmente, essas alterações
ocorrem por pressões de fora do parlamento.
Um dos
"jabutis" incluídos na MP do Rota 2030 é a prorrogação, por cinco
anos, do regime automotivo do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, que,
inicialmente, deveria expirar em 2020.
A medida era
uma reivindicação feita especialmente por parlamentares de Pernambuco, Bahia e
Ceará. O argumento deles é que esses incentivos têm permitido a regionalização
da indústria automotiva brasileira.
Um dos
artigos, porém, foi contestado pela bancada do Sudeste por entender que irá
beneficiar o Centro-Oeste em detrimento a outras regiões.
Depois de
debate no plenário, este artigo foi votado de forma nominal. O trecho foi
retirado da MP por 299 votos a favor, 17 contrários e 1 abstenção.
"O
texto reduz o benefício fiscal do Nordeste de 25% para 15%, o que será bom para
o governo em termos de arrecadação. No entanto, o setor, no Centro-Oeste, tem
hoje 5% de benefícios fiscais e, com esse artigo, irá pegar carona no Nordeste
e aumentará o seu benefício para 15%", disse o líder do DEM, Rodrigo
Garcia (SP), vice-governador eleito de São Paulo.
Garcia
argumentou que, ao questionar a prorrogação do benefício, não estava apenas
pensando nas montadoras instaladas em São Paulo que poderão migrar de estado em
busca de mais benefícios fiscais, mas também a consequente queda de arrecadação
do governo federal por conta do programa.
"Não é
justo com o futuro governo [Jair Bolsonaro]. Afinal de contas, estamos abrindo
mão de receita do próximo mandato. São Paulo está defendendo não só as
montadoras lá instaladas, mas que a medida seja feita de maneira clara e
debatida com a sociedade brasileira porque está num único Orçamento federal",
enfatizou.
Entre os
"jabutis" incluídos na MP também estão a reabertura de prazo para o
programa de parcelamento de dívidas tributárias (Refis) e a volta do Reintegra,
regime destinado a exportadores.
Outro
reinclui as empresas do setor moveleiro e de comércio varejista de calçados e
artigos de viagem no programa de desoneração da folha de pagamento.
Há ainda um
artigo que assegura benefícios fiscais para quatro fabricantes de triciclos e
quadriciclos que produzem na Zona Franca de Manaus. (biodieselbr)
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