A energia eólica offshore tem
se mostrado uma opção cada vez mais viável para geração ao redor do mundo e
está relacionada a diversos benefícios socioambientais e econômicos. De acordo
com o estudo da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias
(ABEEólica), em parceria com a Coppe/UFRJ e Essenz Soluções, a indústria
precisa ser preparada para o significante crescimento desse mercado nas três
próximas décadas. E com isso é essencial estabelecer políticas públicas para
promover essa modalidade e sua cadeia de valor no longo prazo.
O estudo lembra que o
investimento nesse tipo de empreendimento é intensivo em capital, com isso sua
contribuição para a economia é maior em todos os cenários do que a contribuição
para o emprego. Em 2050, o valor adicionado em relação ao PIB varia de 0,1% até
0,22% em diferentes cenários.
Diante disso, os projetos
apresentam 2 características marcantes que acabam por influenciar suas
modalidades de financiamento. A fase de estudos e de elaboração do projeto, bem
como sua implantação. O setor elétrico brasileiro apresenta histórico exitoso
no financiamento de projetos. E embora inexistam diretrizes específicas para o
financiamento de projetos eólicos offshore no Brasil, o arcabouço brasileiro é
favorável.
A nota técnica apresentada
pelo estudo mostra que a formação de linhas específicas para o setor é
desejável e pertinente. Além de sua complexidade, seus potenciais benefícios
justificam um tratamento específico com vistas a viabilizar esta tecnologia no
Brasil.
A nota mostra que apesar da aprovação do projeto de lei que está em discussão no Congresso Nacional ser o mecanismo mais seguro para estabelecer um marco regulatório para o setor, o caminho escolhido por meio da publicação de um decreto e suas portarias complementares foi bem recebido para a efetivação dos investimentos nesta nova atividade no país. Ao que tudo indica, a base regulatória já foi suficiente para trazer a confiança e a sinalização adequada aos agentes para promover o inicio do desenvolvimento da fonte eólica offshore e de sua cadeia de valor.
Empregos
E essa fonte tem potencial
para criação de 72 a 163 mil empregos em 2050. Os requisitos variam ao longo da
cadeia de valor, existe uma concentração de força de trabalho em fabricação e
compras (59%), mas o setor de O&M (24%), instalação e conexão à rede (11%)
também geram boa parte das posições. O estudo apontou que o Brasil tem a
oportunidade de ajudar a aumentar a representatividade feminina no segmento
eólico offshore em crescimento e alcançar uma melhor equidade de gênero no
mercado de trabalho. Diante deste cenário, será gerado em média 11 até 34 empregos
por MW em cada ano no Brasil, dependendo do cenário analisado.
Emissões
Ainda segundo o estudo a
fonte eólica offshore ajudará a evitar emissões de gases de
efeito estufa, no SIN ficaram em torno de 7 a 12 MtCO2 até
2050. Já em relação a uma expansão com termelétrica a gás ciclo combinado as
emissões evitadas ficariam em torno de 30 a 50 MtCO2 nesse mesmo
período.
Os dados apresentados apontam
para uma redução de emissões na indústria de óleo e gás, pois há possibilidade
de turbinas eólicas flutuantes gerarem energia para plataformas de petróleo,
como sistema alternativo de produção de energia. E a redução do uso de
combustíveis fósseis nas plataformas para a produção de eletricidade
auxilia na diminuição da pegada de carbono desta atividade econômica.
Outro destaque é a aplicação
da aquicultura em parques eólicos offshore já instalados, uma atividade já
aplicada em outros países, como Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, entre
outros. E o turismo nesses parques já é uma realidade na Dinamarca, Bélgica, Suécia
e Reino Unido. O estudo mostra que isso pode trazer vários benefícios
econômicos, educacionais e sociais.
Além disso, a fonte vinda do
mar no Brasil possui vantagem graças à indústria siderúrgica, pois o país é
conhecido por fabricar placas de aço carbono de alta qualidade como produtos
semiacabados. Bruna Silveira, pesquisadora da Coppe/UFRJ, destacou que uma
única torre eólica pode conter 45 chapas de aço laminadas individualmente, de
modo que os fabricantes precisarão ter a capacidade (equipamento e espaço) de
dobrar chapas grandes para criar peças de grande diâmetro que serão unidas e
soldadas para criar as seções das torres. E com isso, as peças demandariam um
número maior de pontos de solda do que as tradicionais peças utilizadas no
desenvolvimento de parques internacionais.
O estudo ainda apontou que a transição energética irá aumentar também a demanda global por minerais. Cobre e terras raras em 40% até 2040, e ainda, níquel e cobalto em 70% e lítio em quase 90%. Com isso, a energia eólica offshore é a fonte que possui a maior demanda por minerais quando comparada a outras fontes.
Bruna ainda destacou que nenhuma indústria brasileira, pela falta de histórico de plantas offshore, possui tão amplo desenvolvimento. “Também é verdade que a atual inexistência de parques eólicos offshore no Brasil oferece uma oportunidade para muitos novos participantes entrarem na cadeia de suprimentos”, analisou. (canalenergia)
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